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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA (PPGEO)

GREGORY, Derek. La explicación estructural em geografia. In:_____.


Ideología, ciência e geografia humana. Barcelona: Oikos-Tau, 198-234.

ALUNO: JOSÉ QUEIROZ DE MIRANDA NETO

Fichamento apresentado à disciplina


Teoria Geográfica e Análise Regional,
ministrada pelo Prof. Dr Saint Claer
Cordeiro da Trindade Júnior.

BELÉM-PA
2006.
1 – IDÉIA CENTRAL DA OBRA

O texto “La explicación reflexiva en geografia” de Derek Gregory trata dos estudos da
geografía reflexiva, mostrando como essa forma de explicação tenta se firmar dentro da
disciplina. Gregory utiliza teóricos como Husserl, Schurtz, Hägerstrand e Tuan buscando os
conceitos a as noções mais evidentes empregadas por estes autores, afirma que muitos dos
estudos deixavam de lado uma explicação mais consistente para promover um ataque ao
positivismo.

2 – INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR

3 – OBJETIVO

 Discorrer sobre uma explicação geográfica reflexiva buscando evidenciar noções


trazidas pela fenomenologia e pela hermenêutica, demonstrando o surgimento de uma
ciência preocupada com a subjetividade e com as formulações individuais e coletivas
dos atores ao invés de tratar o espaço somente no âmbito da materialidade e da
objetividade.

4 – PALAVRAS CHAVE
Geografia, espaço, fenomenologia, hermenêutica, reflexão.

5 – SÍNTESES ESQUEMÁTICA DA OBRA

Fragilidade da explicação reflexiva na geografia pela falta de uma base epistemológica forte:
Os primeiros encontros da geografia com a explicação reflexiva casaram uma reflexão
profunda, porém se desenvolveu de modo superficial. Foi sugerido e aprovado por interesse
tradicional que a geografia se interessa por lugares concretos e pela gente que vive neles: pelo
que Harvey (1974, 22) descreve como “elo do pensamento em que em seus melhores efeitos
produz uma sensibilidade aguda pelo lugar e a comunidade, pelas relações simbióticas entre
indivíduos, comunidades e ambientes”. p. 197.

Ontologia e epistemologia: Quero sublinhar que é de máxima importância associar esta


preocupação tradicional pelas estruturas do mundo social por uma preocupação igualmente
fundamental pelas condições do discurso sobre estas estruturas: em outras palavras, conectar a
ontologia com a epistemologia. p. 198.

Relph (1976, 126): Os lugares vão se deformando se convertendo em cenários que


correspondem aos ditados exteriores de uma racionalidade abstrata, em lugar das estruturas
intencionais das pessoas que vivem nelas e que lhes confiaram seus próprios sentidos.

Gouldner (1976, 48): As ideologias podem qualificar se mais ou menos do mesmo modo,
porque falam do mundo "com uma voz onisciente, como se o que falasse fosse o mundo e não
as pessoas. os discursos se deformam e se convertem em uma disputa em lugar de um
intercâmbio, onde o ideológico trata de impor uma imagem compulsivamente unilateral do
mundo.

Tuan (1971, 184): A geografia e o geógrafo encontraram sempre solicitados por um


ambientalismo onde o geógrafo busca sentido na ordem, encontrando, assim, um mundo
amplamente determinado, como fora do tempo e ordenado por um existencialismo que busca
o sentido na paisagem como o faria na literatura, porque é depositário dos esforços homem.

Interpretar ações dos atores sociais: A intenção não é agora simplesmente esclarecer as
construções dos cientistas sociais, mas interpretar também as construções as quais recolhem
de modo rotineiro os mesmos atores sociais. Se estou disposto a aceitar a opinião de Schurtz
(1962) de que todas as explicações científicas do mundo social podem referi se ao significado
subjetivo das ações dos seres humanos, das quais se origina a realidade social, não se deduz
deste que considere de forma absoluta esse tipo de apreensão. p. 200.

A crítica reflexiva da geografia começou concentrando-se nas proposições da fenomenologia,


convêm portanto não perder de vista estas divergências de fundo. Sua situação no fundo do
cenário se deve unicamente, por assim dizer, há um efeito de luminotecnia, algo que terá de
mudar logo, se quiser reconhecer e ao final transcender as limitações de uma geografia
puramente reflexiva. p. 200.

