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Historia da Geografia PAUL CLAVAL HISTORIA DA GEOGRAFIA i Tumeiscimar BAZAR | \iel| Tel:3361-3464 XEROX MIUDO Quantidade JO [valor Rs a) HISTORIA DA GEOGRAFIA ‘aéreas © documentos resultantes da teledeteegio. A evolugtio ; da geografia ndo é marcada por paradigmas que se sucedem je liminam mas por uma série de temas cujas combinagdes | se multiplicam & medida que a sua lista se alonga A evolugio da geografia reflecte os grandes debates inte- Jectuais que, em cada momento, animaram o mundo ociden- tal; responde igualmente as necessidades.da sociedade, em ' particular as dos governantes: prospera onde se desenvolvem as burocracias, quando um império se expande ou quando se transpde uma etapa na descoberta do mundo. A histéria da ia s6 pode ser compreendida a partir do contexto inte- Capitulo I A heranga da antiguidade ea sua modernizacao 1. A geografia na cultura e na sociedade gregas A representagio da ‘Terra sempre intéressou 10s Gregos: Homero evoca a forma do mu a descrigio do escudo de Aquiles. No decurso do seu voo, icaro des! fa soberba do mundo que ninguém pode referencias esquecidas. Porque as mitos gregos todos deveriam saber onde se desenrolaram. A par- mento em que a colonizagiio e, mais tarde, a aven- tura de Alexandre Magno difundiram © povoamento ado com os lugares e€ religiosas HISTORIA t O mundo ifestou-se através de cidades de Alexandre Magno nao exi lade de codificar o saber indispensé A navegagao e as relagdes gos a colocarem por esc uma forma erui saber entao desenvolvidas. O mapa jénico. Herodoto circulos em tomo do pensamento que se Bud6xio de Cnido (408-305 a.C. la no centro de outra esfer de referéncia essen- r6picos, para ter uma ia grega € insepariivel da esfera celeste, pélo: ideia da sua configuragio. A g Wtese geocéntrica reza do universo & geomé- ndro de Mileto (c isso esté na origem da cartogt -¢547 aC) 24 nhadas muitas imagens do conjunto da Terra, sem que ima fornega dela uma apreciagso razodvel; representam we € redonda como se fosse aele na base geométrica que revela sm quadrado, por exemp! mentos -317 aC) leva, sade dos seres ‘gos estavam prestes a ci estudo das relagdes dos HISTORIA DA GEOGRAFIA s jénicos, € a estrutura vertical da atmosfera que retém a entre a esfera das estrelas im6veis e perfeitas e o nosso mundo de decomposicao e corrupgao? E possivel fazer ese entre a escola em evidéncia as condigdes que permitem distinguir zonas na Terra, uma t6rrida, duas temperadas © duas frias, uménides (525-440 a.C.) abre caminho para isso, ainda que ite estabelecido entre zonas temperadas e zonas frias deixasse a desejar. O mapa alexandrino: um progresso importante. Eratostenes e Hiparco filos6fico que icesso. Os progressos da Estes tém como grande responsive! Eratéstenes (c. 275- 94 aC). Director da c AHERANGA DA ANTIGUIDADE E A SUA MODERNIZACAO de Siene a Alexandria € de 5000 estédios, o pert- ‘a no Equador 6 de 252.000 esifdios (pouco mais, de 36000 km). Muito mais tarde conceberam-se procedimen- tos eficazes para medir as longitudes — foi necessério esperar ‘meados do século XVit para que se chegasse a uma solu- io fi Eratdstenes elaborou 0 seu mapa com base em medidas e estimando as longitudes a partir de dados comy ns. Parte, inspirando-se em Dicearco de que passa sobre a ‘um eixo para os meridianos que se estende de Bizancio a Rodes, Alexandria e Siene. A geografia (0 termo é empregue: 01) tem por fim cartografar o mundo habitado, a, eetimen enes assentava em estimativas criticé- istemas de projeccdo. Desenvolve t ide sobre a duragio dos dias e fixa, no seu sen- lo grego, a nogdo de clima (ou zona). Assim, 08 Gregos conseguem conceber a Terra como uma esfera, avaliar a sua dimensdo e localizar lugares & sua superficie. Os seus conhecimentos de astronomia levaram- nos a distinguir pontos ¢ linhas importantes & superficie da ferra: 1) os pélos que determinam 0 eixo de revolucto do eta; 2) 0 equador, que é 0 frculo localizado na inter- icu- 20 meio e perpen que marcam imo ponto a Norte (e Sul) em que 0 Sol atinge 0 2 1¢ a estagdo quente; 4) Poseidonius (136-51 a.C.) acres- assim 0 quadro da nisTORIA, a A geografia como descrigao regional Os Gregos distinguiam a topo ia, que designava as condigées locais do relevo, a corografia, que trag das regides sem as situar no contexto terrestre, e a geogra- fia. Esta caracterizava-se pelo esforgo de apreensio glob: ‘0s que a praticayam procuravam descrever a dive ‘Tetra, Indicando a zona qual pertenciam observando ¢ a sua mundo habitado, 0 s ria comparagdes — ini Estrabdo (63 a.C.