A crise de 1929, que teve como epicentro os Estados Unidos, demonstrou
o papel do poder público em apaziguar crises e rechaçar desigualdades,
abrigando moradores de rua e gerando empregos. Todavia, mesmo após décadas de avanços sociais e econômicos, o Brasil não conseguiu vencer suas desigualdades, e a combate de maneira errônea, como no caso da arquitetura hostil. Isso ocorre não só pelas mudanças nas relações sociais, mas também pela ineficiência estatal.
Com efeito, o filósofo polonês Zygmunt Bauman prega que a sociedade
vive tempos líquidos, ou seja, é caracterizada pela instabilidade e efemeridade das relações sociais. Logo, com o avanço do capitalismo e das tecnologias, os sujeitos se individualizaram, impondo seus desejos acima de qualquer bem coletivo. Com isso, a sociedade deixa de lado o senso comum, negligenciado atos agressivos e ineficientes contra as classes mais necessitadas, como é o caso das construções hostis.
Não fosse o suficiente, o filósofo contratualista Jean-Jacques Rousseau,
em sua obra “O Contrato Social”, preconiza que é dever do Estado garantir os direitos fundamentais e manter o bem-estar social. Todavia, é nítido que essa não é a realidade do poder público brasileira que, ao invés de investir em programas de assistência social e de geração de empregos, dá enfoque em segregar e afastar as pessoas em situação de rua, maquiando o problema. Portanto, é nítido que a ineficiência do Estado em garantir o bem-estar da sociedade está intrinsecamente ligado à adoção da arquitetura hostil.
Dado o exposto, é tempo do poder público agir para frear a segregação
social que ocorre por meio da urbanização hostil. Logo, cabe ao governo federal investir para retirar e dar assistência a pessoas em situação de rua. Isso será feito por meio do investimento em obras públicas, cujo destino será a construção de moradias populares para a população que necessita. Feito isso, mais empregos serão gerados e a população de rua diminuirá, corroborando com a extinção da arquitetura hostil, ação essa que fere todos princípios morais da sociedade contemporânea.