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São José – SC
Fevereiro / 2014
Monografia sob o tı́tulo “Monitoramento, Análise e Diagnóstico de Problemas de Sistema
VOIP em um Call Center”, defendida por Carlos Alberto Stähelin e aprovada em 28 de fevereio
de 2014, em São José, Santa Catarina, pela banca examinadora assim constituı́da:
Agradeço a Deus, por acompanhar cada passo da minha vida. Dedico todo o resultado
deste trabalho para minha mãe Rita Cassia de Souza Stähelin e meu pai Aldori Luiz Stähelin,
vocês também são responsáveis por essa conquista, pela educação que me proporcionaram e
pelo incentivo para que eu pudesse estudar. Agradeço a Thaise Klein pelo companheirismo
e apoio incondicional. Agradeço aos meus amigos pelas palavras de incentivo. Agradeço a
minha empresa pela oportunidade de implantar o projeto. Obrigado Prof. Dr. Eraldo Silveira e
Silva, por todo o seu comprometimento e profissionalismo. Por fim, agradeço a todo o núcleo
de telecomunicações do IFSC pela formação por mim recebida.
Resumo
O mercado corporativo está cada vez mais voltado ao uso de tecnologias VoIP como solução
de telefonia. O VoiP (Voice over Internet Protocol) surgiu na década de 90 e tem sido ampla-
mente difundido nos meios corporativos. Diversas empresas do mundo vem realizando grandes
investimentos em desenvolvimento e implantação de sistemas VOIP, tendo como foco a redução
de custos com a telefonia.
O aumento na oferta do acesso a internet com maior capacidade e confiabilidade, aliado a
popularização do SIP trunking (sistema que permite que linhas PBX usem VoIP fora da rede da
empresa com a mesma conexão da Internet) estão impulsionando o crescimento no número de
empresas que adotam o VOIP. Embora os sistemas VoIP tenham evoluindo muito nos últimos
anos, a qualidade do serviço ainda exige cuidados durante o planejamento e implantação. Pro-
blemas como atraso, variação de atraso e perdas de pacotes, podem influenciar negativamente
na qualidade de um sistema VoIP, que deve na sua essência, ter a mesma qualidade que um
sistema analógico ou digital.
O objetivo desse trabalho é implantar e avaliar uma ferramenta de monitoramento de uma
rede VoIP corporativa. Ao contrário de uma análise de uma rede com foco em dados, serão
elaborados testes voltados exclusivamente para a qualidade de serviço VoIP. A ferramenta esco-
lhida foi o VoIPmonitor, que disponibiliza além dos testes básicos de desempenho de rede, uma
série de informações voltadas ao controle e monitoração de ligações. O estudo de caso realizado
foi sobre um Call Center corporativo já implantado, que possui um cenário amplo com diversas
variantes.
Abstract
The corporate market is increasingly focusing on the use of technologies such as VoIP te-
lephony solution. The (VoiP Voice over Internet Protocol) has emerged in the 90s and has
been widely spreaded on corporate media. Companies around the world has made great invest-
ments in development and deployment of VOIP systems, with a focus on cost reduction of the
telephony services.
The increase of the provision of internet access with greater capacity and reliability, cou-
pled with the popularity of SIP trunking system (which allows use VoIP PBX lines outside
the corporate network with the same internet connection) are driving the growth in number of
companies adopting VoIP. Although VoIP systems have evolved considerably in recent years,
the quality of service still requires care during planning and implementation. Problems such as
delay, delay variation and packet losses can negatively influence the quality of a VoIP system,
which should in essence be the same quality as an analog or digital system.
The aim of this study is to implement and evaluate a tool for monitoring an enterprise VoIP
network. Unlike an analysis of a network with a focus on data, oriented tests will be developed
exclusively for the quality of VoIP service The chosen tool was the VoIPmonitor, which features
beyond basic testing network performance , a variety of information aimed at controlling and
monitoring connections . The case study was about a corporate Call Center already deployed,
which has a large scene with several variants
Sumário
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
1 Introdução p. 10
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11
2 Fundamentação Teórica p. 12
2.4 VoiPMonitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
2.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
3.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
4.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60
Referências Bibliográficas p. 67
Lista de Figuras
2.4 Métodos baseados em: (a)Parâmetros, (b) Sinais, (c) Comparação (SILVA,
2006). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
4.7 Sniffer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
1 Introdução
O Mercado corporativo está cada vez mais voltado ao uso de tecnologias VoIP como solução
de telefonia. O VoIP surgiu na década de 90 e tem sido amplamente difundido. Diversas
empresas do mundo vêm investindo pesado em desenvolvimento e implantação de sistemas
VoIP, tendo como foco a redução de custos com a telefonia. O aumento na oferta do acesso à
Internet com maior capacidade e confiabilidade ajuda a impulsionar o crescimento no número
de empresas que adotam o VoIP.
Devido ao tamanho do sistema e o valor agregado que o Call Center representa ao negócio
da empresa, torna-se necessário aplicar, de forma sistemática, técnicas de monitoração da quali-
dade das ligações e de outros parâmetros, a fim de manter e garantir a “saúde” da operação, bem
1.2 Objetivos 11
como diagnosticar e propor soluções para problemas, além de propor melhorias na operação do
sistema.
Devido aos fatores citados e a falta de um sistema que os atenda, o proponente decidiu
estruturar o seu trabalho de conclusão de curso em torno de uma proposta que consiga atender
ás demandas acima.
1.2 Objetivos
Este documento está estruturado da seguinte maneira: no capı́tulo 1(um) temos a motivação
do trabalho, bem como informações gerais sobre o texto. No capı́tulo 2 (dois) é apresentada a
fundamentação teórica necessária, que servirá como base para a estruturação das atividades. O
capı́tulo 3 (três), é dedicado ao planejamento e implantação do sistema de monitoramento, onde
também são apresentados os estudos elaborados para implantação do sistema. Já o capı́tulo 4
(quatro) apresenta uma análise dos dados coletados durante a monitoração do Call Center, além
de uma avaliação geral da ferramenta de monitoração adotada.
12
2 Fundamentação Teórica
Arquitetura VOIP
Um sistema VoIP não é um sistema de estrutura simples e com poucas variáveis, mas sim
um conjunto de protocolos, softwares e hardwares, que juntos desempenham um papel cada
vez mais importante nas telecomunicações. Historicamente o VoIP teve diversos formatos e
protocolos, tudo sempre impulsionado pela intenção de igualar a qualidade de uma ligação
VoIP à uma ligação via telefonia fixa.
