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$B IE) ay can) 5 jt So Bi ih Be OH Gat 3 iin aoe n(n fe (5 i vn ba i 5 1950 19752000 | CapituLo 22 ) A ESCOLA KEYNESIANA — DESENVOLVIMENTOS DESDE KEYNES Diversos economistas importantes ajudaram com suas verses da abordagem de Keynes para a economia na transformacio da tendéncia atusl da teoria da macroeconomia. Entre os mais proeminentes estavam Alvin Hansen ¢ Paul Samuelson’. As duas primeiras segbes deste capftu- Jo abrangem as idéias de Hansen ¢ de Samuelson. A terceira segio mostra a idéias dos “econo- mistas pés-keynesianos’, que defendiam que a sintse neoclissca contemperdnea (sintese entre a macroeconomia keynesiana ¢ 2 microeconomia neoclissica) nao apenas apresentafalhas graves, ‘mas também € incompativel com as proprias idéias de Keynes. Finalmente, discutimos as idéias dos economistas “novos keynesianos” contemporancos. 1, Viios outros economistisajudaram 2 desenvolvera economia keynesiana, masas limitaybesde espago impe- dem a dscusio de sus idan. Quatro denies econominasganbaram o Prémio Note! por seus forgo So cles James Tabin, Lawrence Klein, Franco Modigliani e Robert Solow. Outros importantes colaboradores ame- ricanos& escola keynesiana inicialincluem James Duesenberry, Arthur Okun ¢ Walter Helle. A Escola Keynesiona — Desenvolvimentos desde Keynes & ALVIN H. HANSEN Alvin H. Hansen (1887-1975) nasceu em Viborg, Dakota do Sul, onde passou os primeirosanos de sua vida escolar em uma casa-escola com uma tinica sala de aula. Cursou 0 ensino médio na Sioux Falls Academy ¢, em seguida, matriculou-se no Yankton College, onde e formou em 1910, Recebeu seu Ph.D. na Universidade de Wisconsin, em 1918, ¢ de l foi lecionar na Brown Uni- versity ¢ na Universidade de Minnesota. Em Minnesota, publicou Business cycle theory (1972), um livro que Ihe concedeu reputaczo como um dos principais estudiosos da macrotconomia, Em 1937, um ano ap6sa publicagio de The genenal theory de Keynes, Hansen entrou para Universidade de Harvard. Anteriormente, ee apontara um erro no Treatise on money de Keynes, « sua reagao inicial a The general cheory foi menos entusiasmada. Estudando profundamente 0 sistema de idéias de Keynes, Hansen logo mudou de opiniao, Por varios anos, cle € seus alunos de Harvard tomaram a obra de Keynes ¢ suas implicagSes politicas a énfase eenval do Fiscal Policy Seminar (Seminario sobre Politica Fiscal). Muitos daqueles que assistiram a csse seminé- rio tornaram-se mais tarde importantes colaboradores da economia ¢ da politica publica. Se- gundo Richard Musgrave, um dos que participaram do seminério: seminério causou um grande impacto sobre o futuro desenvolvimento da macroeconomia « €x politica pablica dos Estados Unidos. Os novos citéros da ciéncia evonémica € ‘0 da economia decadente combinaram-se para dar um sentido de importincia a esse izadas de forma correca, pro- ‘empreendimento. As novas ferramentas etavam & mao e, se porcionariam uma solugio ao grande problema do desemprego ‘Além de Musgrave, 05 alunos de Hansen inclufam importantes economistas, como Eisey Do- mar, John Dunlop, Walter Salant, Paul Samuelson, Paul Sweezy, James Tobin ¢ Henry Wallich. ‘Em 1941, Hansen publicou Fiscal policy and business cycles, que apoiavaa andlise de Keynes sobre 0s problemas da macrozconomia na década de 30 e endossava as politicas ativas conti- nuas do governo para estabilizar a economia. Hansen, notado por sua sempre presente viseira verde, por varias vezes testemunhara, perante os comités do Congresso, suas opinides politicas € 0s principios keynesianos. Devido a sua forte defesa da intervengao do governo para promo- ver 0 nivel de emprego, as pessoas o chamavam de “o Keynes americano”. Mas, segundo Paul Samuelson: Hansen foi muito mais que o Keynes american, endo um importante criador por sus pro- Pris mértos. (.) Quando um estudante utiliza hoje aconhecida fSrmula C+ + Gda deter- minagio de renda,estésimplesmente aplicando uma versio diluida daquilo que Hansen esta- va criando no final da década de 30 ¢ 0 que alguns de nés em seu circulo formalizamos ¢ acondicionamos para uso educacional. 