-entre 21 e 25 d.C.) desenvolve a abor- dagem | Roma dominava jé 0 mundo mediterrfineo e penetrava rte € leste, Para os contempo- imperiais. As regides conhecidas da ectimena radas periféricas por ndo integrarem 6 Impé fio mereciam ser estudadas em det Estrabao utiliza 0 saber cartogi cagBes sobre 0 as bases natui mas do relevo, los solos ou da vegetacio. 28 Ptolomeu e Dionisio Periegeta Os Romanos retém da geografia apenas o seu interesse do império. No segundo destaca-se nesse campo. que habit século depois de Cristo, A ‘Cliudio Ptolomen nasceu idade cerca do ano 100 da nossa era. Af morreu por volta do ano 180. £ conhecido sobre- tudo através das suas obras. A Sintaxe Matematica, pelo nome que Ihe foi dado pelos Arabes — 0 Almagesto ~ resume 08 conhecimentos astronémicos dla época problema da configuragao da Terra. Os qu sua segunda obra, trata da as a, nfo fa um inventirio dap A Gea abrangida (ver figura 1 d a Geogr dor, da fazer uma apresentagio. A obra comporta também uma refle- xo sobre os diferentes modos de projecgio. némico e geogrifico acumulado pelos gregos através de uma ral fornece as bases nas suas tabelas, Na (séeulo it d.C.) com em que descreve papel no HISTORIA DA GEOGRAFIA na longa tradigo que faz de Homero o primeiro geégrafo gtego. Numa data em que a época classica jé esta to dis- tante, este compéndio preserva a memsria das bases territo- riais da cultura grega. A evolugio da geogt adifusto da escrita apés a invengo. guidade as tradigGes podem desen' continuam a ser ensinados um pouco mais tonge. Ao longo de tum perfodo de oito séculos, a reflextio cosmogréfica, que deu & Beografia o seu estatuto cientifico,s6 foi plenamente compreet ago da superficie terrestre no pode ser compreendida por nntos do Sol e dos planeta ide da ectimena, nal China, os funda- mentos do saber geogréfico sto elaborados quase no mesmo elaborado por Phei Hsui em 267. Todavia, a este saber fal quadro te6rico concebido pelos Gregos II. Conhecimento e priticas geogrficas na Idade Média O declinio dos conhecimentos geog da queda do Império 30 [AHERANCA DA ANTIGUIDADE A SUA MODERNIZAGAO lagdo como a Periegese de Dionisio demonstra-o. O fervor le havia favorecido a reflexdo sobre a forma ¢ configuragao da Terra desapareceu, O Estoicismo deixou de apoiar-se na hipdtese geocéntrica e na imagem de um mundo harmonioso que daf emanava. A deslocagio progressiva da .¢40 tornow intiteis as recolhas de informagdo to de notiveis locais que 0 poder se exerce dio € necessério formalizar 0 saber lade: 0 conhecimento das pessoas é Os povos que desfraldam as velas pela Europa aquando das grandes invasées tinham mais necessidade de se orientar do que os Gregos e os Romanos: 0s pontos cardeais possuem a em toda a Europa Ocidental. Os estiio ligadas a qualquer visto cosmo-geogréfic a hipétese geocéntrica e a ideia lade da Terra, pORIA DA GEOG concepgiio que estavam ligados 0 cartégra tao Cosmas Indicopleustes (século 560-636). A maior parte destes co ido Crates de Mallos (fim do sécul les, para quem a érea coberta pelo elem: habitada pelos homens era suficientemente pequena para ser assemelhada a uma superficie plana. A cartografia reflecte lembrando 0 taben — um O (ver figura 2 do extratext T deitado cujo pé represent norte, ¢ da Africa, asul.A ditos de T em O. 0 que estes principes ram dos belos pergan O papel da geografia arabe Os Arabes dispunham, 32 LANGA DA ANTI EE A SUA MODERNIZACAO Ignoravam a ciéncia ¢ a filosofia. Apés a Conquista, 0 seu yeza do pensamento tego. As igdad, no actual Iraque, sob 0 0 uso do drabe € et venientes da Pérsia ou da Asia Central, ‘A Sintaxe Matemética de Ptolomeu, 0 Almagesto, conhe- cido por volta do ano 800, seduz as pessoas para quem a observagio astronémica era familiar, € ensina-as a la ‘a compreenclerem a forma da Terra e localizarem os luga- res s rumentos de observagio ede medida avangam gragas &s técnicas érabes, que enrique- cem as trazidas da India. A cartografia celeste volver-se, Se por Ibn Hawaal (traball meados de 1050) det im tratamento magi e geogrfica et (c. 776/777-868/869), desenvol uga- res pelos aspectos hi Qutayba (828- 882 e 889) c Ibn Khordebech (meados de 20-912) HISTORIA DA GBOGRARIA Os mais ilustres geégrafos arabes si, todavi res: a sua obra enquadra-se numa época em que a reflexio ‘omega a entorpecer, mas eles destacam-se pela conhecimento directo que possufa de boa pi 0, da costa africana até Z: explora também passa a maior parte da sua vida na T gomenos © joderna da geo-hi A navegagao, a evolugao da cartografia e as exploragoes terrestres Os saberes priticos evoluem rapi 34 _AERANGA