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Artigo recebido em: 09.11.2017 Aprovado em: 23.03.2018, Patricia Pivoto Specht Doutoranda no Programa de Pés-Graduagao.em Comunicagio Social da Pontificia Universidade Catdlica do Rio Grande do Sul (PPGCOM -PUCIRS) E-mail: patricia specht@ Pascod pocrsbr "Versio modificada de trabalho apresentado no 8° Congresso Intermacio: nal de Ciberjornalismno (8° Ciberjor), na Universidade Federal do Mato Grosso do ‘Sul (UEMS), em Campo Grande (MT), em setembro de 2017 Estudos em Jornalismo e Midia Vol. 15 Ne 1 Janeiro a Junho de 2018 ISSNe 1984-6924 “0 Oso) O impacto da interatividade via WhatsApp na producao noticiosa do jornal Didrio Gaticho' Patricia Pivoto Specht Resumo ‘Muito mais dinamicas, concctadas e dispostas a opinar ¢ a colaborar, as audiéncias, dos veiculos de comunicaga0 mainstream estao fazendo chegar as redagdes, por meio de processos interativos mediados por dispositivos méveis, contetido variado que impacta em diferentes fases da producao da noticia. O objetivo deste trabalho, desenvolvido a partir de observasao participante na redacao do Diério Gaticho, jornal popular sediado em Porto Alegre (RS), foi avaliar essa interferéncia do pui- blico nas rotinas produtivas, em etapas pré-definidas como pauta, apuracao ¢ di- vulgacao. A analise qualitativa centrou-se nas mensagens trocadas durante cinco dias entre redagio e piblico via aplicative WhatsApp, ferramenta que mostra-se promissora na instauragio de ambientes dialogicos entre veiculos e seus leitores. Como resultado, pode-se adiantar que a maior parte do contetido gerado a partir da relagao redagao-audiéncia por meio do WhatsApp resultou em pauta, mas que a interferéncia do leitor e os didlogos estabelecidos em outras etapas do proceso também evidenciaram potencial para qualificar 0 contetido entregue ao leitor. Palavras-chave: Interatividade. WhatsApp. Didrio Gaticho, ‘The impact of interactivity via WhatsApp in the news production of the Didrio Gaticho newspaper Abstract Much more dynamic, connected and willing to comment and collaborate, the au- diences of the mainstream media are getting to the newsrooms with varied con- tent that impacts at different stages of the news production through interactive processes mediated by mobile devices. The objective of this work, developed from a participant observation in Didrio Gaticho, a popular newspaper based in Por- to Alegre (RS), was to evaluate this public interference in productive routines, in pre-defined stages such as agenda, apuration and dissemination. The qualitative analysis was focused on the messages exchanged during five days between the newspaper and the public via WhatsApp application, a tool that shows potential in the establishment of dialogic environments between vehicles and their readers, As result, it can be anticipated that most of the content generated from the me dia-audience relationship through WhatsApp resulted in agenda, but that reader interference and dialogues established at other stages of the process also showed potential to qualify the content delivered to the reader. Keywords: Interactivity. WhatsApp. Didrio Gaticho. DOL: hitp://ax.doi.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1 p40 Estudos em Jomalismo e Midia, Vol. 15 N*1. Janeiro a Junho de 2018 -1SSNe 1984-6924 Introdugao novo ambiente comunicacional, marcado pelo predominio de inte- rages mediadas por dispositivos méveis conectados & internet, esta modificando profundamente as rotinas produtivas dos veiculos mi- diaticos de massa. Muito mais ativo e engajado, o publico determina que informagdes e noticias consumir, como e onde, além de produzir ¢ fazer circular conteiido, Os media, por sua vez, inseridos nesse cenario mais com- plexo de construgio da noticia, néo podem mais abrir mao de estarem presentes nas tedes sociais e de se submeterem ao “veredito da internet” (RAMONET, 2012, p. 22). Ll Jornais, revistas, emissoras de ridio