2 Richard A. Musgrave. Caring forthe real problems. Quarterly Journal of Eonomics,n. 90, p. 5, fevercito 1976 Para obter mais informagies a espeto do Seminirio sobre Polica Fiscal de Hansen, consulte Walter §, Salant. Alvin Hansen and the Fiscal Policy Seminar. Quarterly journal of Economic, 0. 90, p. 14-23, feve- teiro 1976. 3. Paul A. Samuelson. Alvin Hansen asa creative economic theorist. Quarterly Journal of Economies n. 90. p. 25, 3, fevercto de 1976. | HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO. A influéncia de Hansen foi internacional, Dez de seus livros foram publicados em um ou mais idiomas, cotalizando 29 tradugbes'. Um deles, A guide to Keynes, rornou-se conhecido por milhares de estudantes universitérios que o uilizaram em sua batalha para compreender as segies mais obscuras de The general theory de Keynes. A sintese Hicks-Hansen ‘Um ano apés a publicagio de The general theory, John R. Hicks (Capiculo 18) publicow um importante artigo: Mr. Keynes and the classics: A suggested interpretation. Hicks afirmou que a teoria de Keynes sobre a taxa de juros — e, conseqiientemente, sua teoria sobre 0 equilfbrio da renda — era indeterminada. Se consultarmos novamente a Figura 21-3, no capfculo ante- rior, lembraremos que Keynes considerava a taxa de juros como sendo determinada pela prefe- réncia pela liquidez (a demanda por moeda) e a oferta de moeda. Quando a taxa de juros do mercado € determinada, 0 nivel de investimento torna-se conhecido (Figura 21-2). Juntamente com 0s gasos de consumo, o investimento decermina os gastos agregados e, portanto, o nivel da renda nacional e a producao doméstica. Mas, Hicks observou corretamente que a preferén- cia pela liquidez de Keynes depende de nivel da renda nacional, A niveis de renda mais altos, 4s pessoas descjam guardar mais dinheico para comprar 0 maior volume de bens e servigos dis- ponivel: elas tém uma maior demanda por moeda. O nivel de renda, entio, depende da taxa de juros (por meio de investimentos), masa taxa de juros depende do nivel de renda (por meio de preferéncia por liquidez)! Hicks sugeris uma mancira de resolver essa indeterminacio e, fazendo isso, desenvolveu tum modelo econémico unificado que sintetizou as perspectivas keynesiana e neocléssica Hansen aperfeicoou oartigo de Hicks em sua Monetary theory and fiscal policy (1949) eno Capi- tulo7 de A guide o Keynes. Hoje, relerimo-nosa sintese Hicks-Hansen como o modelo IS-LM. IS simboliza a igualdade entre investimento (J) € poupanca (S) depois de feitos os ajustes do multiplicador; LM representa a igualdade entre a demanda por moeda (L) ea oferta de moeda (W). Todos os valores no modelo IS-LM sfo em termos reais, nao nominais. A curva IS. A.curva IS representa todas as combinagées de taxas de juros e niveis de renda em {que os investimentos planejados se igualam &s poupangas planejadas. Se definida de outra for- ma, curva representa pontos possiveis de equilfbrio no mercado de bens (diferente de mercado monetdrio). A curva IS estd representada na Figura 22-1. Para demonstrar a derivacao, comeca~ remos como gréfico (a) ca figura e continuaremosem sentido horério para (b); (c)¢ (d). O gré- fico (a) mostra a curva da demanda de investimento de uma economia hipotética, indicando a relagao inversa entre a taxa de juros () ¢ 0 otal de despesas de investimento (/). Lembre-se de quea localizagio dessa curva depende da eficincia marginal do capital. Imagine que a taxa de juros sea. Entdo, como vemos em aj, na curva, o nivel de investimento serd /. No grafico (b), que se encontra diretamente acima da curva da demanda de investimento, a linha de 45° nos permite medir os gastos com investimento horizontal e verticalmente. Estendendo a linha para cima de Ano gréfico (a) para 0 ponto By na linhade 45*cm (b), transferimos 0 /, de inves- timento dos eixos horizontais do grifico (a) para os eixos verticais em (b). Poupanca Investimento Taxa de Juros (0) Taxa de Juros (6) Investimento @ Figura 22-1 Derivacdio da curva Is ‘Acura 1S (d) mostra todas as combinagées de taras de juros erenda em que a poupangs se igual: 20s inves- ‘mento. Ha éderivads da fungio da demanda de investimento (3), de uma linha de 45° (b) edi Fungo de poupansa (6). O grafico (c) mostra a funsao de poupanga de Keynes. A medida que (¥) aumenta, 0 ni- vel