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Artigo de Opinião-Modelo

Tema: Consumo e ostentação.


Proposta de redação: Consumo e ostentação – engrenagens do mundo
contemporâneo.

Consumo e ostentação
Até que a morte os separe
Por Gislaine Buosi
“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”, já pontuou
Freud, voz amadurecida da psicanálise do século XX. A citação é oportuna quando o
assunto é consumo e ostentação. Sem dúvida, o homem que está inserido na alta roda
social – e ali pretende manter-se – precisa ter nervos de aço, saúde de ferro. Afinal, trajar
Armani e Lacoste exige um holerite gordo. Da ceroula ao sapato, do sabão de barba às
casas de massagem, dos pubs às corridas de cavalo: quem não quer ter a rotina
perfumada do executivo da novela das 9?
O consumismo – ismo = mania de – está amparado na velha polêmica da
supervalorização e autonomia do ego. A qualquer preço, o ego. E, óbvio, um ego bem
vestido – o capitalismo dita as regras: a marca, o modelo, o tamanho, a cor que o homem
deve ter para, então, ser. Ser o quê? Aceito pela sociedade. Surge, assim, a busca
desenfreada por bens de consumo, às vezes úteis, é verdade, mas às vezes
desnecessários.
O apelo midiático é a veia pulsante do mundo capital. Trinta segundos de
refrigerante, e o mundo todo quer viver o lado Coca-Cola da vida. Outros vinte de
perfume, e o mundo todo quer cheirar a O Boticário. Mais vinte, as crianças dançam a
Xuxa. Mais quinze, o orçamento da casa está comprometido, as faturas dos cartões de
crédito acumulam-se. Entretanto, a família está feliz, a vizinhança toda vê isso. Consumo
e ostentação, nem a morte os separa.
Entretanto, é preciso recobrarmos a lucidez! É tempo – e esse tempo não precisa
ser marcado num Rolex – de conscientizarmos nossas crianças de que um calçado da
marca X pode ter o mesmo conforto de um calçado da marca Y. Sim, a estratégia é
ensinarmos as crianças a desapegarem-se dos rótulos e aterem-se às mercadorias. A
educação, as salas de aula, são, sem dúvida, a melhor estratégia para a transformação
do homem, que nunca pode deixar de ser de carne e osso.

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