e de TV j4 nao escapam na condigao di- gital, Textos, sons e imagens destizam de um suporte para outro. [..] E ali que os antigos emissores tém que negociar com seu puiblico 0 processo de produgio da informagao (BARSOTTI, 2014, p. 23). Essa negociagdo entre os veiculos e as audiéncias inclui a criagdo de estra- tégias visando incrementar a participacao do piblico, consolidadas no ciberjona- lismo sob a forma de chats, foruns de discussio, comentarios abaixo das noticias, mensagens de Twitter e WhatsApp e muitas outras manifestagdes de interatividade comunicativa, definida por Rost (2006, 2014) como 0 tipo de relagio em que o leitor produz algum tipo de contetido. “A interatividade é um claro sinalizador do que sao as sociedades atuais: mais horizontais em suas relacées e vinculos” (ROST, 2010, p. 105, tradugao nossa’), ‘Acescolha dos mecanismos ¢ formatos de participagao, que incluem decisoes sobre a moderacio e o gatekeeping exercido sobre o material do usuario, depen- de, basicamente, dos objetivos ¢ do perfil de cada veiculo, Da mesma forma, a incorporagio da colaboracéo do publico em contetidos e formatos jornalisticos & feita de diferentes maneiras e niveis de complexidade (MASIP; SUAU, 2014; ROST, 2014; LINARES et. al., 2016). O que nao apresenta muita variagao, no entanto, é a atitude dos jornalistas diante da criagdo de espagos de participagao da audiéncia nos meios digitais, instituidos de forma geral com a intencao de captar, fidelizar € monetizar o piiblico. Citando estudos feitos em paises como Estados Unidos, Gra-Bretanha, Holanda e Espanha, Masip et. al. (22015) analisam que os resultados encontrados sio muito similares: [..] [os jornalistas] so favordveis a que os cidadaos Ihes mandem materiais, mas mostram-se preocupados em preservar o prestigio do veiculo e expressam mal-es tar diante da possibilidade de modificar o seu papel de gatekeeper e alterar rotinas, e valores preexistentes. Em resumo, querem manter 0 controle sobre 0 process produtivo e sobre os resultados (MASIP et. al, 2015, p. 244, tradugao nossa’). Apesar do desejo manifestado pelos jornalistas de manter 0 controle sobre © proceso produtivo, ele notadamente ja ndo é mais o mesmo. O fluxo constante de informagées complementares que chega atualmente as redagées, gerado pela interatividade proporcionada pelos sites de redes sociais e canais de participacio, impacta ¢ altera as rotinas das redagées em etapas diversas ~ da pauta, passando pela apuragdo e chegando & divulgagio (ou recirculagdo) da noticia. “|..] Por ndo ser mais somente um receptor, a audiéncia interage com a noticia ‘em tempo real’, determinando muitas vezes 0 rumo da edicao” (BARSOTTI, 2014, p. 194). ] Editores e repérteres deveriam responder os comentarios em sites ¢ redes sociais, estabelecendo um dislogo efetivo. Deveriam também fazer mais corre- Ges € admitir seus erros, assumindo uma postura mais franca e verdadeira [..] (CHRISTOFOLETTI, 2016, n.p). DOL: http://dx.doL.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1p40 ‘No original: “La interactivi dad es un claro emergente de lo que son las sociedades aactuales: mas horizontales en sus relaciones y vinculaciones "No original: "|.] son favo: rables a que los ciudadanos les manden materiales, pero se muestran preocupados por preservar el prestigio del medio ‘y manifiestan su malestar ante 1a posibilidad de modificar su rol de gatekeepers y alterar las rutinas y valores preexistentes En resumen, quieren mante ner el control sobre el proceso productivo y los resultados” ens" 40 Extra foi pioneiro no pais, em junho de 2013, no uso do aplicativo de mensagens WhatsApp na cobertura jor- nalistica, inicativa que serviu de modelo a outros veiculos de comunicagao brasileiros, inclusive o Distio Gaticho, de Porto Alegre, “Aplicativo de mensagem instantanea criado em 2009 fe que, em 2016, inka mais de tum bithao de usuario em todo ‘o mundo ~ é 0 mais usado no @ @pso Brasil. Estudos em Joralismo