DA ANTIGUIDADE E A SUA MODERNIZACAO car levantamentos astronémicos e medigées relativas 20 Sol, angulares. Os portul ‘nos nascem, nos paises cristios do Mediterrdneo ocidental, no lo xm. Alguns dos seus fabricantes so judeus, particular- de Maiorca. Os Arabes nao tardam a fami +80 me com este modo de representagio, mas no Concebidos por e para marinheiros, baseados na ui ‘¢%0 do navio como instrumento de levantamento de 0s portulanos melhoram de forma evidente o conheci- or das terras (ver figura 3 tinentes, com a cartografia de base astronémica, € necessério ‘que se aprenda a dominar também as técnicas dos levanta- ‘mentos angulares: estes s6 conhecem um verdadeiro impulso odo portul es figis a partir de medidas de pos Gpoca das Cruzadas € especialmente significativa) quer nos fe da Europa (onde, a parti tec es pratica-se correntemente a partir A preocupagdo em conhecer © que das terras catdlicas ou ortodoxas afirma-se 1: a conquista mongol faz nascer a esperanga Islao pela retaguarda (daf se passa para 35 | surgem: quais sto os limites do mundo? Que } esta habitada? Existe alguma parte inaces | razdes deste interesse: «Estas questées dizem respeitos do | trinas da Criagao e da Redengio» (Paul Zumthor. A tradugao de Ptolomeu e as grandes descobertas O renascimento da geografia € estimulado pela redese berta de Ptolomen no inicio do século XV. A sua Geografia havia sido esquecida: Jacobo d’ Angelo fez. uma tradugdo para im no ano de 1406, a partir de uma e6pia trazida de Bizai para Florenga, Essa tradugao permite compreender 0 que € um sistema de projeccao. As tabelas ptolo de coor denadas (publi meira vez em 1475) passaram a ser utilizadas pi o extratexto) imprensa rapidamente so — 0 pri- indo cinco edigGes a partir de 1486. lade sonhava contornar 0 obstéculo que o Islio mentos curopeus, em especi gador (1394-1460), século XV um caminho oriental pa ‘Gama (1469-1524) descobre em 1498, Se_a Terra € esférica, porque njlo aventurar-se através do Oceano? Pt exagerado a extensdo em longitude do mundo pela rota ocidental e descobre, em nome dos soberanos espa nhdis, as Antilhas e o Novo Continente, a partir de 1492. As visdes da ectimena el nios sfo desfeitas redescobertos pert ‘num esquema coerente, 36 A HERANGA DA ANTIG E.A.SUA MODERNIZACAO TIL. A geografia e a Renascenga AAs grandes descobertas nfo sio gressos da geografia no Renascimento. é is experimentaram um longo processo de racionalizayio que modificou profundamente as suas formas de organizago As relagdes pessoais que estruturavam o mundo feu- dal substitui-se, lentamente, uma administragio moderna O Fstado sai reforgado; para actuar, 0 principe jé nfo é obri- iar-se com 0 poder local dos seus bares: jos que movimenta a sua vontade ¢ que estfo na sua directa dependéncia. Uma vez nomeados, devem aprender rapidamente a conhecer as circunscrigées que Ihes so confiadas. No inicio do século XVI, a evolugio s6 esti 6 progresso da art ‘602s, 08 oficiais devem saber ere dlesenbar plantas. do regime feudal fica marcado pela insttuigio de novas relagées com a terra: j6 no é do imposto feudal que vivem os grandes proprietérios, mas das suas rendas e do tra- Jos caseiros. Com a legitimidade retirada do dircito nase te pessoal: os bens prediais constituem mercadoria que pode ser negociada — dai o interesse em fixar os limites e medir exac- tamente a sua extensio. Comega-se a descobrir 0 valor das plantas cadastrais: 6 para as desenhar que se recorre As novas técnicas de levantamento com pranché ‘As lentas transformagées que marcam a sociedade da Renascenga condicionam largamente a audigncia que a geo- 31 Cartografia, cosmografia e teoria dos climas © conhecimento reencontrado de uma parte do patrims- nio antigo e as grandes descobertas estimulam a reflexio geo- grifica. Os relatos de viegens ay i mes estranhos. A questo ‘mente renovado. O movimen os editores de rapida- comega no século XV, quando meu anexam a Europa do Norte a0 uni- lada pela necessidade de representar as novas © mapa manuscrito (1500) de Juan de la 1510) contém as descoberta ¢fo de Terra Co seguem por Ame! der que a Am¢ nome do viaja tos da viagem de Magalhaes s6 sto integrados tarde, por volta de 1530. © centro.da cartografia mundial desloca-se dos paises mediter e. B aqui ‘nova representagio do mundo se fixa e que o novo con- inente toma forma: a imagem clarifica-se, do francés Oronce Fine (1494-1555), a0 alemao Miinster (1488 ou 1489-1552) e cartografia, Pr ‘A WERANCA DA ANTIGUIDADE E A SUA MODERNIZACAO. na. Arist6teles tinha criado a ideia que 0 globo s6 guas estavam ligeiramente descentrados, 0 que