O documento questiona as recentes demissões de quatro professores marcantes no Colégio Vera Cruz, que ensinavam pensamento crítico. Os autores temem que a escola esteja abandonando seus pilares democráticos e a liberdade de expressão em prol de demandas mercadológicas, vendendo seu projeto educacional.
O documento questiona as recentes demissões de quatro professores marcantes no Colégio Vera Cruz, que ensinavam pensamento crítico. Os autores temem que a escola esteja abandonando seus pilares democráticos e a liberdade de expressão em prol de demandas mercadológicas, vendendo seu projeto educacional.
O documento questiona as recentes demissões de quatro professores marcantes no Colégio Vera Cruz, que ensinavam pensamento crítico. Os autores temem que a escola esteja abandonando seus pilares democráticos e a liberdade de expressão em prol de demandas mercadológicas, vendendo seu projeto educacional.
Texto escrito e concebido por alunos recém formados que estão diante das transformações do seu berço de aprendizagem.
Estamos receosos.
Esse texto não é um ataque. É justamente o oposto. Estamos usando os
conceitos aprendidos no próprio Vera Cruz para questionar ações tomadas pela mesma instituição. Mesmo não estudando mais nesta escola, muitos de nós temos um cordão umbilical que nos liga a ela. E antes de cortá-lo, sentimos a necessidade de expressar nossas visões, especificamente, sobre as últimas decisões da coordenação do Vera Cruz e, consequentemente, sobre o que nosso berço de aprendizagem está se tornando. No final de 2021, quatro professores marcantes para a construção de um pensamento crítico foram demitidos. Sendo dois deles antigos na escola (trabalharam cerca de 20 anos no Vera). Matemática, Física, História e Filosofia eram suas respectivas disciplinas. Nenhum deles teve direito de se despedir formalmente dos seus colegas de trabalho. Foi no mínimo estranho, para não dizer outra coisa. Por que será que professores tão ativos, tão provocadores, tão inquietos, quando se trata de ato de pensar, foram demitidos do dia para noite? Em poucas palavras, podemos definir democracia como direito a divergência e liberdade de expressão. O projeto pedagógico do Vera teoricamente é sustentado por esses dois pilares. A ideia de formar um individuo que saiba discordar, concordar e falar tudo o que tem dentro da sua cachola sem medo. Ou seja, um indivíduo com pensamento crítico e democrático. Esses ex-professores eram assim e formavam os alunos com isso em mente. Entretanto, aparentemente, a instituição está reformando esses seus pilares. Tais demissões acabam mostrando isso. Por que será que professores tão antigos na escola estão sendo demitidos e professores novos no mercado estão sendo contratados? Por que será que está ocorrendo uma diluição da comunidade de professores que o Vera antes tanto prezava? A saída de alguns desses professores que são uns dos professores mais provocadores da instituição, revela que o Vera quer fugir do conflito democrático tanto entre os próprios profissionais da educação, quanto nas salas de aulas com os alunos. As divergências estão desaparecendo, e isso não quer dizer que as convergências estão aparecendo. Portanto, a pergunta que não quer calar é uma só: por que será que o Vera Cruz (escola que surgiu em contraposição ao contexto da Ditadura Militar) está mudando seus pilares mais sólidos? O Brasil como um todo está mudando, revelando cada vez mais seu conservadorismo. Logo, o público também está mudando e esses antigos valores já não são mais tão requisitados. Ou seja, esses terremotos que estão derrubando os pilares do projeto pedagógico da instituição são provocados apenas por demandas mercadológicas. Querendo ou não, o Vera Cruz é um empresa. Será que uma escola realmente deveria vender seu projeto educacional em troca de aumentar sua clientela? Educação virou produto de vitrine? Por que será? Em nós, dói. Dói ver nosso berço de aprendizagem pegando fogo. Dói ninguém notar. Dói ninguém nem sequer suspeitar. Porém, esperamos o melhor. Esperamos que alguém faça a diferença. Esperamos que tenha todos os tipos de expressões. Esperamos que tenha divergências no nosso tão querido e amado berço. Esperamos democracia.
Por fim, queremos agradecer pelas magníficas aulas dos ex-professores
referidos o longo do texto. E ressaltar que nenhum professor ou qualquer outro funcionário do Vera Cruz solicitou ou influenciou na escrita desse texto. A ideia foi inteiramente de ex-alunos.