e Midia, Vol 15 N° 1 Janeiro a Junho de 2018 -1SSNe 1984-6824 De forma geral, em redagdes online que instituiram canais de conver- sagao com a audiéncia, o puiblico se transformou em importante fonte de informacao. £0 que atesta o chefe de reportagem da Editoria de Noticias do jornal carioca Extra* Luciano Garrido (2016). As mensagens enviadas via WhatsApp® a redagio do jornal balizam as decisdes editoriais ao se trans- formarem em um termémetro das preocupagoes da audiéncia: “Esta ali [no WhatsApp] 0 que os caras esto querendo ler, denunciar, o que a populacao acha importante divulgar. E as decisoes agora sa0 compartilhadas, 0 publico jd nao aceita mais aquele tipo de jornalismo antigo, com as decisoes s6 das redagdes” (GARRIDO, 2016). A apuragao da noticia também foi impactada pela nova dinamica. Ha mais fontes facilmente acessiveis em mais lugares, ¢ o flagrante pertence ao piiblico. Aos media caberia saber tirar proveito desta enxurrada de matéria- -prima disponibilizada pela audiéncia e cumprir o seu importante papel de dar sentido s informagdes, na checagem e verificacao dos dados, contextu- alizagao e andlise. [...] € evidente que em 200 milhées de pessoas, se pensarmos aqui no Brasil, ha certamente uns milhares de leitores que sabem mais que os jornalistas sobre uma determinada matéria em particular. Esse conhe- cimento deve ser aproveitado para ser incluido na noticia, mas funcio- na como fonte, quem escolhe e organiza a informagio é o jornalista (CANAVILHAS, 2017, p. 28). Por outro lado, a noticia publicada é cada vez menos acabada, ou seja, precisa ser ajustada e modificada a partir do olhar da audiéncia, que muitas vezes alerta os jornalistas a respeito de incoeréncias e problemas no contett- do. Finalmente, essa mesma noticia é ressignificada ao propagar-se e circu- lar, via audiéncia, pelas redes sociais. “A informagao torna-se mais work in ‘progress, uma matéria que se desenvolve, uma espécie de conversacao, um processo dinamico de procura da verdade, mais do que um produto finali- zado” (RAMONET, 2012, p. 17) Importante ressaltar que, apesar de todo o potencial existente, a apro- ximagao praticada pela imprensa com seu ptiblico ainda mostra-se limitada ¢ até superficial, jé que a maior parte do material oriundo da audiéncia pre- cisa de (muita) mediacao da redagao para virar noticia, ou entdo é subapro- veitada. Além disso, as redes sociais ainda so muito utilizadas pelos vei- culos apenas para distribuicao de contetido (CANAVILHAS, 2015; ROST, 2012; ROST et. al., 2013). Tudo indica que a cultura empresarial vigente nas redacées, inclusive nas online, fundada em distanciamento em relagao ao piiblico e apoiada no modelo informacional transmissionista (emissores falando para receptores por meio de um canal), nao da conta do ritmo alucinante das interagoes comunicativas geradas pelas redes sociais, cada uma com caracteristicas lin- guisticas e interativas préprias. Neste contexto, os meios de comunicagio estio perplexos, desorienta- dos. Mostram-se receosos diante das possibilidades que oferece a par- ticipagio da audiéncia, mas, ao mesmo tempo, véem a interagio como DOL: http://dx.doi.org/10,5007/1984-6924.2018v15n1p40 Estudos em Jornalismo © Midia, Vol. 15 N© 1. Janeiro a Junho de 2018 -IS$Ne 1984-6924 uma fonte de informagao incomparavel (MASIP et. al., 2015, p. 245, tradugio nossa‘). Diante do cenario descrito e da premissa de que é necessario aprimo- rar os mecanismos de interacao entre cidadaos e veiculos de comunicagao, de forma a melhorar a qualidade da conversacao, o presente trabalho ana- lisou, a partir de uma imersao de inspiracao etnografica no jornal Didrio Gaticho (DG),’de Porto Alegre (RS), a repercussao dos didlogos estabeleci- dos entre piiblico e redago via WhatsApp nas fases da produgao noticio- sa, previamente definidas como pauta, apuracao e divulgacao da noticia. O objetivo principal foi verificar como se estabelece a troca de mensagens e se © conteitdo gerado impacta de alguma forma nas etapas produtivas da noti- cia’. O piiblico é basicamente mais uma fonte ou pauteiro do jornal ou sua participacao tem potencial para qualificar outras etapas do proceso? © Diario Gaticho, mantido pelo Grupo RBS”, foi escolhido por estar inseri- to na categoria popular de jornais e, em fungo disso, possuir um histérico impor- tante de estratégias de aproximagao com seu publico. termo “popular” identifica um tipo de imprensa que se define pela sua proximidade e empatia com o puibli- co-alvo, por intermédio de algumas mudangas de pontos de vista, pelo tipo de servigo que presta e pela suua conexo com o local e o imediato (AMARAL, 2006). O segundo motivo da escolha foi que 0 veiculo utiliza o aplicativo de mensagens WhatsApp como ferramenta de interagao com os leitores desde setembro de 2014. Trabalho anterior sobre a operacdo do WhatsApp no DG (SPECHT; DORNELLES, 2016) jé sinalizava o potencial desse formato de didlogo redagao-audiéncia. Desta vez, voltou-se ao objeto para investigar outro aspecto do tema. A observagio participante no Didrio Gaticho Durante cinco dias, entre 7 ¢ 11 de agosto de 2017, a autora esteve na redagio do DG para acompanhar o recebimento ¢ 0 envio de mensagens via WhatsApp. A pesquisadora permaneceu por cerca de trés horas didrias junto do funcionario res- ponsavel por trocar mensagens com a audiéncia, observando o fluxo de material ¢ a dinamica estabelecida, A ideia inicial, importante destacar, era variar os horarios de observagio para recolher informacdes em momentos diferentes do dia, mas isso se mostrou inviavel pelo fato de que o funcionario responsavel por dialogar com o publico via WhatsApp abria o aplicativo por volta das 11h e o fechava perto das 14h. Como estava sozinho na fungao e precisava desempenhar outras tarefas, ele acabava res- tringindo 0 horario de interago com o puiblico via aplicativo a esse periodo de tempo. Eventualmente, no final do dia, antes de encerrar seu hordrio de trabalho, ele trocava mais algumas mensagens com os leitores. Os didlogos entre redagdo e audiéncia foram visualizados pela pesquisadora a partir da tela de um computador de mesa (desktop) operado pelo funcionari do jornal. Prints com trechos de dislogos considerados relevantes para o estudo foram solicitados pela pesquisadora. Sempre que necessirio, o funcionario pres- tava esclarecimentos a respeito dos procedimentos ¢ praticas adotados. Também foram entrevistados o editor-chefe do DG, Carlos Etchichury, e a repérter Jenifer Gularte. Para fins de observagao e anilise, foram consideradas as seguintes etapas no que diz respeito a repercussao da conversagio com o piiblico via WhatsApp nas fases do proceso noticioso: DOI: http://dx.do.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1p40 ‘No original: “En este contexto, los medios de comumnicacién est perplejos, desorientados. Se muestran recelosos de las posibilidades que oftece la participacién de la audiencia, pero al mismo tiemspo venen la interaccién una fuente de informacién incomparable "Fundado em 2000, 0 DG tem formato tabloide ecircula de ‘segunda a sibado de forma savlsa, ow seja, do hai sistema de assinatura, Grande parte de sua circulagio ocorre na Regio Metropolitana de Porto Alegre (RS). A redagio do DG fincionava, desde a fundagao, no terceiro andar do prédio dda RBS do Bairro Azenha, em Porto Alegre. No andar superior operava a redagio de Zero Hora, o jornal referencia ddo mesmo grupo de comsrica do. Em novembro ile 2016, as dduas redagdes se integraram e passaram a atuar em une tn 0 espaco fisico, remodelado, no quarto andar do prédio da Avenida Ipiranga, onde ficava a redacao de ZH. 5A etapa de edigao e prepara- do do material noticioso para publicagao/circulagao nao ‘foi eleta como categoria de ‘andlise em fungao de observa- bes anteriores, realizadas pela pesquisadora, que demonstra ram que as comversagaes com 4 auditneia tém impacto pratt camente nulo sobre