Na Figura 2.1 é apresentada uma arquitetura de um sistema VoIP em função das tecnologias
2.1 Conceitos básicos em VOIP e Call Centers 13
Figura 2.1: Pilha de Transporte Pacotes usados pelo VoiP (JESZENSKY, 2004)
Durante a evolução dos sistemas VoIP, novas técnicas, protocolos e serviços foram sur-
gindo, enquanto outros se tornaram obsoletos. Na sequência são resumidos alguns protocolos
importantes para o entendimento de uma estrutura VoIP
O Protocolo H.323
A comunicação propriamente dita, associada a uma sessão estabelecida pelo SIP, é reali-
zada pelo protocolo RTP (textitReal-time Transfert Protocolo) tendo o RTCP (textitReal-time
Transfert Control Protocol) como protocolo de auxı́lio ao funcionamento da comunicação.
O RTP e o RTCP são protocolos que atuam na camada de transporte, onde são amplamente
utilizados em sistemas VoiP. O RTP (Protocolo de Tempo Real) foi inicialmente definido na
RFC 1889 (GROUP et al., 1996), e determina um formato de pacote padrão para o envio de
áudio e vı́deo pela Internet. O RTP roda sobre o UDP. Já o RTCP é definido pela RFC 3550
(SCHULZRINNE et al., 2003), onde é descrito para funcionar em conjunto com o RTP (KU-
ROSE J.; ROSS, 2006).
2.1 Conceitos básicos em VOIP e Call Centers 15
Na prática o RTP fica responsável pela entrega da mı́dia, enquanto o RTCP envia pacotes
de controle aos participantes da conexão. A função principal do RTCP é fornecer informações
sobre a qualidade dos serviços oferecidos pelo RTP.
Os Codecs
Um Call Center baseia-se em uma estrutura fı́sica integrada a recursos humanos, que viabi-
lizam um canal de comunicação entre uma empresa e seus clientes/possı́veis clientes. Existem
diversos formatos de operações em um Call Center, sendo que um dos principais é o relaciona-
mento através de ligações telefônicas.
Atualmente os Call Centers se utilizam amplamente de sistemas VoiP para gerenciar suas
ligações. Um Call Center é geralmente formado pelos componentes mostrados na Figura 2.2 e
descritos a seguir.
No exemplo citado, todo o trafego de ligações entre a URA, DAC e Agentes são via VoiP.
Essas podem ser gerenciadas por um ou mais sistemas, uma vez que podemos ter todos os
elementos do Call Center integrado em um único equipamento, ou cada um deles sendo um
equipamento diferente.
Nas atividades de um Call Center, faz-se o uso de alguns termos que servem como indica-
dores ou pontos de controle, abaixo alguns deles:
• Hora de maior movimento- Horário do dia ou conjunto de dias em que se tem o maior
fluxo de ligações, comum ser mais controlado em Call Centers receptivos;
• Wait Time: nas operações receptivas, é o tempo que os clientes esperam para ter sua
chamada atendida, ou seja, é o Tempo de Fila;
• Warp Time: tempo entre o fim de uma ligação e a liberação do agente para receber/fazer
outra. Geralmente é o tempo em que o agente cadastra as informações da ligação em um
software de CRM (textiCustomer Relationship Management);
2.2 Métricas de Qualidade de Serviço em VOIP 17
• Tempo médio de operação (TMO): é o tempo médio em que um agente fica em talk
mais o tempo em Warp.
A grosso modo, os métodos de avaliação estão separados em dois grupos: métodos subje-
tivos, baseados na avaliação de pessoas através da audição, e os métodos objetivos, baseados
em modelos matemáticos (SILVA, 2006). Os métodos objetivos podem ser intrusivos ou não
intrusivos . Os métodos objetivos intrusivos são aqueles que podem ser baseados em parâmetros
ou em sinais, já os objetivos não intrusivos são aqueles baseados na comparação. A Figura 2.3
apresenta um mapa da classificação dos métodos.
a Figura 2.4 que segundo (SILVA, 2006) mostra a forma de coleta das informações para cada
método.
Figura 2.4: Métodos baseados em: (a)Parâmetros, (b) Sinais, (c) Comparação (SILVA, 2006).
Abaixo descreveremos dois modelos de avaliação de uma ligação, o MOS (Mean Opinion
Scores) e outro chamado de Modelo E.
É uma das medidas subjetivas mais utilizadas hoje. Segue recomendações da ITU-T P.800,
ITU-TP830 1996 e também se baseia no ACR (Absolut Category Rating) (HARDY, 2003).
O método MOS baseia-se na opinião de pessoas treinadas, que escutam o áudio, da ligação,
avaliam qualidade e atribuem uma nota de 1 à 5, o MOS é a média dessas avaliações. O peso
das notas está na tabela 2.1:
Segundo (HARDY, 2003) as notas obedecem aos critérios apresentados na tabela 2.2:
2.2 Métricas de Qualidade de Serviço em VOIP 19
Sendo o MOS um método subjetivo, tendo como parâmetro a opinião de avaliadores, alguns
cuidados devem ser tomados para uma melhor assertividade nos testes. O ideal é que seja usado
vários avaliadores, assim o resultado não fica tendenciado de acordo com o critério de um ava-
liador mais crı́tico ou não. Os testes subjetivos como o MOS possuem algumas desvantagens,
elas impulsionaram a procura por outras formas de avaliação mais precisas (SILVA, 2006).
Modelo E
R = Ro–Is–Id–Ie–A
O Fator R pode variar numa faixa de 0 a 100 sendo que, conforme modelo MOS, cada faixa
de valor equivale a uma classificação conforme mostrado na tabela 2.3.
2.2 Métricas de Qualidade de Serviço em VOIP 20
De acordo com Ferreira (FERREIRA, 2006), o MOS pode ser relacionado com o Fator R
através da seguinte fórmula:
-
MOS = 1 + 0.035R + 7 × 10 6 × R(R − 60)(100 − R)
Em um sistema baseado em IP, a voz é extremamente sensı́vel a uma série de fatores. Uma
série de requisitos devem ser obedecidos para termos uma ligação com qualidade. Conforme
o tema desse trabalho e como requisito para que seja realizado o monitoramento de um sis-
tema VoIP, é importante salientar alguns fatores e problemas já conhecidos, que influenciam na
qualidade do sinal de voz. Alguns destes fatores são (FERREIRA, 2006) :
• Perda de Pacotes - como os pacotes na rede carregam os dados referentes à voz, é natural
que a perda deles cause degradação da voz. Com relação à perda elas podem acontecer
de maneira isolada, que é quando uma quantidade pequena de pacotes é perdida sendo
possı́vel, através de algoritmos de ocultação de perda, a reconstituição do sinal de maneira
satisfatória. A dificuldade aparece quando temos a perda frequente de pacotes, dessa
forma a degradação do sinal aumenta, muitas vezes impossibilitando a reconstituição do
sinal de voz (AGRAWAL et al., 2006).
• Jitter ou Variação de atraso – o jitter trata-se de uma variação no tempo de atraso dos
pacotes. O jitter possui diversas causas, porém um dos pontos mais relevante é a questão
da bufferização e o enfileiramento de pacotes nos equipamentos que constituem a rede de
dados. O textitjitter geralmente é tratado no receptor através de buffer, onde os dados são
armazenados por um tempo, para depois serem reproduzidos. Se o pacote chegar após o
tempo de espera, ele é descartado.
