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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
LETA29 – LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
PROF. GABRIEL WIRZ LEITE
“A uma passante” (Charles Baudelaire)

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia. Brilho... e a noite depois! - Fugitiva


Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa, beldade
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa De um olhar que me fez nascer
Erguendo e balançando a barra alva da saia; segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na
Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina. eternidade?
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante, Longe daqui! tarde demais! nunca
A doçura que encanta e o prazer que talvez!
assassina.
Pois não sabes de mim, não sei que fim
levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o
adivinhaste!
2
“Crepúsculo vespertino” (Charles Baudelaire)
Através dos clarões que o vendaval
flagela
O Meretrício brilha ao longo das calçadas;
Qual formigueiro ele franqueia mil
entradas;
Por toda parte engendra uma invisível
trilha,
Assim como inimigo apronta uma
armadilha;
Pela cidade imunda e hostil se movimenta
Como um verme que ao Homem furta o
que o sustenta.

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