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SECCAO B / OFICINA1 Expressao e manifestacao de emocées"® Objetivo Reconhecer as dificuldades que existe para expressar de- terminadas emocdes devido a forma como fornos socializa- dos/as e anelisar os custos dessa socializacao para a nossa satide mental. Contribuir para a reflexSo pessoal, através da anélise da expressiio de emogdes, bem como pensar sobre como aprendemos a reprimincontrolar ou a exagerar as emogées. Materiais necessarios + Flipchart + Post-it + Fita-cole + Marcadores + Texto de apoio “O Outro Eu Tempo recomendado 1h Notas para planeamento: E importante que a equipa de facilitagae tenha um controlo basico das suas préprias emo- ées para poder ajudar 0 grupo a refletir. Lembre-se que a forma como cada pessoa expressa suas emocées varia. No entanto, é importante observar algumas tendéncias que decorrem da socializagao masculina. € fre- auente que os homens jovens escondam o medo, tristeza ¢ até ternura, Uma pessoa que nao conhece as suas emocées nao s6 ndo pode expressé-las, como corre o risco de sor con- duzida por estas, € fundamental distinguir entre o “sentir” ¢ 0 “atuar" de forma a procurar formas de expresso que no causem danos aos/as outros/as. Por esta razdo, esta técnica é muito Util no trabalho de prevengao da violencia, £ importante ressaltar que o trabalho com as emogées exige que as reconhegamos, valori- zemos e as reapropriemos, aproveitando-as para enfrentar diversas situagées do dia a dia 13. Oficina adaptada de Instituto Promundo, Salus e Genero, Ecos, Institute Papal, World Education 2007], Programa H = Trax balhando cam homens jovens Rio de Janet: Promunda, 98 EQUIX_ MANUAL DE PROMOGAO DE IOUALDADE DE CENERO E DE MASCULINIDADES NAO VIOLENTAS (por exemplo, para tornar decisées acerca da sexuslidade, da paternidade e da prevencéo de violencia, do uso de dragas e do suicidio). E importante ainda considerar que, devido a socializaco masculina, existe a tendéncia de nao se olhar nos olhos de um outro homem, pois isso pode ser encarado como uma atitude de desafio ou de atracdo sexual, Este € 0 momento propicio para esclarecer que olhar nos olhos de outra pessoa é uma forma adicional de se expressar e de melhorar a comunicagao. Desenvolvimento: 1 Pedir a0 grupo que se sente em circulo ¢ leia o texto: *O outro eu" (ver texto de apoio}. Quando terminar a leitura, perguntar: + Oque é que vos chamou mais a atengao no texto? + Héalgo neste texto que seja parecido com a vossa vida? + Durante um minute reflitam sobre os aspetos, atitudes, emogdes que acreditam ter posto de lado, Porque é que acham que isso acontece? + Para que é que serviu deixar de lado estes aspetos e que dreas, atitudes e emo- ‘gées tiveram que desenvolver mais? Qual tem sido 0 custo desta perda? Perguntar ao grupo: qual é a vossa comida favorita? Deixar que varlos/as participantes respondam. Fazer o mesmo com a pergunta: qual é a comida que menos gosta? Explicar que assim como com a comida, hd preferéncias na forma de lidar com as emogées. Ha algumas que ternos mais presentes e manifestamos com maior facilida- de, assim como outres que nos custam gerir ou que chegamos até a evitar. Colocar no quadro as cinco emogées basicas e informar que estas serdo as emogdes a trabalhar nesta oficina: Medo Afeto Tristeza Raiva Alegria (MATRA) Explicar que 0 exercicio vai ser realizado individualmente da sequinte forma: Usando os cinco post-its que foram distribuldos a cade perticipante, cada um/a deve colocar: + ontimero um {I} na emogao que expressa con mais facilidade, + onGimero dois {2} na que expressa facilmente, mas ndo tanto quanto a primeira; + ontimero trés (3] na que é indiferente, ou seja, nao tern dificuldade nem facilida- de ern expressar; + ondmero quatro (4) na que tem um pouco de dificuldade er expressar e + ontmero cinco [5} na mais dificil de exoressar. OFICINAS _SECGAO B_MASCULINIDADES 6. Logo que concluido 0 exercicio individual, pedir que compartilher os seus resultados com o resto do grupo, Pedir que cada uma coloque os seus post-its no quad na zona correspondente ou nas folhas de fliochart para ajudar a visualizar os resultados 3-4-5 @ pedir aos/as participantes que dis- ponham os post-its de acordo com as classificagées, diante dos numeros, E muito finais, Por exemplo, escrever no quadro 1: importante que todos/as participem. Se o grupo for muito grande, formar subgrupos. 