essa fase “0 Grupo RBS, fundado por Mauricio Sirotsky Sobrinho em agosto de 1957, em Porto Alegre foi, derante décadas, a maior afiliada da Rede Globo tno Brasil, O grupo contava, até argo de 2016, com 18 emis- soras de fevé que cobriam 789 municipios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de sete rdios e seis jornais. Em rmargo de 2016, a RBS anus ciow a venda das operagdes de televisio, rédio e jornal que atuavam sob a marca RBS em Santa Catarina, ena 4“ @Re9 Estudos em Jornalismo e Midia, Vol 15 N© 1. Janeiro a Junho de 2018 -ISSNe 1984-6924 1) pauta ~ informagées ou assuntos fornecidos/sugeridos pelo publico que geram posterior apuracio pela redacio (nao necessariamente se converte em no- ticia)s 2) apurago - o piblico colaborando na apuracdo da noticia, na forma de en- vio de dados para reconstituir um fato, por exemplo, transformando-se em fonte ou entdo indicando outras fontes; 3) noticia divulgada - interferéncia do pablico na matéria jornalistica divul- gada pelo jornal, a exemplo de quando 0 leitor aponta um erro ou sugere corresa0 em noticia. Por considerarmos mais produtivo na compreensao da dinamica, as etapas acima iro nortear as andlises apresentadas na sequéncia deste trabalho, em detri- mento de uma divisdo temporal. Os leitores, o WhatsApp e a pauta © contetido das mensagens enviadas pelos leitores ao DG via WhatsApp & variado, conforme observado na redagao, Das cerca de 100 mensagens didrias, que se desdobravam em outras varias a partir do momento em que a redagio iniciava a conversagdo, praticamente 40% eram dvidas sobre o jornal, como informagoes sobre compra de exemplares antigos, locais para troca de cartelas, brindes ¢ pre- miagdes. O restante do contetido se constitufa, em sua maioria, em dentincias so- bre problemas cotidianos de falta de infraestrutura nos bairros, precariedade em atendimento em hospitais, postos de satide e outros. ‘As queixas e dentincias enviadas pela audiéncia via WhatsApp, conforme verificado, também seguem rumos diversos, Inicialmente, Alberi Neto, o estudan- te de jornalismo responsivel pela conversagio com a audiéncia, agia como o pri- meiro gatekeeper, filtrando o material. Nesse processo, ele muitas vezes solicitava informagoes adicionais aos leitores, em forma de texto, foto ou video. Quando considerava ja ter elementos suficientes, Neto decidia o encaminha- mento do material. Se a sugestio nao se encaixava nos critérios de noticiabilidade do veiculo, ele agradecia a colaboragao do leitor. Se o tema fosse julgado de inte- resse jornalistico, ele poderia ser reelaborado ¢ publicado pelo veiculo. A forma de aproveitamento dependia do assunto e do apelo da pauta sugerida. Durante a semana de observagao, notou-se que o principal aproveitamento das sugestdes do leitor encaminhadas via WhatsApp ocorreu em duas segdes fixas do jornal impresso, a Pede-se Providéncia e a Seu Problema é Nosso, publicadas de segunda a sexta (Figura 1). © contetido da sego Seu Problema é Nosso é replicado diariamente no site do veiculo. DOL: http://dx.doi.org/10,5007/1984-6924.2018v15n1p40 Estudos em Jornalismo e Midia, Vol. 15 Ne 1. Janeiro a Junho de 2018 -IS$Ne 1984-6924 Figura 1: Secdes Seu Problema é Nosso e Pede-se Providéncia i t at ] ae a hi =. = = = = / q Fonte Jornal Dirio Gao A coluna Pede-se Providéncia publica, em forma de pequenas notas, com ou sem fotos, reclamagoes variadas como queixas sobre lixo acumulado, problemas de iluminago publica e buracos nas ruas. Nao ha apuracao do jornal, ou seja, a redacdo divulga a reclamagio tal qual se origina do leitor. A tinica ressalva é que a ‘queixa (no caso de ser um problema urbano) precisa ter sido protocolada no érgio piblico responsdvel, jé que o nimero do registro acompanha a nota. Na mesma pagina, na se¢do Seu problema é nosso, a redacao publica uma matéria jornalistica com apuracio e detalhamento. O selo do WhaisApp acompanha o contetido enca- minhado via aplicativo, como forma de