Logo no início do documentário José Saramago, escritor português, traz a ideia
que não existe uma realidade real. Como cada indivíduo enxerga o mundo a partir dos seus olhos, ou seja, do seu par de janelas que por dentro abrigam uma alma própria, todos tem uma visão única e original da realidade. Isso fica mais aparente ao comparar dois animais de espécies diferentes, como um ser humano e um falcão. A realidade do humano é completamente diferente da realidade de um falcão, pois a biologia do corpo de cada animal é distinta. E nenhuma dessas duas realidades é mais “real” do que a outra, ambas são interpretações sensitivas reais do mundo, acontece que cada animal tem uma limitação em um determinado sentido. No caso da visão, por exemplo, o olho humano é tecnicamente muito menos avançado do que o olho de um falcão. Porém, Saramago traz uma ideia nova ao dizer que do ponto de vista da espécie humana, o olho humano não enxerga nem de mais e nem de menos em relação aos seus demais sentidos (audição, tato, olfato, paladar). Para ilustrar esse pensamento, ele diz que “se o Romeu tivesse os olhos de um falcão ele provavelmente não se apaixonaria por Julieta, porque os olhos dele veriam um pele que não seria agradável de se ver. Isso porque os olhos de falcão de Romeu não mostrariam a pele humana tal como a vemos”. Portanto, o espectro da visão humana é perfeita para as condições da espécie, mesmo ainda tendo limitações se compararmos com outros tipos de seres vivos.