7. _ Em plenario, refletir sobre as semelhangas e diferencas encontradas dentro do grupo. ‘As emogées que enumeramos como le 2 s80 as que temos aprendemos a manifestar de uma forma exagerada; as de ntimero 4 e 5 so aquelas que aprendemos a diminuir a sua manifestagao; ¢ as ntimero 3 so as que ndo necessitamos nem diminuir nem exagerar, pois lidamos com elas de forma mais natural Perguntas para discussao: + Para que é que serve diminuir ou exagerar a manifestagao de certas emogdes? Como aprenderam a fazé-lo? Que custos tem tido para vocés? Como influi a MATRA nas rela~ ‘ges que estabelecem com as demais pessoas (namorados/as, familia, amigos/as, etc]? + Qualé@ funco das emagdes? Dar exemplos (por exernpplo, o medi ajudia-nos com situa ‘ges de perigo, a raiva ajuda-nosa defendermo-nos, etc) e pedirac grupo que dé exemplos + O que podemos fazer para expressar livremente nossas emogdes? Como podemos flexibilizar @ expresso do que sinto? Conclusao: As emogées podem ser vistas como uma forma de energia que nos permite perceber aquilo que nos oprime e nos causa danos internamente. Conseguir expressa-las sem causar danosa outrosias, ajuda-nos a crescer e a nos relacionarmos melhor com 0 mundo que nos rodeia. As diferentes emoges sao simplesmente o reflexo de necessidades afetivas ¢ o ideal é aprender a lider com todas elas & medida que vao surgindo na nossa vida Geralmente, desde que nascemos, sdo-nos incutidas algumas ideias como, por exemplo, a de que os meninos no devem medrosos ou que as meninas no devern demonstrat raiva, A satide emocional tem a ver com a flexibilizagao na forma de lidar com as emogbes, pois estas 580 recursos pare identificar ¢ expressar as nossas necessidades, E importante explicar que as emocées ndo S30 nem boas nem més, nem femininas nem masculinas, mas sim carac- teristicas humanas. E, também, que nao somos responsaveis por sentirmos determinades emogées, mas sim pelo que fazernos com o que sentimos. Em relagSo a raiva, é importante que © grupo reconhega a diferenga entre a violencia e a expresso direta e verbal da raiva. Encerrar a sesso corn @ pergunta: Descobriram alguma coisa nova sobre voces a partir deste atividade? 100 EQUI. MANUAL DE PROMOGAO DE IGUALDADE DE GENERO E DE MASCULINIDADES NAO VIOLENTAS TEXTO DE APOIO “O Outro Eu” Era um rapaz come os outros’ lia livros, fazia barulho quando comia, metia o dedo no nariz, ressonava quando dormia, Chamava-se Armando. Era corriqueiro, vulgar, em tudo, menos numa coisa: tinha um Outro Eu © seu Outro Eu tinha poesia no olnar, apaixonava-se por atrizes, mentia com cuidado e emocionava-se com 0 pér do sol. O rapaz preocupava-se muito com o seu Outro Eu, pois este fazia-o sentir-se incomodade quando estava com os amigos. Por outro lado, 0 Outro Eu era melancélico e, por isso, o Armando no podia ser to vulgar como era a sua vontade, Uma tarde, Armando chegou cansado do trabalho, tirou os sapatos, moveu lentamente 08 dedos dos pés ¢ ligou 0 radio, Estava a tocar Mozart, mas o rapaz adormeceu. Quando acordou, 0 Outro Eu chorava desconsolado. Num primeiro momento, o rapaz nao soube 0 que fazer, mas depois insultou conscientemente o seu Outro Eu. Este nao disse nada, mas na manha seguinte tinha-se suicidedo. Inicialmentea morte do Outro Eu foi um duro golpe para o pobre Armando, mas em seguida pensou que agora sim poderia ser completamente vulgar. Este pensamento reconfortou-o. Depois de cinco dias de luto, Armando saiu para a rua com 0 propésito de mostrar a sua nova ¢ completa vulgaridade. De longe, viu que se aproximavam os seus amigos. Isso en- cheu-o de felicidade e imediatamente comegou a rir. No entanto, quando passaram junto dele, os seus amigos nao notaram a sua presenga, Pior, o rapaz chegou a escutar o que co- mentavam: pobre Armando, e penser que parecia tao forte, tao saudavel. O rapaz parou de Tir. Comacou @ sentit-se como se se estivesse a afogar. Mas ndo pode sentir urna auténtica melancolia, porque o seu Outro Eu tinha- levado consigo. AdaptacSo do texto de Mario Benedetti OFICINAS_SECGAO B_MASCULINIDADES TOT

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