estimular novas colaboragdes. Cerca de 80% do material das duas segdes entra por WhatsApp, tanto as reclama- ges que se transformam nas notas do Pede-se Providéncia quanto as pautas que apuramos para o Sew Problema é Nosso. Por WhatsApp fica facil, todo mundo tem. acesso (NETO, 2017). Ha também uma parcela de leitores que faz contato via WhatsApp moti- vada pela participagao nas colunas tematicas do jornal, como 0 #eunoDG, 0 Co- ragdes Solitdrios, 0 Ajude a Encontrar e 0 Meu Sonho E (Figura 2). Por meio da seco Ajude a Encontrar, por exemplo, ¢ possivel divulgar o desaparecimento de um familiar, depois de feito o Boletim de Ocorréncia na policia, Para a coluna Meu Sonho E, chegam pedidos de que vao desde um aparelho ortodéntico para o filho até auxilio para concluir a casa em obras. Também costuma entrar por WhatsApp material destinado a segio Venda seu peixe, espaco onde o jornal divulga informa- ‘Ges de leitores em busca de uma colocag4o no mercado de trabalho. DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1p40 eng SNe 1984-6924 [Estudos em Jornalismo e Miia, ol. 15 N° I. Janeiro a funho de 2018 Figura 2: Segdes da pagina do leitor Fonte: Jornal Diario Gaucho © que se depreende da observagio em relagdo a influéncia da conversagao entre leitores e redagao na pauta do DG é que a audiéncia molda-se ao cardapio de seges ¢ contetidos do jornal, ou seja, conhece o produto ¢ colabora tendo em vista a chance de aparecer, com sua demanda individual, nesses espagos do veiculo. Essa personalizacdo, ou scja, a valorizagao do carater pessoal das noticias é carac- teristica marcante do jornalismo popular: “A personalizacao de uma noticia pode provocar também uma extrema singularizagao e, nesse caso, a histéria perde em contextualizagao” (AMARAL, 2006, p. 7). Por outro lado, verificou-se que 0 puiblico envia, em menor niimero, su- gestées de pauta factuais, como flagrantes de acidentes, incéndios e ocorréncias, policiais (ha trés ou quatro policiais colaborando de forma sistematica). O que ocorre, porém, é que a estrutura do veiculo, com um funcionario verificando 0 WhatsApp apenas em um periodo especifico do dia, ndo dé conta de encaminhar para apuragao as demandas factuais, que normalmente ja estao “velhas” quando Neto as lé. “Quando estamos com mais gente [operando o sistema do WhatsApp], conseguimos usar bastante material que os policiais mandam” (NETO, 2017). Observou-se também que Neto envia aos editores, por e-mail, sugestoes dos leitores que nao se encaixam nas secdes do impresso, mas que, em sua avalia- Gao pessoal, apresentam potencial jornalistico. Algumas delas se transformam em noticia, apés apuragdo. Quando isso ocorre, a julgar pelo que foi verificado in loco, © piiblico é envolvido no processo, DOE: http//dx.doi.org/10.5007/1984-6924,2018v15n1p40 Estudos em Jornalsmo e Midi, Vol. 15 N1. Janeiro a Junho de 2018 -ISSNe 1984-6924 A apuragao: os leitores sao fontes ¢ indicam fontes O contetido gerado a partir da conversacdo com o leitor via WhatsApp nao fica restrito as paginas do leitor do jornal impresso, conforme ja adiantado. Caso a deniincia ou problema apontado seja avaliado com outro tipo de potencial, ele pode ser transformado em noticia e publicado em outro espaco, inclusive em Zero Hora. Foi 0 que aconteceu a partir de fotos que mostravam doentes dormindo no chao de um hospital, enviadas & redagdo durante a obser vaso da pesquisadora. O leitor informava que o hospital era 0 Conceigio, de Porto Alegre. ‘Como as imagens eram impactantes e de boa qualidade, Neto enviou 0 ma- terial aos grupos de e-mails de editores do DG e de ZH para que avaliassem o caso. As fotos ¢ 0 relato do leitor imediatamente chamaram a atengao da repérter Jenif- fer Gularte, copiada na mensagem. Ela entio negociou com a editora ¢ assumiu a apuragdo da histéria. O leitor que enviou as imagens, ao ser contatado por Jenifer, confirmou os fatos ¢ alegou que seu sogro estaria vivendo a situagdo retratada