de poupanga (S) cumenta em uma fracio. Essa fragdo é a inclinagio da fungao de poupan- 662 € representa a propensio marginal a poupar de Keynes. Um possivel nivel de equilibrio de renda ocorreré em C,na Fungao de poupanga, porque nesse ponto /, de investimento é equiva- lente a.um total de poupanga S,. Descendo uma linha vertical para baixo do ponto G; da fun- ao de poupanga até o eixo horizontal do grifico (c), descobrimos que a renda é ¥; Estenden- do a linha para baixo, em diregao ao gréfico (d), estabelecemos 0 ponto D,. A uma taxa de juros de iy, o nivel de renda consistente com 0 equilfbrio nos mercados de bens € ¥,. Selecionando outras taxas de juros no grafico (a) ¢ seguindo o mesmo procedimento, sao identificadas outras combinagées de taxas de juros ¢ renda em que o investimento igual & poupanga serd determi- nado. A uma taxa de juros de is, por exemplo, os investimentos ¢ a renda sfo maiores que em 1, Nosso procedimento, portanto, estabelece o ponto D; no grifico (d). Ligando todos os pon- 10s, como D, ¢ D, teremos a curva JS. Nenhum nivel de renda é determinado nesse caso. De- pendendo da taxa de juros, 2 renda pode estar a qualquer nivel representado pela curva JS. fel HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO. A curva LM. A curva LM (Figura 22-2) mostra possiveis pontos de equilibrio no mercado monetdrio; ela indica todas as combinagées entre taxas de juros € niveis de renda em que a moe- dda ofertada ea moeda demandada sto iguais. A técnica geral para a derivagio dessa curvaé seme- thante aquela utilizada para a curva /S. Comegamos com o grafico (a), que mostra a taxa de ju- ras (i) para o coral de moeda que as pessoas querem guardar para fins especulativos (L). E-esse elemento da demanda total por moeda que dé & curva de preferéncia pela liquidez de Keynes sua inclinagio decrescente, Com taxas de juros baixas, as pesioas manterio maior volume de ‘moda em caixa para fins especulztivos e poucostiulos, porque o auumento esperado na taxa de juros fari com 0 que preco dos titules caia. Esse aumento criariaperda de capital para aqueles que mantém os titulos. Por outro lado, com altas raxas de juros, as pessoas economizario a0 rmanter seus saldos de caixa, porque o custo de oporcunidade € considersdo muito grande. Se- lecionamos uma taxa de juros especifica, por exemplo i; no grafico (a), e observamos que as pes soas desejario manter J, para fins especulativos. gréfico (b) mostra a oferta total de moeda. Os aumentos na oferta de moeda seriam :mostrados como movimentos paralelos éa linha. No equilibrio, a quantidade de moeda ofere- cida (M) deve ser igual a0 total de moeda demandada (L). A demanda por moeda consiste na moeda desejada para fins especulatives (L.), que nesse caso determinamos como L,, € n0 total ‘que as pessoas desejam para comprar bers e servigos (L.). Estendendo uma linha para cima, de o © Demanda por Transagao Demanda Especulativa Taxa de Juros (4) Taxa de Juros 0) Demanda Especulativa @ Figura 22-2 Derivacio da curva LM A.curva LM (4) mostra todas as combinagGes de taxas de juros e rend: em quea demanda por moeda se gua | A fers de meeda. Ela € derivada da demanda especulaiva por moeda (a) da ofeta de moeda (b) e da demands nor transacso de moeda fe) A Escola Keynesiana — Desenvolvimentos desde Keynes Aya By observamos que o total de moeda necesséria para fins de transagao € Ly (M menos L.,). Esses saldos de transasio suportario a renda nacional de ¥;, como mostrado por C, no grifico (©). Em seguida, descemos uma linha vertical de C, e estendemos uma linha horizontal a partir de A, para ober 0 ponto D, no grifico (d). Esse ponto — assim como ocorce para todos os pon- tosda curva [M— representa 6 equilibrio porencial entie oferta ¢ demanda no mercado mone- tdrio, Se a taxa de juros for j, 0 nivel de renda nacional necessério para 0 equilfbrio no merca~ do monetirio seré ¥,. Outros pontos, como Ds, sio similarmente derivados, ¢ 0 lugar geométrico desses pontos constitui a curva LM. equiltbrio IS-LM. A Figura 22-3 combina as curvas IS ¢ Li. A taxa de juros de equilibsio € o nivel de renda sio iy € ¥). Esses sio 05 tnicos nfveis em que o mercado de bens ¢ 0 merca~ do monetirioficam simultaneamente em