Carnaval de Ontem e de Hoje

Do apartamento de Dora
Ouve-se o ru�do l� fora
Do carnaval que j� vem.
O samba do morro desce
E a gente do morro esquece
Do gosto que a vida tem.

A Vov� fica alarmada!

Que terror esta enxurrada
De gente suja e brutal!
As mulheres, quase nuas,
Homens de saia, nas ruas,
� Meu Deus, isto � carnaval?

�No seu tempo�, felizmente,

Era tudo diferente
� neta ela explica, ent�o:
� Gente distinta, educada,
Batalhava na cal�ada
Do Jockey, que anima��o!

O corso era uma beleza!

Que eleg�ncia, que riqueza

De confeti e serpentinas!
Sobre as capotas descidas
Mo�as bonitas, vestidas
Das fantasias mais finas.

Nos bailes, que brincadeira!

Nem pulos, nem bebedeira,
Todos podiam dan�ar.
Mas de outro modo, distinto:
Se era �fam�lia� o recinto,
Ningu�m mais podia entrar.

Dan�ava-se o tempo todo.

Brincava-se mesmo a rodo,
Sem mal, contente e feliz.
E o lan�a-perfume, eu penso
N�o era usado no len�o
E abusado, no nariz!

�s vezes, um mascarado
Chegava, alegre e engra�ado,
Metido num domin�.
Passava, dando os seus trotes,
Depois l� ia, aos pinotes,
Brincalh�o, como ele s�!

E a Vov� contava � neta...

Dorinha ouvia, bem quieta
Mas, de repente diz: - Qual,
Vov�, desculpe o que eu digo
Mas que chato � o tempo antigo!
Meu Deus, isso � Carnaval?