ficava a concentragio das terras emersas. Esta concepgao, lo XV, ¢ abandonada em pro\ Os ge6grafos de entio partem de bases sm a visio simy in (1530-1596), ¢ todos ou menos referencia. A curiosidade eles, faz, nascer ‘os autores the fazem m: pelos Meteoros, de A\ ‘geografia extremamente variadas, d temporineos. Em Franga, Prangois de Be! ce André Thévet (1503 ov. 1504-1592) representam esta escola: deve-se a0 segundo, que Brasil, uma apresentagio aps regional da geog, as para a estruturar. A forma cosm esgota-se depressa — aps o final do sécu Cristianismo, Reforma e geografia va orientago. A partir do sée pessoal e envolve, mais directamente, a responsabilidade de cada um no can a salvagio. A esperanga de aceder 39 HISTORIA DA GEOGRAFA a vida eterna junta-se vontade de dar um cunho realmente cristo ao quadro em que se desenrola a existéncia dos homens: € um dos temas essenciais da Reforma; a Contra- -Reforma repete-o. O significado da geografia altera-se: toma-se uma ferra- menta indispensével ao conhecimento de um mundo que € necessério compreender para tomar plenamente cristio. Este €0 tema central dos luteraiios —o que explica o lugar da Ale- ‘manha na renovago do saber geogrifico. Para os cat6licos, & 4 actividade missionéria que constitui o objectivo central. Os calvinistas pensam que o Pecado afecta tanto a Terra como a Humanidade: como tal, esto atentos ao especticulo da natu- reza e estiio persuadidos a viver num mundo em rufnas; atra- vés da sua anélise, esperam perceber melhor 0 mistério da vontade do Senhor. Desbravando a Terra ¢ modelando-a atra- vés do seu trabalho, procuram dar-lhe uma forma ortenada mais conforme com a inspiracio divina. Cartografia e geo- ‘fia surgem como indispensdveis 2 bagagem intelectual das irigentes: o seu ensino foi integrado nos cursos das escolas protestantes no dos colégios jesuftas. Esta geografia escolar tem rafzes profundas: vai beber aos textos antigos; pal tomar as suas aulas mais vivas, os jesuitas utilizam as Lettres édifiantes que os seus missiondtios thes faziam chegar. Botero e Varenius © conhecimento do mundo progrediu bastante a0 longo do Renascimento, mas a renovagio da geografia nao esté & a das esperangas que a di Ses regionais stio medfocres, loquazes, entulhadas de con- ideragbes extravagantes sobre os herdis locais ou os brasbes ss familias nobres. Muitos ge6grafos deixam-se tentar pela logia. Faltava a sintese entre as bases cosmogréficas que a disciplina reclamava e as descrigdes regionais 40 pond assim & disposigio de todos narragées cuja circulagio iuitas vezes era mantida confidencial. Em Itélia, Giovanni Botero publica em Roma, de 1591 a 1595, trés volumes da Relazioni Universali, que marcam 0 nascimento da estatfs- tica ou cincia descritiva do Estado: na realidade, 6 uma geo sgrafia aplicada as necessidades das novas formagdes pol cas. Na Alemanha, Philippe Cluver (1580-1622) apresenta os resultados das grandes descobertas integrando-os num plano rigoroso, mas de uma forma seca, muito habitual nos sécu- a_para a geografia modema. e8 Baixos na altura da guerra dos ‘Trin as principals. alidade; consagra este aspecto da disci geografia geral; esti consciente de que esta niio justifica a Configuragéo especifica de cada regio; assim, classifica como pertencentes & geagrafia especial tudo 0 que diz. res- peito a diversidade nfo zonal da ‘Terra. A sua obra sobre 0 ‘Tapio 6 um exemplo das investigagdes que fez.com esta abor- ddagem. © seu contetido mostra-se bastante decepcionante. Os fundamentos astronémicos e cosmogrficos da obra de Varenius asseguram-Ihe um sucesso considerivel ~ Newton fica fascinado pela Geografia Geral, que tradvz para inglés — mas as clarificagées que esta obra traz no sio suficientes para fazer sair a disciplina das dificuldades que resultam do desfasamento entre qualidade erescente da cartografia, a nova abunda «40 para mostrar ¢ exp! ina, a que chama Capitulo IT A época das luzes e a geografia existentes: quer ser balhos dos filésofos que propd sociedade, 43 __HISTORIA DA GEOGRAFIA. de dados demogré- ‘08 ~ pois a forga dos exércitos depende do néimero de pes- s0as ~ ¢ econ6micos ~ para assegurar uma pressio fiscal mais eficaz, mas também mais justa, de modo que seja mais supor- |. As informagées de que o poder piiblico dispie sio ainda partir de 1662 e sob o nome permitam fazer est trabalhos so utilizados por toda a Na Alemanha, entio Estados, a le rapidamente gracas 2 ciéncia fis- Os gedgrafos es reg Infelizmente, ganham Ges em segunda mio; os seus trabalhos resumem-s bes de lugares © a reunscrigées admi Estado ou da Igreja. Resultant