• Eco – é a nomenclatura usada para quando um usuário escuta sua própria voz após falar. O
eco pode ser acústico ou elétrico. Eco acústico é aquele que ocorre apenas em ambientes
analógicos, onde o sinal da recepção afeta o áudio do microfone, nestes casos não há
tratamento. Já o eco elétrico é causado principalmente por circuitos de hı́bridas, os quais
fazem a integração da transmissão e recepção no mesmo meio fı́sico, além disso, a falta
de casamento de impedâncias dos circuitos dos equipamentos também podem causar o
eco. Existem algumas técnicas para tratar o eco acústico, das quais citamos o uso de
supressores e canceladores de eco. Os supressores de eco são dispositivos que atenuam o
retorno de um sinal transmitido, já os canceladores de eco geralmente encontram-se em
circuitos digitais e subtraem o sinal recebido do transmitido.
No que diz respeito ao sistema VoIP, é importante também medir outras variáveis associadas
ao estabelecimento/gerenciamento e término de sessão. Pode-se citar:
2.3 Técnicas de Monitoramento de Voz 22
• Call setup time - tempo entre o envio de um INVITE e o recebimento de um 200 OK.
• Call tear-down time - tempo entre um envio de um BYE e o recebimento de um 200 OK,
confirmando a desconexão.
Outros parâmetros podem ser de interesse de uma análise com fins de diagnóstico: o tempo
de sinalização para atualização de CODECs, o número aceitável de chamadas em andamento e
espera, entre outros tempos de interesse. A identificação de problemas de segurança e intrusão
podem também ser apoiadas na mediação de números seguidos de INVITEs ou BYEs dentro
de um intervalo de tempo definido.
A monitoração de uma rede é algo complexo que requer alguns cuidados. É grande o nu-
mero de variáveis que devem ser levadas em conta. Somente através de um plano de monitoração,
montado de a partir de uma necessidade, conseguimos obter efetividade e assertividade.
Os problemas já mencionados, como atraso, jitter e perda de pacote merecem atenção espe-
cial e devem ser monitorados de forma consistente. Dois tipos de monitoramento podem existir:
monitoração ativa e a monitoração passiva.
A monitoração ativa é considerada um método intrusivo, onde sondas ativas são espalha-
das pela rede. O objetivo é que as sondas originem e recebam ligações entre si, a fim de medir
e emitir relatórios sobre a qualidade da rede (SILVA, 2006). As sondas nada mais são do que
softwares que geram um tráfego, configurado a partir de parâmetros pré-determinados.
É importante comentar que a utilização de uma monitoração ativa, gera um trafego extra de
dados na rede e que sua implantação requer cuidados nesse sentido.
Na prática, para iniciar um teste, o NOC localiza duas sondas ativas e repassa um arquivo
com informações como: número de chamadas a serem realizadas, duração das chamadas, tempo
entre as chamadas e o codec a ser utilizado. Uma vez recebidos os dados, as sondas iniciam o
processo utilizando o SIP e o RTP para efetuar as ligações. Assim que finalizam os testes as
sondas encaminham os relatórios para o NOC.
Para uma melhor assertividade, as sondas devem estar configuradas com o mesmo servidor
NTP (Network Time Protocol), assim é inserido o horário no campo timestamp do payload do
RTP, que é usado para posterior análise.
Uma sonda passiva deve conseguir identificar, abrir e registrar dados dos cabeçalhos dos
protocolos VoIP(AGRAWAL et al., 2006). Após isso, ela deve repassar ao NOC o conjunto
de informações. Cabe ao NOC correlacionar as informações recebidas das sondas, identificar
fluxos de uma mesma sessão VoIP e em seguida calcular as métricas da qualidade da ligação.
Sondas passivas agrupam os dados capturados em dois grupos, conforme ilustração na Fi-
gura 2.8: dados referentes aos registros SIP e dados referentes aos registros RTP (AGRAWAL
et al., 2006).
• Registros SIP: monitoração das sessões baseadas nos campos to, from e call id, contidas
nos pacotes SIP, onde quando iniciada uma conexão ela passa a ser monitorada até a
finalização, incluindo suas mensagens (200 OK, BYE, etc);
• Registro RTP: monitoração das sessões baseadas nos campos src ip, porta src, dst ip,
porta dst, timestamp e SSRC.
2.4 VoiPMonitor 25
Muitas das informações adquiridas em uma monitoração passiva, podem estar ligadas ao
campo timestamp do protocolo RTP. Para que o NOC consiga calcular questões como jitter,
atraso, etc., de maneira precisa, é necessário que as sondas estejam com os horários precisa-
mente sincronizados. Uma das opções mais fáceis é fazer com que todas as sondas utilizem o
mesmo servidor NTP.
É importante comentar, que para a monitoração passiva acontecer é necessário que os dados
não estejam criptografados, caso isso ocorra podemos não conseguir fazer com que as sondas
passivas abram os pacotes para a análise (SILVA, 2006).
2.4 VoiPMonitor
O VoIPMonitor foi desenvolvido com foco em monitoração de redes VoIP, sendo assim, está
preparado para analisar os protocolos SIP, RTP, RTCP, entre outros. Através do VoiPMonitor é
possı́vel avaliar as principais métricas de qualidade de voz (Jitter, MOS, etc), cujas medidas são
realizadas com base na a ITUT-G.107 e outras. A arquitetura do VoIPMonitor está estruturada
conforme ustra a Figura 2.9:
2.4 VoiPMonitor 26
Conforme apresentado na Figura 2.9, o módulo Sniffer faz a captura dos pacotes e enca-
minha as informações via TCP para uma base de dados MySQL. Devido a essa arquitetura o
VoIPMonitor possibilita que sejam instalados diversos módulos Sniffer, sendo que todos podem
gravar suas informações em um mesmo banco de dados.
Existem algumas formas para colocar o VoiPMonitor na rede, porém talvez a mais fácil seja
espelhar a porta de um switch ou roteador, para a porta em que o servidor com o VoIPMonitor
estiver conectado. Uma vez que o servidor que possui o Sniffer instalado, comece a receber
todo o tráfego de dados em sua placa de rede, ele inicia a coleta das informações. A Figura 2.10
mostra o ponto em que os dados são coletados.
Conforme Figura a 2.10, o Sniffer lê os dados no Ring Buffer do kernel e armazena as
informações temporariamente no seu próprio buffer, denominado VM Buffer. É do VM Buffer
que as informações são direcionadas para o banco MySQL. As informações lidas pelo Sniffer
são direcionadas para a tabela chamada CDR(Call Detail Rrecords) do MySQL. O WebGUI
utiliza a Tabela CDR, entre outras, para poder gerenciar as informações.