equilibrio; ao os Gnicos niveis em que S = Te L = M. Hansen © outros demonstraram que é fécil adicionar gestos ¢ taxagées do governo ao modelo IS-LM e usié-lo paraanalisar os efeitos de politicas fiscais e monetériasalrernativaca taxa dejuros ¢8 renda. Os gsstos do governo sfo adicionados ao nivel de gastos com investimentos, as taxas so adicionadas ao nivel de poupansa. O modelo prods vérias conclusées interessun- tes, mas liseamos apenas duuas delas aqui A politica fcal desloca a curva IS, Isso ocorte porque as mudangas nas despesas alteram 0 nivel de receita a cada taxa de juros. Por exemplo, um aumento nas despesas do governo deslo- caa curva IS para a direta, provocando um aumento na taxa de juros e no nivel de renda’. No entanto, o tamanho do multiplicador serd menor no caso simples de Keynes, porque o aumen- to na renda elevard o total de moeda necesséria para as cransacbes. Isso se traduz em um aumento na demanda por moeda ¢ uma taxa de juros mais alta, que nfo impede uma parte do gasto com investimento que de outra forma teria ocotrido. A eficiéncia da politica fiscal depen- derd da elasticidade da curva LM. Se ela for atamente elistca, um deslocamento da curva IS para a dircita elevard a renda sem provocar um aumento substancial na taxa de juros. ‘Taxa de Juros 6) Figura 22-3 Equillorio enw juros e renda © equiltio entrea taxa de juros €0 nivel de renda ¢ dererminado onde ecorte intend das cutvas IS IM. Besa 6 Gnica combinsso ente juros erenda em que hum equilbrio tanto no mercado de bers quan- to no mercado monet. 5. Um aumente nos gastos do governo pode ser mostrado, deserhando-ce uma linha paralela acima da linha dde 45e da Figura 22-1(b), com a distinca vertical entre a nova linha a linha de 45° sendo o nivel de gastos do governo, a] HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO. A politica monetdria desloca a curva LM. Por exemplo, um aumento na oferta de moeda, mos- trado.como um deslocamento para fora de M no gréfico (b) da Figura 22-2, deslocaré a curva LM dda Figura 22-3 paraa direita. A eficiéncia do aumento na oferta de moeda no aumento da reada dependeré (1) da extensio da queda da taxa de jurose (2) da elasticidade da demanda por i timento. Se a demanda por investimento é altamente elistica, a curva IS também tenderd a ser clistica, ¢ uma queda na taxa de juros causard pouco efeco sobre os investimentos ea renda. Tese sobre estagnasao Hansen comparilhou da preocupacéo de Keynes de que os gastos do governo seriam cada vex ‘mais inadequades para que a economia atingisse rod o seu porencial. Em Full recovery or suag- nation? (1938), ele argumentou que a capacidade produtiva da economia aumenta quando se adiciona capital e com o uso de ecnologia mais avancada. Para que a rendae a produgio aumen- tem no mesmo ritmo, novos gastos com investimentos devem ocorrer; caso contrério, a pou- panga planejada — que é uma funcdo da renda — excederé o investimento planejado, fazendo ‘com que o nivel de produgio real da economia caia auum nivel abaixo do seu potencial. De acor- do com Hansen, eraimprovavel que os gastos com investimento se expandissem suficientemen- te de um ano para 0 outro ao longo de décadas para manter a economia completamente ativa crescendo a um nivel saudével. O crescimento da populacéo, aparentemente, no mantinha mais o nivel anterior, o ritmo de estabelecimento de novas dreas tinha diminuido consideravel- ‘mente, 0 avango tecnolégico ocortia com grande vigor € novos grandes mercados, como os das esttadas de ferro € dos automéveis, nao apareciam em cena. Conseqiientemente, quantias cada ver maiores de investimento pareciam menos provaveis. No entanto, é importante reconhecer que Hansen nao era um pessimista como Malthus. Hansen acredirava que o governo poderia superar a tendéncia de estagnacao secular através de _finangas compensatorias. Em outras palavras, aumentando suas despesas, o governo poderia com- pensar a inadequagao de investimentos ¢ preencher 0 espago entre a demanda do setor privado ¢.a produséo em potencial (renda). A preocupasao de Hansen acerca da estagnagio secular, assim como ade Keynes, parece ter sido infundada. Os Estados Unidos passaram por um fortecrescimento cconéimico mas décadas