pre complexo, estas geralmente risticas do subsolo, do so as teas de atraceli ios desta par Pata regides mi mais do arb pela io do principe. A geografia do século xvi pugna zagao da administragéo e procura cvtérios para icion 44 fundamentar cursos de 6 lidade de nomes de rios ou montanhas. Os trabalhos dos geélogos abrem outra via: nfo foram eles que notaram que os I renos aptos a cada cultura correspondem # mo aflora Vivarais, tude, Para descrever convenientemente a Terra, é preci ¢ meniihecer ae Tegibes dividem e estrut a geografia px igGes da guerra modificam-se: em tempo de paz, pesada para construir € iF atmamentos ou construir as esquadras que os conflitos futuros m Louvois, os exé 400.000 homens e mi -maiores para preparar as decisGes complexas neces: mapas sio tanto ispensdveis qua har ISTORIA DA GEOGRAFIA cia pura é lorizada quanto mais condiciona 0 Progresso das fortificagdes, da navegagio ¢ da cartografia A cartografia de grandes atlas era, na Flandres e depois nos Paises Baixos, uma quest&o privada. ‘Tomna-se, de Luis XIV, uma questo de Estado. O prol passar das representacées em pequena escala dos mapas diais as plantas em grande escala, ¢ de operagées sisteméticas. A medigéo a lade que, para isso, cra possivel utilizar os eclipses; para determinar a posigio do Novo Mundo, um cosmégrafo espanhol, Ju isc0, elabora assim, entre 1571 ¢ 1577, ar partido dos eclipses de 1577, 1578 ¢ por satélites de Saturno m de pontos 200 em 1760 e 1540 em 1787-1788 ~ 0 que traduz. a aceleragio dos progressos. ido-se na deten izam, a partir di de cartografia da adequados para a cob ies. A medigio de angulos faz gra lagio estabelece as coordenadas imentos dé campo apoi les progres- través de 8 numa base cuja extensio 46 A BPOCA DAS LUZES E A GEOGRAFIA foi determi icas efectuadas em alguns pontos permite asse- gurar a coeréncia do sistema. As miras angulares sfo igual- mente usadas em operagdes de nivelamento. A Franga de Luis XIV langa pela primeira vez uma ope- ago de cartografia a Wo de pr de segunda ordem sobre 0 conjunto do carta topogrdfica seguindo as regras so ques, 1677 -Dominique, tre 1680 € 1793. O levantamento do mapa tem lugar de 1750 até & Revolugio: a escala, 1786 400, tomna-o precioso para o tragado de estradas ou para @ condugto de operagées militares. de pesquisa documen rel de gedgrafos profissionais: que realizam aquando da expedi¢fio de Bonaparte a0 Egipto (1799). In s do mundo reveladas pelos |. Isso explica o facto de se Cos € no nas dos gedgrafos. Em compensagio, estes desen- volvem, 20 longo do_século XIX, a cartografia temétiea: sem ela, no seria possfvel apresentar de forma sintética os dados, cada vez mais ricos, recothidos através de inguéritos ou for. necidos pelos recenseamentos (ver figura 6 do extratexto mapa de Minard, 1862). levantamento de cartas para’a utilizagio da marinha encontrou dificuldades especificas: na costa, é quase impos- el utilizar as sofisticadas técnicas de medigéo astronémica das longitudes. A triangulagdo é particularmente dificil nos locais em que os litorais sfo recortados, com cabos ou ilhas miltiplas. Para trabalhar depressa, € preciso dispor de um meio cémodo de comparago do tempo local (determinado pela passagem de uma estrela ou do Sol pelo zénite) € do tempo do meridiano de origem: John Hartison (1693-1776) inventa e aperfeigoa, entre 1735 e 1757, 0 cronémetro de marinha. As condigées da navegagio e cartografia maritima estio alteradas: as nagées que disputam entre si o domfnio dos oceanos, sobret Bretanha e a Franga, Iangam grandes expedigées para completar a exploragio das éreas Oceainicas: as do Capitio Cook (1766-1771; 1772-1775; 1776-1779), de Bougaaville (1766-1769) e, um pouco mais tarde, de Lapérouse (1785-1788). | No fim do séoulo xvi, as freas em branco nos mapas Jlesto circunseitas as zonaspolares eo interior dos cont es IIL. Uma nova concepedo da natureza: viagens e ciéncias naturais O objectivo das grandes exploragses maritimas nfo € ape- nas cartogrético: os governantes apaixoi em que a investigagio cientifica faz n 48 ‘A EPOCA DAS | 5S BA GEOORABA Uma das fraquezas da geo} 4 Antiguidade, na falta de vocal ia regional consiste, desde fo capaa de traduzit a oti quando escreve, em 1773: «a arte de representer a natureza é tio recente que mesmo os seus termos nfo esto inventados. Procurai realizar a descrigao de ume montanha de maneira a que seja reconhecida: quando tiverdes falado da base, dos flaneos e do cume, teteis dito tudo. Mas pera a diversidade das suas formas arqueadas, arredondadas, alongadas, aplana- 8, etc., 86 encontrais perffrases! E