• Filtros abrangentes permitindo pesquisar no banco de dados CDR por IP, tel. números,
parâmetros qualitativos (perda / delay / MOS), codecs, grupos;
• Identificação de ataques;
• Gráficos e tabelas;
• Recurso de agrupamento baseado em endereços IP, últimos códigos de resposta SIP, co-
decs;
• Gerenciamento de usuários, permitindo definir os usuários que podem ver apenas uma
parte das chamadas com base em números de telefone IP ou outros parâmetros;
2.5 Conclusão
Neste capı́tulo foram apresentados alguns conceitos básicos de Call Center e monitora-
mento VoIP. Foram apresentados alguns termos, parâmetros para medição da qualidade de voz e
algumas técnicas de monitoramento passivo e ativo de um sistema VoIP. Tais conceitos servirão
como apoio ao entendimento deste trabalho. A ferramenta VoIPMonitor também foi apresen-
tada uma vez que ela foi implantada no Call Center. No capı́tulo seguinte é descrito o processo
de implantação do sistema.
29
3 Planejamento e Implantação do
Sistema de Monitoramento
O sistema de Call Center usado como base para o estudo, possui uma estrutura de servi-
dores descentralizada, ou seja, não tem um único servidor com todos os serviços e sim vários
servidores, cada um com um papel diferente. A estrutura do Call Center e da rede na qual ele
está inserido é mostrada na Figura 3.1.
3.1 Estrutura de Rede e do Call Center 30
Para a interligação entre a matriz e a filial é usado um link MPLS (Multiprotocol Label
Switching). O funcionamento do link MPLS é monitorado pela informática da empresa e possui
um contrato de SLA (service level agreement) com a operadora. Dessa forma tem-se um link
de qualidade, onde em caso de problemas a correção é rápida.
O sistema de Call Center está totalmente inserido na rede de dados corporativo da empresa.
Na matriz, o tráfego de dados do sistema de Call Center é separado logicamente por duas vlans.
Uma das vlans é especı́fica para o trafego VoIP, nela estão conectados apenas os dispositivos
VoIP que se relacionam com o Call Center. Todo o trafego de dados referente aos demais
serviços da rede trafegam na outra vlan.
Na filial os pacotes de voz e dados trafegam em uma mesma rede. Os pacotes de voz são
priorizados, tanto na rede interna da empresa quanto no link MPLS, através de QoS.
• R2 Digital: são ligações que chegam através de links R2 digital, conectados aos PABX’s
(Centrais telefônicas) que integram o sistema. As chamadas de clientes que chegam via
3.1 Estrutura de Rede e do Call Center 31
R2 na filial, são convertidas em VoIP pelo PABX da filial e encaminhadas para a URA do
Call Center. Ao chegar na URA a ligação oriunda da filial recebe o mesmo tratamento
das demais ligações.
• Uma URA: faz o atendimento das chamadas e vocaliza os segmentos de atendimento para
que os clientes selecionem o desejado. Após o cliente digitar a opção desejada a URA
encaminha a chamada para os servidores de telefonia. A URA possui uma faixa de ramais
configurados, onde troncos dos servidores de telefonia se autenticam usando o SIP. Cada
opção disponibilizada para o cliente é atrelada a um ramal da URA, onde um tronco do
servidor de telefonia se autentica, que por sua vez é atrelado a um DAC, assim acontece
a amarração entre a URA e o servidor de telefonia.
Ao iniciar a jornada de trabalho o atendente acessa o aplicativo através de seu login e senha.
No momento do login, o aplicativo passa ao servidor de telefonia o ramal do ATA da PA em
que o atendente está. O servidor por sua vez encaminha uma chamada para o ramal, assim o
atendente atende a ligação no seu headset e o processo de login é concluı́do. Neste momento o
servidor de telefonia coloca a chamada entre ele e o atendente em uma sala de conferência. A
chamada fica estabelecida até o final da jornada de trabalho do atendente.
Quando o servidor de telefonia recebe uma chamada, ele verifica os atendentes livres do
respectivo DAC. Feito isso, ele inclui a ligação na sala de conferência do atendente. O atendente
assim inicia o atendimento.
É importante entender que toda a ligação que chega no sistema de Call Center tem o mesmo
comportamento. A ligação entra no sistema e recebe um pré-atendimento da URA, esta vocaliza
algumas opções e o cliente digita via teclado do telefone a opção desejada. De acordo com a
opção escolhida pelo cliente a URA encaminha a ligação para o servidor de telefonia, este
verifica os atendentes logados e encaminha a ligação para o atendente.
É importante salientar que neste trabalho uma conexão via SIP é considerado uma“Sessão
VoIP”,ou seja, toda conexão iniciada com INVITE e finalizada com BYE, além de todas as
demais mensagens que contribuem para o estabelecimento e controle da conexão.
3. Sala Conferência: no momento do Login, o sistema de telefonia abre uma sala de con-
ferência e aloca o atendente nela. A partir desse momento, toda vez que houver a neces-
sidade de encaminhar uma ligação para um atendente, o sistema irá na verdade alocar o
cliente na mesma sala de conferência que está o atendente. A estrutura baseada em sala
de conferência faz com que durante um dia de trabalho o atendente estabeleça apenas
uma sessão VoIP, mesmo atendendo diversas ligações de clientes.
4. Fluxo áudio entre atendente e servidor de telefonia: durante um dia de trabalho, o ser-
vidor de telefonia e o atendente trocam as mensagens de voz em uma única sessão VoIP,
através de RTP. Após o estabelecimento da sessão VoIP, quando um atendente não está
conectado a um cliente, o atendente escuta apenas ruı́do branco. Não há como distinguir
entre uma ligação e outra, já que a identidade da chamada se mantém a mesma do login.
3.2 Análise do Fluxo de Ligações no Sistema
34
5. Cliente Origina Chamada: cliente origina a ligação, podendo chegar na URA de duas
formas, via R2 Digital ou via VoIP
7. Discagem opção desejada: uma vez que o cliente já identificou a opção desejada, ele
precisa indicar a URA qual seria esta opção. Para selecionar a opção o cliente sempre terá
que digitar uma tecla (2 à 9) no teclado do telefone. A informação da opção selecionada
pode chegar na URA de 2 formas: se for uma ligação via R2 Digital irá chegar via MF e
se for uma chamada via VoIP deve chegar via RFC 2833(há o cuidado de configurar com
esta opção, os equipamentos que encaminham ligações ao Call Center).
10. Desconexão da Ligação: a desconexão pode ser solicitada tanto pelo atendente quanto
pelo cliente. Do lado do cliente, assim que ele coloca o telefone no gancho todos os sis-
temas trocam as mensagens necessárias e finalizam as chamadas. Já do lado do atendente
a desconexão pode ser feita através do aplicativo de telefonia. Se o atendente colocar
o headset no gancho todo o sistema sofrerá uma desconexão, gerando a necessidade de
efetuar novamente o procedimento de login.