pelas imagens, apesar de as fotos terem sido feitas por uma amiga de sua esposa, cujo fa- miliar enfrentava 0 mesmo drama. Jeniffer precisava, entdo, falar com a autora das fotos. Conseguiu, com a ajuda do leitor e de sua esposa. “A matéria nasceu das fotos enviadas pelo leitor, e ele acabou ajudando a apurar” (GULARTE, 2017). ‘A repérter conseguiu também entrar no hospital, como visitante, para confirmar o local em que haviam sido obtidas as imagens. “Fui no horério de visi- ta do sogro do leitor que enviou o material e vi que as imagens haviam sido feitas ali mesmo, no corredor do Concei¢éo” (GULARTE, 2017). A versio do hospital sobre a situacao foi solicitada 4 assessoria por WhatsApp, evidenciando mais um uso habitual da ferramenta na rotina das redagées. A noticia gerada a partir das fotos do leitor foi publicada em ZH e no DG (Figura 3) no mesmo dia, 11 de agosto de 2017. O selo do WhatsApp foi utilizado somente no DG. Figura 3: Noticia produzida a partir de fotos enviadas por leitor i ee ae Fonte: Jornal Didri Gatcho DOL: http://dx-dot.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1p40 eng” Pstudos em Jomalismo ¢ Midia, Vol 15 Ne. Janeiro a Junho de 2018 - ISSNe 1984-6924 A partir do caso descrito para ilustrar a participagao da audiéncia na apura- gio da noticia, importante ressaltar que a pauta havia sido sugerida pelo proprio leitor, ou seja, ele era a fonte natural a ser buscada, De qualquer forma, parece haver disposicdo da audiéncia em colaborar, principalmente ajudando a montar 0 cenario dos fatos ¢ indicando outras fontes. A pesquisadora nao verificou, no en- tanto, a audiéncia ser mobilizada para colaborar em apuragao que nao fosse aquela correspondente & pauta sugerida. Ha, af, um claro potencial nao explorado. Neste ponto, importante lembrar que tanto 0 Didrio Gaticho quanto o Extra sofreram bloqueios do nimero do WhatsApp ao enviarem mensagens para grupos de leitores via aplicativo. Talvez uma estratégia de apuragao conjunta precise ser planejada, portanto, a partir do uso de outra ferramenta. Work in progress? Nao pelo WhatsApp Durante a permanéncia na redagao do Didrio Gaticho, verificou-se que pou- cos leitores fizeram contato por WhatsApp para sugerir algum tipo de alteragao ou criticar 0 contedido publicado pelo jornal. Dois leitores mandaram mensagens sobre comentarios esportivos realizados na Réidio Gaticha, do mesmo grupo de comunicacao, ¢ outro enviou texto discordando de um colunista do DG. Houve também 0 caso de uma leitora, provavelmente assessora de imprensa de uma empresa, que fez contato para sugerir que um produto fosse incorporado a uma matéria sobre tecnologia publicada no site do veiculo. Foi a nica referencia 4 uma noticia publicada no site do DG observada durante a semana. Verificou-se ainda que alguns leitores mandaram mensagem para agradecer a publicagdo de suas sugestdes na coluna Pede-se Providéncia, e outros atualizaram o status do problema. A julgar pela observacao feita pela pesquisadora no jornal Extra, em 2016, no chega a surpreender o fato de 0 WhatsApp ser pouco utilizado para 0 envio de criticas pontuais a0 contetido veiculado, No Extra a situagéo encontrada foi parecida, apesar do maior volume geral de mensagens e das diferengas em rela- G40 ao contetido, Como somente os jornais hiperlocais do Extra destinam espa 0 fixo para publicar demandas encaminhadas por WhatsApp, nao ha, como no DG, mensagens especificas para aproveitamento em sees do impresso (SPECHT, 2017). Outra diferenga € as pautas de seguranca publica, que chegam em maior quantidade ao jornal carioca Parte da explicagao para o baixo interesse em criticar 0 contetido dos jor- nais diretamente aos jornais pode estar nas caracteristicas das interagées estabe- lecidas via WhatsApp. Nota-se uma preferéncia do piblico, a ser confirmada por pesquisas, em alertar e criticar publicamente a conduta, posicionamento ¢ eventu- ais falhas dos veiculos de comunicasao. Isso normalmente