a mesma dificuldade comega a dar frutos: a temiética das plantas e dos animais progride 4 passo de gigante gragas aos relatos cada vez mais numero: sos dos viajantes, ¢ ao aperfeigoamento por C. Lineu,(J707- -1778) de uma chave universal de reconhecimento e classifi cago de pi progride. No final do século.a oposigio entre rochas pluténicas e rochas sedi- ‘mentares é admitida por todos. O sucesso da obra de Buffon (1707-1788) testemunha a grande populatidade destas novas abordagens. Novos instrumentos de medio, o fermémetro inventado por Galileu em 1597, e 0 barémetro, aperfeigoado por Torri- em 1643, ajudam as observagées. Ganha-se 0 hibito, a0 ongo do século xvi, de anotar as temperaturas: um século mais tarde, consegue-se ar um clima pela média observagées térmicas, volume das precipitagdes e regime dos ventos. Os progressos da geografia fisica si acelerados ¢ dificultados pela nova sen 49 monia da Criagdo. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento.da geomorfologia é impossibilitado pela narrativa do. Génesis: apontando cuidadosamente as indicagdes cronolégicas af con. tidas, James Usher, arcebispo de Armagh e Primaz da Irlanda, calculou (1650-1654) que a criagio do céu e da Terra teve lugar no ano 4004 aC, Como imaginar que num Iapso de fempo assim tdo curto 0 relevo pudesse-resultar do jogo das forgas observaveis no presente? O estado do mundo 86 podia resultar de catéstrofes: néo fala a Biblia do Dihivio, que Usher situa 1656 anos apés a criago? Como resultado desta inter- Pretagdo permaneceu, entre os gedlogos, o hébito de chamar diluvium a0 conjunto dos calhaus dos terragos quaternérios dos cursos de agua. Todavia, o raciocinio geomorfoldgico desenvolve-se: os ‘gedlogos franceses aprendem a utilizar as correntes de lava ara datar as formas de erosao, A mu ial vem da Escécia, James Hutton (1726-1797) pela evolu $0 da morfologia do solo, Compreende que as rochas sedi- mentares se dep do trabalho da en vizinhas. Para + a8 forgas actualmente em acco sii suficientes para expli- ar as formas encontradas & superficie da Terra, John Playfair (1747-1819), matematico e astrénomo escocés, encanta-se com as teses dle Hutton, ¢ assegura-Ihe o sucesso exprimindo- ‘as claramente em bom inglés: com ele, a geogratia fisica des- liga-se da Biblia ~ mas as duragées geolégicas nfio cessam de colocar problemas até ao século xix O.estudo do homem e das sociedades humanas bet ibordagem naturalista, Cria-se 0 habito de de as nanas de maneira to rigorosa quanto possivel. Algumas actividades tornam-se mais compreensivas quando so abor dadas cientificamente: 6 0 caso da vida rural que tinha até Ho escapado quase totalmente a racionalizagao cientifica Eis que os grandes proprietérios ingleses, e depois os seus concorrentes no continente, procuram racio1 08 seus 50 = ‘A BPOCA DAS LUZES B A GEOGRAFIA afolhamentos. Os sistemas de openfield, com os seus cons- trangimentos colectivos, refreiam as suas iniciativas: as exploragées de um s6 proprietério, com a granja edificada no ‘meio, so melhores para promover o progresso. Na montanha descobrem-se os complexos movimentos. da que tiram proveito dos recursos de solos IV. Os fildsofos e a geografia A geografia e a experiéncia de campo: Rousseau e Pestalozzi ta a descrigo do progresso das ciéncias n globo com dados cada vez. m pelo que a geografia deveria modernizar-se. Porém, permanece durante muito tempo fiel ao seu estilo impessoal e distante: os geégrafos siio mens de gabinete, Nao tém experiéneia de campo e no aprenderam a observar como os naturalistas comegavam a fazer. Os leitores apaixonam-se por relatos de viagen’s, ricos de detalhes ¢ factos pitorescos: 0 didrio de Bouganville (publi- cado em 1771), ou 2s analogias que os Forster (Johann Rei- hold, 1729-1798, e seu filho Georg, 1754-1794) escreveram sobre as viagens de Cook tém imenso sucesso; a literatura jé no desdenba a paisagem: Bernardin de Saint-Pierre abre a via, seguida, uma geracdo mais tarde, por Chateaubriand (1768-1848) e pelos primeiros romanticos. Entretanto,.o ponto de vista dos gedgrafos modificou-se, Paradoxalmente, 6 a Rousseau que se deve a reabilitago do trabalho de campo. I muito critic quanto & forma como o censino era concebido: nio se ensina ds criangas a brincar com as palavras, em vez. de se lhes fazer conhecer 0 mundo ¢ a sua prépria personalidade? Rousseau propée inverter as prio- ridades: em vez de propor as lidades que no conhecem é HISTORIA DA OBOGRA confrontando-as com a vida. O ensino deve sair das aula: os jovens passear-se-Zo coleccionando ervas ¢ fami tizando-se com 08 animais; visitario