3.2 Análise do Fluxo de Ligações no Sistema 36
11. Logof do Atendente: ao final de sua jornada de trabalho diária, o atendente executa o
logoff no aplicativo de telefonia. Através do logof, a sessão VoIP entre o atendente e o
servidor de telefonia é encerrada e o atendente para de receber ligações.
Fazendo uma análise aos passos que acabamos de explicar e ao cenário a ser monitorado,
podemos concluir que:
• Todas as ligações que entram no Call Center, obrigatoriamente passam pelas etapas de 5
à 10.
• Cada ligação tem pelo menos duas sessões VoIP: uma entre URA e Servidor de telefonia,
outra entre o servidor de telefonia e o Atendente.
• Quando a ligação chega na URA via VoIP são 3 sessões, além as duas já citadas, tem uma
terceira entre o PABX da empresa e a URA.
• O atendente fica durante toda sua jornada de trabalho, com uma ligação estabelecida com
o servidor de telefonia.
• Há apenas uma sessão VoIP por dia, para cada atendente.
Ainda para poder entender melhor o fluxo de ligações do Call Center , foi elaborado o
diagrama mostrado na Figura 3.3
3.2 Análise do Fluxo de Ligações no Sistema 37
O diagrama apresenta os componentes por onde passam as ligações do Call Center, estando
dividido em dois blocos macros: bloco 1 e bloco 2. O bloco 1 representa as entradas de ligações,
já o bloco 2 representa os componentes internos do Call Center.
O sub-bloco 1B representa as ligações que Call Center recebe via VoIP. Verificamos que
independe da origem, as ligações que o Call Center recebe via VoIP sempre chegam por in-
termédio do PABX da Empresa. O PABX da empresa recebe as ligações e encaminha via SIP
para a URA do Call Center, sem qualquer tipo de tratamento. O bloco 1B representa cerca de
5% das ligações que chegam ao Call Center.
O bloco 2 também está subdividido, sendo 2A, 2B e 2C. Todos os blocos têm um elemento
em comum que é a URA, visto que toda ligação sempre passa primeiro por ela. Além da URA,
os sub-blocos 2A e 2B também compartilham o servidor de telefonia 1.
O sub-bloco 2A representa as ligações atendidas pelo Call Center local da matriz. Este é o
sub-bloco mais significante do Call Center, tendo aproximadamente 46 PA‘s atreladas a ele e
atendendo cerca de 80% das ligações.
PA‘s usando exatamente a mesma estrutura do sub-bloco 2A, porém com o aporte da estrutura
de interligação via MPLS entre a matriz e a filial. O sub-bloco 2B é responsável por atender
cerca de 8% das ligações do Call Center.
O sub-bloco 2C usa o servidor de telefonia 2, esta é a única questão que o diferencia entre
o sub-bloco 2A. Conforme já comentado a necessidade de dois servidores de telefonia se dá
devido a limitações de PA‘s por servidor, porém o funcionamento de ambos é exatamente o
mesmo. No sub-bloco 2C temos cerca de 10 PA‘s, sendo ele responsável por atender aproxima-
damente 12% das ligações do Call Center.
Estruturado e entendido o diagrama de blocos, fica mais fácil identificar as sessões VoIP de
cada sub-bloco e consequentemente de todo o sistema.
Com base nos dados apresentados até agora, já é possı́vel elaborar o planejamento de
implantação das sondas e de toda a estrutura de monitoramento.
No capı́tulo 2.3 foi feito um embasamento teórico sobre técnicas de monitoramento, dentre
elas a monitoração passiva. Uma monitoração passiva é realizada basicamente por uma sonda
que coleta e reporta informações. Já no capı́tulo 2.4, foi feito um detalhamento da ferramenta
VoiPMonitor, cujo método de análise da qualidade VoIP é baseado em sondas passivas.
Tendo como princı́pio esses dois fundamentos, a seguir será abordado o estudo e a implantação
do sistema de monitoramento.
Além de todas as caracterı́sticas do VoiPMonitor já citadas nos capı́tulos anteriores, há algu-
mas situações evidenciadas durante o processo de instalação do sistema, que afetam diretamente
o conceito da ferramenta.
Para explicar melhor essa caracterı́stica do VoiPMonitor, será explorado o exemplo mos-
trado na Figura 3.4. A Figura não tem relação com o sistema do Call Center base deste estudo,
trata-se de exemplo de sistema simplificado com dois ramais VoIP e um PABX IP. Fica definido
que toda troca de mensagem entre o ponto A e C precisam passar pelo ponto B.
No exemplo da Figura 3.4, quando o ramal A liga para o ramal C, é identificado o registro
de duas sessões VoIP: uma entre o ponto A e o ponto B e a outra entre o ponto B e o ponto C.
Caso este cenário fosse monitorado com o VoiPMonitor, terı́amos 2 relatórios separados, um
para cada sessão. Note-se que a separação em sessões diferentes é inerente ao comportamento
de um sistema B2BUA (Back to Back User Agent) tal como o Asterisk.
salva em uma base MYSQL. Durante a implantação do sistema, evidenciamos que apenas uma
parte dos dados são enviados para o banco, a outra parte fica armazenada em uma pasta local da
sonda. Resumidamente, os parâmetros medidos são calculados e salvos no banco, já na pasta
local ficam os áudios das ligações e alguns gráficos montados pelo sistema. De certa forma, essa
questão ajuda no desempenho do banco de dados, diminuindo a quantidade de dados enviados
à ele.
Quando trabalhamos com um sistema com mais de uma sonda, temos a opção de salvar
todos os dados em um único banco de dados. A informação citada no último paragrafo, afeta
diretamente na implantação de sistemas nessa topologia, uma vez que outras configurações
precisam ser feitas para termos acessos a todos os dados.
Com base em todas as informações relatadas sobre o VoiPMonitor, podemos concluir que
durante o planejamento da instalação do sistema, existem algumas etapas de extrema importância
para o sucesso no monitoramento:
• Fazer uma análise detalhada do fluxo das ligações, considerando as possı́veis “rotas” e o
volume das ligações.
• Com base nos fluxos de ligações, definir o melhor posicionamento das sondas
1. URA: toda ligação passa pela URA, portanto ela é um elemento do Call Center onde
tem-se grande concentração de sessões VoIP.
3.3 Determinação do Posicionamento e Quantidade de Sondas Passivas 41
Com base em tudo que já foi dito, foi optado por um sistema de monitoramento formado
por 3 sondas passivas, dispostas conforme Figura 3.5.
A Figura 3.5 ilustra o posicionamento das 3 sondas, bem como a “área de cobertura” das
sessões VoIP de cada uma delas. A Figura foi elaborada de forma didática e desconsidera vários
elementos da rede.
A Sonda 1 coleta os dados das sessões entre o PABX da fábrica e a URA, bem como toda
sessão entre a URA e os servidores de telefonia 1 e 2.