Destruir o positivismo como geografia ou produzir uma reflexão coerente? A filosofia de


Husserl faz uma diferença essencial entre as intenções contemplativas de sua filosofia
transcendental e as preocupações práticas de uma ciência social, o que apenas pode
surpreender que os geográficos que tenham se alinhados com o projeto de Husserl para de
dedicar em destruir o positivismo como filosofia em lugar de construir uma geografia
fenomenologicamente coerente. P. 201.

Schurtz era contra uma preocupação quase obsessiva e às vezes exclusiva de Husserl por
descobrir as essências dos fenômenos sociais e em seu lugar proporia investigar sua ocultação
mediante madeixas de significados sociais tecidas intersubjetivamente. p. 201.

Schurtz (1976, 137): A questão mais séria com que se encontra o cientista social é a formação
de conceitos com objetivos e teorias objetivamente verificáveis de estruturas de significado,
assim as formulações de qualquer ciência teriam que incluir a formulação explícita de
relações determinadas entre um conjunto de variáveis, que teriam poder de ser verificadas por
qualquer pessoa disposta a fazer o esforço necessário através da observação, para poder,
assim, explicar uma classe bastante extensa de regularidades comprováveis empiricamente. p.
202.

HUSSERL E A FENOMENOLOGIA

Superação do naturalismo: Husserl (1965): na ruína de uma Europa alienada do sentido


racional da vida, em um ódio bárbaro contra o espírito, o bem no nascimento de uma europa a
partir do espírito da filosofia, através de um heroísmo da razão, que chegará a superar
definitivamente o naturalismo. p. 204.

O motivo fundamental da queixa de Husserl era que o cientista moderno não quer ver com
claridade que o fundamento constante de sua atividade pensadora reconhecidamente subjetiva
é o mundo da vida que o rodeia. p. 205.

Husserl diverge do pensamento positivista: Este tipo de pensamento não se encontra


evidentemente no positivismo ou em qualquer outra forma de naturalismo. O positivismo
nunca havia examinado o ligamentos recíproco que unia a experiência que o homem tem do
mundo com suas proposições a cerca dele. p. 205.
Uma ciência do homem: A opinião de Husserl era que a tarefa mais importante de uma
filosofia rigorosa deveria consistir em interrogar as conexões entre a constituição do
significado, que tem lugar dentro do mundo da vida, e o processo de objetivação, que tem
lugar dentro da ciência, a fim de revelar as limitações do projeto naturalista e determinar a
validade de outras formas de conhecimento. p. 206.

Fenomenalismo (Comte) e fenomenologia (Husserl): podemos dizer que o fenomenalismo de


Comte foi um intento visando desligar das estruturas intencionais e por fixar-se sobre os
objetos, enquanto que a fenomenologia de Husserl foi um intento para se desligar dos
objetivos e se retirar dentro das estruturas intencionais através de um ato de pura reflexão
filosófica, o apojé.

A importância especial da obra de Husserl reside, pois, numa vigorosa refutação às formas de
aspirações e pressupostos do positivismo.

EM DIREÇÃO A UMA GEOGRAFIA DO MUNDO DA VIDA

Harvey, em sua Explanation in Geography, rechaçou a possibilidade de uma geografia


científica do mundo da vida. O resultado foi o que mais tarde ele denominou relativismo sem
forma, concluindo que esse tipo de ciência pode ter uma importância fundamental na
formação de hipóteses, não podia constituir, por si mesmo, uma geografia metodologicamente
segura. p. 211.

O significado, a intencionalidade e o mundo da vida.

Segundo Schurtz, o significado subjetivo pode resumir-se em três proposições relacionadas:

1. O “eu” pode conhecer o mundo de duas maneiras: como algo completo, constituído e
inquestionável; por outro lado, pela visão das operações intencionais da consciência que
assinalam a origem dos significados. Só assim, será possível ver o mundo de modo completo
e constituído. p. 215.

2. Em segundo lugar, isto lhe permite afirmar se as ações sociais estão limitadas até o futuro,
se executam dentro de um marco que está determinado por estes olhares reflexivos,
retrospectivas, projetos que se organizam por um sistema de tipificações, conjuntos de
construções fundadas em nossas experiências passadas inquestionadas que permitem antecipar
os significados de nossos encontros futuros com o mundo. P. 216.