quintas ou off Ajudé-los-emos a formular problemas ¢ a encontrar a solu gio através do seu prdprio esforgo. A aula seré ti caz quanto mais.personalizada for. Os ge6grafos tentaram sempre demarcar-se dos viajantes: procuravam, através do raciocfnio e do mapa, abranger vastos espacos € ler af as distribuigdes que permanecem invisiveis 20 nivel da superficie da terra. O discurso desligado e neutro que adoptavam sublinhava a especificidade do seu método. Com © desenvolvimento das fontes estatisticas, cémodas, mas de segunda mio, a geografia ariscava-se a perder 0 contacto com mbra que o olhar geo- s de to mais efi- © mundo do qual tratava. Rousseau co, isto , a aptidéo para detectar configuraydes que 56 36 faz, sentido quando se ipo. A geografia 56 € stl " rgem quando se muda de esc: apoia na experiéncia directa no ca is homens se abordar os seus probl ‘A obra pedagégica de Rousseau 6 desenvolvida por Pesta (1746-1827) que eria escolas onde aplica 0 pensamento do seu mestre. Dao aos seus alunos uma visio da geografia mais moderna do que a que se adquire noutros estabelecimen- tos de ensino. Nao é por acaso que dois dos maiores mestres da geografia do século xix, 0 alemio Cat} Rit francés isée Reclus, foram formados em escolas pestalozzianas. O progresso humano ¢ a geografia politica: Turgot A geografia encontra na atmosfera das Luzes as condigbes favordveis para a sua renovagio: progressos da estatistica e da cartografia, ligados a racionalizagao do Estado, desenvi vimento da geografia fisica © de cerias formas de geografia humana como consequéncia da nova éptica naturalista, reno- vaglio da pedagogia sob a influéncia de Rousseau. Os fil6so- 92 A BPOCA DAS LUZES EA fos tém curiosidade por tudo 0 que se passa no mundo, mas sem que isso os faga gedgrafos. A sua curiosidade leva-os mais na direcelo dos factos sociais.e politicos do que na da descrigdo da Nature: na sociedade tenden mente perfeita ‘Turgot (1727-178) dedica o seu Premier Discours dideia de progresso. A obra € publicada em 1750. A socic é dominada por um movimento que defende que, no futuro, 0 destino dos homens seré melhor e que poderao mais faci mente alcancar a felicidade. Qu rerante esta perspectiva? A varis- essencial é temporal: na sua evoluglo as sociedades.pas- necessariamente, pelas mesinas fases, Os fil6sofos reno- impde-se a ideia que os po nitivos eram némadas e viviam da recoleecé lia e depois nas continua, com um centro que se encontra na costas do Norte ¢ Noroeste da Europa, Nesta perspectiva, a geografia ndo pode desempenhar um papel importante: para que serve debrugar-se sobre © por- ‘menor da evolugio dos povos, se basta encontrar a sua posi- io na escala universal das civilizagGes para saber o cami- ho que jé percorreram e 0 que Ihes resta superar? Os ‘ofos do progresso ¢ da hist6ria, & maneira de Condorcet (1743-1794), no t8m em grande conta a geografia, © ponto de vista de Turgot é diferente. Esboga uma geo- grafia politica & qual atribui um papel exsencial: 0 de esta- belecer 0 diagnéstico das forgas.que moliam as regides e de propor estratégias para as fazer evoluir. Montesquieu (1689- 755) em O Espirito das Leis sitiava: neito ponto 53 HISTORIA DA GEOGRAPIA desta proposta ¢ mobilizava, para o pér em acgio, a velha e Jas que aplicava de maneira diferenciada, como convinha a um teérico fascinado pelo papel da liberdade. O que Turgot propée € mais ambicioso: Montesquieu pla- neava, para substituir a geografia descritiva tradicional, uma geografia explicativa, procurando determinar as sua leis. Tur- got consideron-a uma disciplina prospectiva, cujos ensina- ‘mentos tornariam mais fécil a utilizagao das politicas de pro- gtesso as quais cle aspira. A sua actuago como intendente, depois como ministro, mostra que esses sonhos nfo eram para ele uma mera especulagao. A crise de identidade da geografia € a reflexao epistemologica: Kant As condig6es nas quais se exerce a actividade dos ge6- modificam-se to profundamente a0 longo do século XVII que a disciplina atravessa uma crise de identidade. A sua itucionalizagao inicia-se com dificuldade; relaciona-se com vertente cartogréfica da profissio; as carreiras de enge- nheiro-gedgrafo e de engenheiro-hidrégrafo organizam-se, mas os que as seguem esto divididos entre o trabalho de pes- quisa documental, até entdo indispensével 3 sua profissfo,e 0 trabalho de campo, cujos resultados so doravante melhores. A perspectiva naturalista permite descobrir verdadeira- ‘mente a diversidade de fisionomias da Terra e das paisagens que © Homem organizou, Convida a relacionar séries de factos que no aparecem espontaneamente associados, mas so concomi- tantes quando cartografados em pequena escala. A transformagao da disciplina em cin A filosofia vai no sentido de tal transformagao, mas sul nha outros aspectos: através de Rousseau, lembra a impor- tincia do contacto directo com 0 mundo e a experiéncia vivida; com Turgot, é a dimensio prospectiva que é esbogada. 