A sonda 2 coleta dados das sessões entre o servidor de telefonia 1 e a URA, além das
sessões entre o servidor de telefonia 1 e os ATA’s nele autenticados. Já a sonda 3 coleta dados
3.4 Implantação do Sistemas de Monitoramento 42
das sessões entre o servidor de telefonia 2 e a URA, e as sessões entre o servidor de telefonia 2
e os ATA’s nele autenticados.
Fazendo uma analogia com o diagrama de blocos apresentado na Figura 3.3, temos as
seguintes situações:
Uma vez estabelecido o posicionamento das sondas, também é preciso definir a estrutura
de armazenamento de dados de cada uma delas. Por uma questão de facilidade de manunteção,
foi decidido que todas as sondas implantadas deveriam compartilhar o mesmo banco de dados.
A Sonda 1 é a sonda que mais captura dados, por isso decidimos que seu o banco de dados
seria onde as demais sondas gravariam as informações.
Com essa estrutura estabelecemos uma convenção, de que a Sonda 1 funciona no regime
de mestre e as demais como escravas. Lembrando que isso foi apenas uma convenção que não
traduz o real funcionamento das sondas.
Para a instalação das sondas foram utilizados computadores com hardware simples. Todas
as 3 sondas instaladas tem basicamente um processador Core2Duo, HD de 500GB e placa de
3.4 Implantação do Sistemas de Monitoramento 43
rede Onboard de 100MB, com esse hardware o sistema conseguiu “rodar” tranquilamente. O
sitema operacional escolhido para os computadores foi o Ubuntu versão 12.04 Desktop, onde
inclusive a interface gráfica foi ativada.
Nas 3 sondas foram instalados o módulo Sniffer do VoIPMonitor, porém apenas na sonda 1
foi instalado o WebGUI, ambos os módulos tiveram seus funcionamento detalhado no capı́tulo
2.
Todas as sondas e servidores foram conectados a um switch de grande porte. Para capturar
os dados foi realizado um espelhamento das portas conectadas a cada servidor (URA, servidor
de telefonia 1 e 2) para as portas das sondas 1, 2 e 3, organizadas conforme a Figura 3.5.
Com relação a instalação das sondas, foi verificado que um dos pontos cruciais é a configuração
do arquivo voipmonitor.conf, que no nosso caso é endereçado por /etc/voipmonitor.conf. Quando
aplica-se o VoIPMonitor em um cenário, onde tem-se uma sonda gravando os dados em um
banco de dados remoto, além das configurações básicas, existem outras especı́ficas para que
isso aconteça e nem tudo está explicado na documentação.
• interface =: caso o computador onde o módulo Sniffer esteja instalado tenha mais de uma
placa de rede, é neste parâmetro que indica-se qual delas deve ser monitorada, exemplo:
interface = eth0.
Conseguimos constatar que o processamento das máquinas não foi intensamente exigido
para o trafego de ligações do sistema, com isso conclui-se que a implantação das sondas foi
realizada com sucesso.
Com relação à configuração do banco de dados da sonda 1, foi necessário uma alteração
do arquivo my.conf localizado em /etc/mysql. A alteração constituiu-se em comentar a linha do
parâmetro “bind-address = 127.0.0.1”, com isso foi retirada a restrição de acesso ao banco de
um determinado IP, liberando o mesmo a ser acessado de qualquer computador. Outra alteração
realizada, foi liberação do usuário configurado nas sondas para acessar o banco de qualquer
rede. Por usar o usuário root para configurar as sondas, foi executado o seguinte comando no
console do textitmysql: GRANT ALL ON voipmonitor.* TO root@% “IDENTIFIED BY ”(senha
do usuario root);
Vale lembrar que analisando por uma ótica de segurança, as duas alterações realizadas
deixaram o banco de dados mais frágil. No entanto, essa não foi uma preocupação na hora da
implantação do sistema, em futuras implantações esse ponto pode ser revisto.
Uma vez o banco de dados em funcionamento, foi identificado que todas as sondas do
sistema de monitoramento estavam conseguindo acessar e gravar dados corretamente. Com
todo o sistema em funcionamento, voltou-se a questão do desenpenho do banco de dados. O
Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações, não aborda em sua unidade
curricular o estudo de banco de dados, por esse motivo essa questão teve que ser avaliada em
conjunto com outros profissionais.
Foi solicitado ao DBA da empresa em que o Call Center está instalado, que verificasse
3.4 Implantação do Sistemas de Monitoramento 45
como estava a performance do banco de dados. O resultado da análise mostrou que a quan-
tidade de requisições que acontecem simultaneamente ao banco de dados, é muito inferior a
capacidade disponı́vel, mesmo usando um hardware teoricamente simples.
Uma vez o sistema instalado, foi preciso configurar o ID dos sensores para que o WebGUI
pudesse separar os dados conforme o desejado. A Figura 3.6 mostra a tela de cadastro de uma
sonda, já a Figura e 3.7 mostra a lista de sondas cadastradas. Os IP’s envolvidos no sistema
foram omitidos.
3.5 Conclusões 46
3.5 Conclusões
Uma vez o sistema de monitoração instalado, iniciou-se a análise dos dados. Inicialmente
foram exploradas as funções do módulo WebGUI, avaliando as informações apresentadas por
ele.
O VoIPMonitor tem uma ótima organização, tendo diversas forma de apresentar os dados
coletados. Neste trabalho acadêmico não serão abordadas todas as telas e funções do VoIP-
Monitor, caso haja o interesse, na página da ferramenta (http://www.voipmonitor.org/demo/ -
Usuário: admin, Senha: admin) existe um sistema demonstrativo onde é possı́vel explorar as
funcionalidades.
A seguir serão abordadas algumas das informações mais utilizadas na monitoração do sis-
tema proposto. Por questão de segurança e privacidade, todos os IP’s dos servidores e números
telefones dos clientes serão omitidos das figuras.
Na figura 4.1 temos alguns registros de sessões VoIP coletadas, esses registros ficam na aba
CDR do O VoIPMonitor. Cada sessão ganha um ID e também tem a identificação do sensor onde
ela foi coletada. É possı́vel identificar na figura 4.1 registros referentes a sessões das sondas 1
e 2, além de informações como: origem, destino, tempo de duração, MOS calculado para os
3 tipos de buffer, escutar o áudio da ligação, fazer o download no formato do wireshark dos
4.1 Análise de Dados e Geração de Relatórios 48
Ao expandir os dados de uma sessão, temos todos os parâmetros coletados referentes a ela,
conforme mostrado na figura 4.2.
identificado baixos valores de MOS, é preciso expandir a visualização da sessões para a função
Detalhes-CDR. É através da função Detalhes-CDR que identifica-se qual o parâmetro que está
comprometendo o MOS e consequentemente a qualidade da ligação. Uma vez avaliado os
parâmetros toma-se uma ação de acordo com o problema.
Além da visualização mostrada na figura 4.2, em uma sessão existem outros menus como:
SIP History, Legs by CID, Legs by header, chasts e map. Cada uma das opções traz uma
informação diferente.
