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Aluno: Rafael Santos Rocha

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS – IEAR

Curso: Geografia
Disciplina: Filosofia e Educação
Período: 2022.1
Professor: Rodrigo Lima R. Gomes

1. Apresente, de modo breve, o conceito de “terra” desenvolvido por Nietzsche, discutido


no artigo “Cinco visões sobre a terra na geofilosofia de Nietzsche”, de David Emanuel
Madeira Davim e Eduardo José Marandola Junior, e relacione com possíveis aplicações ao
pensamento geográfico.

Temos os cinco conceitos enumerados na seguinte passagem do texto, página 732:

“Em específico, traremos aqui da amplitude do termo terra (erden) palavra que Nietzsche
requisita em toda a sua obra, sendo que, em cada uma delas, a desdobra em uma multiplicidade
de sentidos que se distinguem e ao mesmo tempo se complementam. Ao todo, exploramos neste
escrito cinco visões (visadas, perspectivas) sobre a terra, apanhadas em diferentes obras do
autor (e em diferentes fases) considerando também a interpretação de alguns de seus mais
respeitados estudiosos e comentadores, São elas: (1) terra como mundo-aquém, (2) terra como
cosmo, (3) terra como subitaneidade, (4) terra como topos-poético e (5) terra como horizonte
humano”.

De modo breve:

● Terra como mundo-aquém: Terra como realidade concreta.


● Terra como cosmo: O mundo formado por “vontade de potência”, onde até mesmo os
elementos inconscientes da Terra possuem uma espécie de vida. Isto se dá devido ao fato
de que, para Nietzsche, o mundo e o ambiente ao seu redor seriam consequência de si
mesmos, sem uma relação de causa.
● Terra como subtaneidade: A Terra como entendida pela percepção limitada e imediata do
ser sensível.
● Terra como topos-poético: A Terra como realidade compreendida pelo corpo e sua
relação com o todo, tendo a consciência cargo de mera assistente do processo.
● Terra como horizonte humano: A Terra como base para compreensão da História.

2. A partir do texto “Marxismo e Geografia”, de Ruy Moreira, relacione os conceitos de


trabalho e de natureza no pensamento marxista e no pensamento geográfico, ressaltando
suas proximidades e suas diferenças.

A proximidade dos conceitos se encontra na possibilidade de uso do pensamento e conhecimento


geográfico na posterior elaboração de um ponto de vista marxista com relação à natureza,
conforme colocado na página 30 do texto:

“A resposta parece clara. Em se tratando da condição geográfica da existência humana, o olhar


marxista é que deve afeiçoar-se ao arsenal categorial, conceitual e linguístico da geografia.
Trata-se menos de fazer de Marx um geógrafo, ou esperar ver-se uma geografia nos escritos de
Marx, que fazer da geografia uma forma de olhar pelos olhos de um referencial marxista, mas
com as formas e categorias de olhar próprias.”

De acordo com a seguinte passagem do texto (página 23), os conceitos se diferenciam no que diz
respeito à relação homem-trabalho com a natureza.

“Não é coincidente a visão que têm da natureza: a natureza na geografia é um


substrato e arsenal de recursos naturais úteis para fins de subsistência e sobrevivência dos
homens em sociedade; no marxismo, é uma categoria antes de mais
ontológica, que adquire sentido econômico na vida prática enquanto valor-de-uso e
valor-de-troca.”
De acordo com o autor, no pensamento geográfico a natureza seria um composto de recursos
naturais utilizados para a sobrevivência humana. No marxismo a natureza representa o meio que,
ao ser trabalhado pelo homem em relação metabólica, serve para desenvolver a inteligência e
impulsionar uma “evolução” da sociedade. Constantes revoluções tecnológicas na relação
homem-natureza espelhavam as novas capacidades humanas de modificar o mundo ao seu redor.

3. Disserte sobre o conceito de “mundo” na fenomenologia de Heidegger, tal como


apresentado no artigo “O conceito fundamental de mundo na construção de uma ontologia
da geografia”, de Priscila Marchiori Dal Gallo Eduardo Marandola Junior, e suas possíveis
relações com o pensar geográfico.

A filosofia de Heidegger busca na arte um ponto de interpretação para o homem e sua


experiência no mundo. O foco, porém, não é na interpretação e sim no seu uso como uma forma
crua de expressão da relação humana com o espaço, conforme explica a página 555:

“Em primeiro lugar, é importante enfatizar que a discussão heideggeriana sobre arte é
especialmente importante para nossa discussão porque desenvolve uma abordagem ontológica
e não estética. Isso significa que a arte não busca representar ou reproduzir a fim de causar
algum estado sensível no espectador e sim expressar os fenômenos desvelando-os.”

Para Heidegger, a busca da verdade em sua essência ia de encontro com as noções científicas
modernas que tinham como objetivo atingir uma verdade absoluta, baseada em experimentações
que buscavam certezas. Ao invés disso há uma busca por uma verdade encontrada “no mundo”,
que portanto atinge o pensamento geográfico, como mencionado na página 555:

“Como coloca Pöggeler (2001), a estrutura de compreensão e construção da verdade não se


restringe a concepção de mundo, como horizonte de compreensão; esse horizonte ganha um
novo elemento de fundação: a concepção de mundo se amplia e se complementa para o conjunto
terra-mundo. Ou seja, a estrutura em que vigora a essência da verdade é formada pelo conjunto
terra- -mundo, sendo o desvelamento o embate entre terra e mundo.”
Ao atribuir a busca da verdade como algo configurado no conjunto terra-mundo, essa busca
inevitavelmente entra na área do estudo geográfico. O estudo do espaço se torna, então, parte
essencial da busca pela verdade. Forma-se um laço entre filosofia e geografia que abre portas
para diferentes interpretações do mundo.

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