que se seguiram & expressio dessa tese, Em defesa de Hansen, podemos observar que 0s gastos do gover- no atunentaram como uma porcentagem do PIB durante essis décadas. Se a taxa de crescimento do PIB seria tio alta sem esse crescimento relativo da demanda é assunto de muita discussio. PAUL A. SAMUELSON Quando, em 1970, Paul A. Samuelson (1915-) foi anunciado como o primeito economista americano a receber 0 Prémio Nobel, poucos ficaram surpresos com a escolha. Ele é um dos ‘mais conhecidos economistas ameticanos, tanto por seus companheiros de profissio quanto pe- lo publico em geral. Nao apenas ele ¢ reconhecido por intimeros profissionais na érea, mas tam- bém seu livro, Ezonomics, € conhecido por milhées de estudantes das faculdades de economia. Samuelson nasceu em Chicago, filho de imigrantes poloneses. Seu pai era farmactutico. sulou-se no ‘Apés se formar em admini rasio na Universidade de Chicago, Samuelson ma A Escola Keynesiana ~ Desenvolvimentos desde Keynes Fy E> O Passado como Preamb ) ABBA LERNER E O “VOLANTE KEYNESIANO” Imediatamente apés Keynes ter publicado The _general theory, ex 1936, Abba P. Lerner (1903- 1982), entio na London School of Economics, reconheceu sua importinciae, a parti dai, voltou ‘sua. atengio d exploragio. & ampliagio da macroe- conomia keynesiana, Ele saiu de Londres para os Estados Unidos em 1939 e publicou varios artigos ¢ livios enquanto passava de uma universidade para outa incluindo Cokimbiz, Michigan State ea Universidade de California-Berkeley. Leier dizia que a economia é como um automével sem volante, descendo por uma estra- da ampl com um meio-fio em cada lado. O cat to bateria no meio-fo ¢, nto, mudavia para o lado oposto da estrada, onde atingiria 0 outro eio-fio, que, por sua vet, mandaria 0 carro novamente para o outro lado, Para evitar osciclos ccondmicos — isto é, para manter a economia cm um curso mais extével —a sociedade precisa equipar 0 carro com um volante. Em The econ rics of control (1944) ¢ The economics of employ- ment (1951), Lerner estabelecev os instrumentos fiscais e monetérios bésicos para contrelar a ec0- ‘omia durante os periods extremos de depressio « inflagio de demanda. De acordo com Lerner, © governo deveria seguir trés leis de financas funcionais’. + Ajnstar os gastos do governa a taxagao de modo (que a demande agregada na eonemia fos sufcien- te apenas pare comprar o nivel de empregoda produ 0a preys correntes. A obediéncia a.essa lei garan- to emprego ¢ a esubilidade dos pregos. Como o objetivo €equilbrara economia, nio oorgamen- 10, 0 governo nao precisa se preocupar sess poll- ica produe défcits ou excedentes. Os impostos ‘nunca deveriam ser cobrados, pelo simples motivo de que 0s gastos do governo excedem as receitas com impostos, ou reduzidos, porque as receits com Jmpostos excedem os gastos do governo. 4. Como resumido por Tibor Scirovsky, Lerner’ con- tributions to economics. Jourual of Economic Liter ture, 9. 22, p. 1559-1560, dexembro de 1984. + Fazer empritinos ow pagar a divida nacional somente x for desjdoe alter a taxa de juros. Pegae dinheiro do piblico redux a oferts de moeda, enquanto pagar a divida nacional — comprando obrigagées do Tesouro — a aumenta. Esas agbes deveriam ser tomadas somente quando fosse necessiio alterar a taxa de juros ¢ influenciar os invesimentos privados ¢o8 gastos de credidrio dos consuidores. Imprimir moeda pode superar os déficts dos orcamentos financeitos destinados a ceombater os gastos privados iradequados. Osexce- dentes orcamentérios ciados pels pottcas fscais ce destinados areduzira inflagio deveriam ser man- tidos pelo governo, em ver deutilizados para reem- bolsara divida * Colecar om circulagao ox trar de circulago o total de moeda neceséro para acomadar as poiicas assi- smidasa fim de advtar as das pricing leis Sipl- fcando, ogoverno deve usar a politica monetiria de formacoordenadacom a politica fscala fim deatin- sr suas metas macroeconbmicas. [As leis de Lerner para as finangas funcionais foram além das politicas defendidas por Keynes cin The general theory. De favo, Keynes inicialmen- teopunha-se a algumas partes da linha de racioci- nip de Lemer, Sobre sso, Lemer escreveu: Em uma palstra no Fedral Reserve, em ‘ashingron, cm 1944, [Keynes] demons cron prencupago com fo de que have- fia “excaso de poupanga’ apis a guerra. Quando demonstrd que 0. governo faunenunde ses gatos ou edusindo os immposto) poder sempre proves gastos sufientes, incorendo em deficits para aurmente 3 ends, cle inicalmente,alegou aque iso cara apenas “mais poupanga™ ¢. depois, considerou uma “bobagent a minha sugesto de que os dficits necess- fios part provocar os gastos suficientes podetiam sr sempre financials aumen- tanéose a divide naionl, Devo aces centar aqui que Evey Demat, 0 meu lx do, sussiroa: “Ele deve lee The genral Biblioteca Regional . CUR/UFMT LUSTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO theary"« que wm ints depois Keynes rt ticas keynesianas nos livros escolares foram, em rou sua dertinca®) muitos casos, as intexprecagées de Lerner sobre as politcas de Keynes, (..)” Segundo a afirmagio de Colander, “o que, eventualmente, tomnou-s¢ conhecido como as poli- b. LERNER. Ahba. Keynesinism: Alive, if not soc. COLANDER, David C. Was Keynes a Keynesian well, Fiscal esponsiblitis in a constitutional demo- ora Lernetian? Journal of Economic Literature, n. 22, «racy, Ed. James Buchanan e Richard Wagner. Boston: _p. 1573, dezembro de 1984. Martinus Nijhoff, 1978. . 67. Em Harvard, Samuelson acompanhou o inicio da revolugio keynesiana; Alvin Hansen foi um de seus professores. Jé considerado um brilhance aluno em matemética, Samuelson decidiu aplicé-la & teoria econdmica, descria a ele como “um estébulo augisno cheio de contradigdes, sobreposigées ¢ falicias herdidas”. O resultado de seus primeiros esforgos foi sua tese de dou- torado, The foundations of economic analysis, publicada como liveo em 1947. Nesse trabalho, quelhe granjeou aclamacio scadémica, ele utilizou a matemstica para estabelecer e comprover 48 principais proposig6es na econom ‘Apés receber seu doutorado, Samuelson comeyoua procurar uma universidade onde pudes- s¢lecionar ¢ continuar sua pesquisa. Surpreendendo a todos aqueles que conheciam o jovem estu- dante, Harvard nao lhe ofereceu um cargo, embora ee tivesse publicado 11 artigos enquanto ain- da extudava, Sem desanimar, Samuelson assumiu um cargo no vizinho Massachusetts Institute of Technology. O MIT sempre tivera uma grande reputagao pela exceléncia cientifica ¢ engenha- ria, mas nao tinha reputagéo paralela em economia. Samuelson logo mudou isso! Em 1948, Samuelson publicou seu primeiro texto introdutério econdmico, Ezonamics, que provou ser tao inovador no ensino da micro e da macroeconomia elementar quanto Foun- dations havia sido 20 formular as proposigées da teoria econémica. Desde sua primeira impres- so (uma versio em co-auroria estava em sua 16+ edigio em 1998), milhoes de estudantes em todo o mundo tém aprendido os principios da economia com ele. Embora no seja mais o prin- cipal livro na érea, todos 0s outros que o superaram em popularidade ainda aplicam a ordem basica de apresentacao estabelecida pela primeira vez por Samuelson. Samuelson tem publicado intimeros artigos nas mais prestigiosas revista especializadas em conomia. Muitos desses artigos sio altamente mateméticos ¢ muitos interessam principalmen- tc aos especialstas da drca. Samuelson no & um empirista; na realidad, ele se diz um generz- lista interessado em expandira tcoria em ver de testé-a. E dificil enquadrar Samuelson em uma escola econémica expecifica. Fle poderia simples- mente ter sido inserido no capitulo sobre economia matemitica ou naquele sobre economia do bem-estar. Seus artigos abrangem diversos tépicos como, por exemplo, comportamento do consumidor, programagio linear, capital ¢ crescimento, metodologia econdmica, histéria de teoria econémica, economia do bem-estar,teoria das despesas piblicas, determinagao da ren- da nacional politicas fiscal e monetéria. Seus artigos reunidos foram reimpressos em cinco grandes volumes. A Escola Keynesiana — Desenvelvimentos desde Keynes Fy Ainterago muttiplicador-acelerador Em 1939, Samuelson publicou dois estudos em que identificava e explorava a interagio entre (05 principios do multiplicador e acelerador. Essa interagao tomou-se um dos fundamentos da teoria modema do ciclo econémico. Nenhuma das ideias isoladas