3. Schurtz afirma a existência de tipificações socialmente aprovadas, de modo que possamos


definir o mundo do sentido como sujeitos únicos, no entanto pensamos em estruturas
tipicamente familiares e atuamos de modo tipicamente familiar. p. 216.

Para poder construir a geografia moderna sobre estes fundamentos, era essencial saber que é
este sentido do espaço sobre o qual não só nos assentamos a uma geografia espacial de
considerável elegância, mas que, ademais, e isso é mais importante, é o sentido do qual
continuamos dependendo em nossas decisões e atos da vida cotidiana. p. 219.

Estas investigações obrigam a geografia a reconhecer a totalidade da experiência subjetiva, o


que levam a alguns questionamentos de Tuan (1975):
1. Só nos damos conta de nossa conexão com o lugar quando, uma vez abandonado,
podemos vê-lo a distancia como um todo.
2. A geografia de nosso mundo emerge de nossas interações entre superfícies com vários
pontos de referência específicos, cada um dos quais estampado pela intenção, valor, e
memória humanos.
3. A mensagem chave da fenomenologia para o estudo do espaço social é que grande
parte de nossa experiência social é pré-reflexiva, se aceita como algo dado, reforçado
pela linguagem e pela rotina.
4. A existência dessas tipificações depende de sua contínua reafirmação nas ações
sociais, estas ações conformam-se em ritmos espaço-temporais típicos e hão de ser
revelados por eles.
5. Um geografia do mundo há de determinar as conexões entre as tipificações sociais do
significado e os ritmos espaço-temporais de cada ação, e hão de revelar as estruturas
de intencionalidade que estão debaixo delas.

Geografia temporal de Hägerstrand: tem como ponto de partida que os seres humanos estão
tratando sempre de alcançar objetivos, alguns imediatos e alguns mais distantes, alguns
individuais e alguns de natureza coletiva, sendo possível tanto para o ator como para o
observador agrupar os acontecimentos em grupos coerentes, representando cada grupo os
passos necessários para transladar até os objetivos. p. 223.

Hägerstrand e a identificação de caminhos no espaço-tempo: relaciona as estruturas dos


mundos social e natural com a organização do espaço-tempo mediante a identificação de
caminhos, que definem através das restrições de acoplamento. p 224.

Validação, suficiência e o mundo da vida

Busca de sentidos comuns entro o ator e seus companheiros: Schurtz afirma que se deve
construir cada terminologia em um modelo científico de ação humana, de modo que um ato
levado a cabo dentro do mundo da vida por um ator individual possa ser compreensível para
este e para o grupo em função da interpretação da vida diária. p. 227.

Problemas de validação: verifica-se nessa visão uma dificuldade em pensar a validação de


modo que não seja em termos individuais, parecendo relegar a ciência social a um reino de
interpretações e crenças puramente privadas. Mas é evidente, que, na prática, não é de todo
assim, pois, segundo Schurtz, tipificamos idealmente os motivos que determinam as ações de
daqueles que interagem conosco. p. 228-229.

A HERMENEUTICA E A GEOGRAFIA

As ciências histórico-hermenêuticas aspiram revelar uma coerência dentro de um marco de


referência que a princípio parece incoerente. Convém entender, então, dois princípios
discutíveis dessa visão: a) toda interpretação se move dentro de um círculo hermenêutico e b)
toda interpretação muda o que se tem interpretado.

O que julgamos como uma interpretação adequada do mundo social depende de nossa
compreensão dos determinantes causais da ação social, quer dizer, das construções, tanto
leigas como técnicas, que estão incrustadas em nosso próprio marco de referência. p. 222.

CONCLUSÕES DO AUTOR
Até o momento, os movimentos interpretativos em geografia, de fato e com poucas exceções,
só tem servido para ocultar a atenção que existe entre um marco de referência e outro, as
ressonâncias e discordâncias profundas postas em vibração por agrupamentos de significado
superficialmente similares, e creio que a tarefa da hermenêutica há de consistir em faze-los
explícitos e em descobrir o que faz possível uma “imersão” tão vital. p. 233.

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