Na monitoração do sistema proposto é bastante usado o SIP history, mostrado na figura 4.3.
Através do SIP history temos o diagrama com a troca de mensagens entre origem e destino,
essas informações são importante em casos onde investiga-se a queda de ligações.
Outras duas funções que auxiliam na analise das sessões VoIP são: Legs by CID e Legs by
header. Através delas pode-se agrupar as sessões VoIP através de alguns parâmetros.
Na análise Legs by CID, as sessões são agrupadas pelos parâmetros from e TAG (EX: From:
(sip:42142958395@voipmonitor.org.de) ; tag = 99fc4be3). Esses parâmetros são encontrados
no cabeçalho dos pacotes SIP conforme figura 4.4, e correspondem ao número do chamador e
de identificação da ligação.
4.1 Análise de Dados e Geração de Relatórios 50
Na análise Legs by header, as sessões são agrupadas parâmetros Call ID (visı́vel na figura
4.4). Neste caso é acompanhado o Call ID das ligações, caso a mesma ligação seja transferida,
desviada, etc. todas as sessões referentes a ela serão agrupadas.
O objetivo desses agrupamentos é encontrar de forma rápida todas as sessões VoIP pode-
riam pertencer à mesma ligação.
Através da interface mostrada na figura 4.5 é possı́vel escolher entre templates pré-configurados
ou montar relatórios especı́ficos, além da opção de seleção do perı́odo o qual deseja-se extrair
as informações.
4.1 Análise de Dados e Geração de Relatórios 51
Como exemplo de relatório por perı́odo tem-se a figura 4.6, onde foram montados dois
relatórios diferentes: um com o volume total de ligações referentes ao mês de janeiro de 2014 e
o outro com a média do MOS no mesmo perı́odo. As baixas no volume de ligação são referentes
aos finais de semana, onde o Call Center tem menor demanda de ligações. Por outro lado, é nos
finais de semana que são registradas as melhores médias do MOS. Esses dados mostram que
com o aumento no tráfego de ligações, o MOS sofre degradação.
4.1 Análise de Dados e Geração de Relatórios 52
Também estão disponı́veis no VoIPMonitor uma série e analises online das ligações, uma
delas é a monitoração das sessões ativas mostrada na figura 4.8. Com essa função é possı́vel
avaliar as ligações online, podendo inclusive escuta-las.
Até a conclusão deste trabalho, o sistema de monitoramento ficou ativo por cerca de 90 dias.
Apesar do pouco tempo monitorando, o sistema foi capaz de identificar e auxiliar na solução de
4.2 Detecção de Problemas 54
várias situações.
Foi identificada através da tela apresentada na figura 4.1 , que havia algumas ligações
com duração menor do que 5 segundos. Ao iniciar a investigação foi verificado através
da função apresentada na figura 4.3, que quando os servidores de telefonia recebiam uma
ligação, em que o cliente indevidamente digitava um MF, o servidor de telefonia não
conseguia tratar essas informações e mandava um desligamento (BYE) para a URA.
Em determinado dia, o volume de transferências (clientes que digitam a opção não cor-
respondente ao assunto que desejam tratar) aumentou muito e os atendentes começaram
a reclamar de um possı́vel problema, pois os clientes informavam que haviam digitado a
opção correta. Pegou-se alguns casos de transferências e através da tela apresentada na
figura 4.1, evidenciou-se que o cliente digitou uma a opção correta, a URA encaminhou
para o DAC correspondente, porém o sistema de telefonia encaminhou a chamada para
atendentes de outro DAC.
Até o dia atual, teve-se duas quedas expressivas de qualidade das ligações encaminhadas
para a filial da empresa. Assim que os atendentes alertaram o fato, validamos na tela
apresentada na figura 4.1 que o MOS estava com valores baixos. Recorremos ao detalha-
mento das sessões apresentado na figura 4.2 e foi verificado que o Jitter da estava muito
elevado, além de algumas perdas de pacotes.
4.3 Análise da Predição de MOS com o VoIPmonitor 55
Nas duas situações foi acionada a informática da empresa, que identificou problemas
no link MPLS operadora. Foi aberto um chamado com a operadora, o SLA iniciou a
contagem porém o problema foi rapidamente resolvido nas duas situações, normalizado
as ligações.
Sempre houve casos no Call Center de clientes alegando, que os atendentes haviam desli-
gado a ligação sem prestar o devido atendimento. Até então, não conseguı́amos identificar
de maneira ágil se esse fato era verı́dico ou não, os relatórios oferecidos pelo sistema do
Call Center até mostram essa informação, porém não é algo rápido de identificar.
Com a função apresentada na figura 4.3, podemos acessar o registro da chamada de ma-
neira rápida e analisar os dados.
Apesar de ser um ponto a ser avaliado, a diferença entre a teoria e a prática não influencia a
usabilidade da informação, na prática sempre que foi identificado uma ligação com o valor do
MOS baixo, identificou-se através dos demais parâmetros (perda de pacotes, atrasos, Jitter) que
a ligação realmente estava com problemas. Durante o estudo do VoIPMonitor foi verificado que
para a identificação rápida de problemas o melhor parâmetro a se observar era o MOS.
Na prática foi observado que os atendentes começam reclamar da qualidade das ligações
quando o MOS é inferior a 3. Essa constatação condiz com a teoria, onde temos que ligações
com MOS abaixo de 3 já apresentam alguns usuários insatisfeitos.
Trazendo um pouco do resultado obtido na monitoração, a figura 4.9 mostra os dados reais
de uma ligação com baixa qualidade. Neste caso o atendente recebeu a ligação e relatou difi-
4.3 Análise da Predição de MOS com o VoIPmonitor 56
culdades em entender o cliente. Foi solicitado ao atendente o número do cliente e através dele
localizou-se a ligação. Já num primeiro contato com o registro notou-se o baixo valor do MOS,
ao abrir os dados da ligação foi observado que haviam alguns problemas, dentre eles chamou a
atenção os seguintes pontos: o Jitter medido tanto pelo RTP como pelo RTCP estão elevados e
os valores do PDV registraram pacotes com mais de 300ms atraso.
Esta ligação foi recebida através de um ramal IP de um parceiro, foi entrado em contato
com o parceiro e constatou-se que a banda de dados que ele possuı́a não era suficiente para
realizar ligações VoIP.
Durante a fundamentação teórica encontramos na ITU-T G107, uma ferramenta que base-
ada em alguns parâmetros calcula o fator R do Modelo E e MOS, ambos detalhados no capı́tulo
2.
Conforme é possı́vel verificar, a ferramenta exige uma série de parâmetros para conseguir
chegar a um resultado. Foi realizada uma breve analise na ferramenta, onde notou-se que exis-
tem 2 parâmetros que influenciam fortemente no MOS, são eles:
Por falta de tempo, infelizmente não foi possı́vel explorar todos os parâmetros para chegar
a um modelo matemático, que fosse possı́vel relacionar o VoIPMonitor com a ferramenta. O
proponente deste trabalho acredita que esse poderia ser um tema a ser abordado em um trabalho
futuro.