era nova. Vimos no capitulo anterior que Kahn desenvolveu a nogio de mulkiplicador e que Keynes a utilizou como uma caracceristica central desua teoria. John Maurice Clark (1884-1963), filo de John Bates Clark, discutiu 0 prineipio da aceleragdo no comeco do ano de 1917*, Ele argumentou que as instabi- lidades na produsio ¢ nos pregos de bens de capital sio muito maiores do que aquelas para 0s bens de consumo que elas produzissem. Mesmo quea demanda por bens de consumo continue a crescer, uma alteracao no nivel de crescimento rerornard com forga ou aceleracio 20 setor de bens de capital. Lima incerrupgio no crescimento dademanda por bens finaisleva, assim, a uma diminuigio da demanda por bens de capital. Hansen tinha consciéncia de que havia uma interacdo entre os dois principios e sugeriu a Samuelson que ele utilizasse sua habilidade matemitica para explorara idéia. Utilizando equa- aes de diferenga, Samuelson demonstrou que as mudangas na renda (consumo) dependerao do tamanho da propensio marginal a consumir e do tamanho do coeficiente acelerador. O pri- meiro derermina o mukiplicador, o timo representa a mudanga nos gastos com investimen- tos introduzida por uma alterago no nivel de crescimento da renda. Samuelson mostrou que, dependendo dos valores do multiplicador e do acelerador ¢ se um aumento dos investimentos € continuo ou ndo, um aumento aurénomo inicial nos investimentos poderia produzir uma grande variedade de resultados, desde um aumento nao-duradouro ra renda, até um nivel de renda cada vez maior. A Algebra simples da determinacao de renda Grande parte da algebra da determinagao de renda encontrada nos manuais de macroeconomia otiginou-se com Samuelson (lembre-se de que o diagrama cruzado de Keynes também foi uma invengio de Samuelson). A fim de ilustrar a esséncia da abordagem de Samuelson, vamos comesar com a identida- de bisica keynesiana: ¥=C+1+G+X-M 2-1) fem que Y representa a renda, Co consumo, 0s investimentos, G os gastor do governo, Xa exportagio eM a importacio. Os gastos com consumo, as receitas dos impostos, os gastos com investimentos (causados peo principio de aceleraco) eas imporracées, tudo isso aumenta a medida que a renda cresce. As razbes de seu aumento no crescimento da renda sio a propensio marginal a consumis, a pro- pensio marginal 4 taxacio, a propensio marginal a investire a propensio marginal 2 importa. As despesas do governoe o nivel de exportagio, por outro lado, sio considerados auiéinomo: — isto 6, sdo determinados independentemente do nivel de rend. 6. Joha M. Clark. Business acceleration and the law of demand. Journal of Political Economy, n.25, p. 217- 235, margo de 1917. Pode-se formular uma equagio para cada uma das variéveis independentes na identidade. A equigao mais complexa é aquela relacionada a C, que derivamos da seguinte maneira: C=a+6¥ (22-2) C=a+h¥-Dou (22-3) Caa+b¥-0T (22-4) TeTyo¥ (22-5) Caa+bY-KTy+1¥) ou (22-6) Caa+bY-bT)— bY (22-7) A Equagio 22-2 é a fungio do consumo, em que a representa 0 toral de gastos com consumo, {que independe do nivel de renda, 6 é propensio marginal a consumir, O consumo total antes da taxa, C é igual ao nivel aurnomo de consume mais 6 consumo relacionado ao nivel de en- da. O Gltimo é encontrado multiplicando-se ¥ pela propensio marginal « consumir (4). Mas, conforme demonstrado na Equasio 22-3, a rendaee, portanto, oconsumo serio diminufdos pe- los impostos (7). Na Equagio 22-5, vemos que os impostos incluem aqueles que precisamos pagar independentemente do nivel da renda (T) ¢ aqueles que aumentam a medida que a ren- da cresce (FY). A propensio marginal & raxagao € & Substituindo a Equagio 22-5 na 22-4, obte- mos a Equagio 22-6, Fazendo « multiplicago na Equasio 22-6 obremos a Equasio 22-7. As outras equagdes necessrias para se formular uma equagio de dererminagio de renda so as seguintes: Tate e¥ (22.8) ‘em que J, representa os investimentos que sao independentes da renda e z representa propen- ‘do marginal a investi. © termo z mostra a alteragio de investimento que ocorre quando a ren- da cresce. Fssa é 1 nogio de aceleragio, Outras equagées so: G=G, (22.9) X=X, (22-10) M=M,+¥ (22-11) em que Gu. Xe My sio niveis aurdnomos de gastos do govemo, gastos