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Ilmo. Sr.

Superintendente Municipal de Trânsito e Transportes

Eu, --------------------------, proprietário do veículo, PLACA: -----------, COR: --------------


MARCA: VW, MODELO: GOL 1.6, residente à ----------------------, carteira de identidade n.
-------------------- SSP-GO, vem, mui respeitosamente, perante V.Sª, em prazo hábil, interpor
RECURSO para solicitar a apreciação do(s) Auto(s) de Infração(ões) n. ------------------- ou
dos Extrato(s) da(s) Penalidade(s) Aplicada(s), anexos, requerendo o seu cancelamento, tendo
em vista a inobservância do disposto na Legislação de Trânsito vigente, ou pelas razões que
apresento a seguir:

1. O Recorrente recebeu notificação por infração de trânsito (Doc. em anexo na Defesa Prévia,
protocolo n°24362671), pelo qual estaria infringindo a Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997,
denominada Código de Trânsito Brasileiro, pois que, supostamente, teria avançado o sinal
vermelho (art. 208 da citada Lei) – Recebeu aos 09/08/04 a Notificação de Penalidade, o que
lhe impulsionou ingressar com o presente recurso.

2. Sabe-se, que o Respeitável Órgão de Trânsito, possui em seus arquivos, TODAS as


fotografias advindas de aparelhos eletrônicos devidamente equipados para flagrar infrações
cometidas no trânsito deste município, inclusive àquelas que possam invalidar os autos pela
ausência de qualquer caractere considerado imprescindível para a formalização destas
autuações de infrações. Por conhecer desta informação e do seu direito de ter acesso visual às
fotografias que ensejariam uma autuação que envolvesse veículo de sua propriedade, vem o
Recorrente, solicitar que sejam RE - ANALISADAS as fotografias que ensejariam a presente
notificação de autuação, posto que ficará evidente e cristalino os ERROS FORMAL E MATERIAL
DE TIPIFICAÇÃO DA NOTIFICAÇÃO.

3. Verifica-se no presente auto, que o horário da suposta infração foi às 13:59:00, existem
ainda, três ou quatro fotografias da mesma notificação de autuação nos registros do SMT;
após a re-análise daquelas registradas nos horários de 13:59:01, 13:59:02 e 13:59:03
perceber-se-á que o veículo encontrava-se PARADO, ESTACIONADO, IMÓVEL sobre a faixa de
pedestres. Tal informação pode ser constatada até mesmo sem re-analisar as fotografias, pois
a própria foto da notificação demonstra claramente a LUZ DE FREIOS do veículo acionada,
levando até mesmo, uma pessoa leiga, a concluir que O VEÍCULO FLAGRADO SE ENCONTRAVA
PARADO.

4. O CTB enquadra e tipifica devidamente as infrações de trânsito e traz em seu artigo 182,
VI, a tipificação correta para a infração flagrada pelo equipamento eletrônico 0029, aos
14/03/04 às 13:59:00, qual seja: “PARAR O VEÍCULO: .... VI-NO PASSEIO OU SOBRE FAIXA
DESTINADA A PEDESTRE, NAS ILHAS, REFÚGIOS,....: INFRAÇÃO LEVE; PENALIDADE MULTA”.

5. Poder-se-ia, ainda, enquadrar a suposta infração no art. 183: “PARAR O VEÍCULO SOBRE A
FAIXA DE PEDESTRES NA MUDANÇA DE SINAL LUMINOSO: INFRAÇÃO MÉDIA; PENALIDADE
MULTA”.

6. Para tanto, lógico e evidente, estar a Notificação de Autuação n° R993558 em discordância


com as formalidades exigidas pela legislação de trânsito, ensejando, portanto, em sua
anulação por erro FORMAL e MATERIAL e devido arquivamento;

7. De acordo com o artigo 281 do CTB temos: "Art. 281 A autoridade de trânsito, na esfera da
competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência
do auto de infração e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será
arquivado e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular; II
- se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação”. Analisando
o artigo transcrito, a penalidade só poderá ser aplicada se o Auto de Infração for consistente,
o que não ocorre com o Auto de Infração objeto da presente, pois a TIPIFICAÇÃO CONSTANTE
NA NOTIFICAÇÃO ESTÁ EQUIVOCADA, tornando-o dessa forma inconsistente e irregular.

8. Diante de tal circunstância, de que o Auto de Infração é o documento legal e inicial para se
aplicar as penalidades previstas no CTB, fazendo-se NECESSÁRIO O CORRETO
PREENCHIMENTO, com as precisas informações, para que não deixem qualquer tipo de dúvida,
e que, no caso em questão, EXISTE UM ERRO DE TIPIFICAÇÃO da suposta infração, e
invocando o § único do art. 281, venho requerer a V.Sª o cancelamento do Auto de Infração
supra citado, com a conseqüente não aplicação de penalidade específica, assim como a não
atribuição de pontos perdidos, referentes à infração objeto da presente.

OBS: TODOS DOCUMENTOS ABAIXO SOLICITADOS ENCONTRAM-SE ANEXADOS À DEFESA


PRÉVIA DE PROTOCOLO N°24362671, REQUERENDO DE PRONTO, SEJAM OS MESMOS
ANEXADOS AO PRESENTE.

Goiânia, ---------------------de 2004.