4.4 Uso de Geradores de Alertas 58
Uma das funções do VoipMonitor é a geração de alertas. Uma das grandes dificuldades de
administrar um sistema VoIP de grande porte, é que algumas vezes o problema só é identifi-
cado no momento em que um usuário reclama da baixa qualidade da ligação. Muitas vezes os
usuários tem a falsa impressão, de que o problema é na rede da operadora telefônica, quando na
verdade é interno. Esse fato faz com que haja uma demora em reportar um problema.
A figura 4.11 mostra uma das telas de configuração de alertas. Através dela é permitido
configurar alertas baseados nos valores do MOS, perda de pacotes, jitter, Delay, tráfego RTP
em apenas um sentido da ligação e a falta de fluxo RTP.
A função de envio de alertas ainda não foi ativada no sistema de monitoramento pro-
posto. Para encaminhar os alertas o VoipMonitor precisa estar com acesso a internet. Por
uma estratégia da empresa onde o sistema foi implantado, neste momento os computadores res-
ponsáveis pelo monitoramento ainda não possuem acesso a rede externa. Todo o acesso externo
da empresa passa por uma rigorosa polı́tica de controle. Dentro da proposta descrita no capı́tulo
3, de implantar o sistema primeiramente na rede do Call Center e depois estudar a expansão do
monitoramento, também será discutido a liberação do acesso a rede externa.
4.5 Avaliação da Ferramenta 59
Desde o inı́cio das atividades o VoIPMonitor mostrou-se uma ferramenta eficiente, porém
algumas dificuldades foram encontradas: Com relação a documentação algumas informações
não são detalhadas, porém através de algum esforço as dúvidas foram sanadas pela prática.
Na descrição da instalação deste trabalho foram detalhados todos os procedimentos necessários
para ativar o sistema. Avaliando a integração da ferramenta com o cenário proposto, o fato de
uma ligação ser identificada por mais de uma sessão VoIP prejudica a análise, já que não tem-se
um dado unificado.
No planejamento do sistema o grande desafio é definir a localização das sondas, uma vez o
fluxo de sessões VoIP identificado fica mas fácil tomar essa decisão.
Com relação a instalação, tanto o módulo WebGUI quanto módulo Sniffer são bastante
simples, desde que seus pré-requisitos sejam atendidos.
Não foram realizados testes no sistema, para analisar o comportamento do sistema com um
fluxo de ligações maior do que o atual.
No decorrer desse trabalho não foi avalada outra ferramenta. Pela falta de tempo também
não foi possı́vel explorar todas as funções do VoIPMonitor, porém as funções exploradas nos
permite classificar a ferramenta como ótima.
4.6 Conclusões 60
4.6 Conclusões
Neste capı́tulo foi apresentada uma análise inicial da monitoração do cenário proposto. Foi
apresentado alguns dados obtidos através da ferramenta já implantada, onde inclusive foram
identificados alguns problemas. Ficou validado como sendo o MOS o parâmetro principal da
monitoração, informação enriquecida pela possibilidade de uma relação matemática entre a
ferramenta de monitoramento e a ITU-T. A função que alerta possı́veis problemas também foi
descrita, apesar de ainda não estar ativa no cenário proposto. Ao final o capı́tulo encerra com
uma avaliação positiva da ferramenta de monitoramento, ficando claro que algumas funções não
puderam ser exploradas devido ao curto tempo para realização deste trabalho.
61
Os objetivos iniciais do projeto foram alcançados. Como resultado deste trabalho, conseguiu-
se implantar um sistema de monitoramento VoIP eficiente em um Call Center real. Foram ex-
ploradas todas as etapas necessárias para que a implantação do sistema fosse bem sucedida,
inclusive com o detalhamento de estudos realizados.
O sistema de monitoramento proposto teve seis meses para realiar a análise de fluxo de da-
dos, estruturação, implantação e análise de resultados. Infelizmente alguns pontos importantes
não puderam ser abordados, porém ficam como sugestão para trabalhos futuros. Entre outras
opções podem ser colocados:
• Ativação do sistema de envio de alertas via e-mail, caso seja detectado um possı́vel pro-
blema;
• Elaboração de uma metodologia de análise de problemas, onde poderia ser descrito todos
os passos a serem seguidos, desde a constatação do problema até a solução, Um foco
especial poderia ser dado ao mapeamento de problemas do sistema Voip em problemas
da rede;
Devido aos resultados alcançados, será sugerido que o sistema de monitoração seja expan-
dido para toda a empresa.
63
Neste anexo será descrito a instalação detalhada do sistema, com alguns comentários no
decorrer das etapas.
Procedimento Sonda 1
Primeiramente foi utilizado o apt-get do Ubuntu para instalar uma série de pré-requisitos.
$cd /usr/src/
Após estar na pasta onde desejava-se fazer a instalação do sistema, foi realizado o download
e a descompactação do módulo Sniffer.
$cd voipmonitor *
O VoIPMonitor tem script para a instalação, com o camando abaixo ele foi executado.
$./install-script.sh
Como foi usado um único banco de dados para gravar as informações coletadas, foi ne-
cessário liberar o acesso remoto ao banco. Os próximos 3 comandos realizam a liberação.
$ exit
$vim /etc/voipmonitor.conf
$/etc/init.d/voipmonitor start
$cd /var/www
$cd voipmonitor
$rm -f index.html
Cria-se uma pasta para armazenar as informações e da-se permissão total de acesso a ela.
$mkdir /var/spool/voipmonitor/
/var/www/bin/voipmonitor/wkhtmltoimage-x86 64
wkhtmltopdf-x86 64 -O /var/www/bin/voipmonitor/wkhtmltopdf-x86 64
/etc/php5/apache2/conf.d/ioncube.ini
Após executar esses comandos, reinicia-se o apache e pronto, o sistema já está instalado.
$/etc/init.d/apache2 restart
Procedimento Sonda 2 e 3
$cd /usr/src/
$cd voipmonitor *
$./install-script.sh
$/etc/init.d/voipmonitor start
67
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(Proposed Standard). (Request for Comments, 3261). Updated by RFCs 3265, 3853, 4320,
4916, 5393, 5621, 5626, 5630, 5922, 5954, 6026, 6141, 6665, 6878. Disponı́vel em:
<http://www.ietf.org/rfc/rfc3261.txt>.
SCHULZRINNE, H. et al. RTP: A Transport Protocol for Real-Time Applications. IETF, jul.
2003. RFC 3550 (INTERNET STANDARD). (Request for Comments, 3550). Updated by
RFCs 5506, 5761, 6051, 6222. Disponı́vel em: <http://www.ietf.org/rfc/rfc3550.txt>.
SILVA, V. Proposta de Metodologia para Avaliação de Redes de Voz sobre IP. [S.l.]:
ADDISON WESLEY BRA, 2006.