34 A BPOCA DAS LUZES EA GEOGRAFIA A geografia fica fragilizada com tantas perspectivas sem dispor de meios para as hierarquizar. fo que confere as refle- xies geogrficas de Kant (1724-1804) 0 seu significado, Este assegura, na Universidade de Koenigsberg, éreas de ensino variadas: ao longo da sua carreira ministra mais de 50 cursos de Geografia, geralmente fisica. No deixou escritos, mas 0 Conteiido do seu ensino é conhecido através de apontamentos dos seus estudantes, ulteriormente publicados. Kant surge como um gedgrafo bem informado, mas o seu ensino néo 6 nada revolucionétio. 1 através da sua reflexdo sobre as condigées do conhe- cimento que Kant fomece elementos novos & geografia, Per- turbado pelas crfticas que David Hume (1711-1776) ¢ Jean Jacques Rousseau tinham formulado A teoria da cigncia em vga ao longo da primeira metade do século xvi, Kant parte est ce as leis as quais estio podem justificar. Mas de sequéncias tem- ais: 9 tempo e 0 espaco so para Kant estruturas fundamentais do, nosso entendimento. Kaint € assim levado a at temos di ficagiio submetidos ¢ test ra cles; estabs hipoteses que ber as estruturas temporais e.espaciais.que.a nossa compreender. a diferenciagéo.regional.da.Terra, Porém, isto i wa descri¢a0, A fica (que descreve 0 que é tinico) € nomotética (que poe em ia as regularidades) & uma das finalidades dos neo- do século XIX, mi a cle, a geografia deve exp cada parte da Terra e a recorréncia de. certos temas. Kant ajudou indubitavelmente a geografia alema, no fim do século Xvi ‘io do século xix, a estruturar de maneira 35 cocrente © campo aberto pelas miltiplas curiosidades da Poca das Luzes. A sua influéncia em Humboldt, e mais tard em von Richthofen ¢ Hetiner, é clara, Consequentemente, a Sua autoridade foi invocada por vezes para justificar um ou Outro ponto de vista nas querelas qu Uma outra filosofia da historia Herder e a geografia Era necesséria uma reestruturaio da geografia, e para a favet desenvolver, era também preciso que os investigadores estivessem convencidios da necessidade e da fecundidade das abordagens geogrificas. A ideia de progresso e a accitagto rescente das filosofies da histéria tinham um efe O nascimento das ciéncias sociais é um dos Revolugio Francesa e da contestagao de uma certa Progresso: a racionalizagao dos lagos lade, as, 2 geractio pés-re ciondria sublinha que sio herangas que nio se podem 1 ular sem perigo e eujos fins escapam ao analista ¢ Superfciais. A sociologia esta assim ligada, nas suas orige 3 reaceao conservadora que provoca a Revolu: A formagio da geografia modema desenrola-se a0 longo do mesmo perfodo, mas néo responde &s mesmas predcup. des. E de jufzos que permanecem figis a0 ideal d: {ruzes ~ mas, pelo menos para alguns, reviso coregido por uum aluno dissidente de Kant n alemio dos paises te religioso, recebe uma formagao de Pastor Interano, A influéncia de Kant é evolugo, mas menos decisiva que os del Mavam a intelligentsia alema 56 OCA DAS LUZES B A GPO Desde a guerra dos Trinta Anos, os principados alemes tinham escolhido como modelo a monarquia frances Estado possufa uma Residenz, ou seja, um ps Versalhes para al corte; 0 franots era a élite; isto foi possivel na época'de Leibniz, numa Alem: ‘mal refeita dos desastres da primeira metade do século x Mas na segunda metade do século xvu tomara-se insupor. uma parte crescente da opiniio pal 1¢ 0 frances era a lingua da Academia das Ci cias de Berlim? Porque € que Frederico II havia determinado que s6 fossem representadas pegas francesas no ? Para Herder, tis medidas tinham implicagdes profundas: proibiam os Alemfes de setem totalmente eles prdprios. Batra vés da s iramente losofia: obras que mente diferente Nao duvida q da felicidade fo existe, neste demfnio, um percurso ada povo tem um_génio proprio pois vive num meio jcular em que a sua pers do seu ser. A historia dos povos esta ligada & sua geografia: para a compreender é conveniente debragar-se sobre 0 migio em que vivem ¢ ver como este dé a0 grupo as suas especifi A geografia a que apela a filosofia de Herder nao é a mpl deserigao do mundo: ela deve explicar a historia de cada povo € a evolugio geral para o progresso. 37

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