com exporiacio e gastos com importacio, respectivamente, e m & a propensio marginal a importar. Observe que os gas- tos torais com importacio denendem do nivel da renda. Substituindo cada equagio na identidade bisica (22-1) e, depois, manipulando 0s cermos, podemos derivar a seguinte equagio de determinagio de rendat 1 J (a= bT, + Ip + Gy + Xy— My) (22-12) 54 btem—= Essa equacio nio ¢ to complexa como parece a primeira vista. A renda total depende dos gastos agregados, que, por sua ver, consistem em duas partes: aquela que nio depende do ni- vel de renda e aquela que depende. Os gastos auténomos sio caprurados pelos termos que esto entre parénteses. Os dois termos negatives simplesmente subtraem itens (gastos com impostos ¢€ importagdes) que no contribuem diretamente com a demanda por bens produzidos interna- mente, Novamente, os itens que estéo entre parénteses representam os gastos auténomos totais nna economia. AA fragdo na Equacdo 22-12 ¢ o multiplicador complexo. Lembre-se de que o multiplica- dor simples era 1/MPS. Os termos no multiplicador complexo so os seguintes: s éa propen- séo marginal a poupar (I —)), bra propensio marginal a consumir multiplcada pela propensio marginal & taxagio, m ¢ a propensio marginal a importar ez éa propenséo marginal a investi. ‘Observe que todos os termos no denominador sao positivos, com excecao de z. Concluimos que © multiplicador seré menor quanto maiores forem a propensio marginal a poupat, a pro- pensto marginal & taxagao ¢ a propensio marginal 2 importar. © motivo € que 2 poupanga, os impostos e as importagbes sao perdas do fluxo da renda que ocorrem quando a renda aumen- ta, O muliplicador complexo seré maior quanto maior for a propensio marginal a investir, 2 ou quanto maior for o aumento no investimento resultante do crescimento da renda. Multi: plicando-sc 08 gastos liquidos auténomos pelo valor do mulkiplicador complexo, deter © cquilibrio de tenda total, ¥. Voe’ pode testar seu entendimento sobre 0 modelo aputando © impacto de vérias modificages nos termos da equagio sobre o valor de ‘A matemética de Samuelion sobre a determinacio da renda sjudou 2 escarecer as comple- xxidades do. sistema keynesiano. Outros economistas construiram modelos similares em que aumentaram 0 niimero de equagées einseriram valores etimados. Conforme indicamas no Capi- tulo 18, esses modelos economeétricos sio utilizados para prever mudancas na renda nacional A Algebra de Samudlson também demonstrou que os multiplicadores complexos so menores que aqueles bsseados unicamente na propensio marginal a poupar. Nos modelos eco- nométricos keynesianos atuais, por exemplo, o muliplicador dos gastos varia entre 2,2€ 2,7. ‘Acurva de Phillips Lembre-se de que Lerner havia identificado a possibilidade de in‘lacio prematura ou inflagéo {que ocorreria antes de a economia atingir “o pleno emprego”. Em 1958, A. W. Phillips, da Lon- don School of Economics, apresentou alguns dados mostrando a relacéo entre o desemprego € ‘o nivel de mudanga nas taxas salariais no Reino Unido durante os anos de 1861 a 1957. Sua representagiio grifica dos dades ficou conhecida como curva de Phillips. Em 1960, Samuelson «¢ Robert Solow delinearam graficamente o diagrama de Phillips para os Estados Unidos, a par- tir do qual puderam fazer uma estimativa aproximada da curva de Phillips envolvendo a eco- nomia em 1960 (Figura 22-4). Eles escreveram: fa HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO ‘Tudo iso € mostrado em nossa modificagdo do nivel de pregos da curva de Phillips [Figura 22-4]. O ponto 4, cortespondendo 3 estailidade de pregos, & considerado como eavolven- do aproximadamente 5,596 de deserprego, enquanco 0 ponto 8, correspondendo a 3% de dlesemprego, é visto como envolvendo um aumento de preges de aproximadamente 4,546 20 ano. (.) Nao entramos aqui na importante questio de quais reformas institucionsis pode riam ser introduzidas para reduzir 0 grau de desarmonia entre o pleno emprego e aestabili- dade de presos. Isso poderia envolver problemasamplos como, por exemplo, controles dire- tos de pregos ¢ salévis, legislasio anti-sindicalista e anvitruse ¢ vérias outras medidas

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