é feito em sites de redes sociais onde ha visibilidade publica da mensagem, ou seja, onde ha varios atores, envolvidos, simultaneamente, nas interagdes, caso, por exemplo, do Facebook. No caso especifico do DG, soma-se a isso o fato de que o jornal nao participa de grupos no WhatsApp (sai assim que verifica que foi incluido em algum grupo). $6 interage com um leitor de cada ver. Diante desse cendrio, pode-se deduzir que 0 work in progress, ou seja, a noticia em retroalimentagao a partir do olhar vigilante do pibli- 0, se dé de forma incipiente no DG por meio das mensagens trocadas via WhalsApp. Consideragies finais A observagao da operagao do WhatsApp na redagio do Diério Gaticho confirmou, de maneira geral, indicios apontados por estudos da area: os veiculos DOL: https//ax.doi.org/10.5007/1984-6924.2018v15n1 p40 studos em Jomalismo e Midia, Vol 15 N° 1 Jancizo a Junho de 2018 - ISSNe 1984-6924 ‘mainstream tentam se aproximar e dialogar com a audiéncia, mas os esforgos ain- da sio insuficientes. Além de aumentar os graus de participacao dos leitores diante dos apelos do veiculo, é preciso assegurar um bom aproveitamento do material resultante da conversagio, Essa segunda parte ainda carece de reforgo. No caso do DG, por exemplo, parte do vatioso material factual é desperdigada por falta de estrutura, E preciso cons ; que atravessa uma crise de modelo de negécio que impoe sérias restrigdes de ope- ragio em redagées cada vez mais enxutas, com jornalistas sobrecarregados de ta- refas. No caso do DG, 0 quadro é agravado pelo fato de que a operacao digital do jornal foi desmobilizada a partir de 2016, com o proceso de integracao entre ZH € DG. A aposta do grupo RBS est no site de ZH, que tem paywall”, O do DG, que nao tem, nao publica mais matérias de Policia e de Esporte (ficam todas para ZH). Por que 0 leitor, entio, vai colaborar com material de policia se esse material nao terd repercussao no site do DG? O presente trabalho motivou ainda outras reflexes. Uma delas diz respeito A disposigao por parte do puiblico que faz contato com o jornal em colaborar. Esse piblico pode até representar uma parcela pequena diante da audiéncia geral do veiculo, mas ela mostra-se aberta a dialogar, da retornos e envia esclarecimentos, © que j parece bem importante. Os veiculos, ao que tudo indica, ainda nao sabem muito bem como tirar proveito disso. O piblico poderia ~ ¢ deveria ~ ser muito mais consultado, inclusive (e principalmente) antes de as noticias serem publica- das, Por que nio pedir a opiniéo da audiéncia durante o processo de elaboragao de uma pauta importante, por que nao ouvir e pedir ajuda durante a apuragao? No geral, faltam estratégias e faltam atitudes. E hé potencial evidente em todas as fases do processo. Além disso, integrar 0 usuario ao processo de produgao da noticia pode tra- zer beneficios as organizagées mididticas, pois seria uma maneira de fazer um jornalismo mais rico ¢ relevante. O resultado pode ser noticias mais contextua- lizadas, originais e Gnicas, produto que audiéncias engajadas e envolvidas talvez estejam dispostas a financiar. lerar, portanto, as condig6es gerais da indistria da not REFERENCIAS AMARAL, Marcia Franz, Imprensa popular: sindnimo de jornalismo popular? In; XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE CIENCIAS DA COMUNICAGAO, 2006, Brasilia. Brasilia: Intercom, 2006. Disponivel em: http://www.intercom.org. br/papers/nacionais/2006/resumos/RO786-1-pdf. Acesso em: 20 ago. 2017. BARSOTTI, Adriana. Jornalista em mutagio: do cio de guarda ao mobilizador de audiéncia. Florianépolis: Insular, 2014. CANAVILHAS, Joao, Entrevista com Joao Canavilhas: Provedores de internet e empresas de tecnologia, que também lucram com a noticia, deveriam ajudar a fi- nancié-la, In: Revista Famecos, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 215-227, jul/ago./set. 2015. Entrevistadora: Patricia Specht. 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