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Ao Dec�nio de Castro Alves

Quem sempre vence � o porvir!


No espadanar das espumas
Que v�o � praia saltar!
Nos ecos das tempestades
Da bela aurora ao raiar,
Um brado enorme, profundo,
Que faz tremer todo o mundo
Se deixa logo sentir!
� como o brado solene,
Ingente, Celso, perene,
� como o brado: - Porvir!

Pergunta a onda: - Quem �?..,


Responde o brado: - Sou eu!
Eu sou a Fama, que venho
C'roar o vate, o Criseu!
Dormi, meu Deus, por dez anos
E da natura os arcanos

N�o posso todos saber!


Mas como ouvisse louvores
De gl�ria, gritos, clamores,
Tamb�m vim louros trazer.

Fatalidade! - Desgra�a!
Fatalidade, meu Deus!
Passou-se um g�nio t�o cedo,
Sumiu-se um astro nos c�us!
As catadupas d'id�ias,
De pensamento epop�ias
Rolaram todas no ch�o!
Saindo a alma pra gl�ria
Bradou pra p�tria - vit�ria!
J� sou de vultos irm�os!

Foi Deus que disse: - Poeta,


Vem decantar a meus p�s.
Na eternidade h� mais luz,
D�o mais valor ao que �s.
Se l� na terra tens louros,
Receber�s c� tesouros
De muitas gl�rias at�!
Ter�s a lira adorada
C'o divo plectro afinada
De Dante, Tasso e Garret!

Ent�o na terra sentiu-se


UM grande acorde final!
O belo vate bras�lio
Pendeu a fronte imortal!
O negro espa�o rasgou-se
E aquele g�nio internou-se
Na sempiterna mans�o.
A sua fronte brilhava
E o �ureo livro apertava
Sereno e ledo na m�o...

E o mundo ent�o sobre os eixos


Ouviu-se logo rodar!
� que ele mesmo estremece
A ver um vulto tombar.

� que na queda dos entes


Que s�o na vida potentes,
Que t�m nas veias ardor,
H� cataclismos medonhos
Que s� sentimos em sonhos
Mas que nos causam terror!...

E o cora��o s'estortega
E s'entibia a raz�o!
No peito o sangue enregela
E logo a hist�ria diz: - N�o!
N�o chore a p�tria esse filho,
Se procurou outro trilho
Tamb�m mais gl�ria me deu!
E quando os s�culos passarem
Se h�o de tristes curvarem
Enquanto alegre s� eu?...

Oh! Basta! Basta! Sil�ncio!


Repousa, vate, nos C�us!
Que muito al�m dos espa�os
Os cantos subam dos teus!
Se nesta vida d'enganos
N�o s�o bastante os humanos
Pra te render ova��es!
Perdoa os fracos, � g�nio,
Que pra cantar teu dec�nio
Somente Elmano ou Cam�es!

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