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José Murilo de Carvalho Liicia Maria Bastos Pereira das Neves forganizadores) Repensando o Brasil do Oitocentos: Cidadania, politica ¢ liberdade ‘Node aso sins" ceo esto beast arpatine dos ane 1920. Exe autor &partemene ‘caduido eadaeado pura o Sra E oe pina Faria Leopoldo Fess, fxm exerts a Buenos Ales, 5 sas brain, Posdpo 24. Ese dum bom exemplo do hamoc det ira, pons cts petrcoe tae Em a cont ds us, © namorado sins: “AL Alb Mew sae Sue oxen Des a boca o spree gue ston gue souhae™ 25, Tes dus peas taps sodas outs enlngeréade:O Rio Nee Gat, | Baws « Grape Mas nortan peceber que apenas alg lees 0 ‘ones so longo dis ners rapes; toro isn de sc. ocomas tendéncat eas quests do moment No Rio Ne tnt bisee& | 8 tent do tbo de scab devez com 0 Rio, gut et ace oIfero. es Gato, Races « Coapes € dpa ene agrestis cartavalcns pla wide oases seconds pla itr, rereonagem ur pose 9 pogo de 26, Ean scusso do automivel noe pines anos do selo KX € feta po Flos 2 Susckind, Chemstdgrapho dels hteratra, tac modesto no Bae Sto Palo, Compania cs Leas 1987. J Napa O Ro sascha, hs um conto cnr “mules da ls ¢ mu da bea O motors de princi 0 uma da euch clea do stor ‘el 0 Rio de ons ana se enconta pou stad. © problem pol de ‘gig do nso dando om Marcos Lats Beaty Orem waa O eer : eo cotdano do antordadepoliil no Rip de Jantin, 1907-1930, Reo de n. sie, Ronn, 1997. Os lugares pouco acess, por mci da pps expand do sutomSre ose | ‘oxrandoprsinos aszando tao a expan rtanaE posse pce: ‘eras peas como os paseo ose dino cada ee ma tants do ioral ction. Comey no Let, pss plo fin Ge Copacsban, amor mae de nde fsa um afimado bowel do pedo, 9 Mire Lone «chou ao Ueblon, Nac 61960, recor com a mous "ctr de bmi ne Bates i 220 Entre palcos e mtisicas: caminhos de cidadania no inicio da Reptiblica Martha Abreu* ‘Andrea Marzano** + rofesiors Asocads do Departamento de Hise da Universidade Federa ‘Rumiaense. Pegussdora do CNPs Perquiaora Principal do PonedEapes’ CNP Negi eeadanins novos oszonts” (200-2006 VCento de Eos 60 O00 (ceo * Proiestora do Deparment de Mitra da Unidad Feder do Exado do i 4s Jneeo Ua. (© debate sobre 0 exeticio da cidadania no inicio do perfodo repub cano parte, frequentemente, da citagio de um srecho da carta q? Acistdes Lobo, propagandista da Replblica, publicow no Dir Popular em 15 de novembro de 1889. Comentando a reasio dos pop laces a0 gop, 0 jornalstaafirmou que “o poro assistiu Aqulo best lizado, atnito, surpreso, sem conhecer © que sigificave. Muitos act dicavam sinceramente estar vendo uma pareda".! A idea do povo be Talizado influenciow historiadares de diferentes épocas, Rocha Pomb tna década de 10, enxergou tal bessializago na surpresd, na auséncia« luta em defesa da monarquia ¢ mesmo nas aclamagbes de rua « Exéreito, & Armada ¢ 20 Marechal Deodoro. No inicio da década + 40, José Maria Bello vera bestializagdo na surpresa, na indiferenga ©: falta de entusiasmo popular pelo novo regime. Leéncio Basbaum, 1 fim dos anos $0,cambém mencionaria a indiferenga da “massa heter ‘génea e pouco consistente das muas(..) preocupada com seus pequet nos problemas dios”? No fim da década de 80, José Murilo de Cervalho renovaria debate sobre a cidadania na Primeira Replica, remetendo, j& no tit lo de um livro que se torneria referéncia obvigatéria na hieraiogral brasileira, aos comentétios de Aristides Lobo sobre a atmosfera d ruas do Rio de Janeiro naquele fatidivo 15 de noverbro.) Entretant apesar da mencio evidente & expressio cunheds pelo jornalist, ea investiga 0 sentido especfico atribuido por Carvalho & supostabesti lizagio do pove. A partir da leitara do autos, somos levados a supor que 0 atiburo de bestializado & usado como mote para & andlise da recusa do exerch cio da cidadania por meio dos mecanismosinsttucionsis de partcipa- ‘Go politce, que teriam no voto sua expressio mais acabada. A presen- ga de uma legislagio eleitoralexeludente, somada ao escéndalo das fraudes, a violocia nas eleigbes ea0 alto indice de abstengSes entre 05 ‘que tinkam direito de voro, daria origem a uma ampla categoria de cidadios inativos na cidade do Rio de Janeiro. Ser eidado inativo, na acepcio de Carvalho, nlo signifcava Ser apético e indiferente a tudo. (Os moradores pobres da cidade teriam extabelecido uma espécie de cédigo moral que paucava os limites da agdo do Estado sobre suas vidas. Uma vez ulteapassados esses limites, a reagdo popular se faria sentis até por imvermédio da violéncia, expressa exemplarmente na Revolea da Vacina, que tumultuou o Rio de Janeico em 1904. Se, para Carvalho, a reeusa dos mecanismosinsttucionais de parti- cipacdo politica transformava o poo fluminense em uma eategoria de citadinos que ago eram cidadéos politicos no sentido pleno, isso no sigaificava que os habitances do Rio pudessem ser definios pea i cionalidade. Ao contréri, 2 opsdo popular pelo distanciamento da politica