Resumo crítico – Reportagem “Por que as crianças francesas não têm Déficit de Atenção?”
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH – foi recentemente
diagnosticado como sendo de causa neurobiológica. E, uma vez sendo detectado uma disfunção biológica, recorre-se frequentemente a uma cura de mesmo caráter, e no caso, é um remédio como a Ritalina ou o Adderall. Nos Estados Unidos, assim como em muitos outros países que seguem o seu modelo de educação e cultura, por exemplo o Brasil, uma boa porcentagem das crianças diagnosticadas com TDAH são tratadas com medicamentos. Porém, na França, uma porcentagem mínima (menos de 1%) são tratadas da mesma maneira, preferindo os franceses identificar e agir sobre os problemas sociais nos quais o TDAH envolve a criança, com sessões de psicoterapia ou aconselhamento familiar, do que recorrer aos remédios para fazer a criança “se controlar”. E isso tem dado certo: com o tratamento psico-social, muitas crianças francesas deixam de ser enquadradas como portadoras do TDAH e descobre-se a verdadeira causa de sua agitação. Algumas vezes, são por motivos de problemas familiares, outras vezes, por motivos de uma nutrição não adequada ao seu organismo. E assim, descobrindo a causa real dos problemas de cada criança, os médicos conseguem receitar o tratamento mais adequado para cada caso. Diferentemente dos EUA, onde a tendência dos médicos é tratar como patológico alguns comportamentos que chegam até a serem comuns na infância. Esta linha de raciocínio que os franceses utilizam para tratar o problema é resultado de uma cultura que é transmitida de geração em geração há séculos em sua população: a questão da grande disciplina, boa educação (boas maneiras no cotidiano) e hierarquia são ideias muito disseminadas nos seus costumes, porque possuem filosofias de vida e de educação diferentes dos americanos.