institucional sera resultante da percepsio de que a promessa republicana de extensio da cidadania, entendida como & pactcipagio 1 definisio det diretrizespoltieas do pas, era uma farsa (além de 0 ses, como se sabe, uma unanimidade). A partie dessa ideia, perebese que-a meneio & bestializaczo do povo — que talvex pudesse ser associa- a 8 iracionalidade — é mais uma provocasio, uma incitagio a pole- mica, do que uma constatacio do historiador, que afinal conclui que o fluminense nio era bestializado, era especto,bilontca, Entendendo, com razio, que «politica ndo era coise sri, fazia tibofe, trapasa, tal ‘como definida em revieta de ano de Arthue Azevedo om 18924 ‘A pritica generalizada do tribofe ea recusa do exerciio da cidada- nia estariam, para o autor, esteicamente relacionadas & presenca do estadania, & celagio com a politica nfo se daria mediante a organiza- fo de grupos de inzeresse ¢ os mecanismos formas de representasio, mas a partie de um contato dieto e pessoal com 2 maquina govern: ‘mental, por meio de solictacSes de beneficios, pedidos de favores ‘mpregot. Para Carvalho, o maior tibote dos bilontras da Republic talver fosse mesmo a busca do favorecimento pessoal O esptito ors: nizativo, base importante de exercicio da cdadania para o autor, pass: ria a0 largo da politica institucional, s6 se fazendo sentir em ocesid« festivas, associagbesrligosas e de ajuda miétua. © trabalho de Carvalho, marco inegivel dos estudos sobre Primeira Repiblica, rem sido alvo de controvérsas e ponderagbes, Pt razBes muito diferentes. Alguns, focalizando as reivindicagdes da pop! lagdo aos intendentes do Conselho Municipal, questionaram taneo idea do esvaziamento politico da cidade quanto a énfase excessiva r slheamenta do povo aos meeanismos formais de eepresentasdo polit ca Outros, com base em documentos semelhantes, mencionaram spropriagio de clementos do diseurso médico-sanitirio por populare ‘mostrando que alguns deles se empenharara em aprender alinguagem ‘os mecanismos mais favoréveis a0 dilogo com os representantes ¢ poder Recentemente, Gladys Sabina Ribeiro abriu um impoctan caminho de discussio 20 demonstrat, por meio da andlise dos process do Arquivo Geral ds Justca Federal ene 1889-1930, que os habita tes do pals “usaram a jusca desde o peiodo imperial pura larg dlizetose foram participes na configueasio do direto no ‘Outros historadores ainda questionaram «explicagio moral dac por Carvalho para a eclosio da Revolta da Vacina, preferindo enco ‘rar nas concepsBes populares de side e cura as mocivacbes cenere dos episddios que representam, para cle, o apice de reacio popular agio do Estado, Atrelando as atinudes dos popalares a ideis de resité cia, Carvalho acabaria ainda por bestializar, em wm novo sentido, populagso fluminense. Em vez de aprofundar a investigacao de su crengas, préicas ¢ visbes de mundo, o autor recosreria a ums mo: aberata pera explicar suas aches’ Incapaz de ais, o povo bestializay apenas reagia contra as iniciaivas do governo: uma “cidadania € negative” {Niko seria possvel nos limites deste artigo. aprofundar cada uma dessa discusses. Conrudo, & impostance ressaltar que Carvalho, nos ‘anos 90, continuo abrindo eaminhos para se pensar a questio da ci ania no Brasil, Apontou a predomindncia das andises sobre a partci- pagio eleitoral, a quase auséncia de estudos sobre o impacto da aco ‘stata sobre a vida doe cidados eo 210 aprofundamento da inves ‘g2¢do sobre a cultura politica populas.° Nesse sentido, 0 proprio autor reconhecen « permanéneia de uma concepcio estreta da cidadania politica. Para ele, seria necesicio valorizar, em novos estudos, @atua- io do Judicirio, o diceto de ser jurado e juiz de paz; a relagso da populacdo com o servigo militar e com a Guerra do Paraguaiy as pole ‘micas da imprensa politics, as organizacdes politica, para além dos partidos, as organizasdes civis que eventualmente se envolviam em Acbes poitcas € 08 manifests, as cepresentagbes e as cartasdirgidas 20 piblic e as autoridades "Em meio a estas novas possbilidades de anslise do exerccio da © por mau comporeamento, na década de 90. Apesar da partcipagio fem greves, chegou a se eapitio da Guarda Nacional, depois de promo- ‘sioem 1893, na defesa de Floriano Peixoto. Membeo de blocos de car- naval e cantor de cafés-concertos, na primeira década do sfculo XX, cchegou'a ser empresiio de um circo que trazia no nome um tema caro ao cantor e compositor: Citeo Brasil? ara os propésitos deste artigo, atencio especial sera dada a0 papel de compositor e cantor conteatado em 1902 pela Casi Edison.st Duda fw dos quo pros misicos admis pla gravador 0p miro que se autointirulava “erioulo”. ‘A partir da andlise de sua producio musical e pottic, publicada sgravada, tem sido possivel perceber 0 quanto, entre o fim do século XI 0 inicio do XX, as questdes da politica e da nasio eram discutides

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