___________________________________________
Assinatura

Anexar fotocópias autenticadas ou levar os originais juntamente com as cópias, para que
sejam autenticados nas lojas de atendimentos, dos documentos abaixo relacionados: Carteira
de Identidade; Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo, ( CRLV); C.N.H.; Auto de
Infração ou notificação
Obs: Dar entrada em quaisquer Lojas de Atendimento da Prefeitura : Loja Serrinha: Av.
Laudelino Gomes Qd. 210 Lt.24/25 Setor Bela Vista. 524-1256. Loja Centro: Palácio das
Campinas (Pça Cívica): 524-2911/524-2910. Loja Campinas ( Pça Joaquim Lúcio). 524-1910.
Loja Cidade Jardim Av. Atílio Correia Lima N.º 785 Cidade Jardim. 524-2120. Loja Vila Nova –
6ª Avenida c/ Av. Independência Vila Nova. 524-2955

EXMO. SR. DIRETOR DA AGÊNCIA GOIANA DE TRANSPORTES E OBRAS.

Edison Montesano, brasileiro, casado, empresário, CPF n°689.366.568-72, por suas bastantes
procuradoras abaixo subscritas, com endereço profissional constante no rodapé deste petitório
– local onde recebem notificações, citações e intimações, vêm respeitosamente, apresentar
DEFESA PRÉVIA, de acordo com os fatos e fundamentos de direito que a seguir passam a
expor, contra notificação da autuação n° R862494:

1. -------------------é proprietário do automóvel GM, Celta prata, placa KEP 7748, (Doc. Cópia
do Certificado de Registro de Veículo).

2. O requerente recebeu Auto/Notificação de Infração de Trânsito nº R862494, postada em


06/11/2003, por "Transitar em velocidade superior a máxima permitida para o local, medida
por instrumento ou equipamento hábil em Rodovias, Vias de Trânsito Rápido e Vias Arteriais
quando a velocidade for superior a máxima em até 20%”, dita infração ocorrida na GO 060,
KM-10.7, sentido Goiânia-Trindade, Trindade - Goiás, no dia 29/08/2003 às 17:00:39.

3. O também Requerente, era quem conduzia o veículo descrito no item 01, acima, no
momento da citada infração.

4. Passemos à análise do descumprimento na lavratura do auto de infração:

a – A Resolução 001/98 do CONTRAN reza sobre os itens obrigatórios a constar nos autos,
assim como o próprio CTB, exigindo que a imagem do automóvel fotografada pelo
equipamento eletrônico identifique claramente o veículo, sem margem de dúvida, incluindo a
leitura de letras e números constantes em sua placa de identificação, pois no caso em apreço,
a imagem ampliada que objetiva demonstrar claramente a placa do veículo, não visualiza
sequer uma das letras ou números existentes na placa do provável veículo infrator. A simples
mudança de uma das letras pode causar a penalidade de um condutor qualquer, que na data e
horário da infração se quer imaginava estar no local onde fora supostamente flagrado.

b – Está claro e amplamente informado em todos os meios de comunicação que TODOS os


órgãos de trânsito devem se adequar à Legislação, enviando a Notificação de infração antes da
autuação e penalidade em si, a fim de que os condutores tenham a oportunidade de se
defenderem, nada mais justo que o Auto nº R862494 seja invalidado pelo órgão competente,
baseando-se principalmente na foto constante no referido auto, que não demonstrou
claramente as letras e números constantes na placa do veículo, conforme exige-se as
legislações de trânsito vigentes.

c – Ressalta-se ainda por relevante, a imprudência e descuidado do respeitável órgão em


emitir um auto de infração e penalidade 60 dias após a ocorrência da provável infração! Ora,
repete-se neste momento, os ditames do art. 281, P.U., II do CTB:

“Art. 281. A autoridade de transito, na esfera da competência estabelecida neste Código e


dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade
cabível.
Parágrafo Único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:
I.....
II – se, no PRAZO MÁXIMO DE TRINTA DIAS, não for EXPEDIDA a notificação da autuação.” –
grifo nosso.

Ante o exposto, REQUER:

a) Que a presente defesa seja encaminhada ao Diretor (a) competente para o julgamento;

Que seja julgado inconsistente o auto de infração, diante de tal circunstância, de que o
Auto de Infração é o documento legal e inicial para se aplicar as penalidades previstas no CTB,
fazendo-se necessário o correto preenchimento, com as precisas informações, para que não
deixem qualquer tipo de dúvida, invalidando-o em função da irregularidade da autuação,
conforme demonstrado acima.

N. Termos
P. E. Deferimento.

Goiânia, ---------------------------de 2003.


PARA
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA
AMC – AUTARQUIA MUNICIPAL DE TRANS. SERV.PUB.CID.DE FORTALEZA.
Av.Antônio Sales, 1740 – Sobreloja
FORTALEZA/CE.

AIT n°V032203015
Fiat/MAREA – Placas HVW3117
Excesso Velocidade
Multa R$127,69 – Venc 14/12/2004

RECURSO

JACIREMA LEDA MOREIRA, brasileira, advogada, residente à Rua Eng. Plácido Coelho Jr. N°89,
CEP 60.155-480, Fortaleza/CE, havendo recebido a notificação da lavratura do auto de
infração de trânsito em referência, vem, na forma da lei, oferecer RECURSO, expondo para
depois requerer, o seguinte:

1.- Através da autuação imputa-se a recorrente haver cometido infração de trânsito, sob a
seguinte descrição: “TRANSITAR EM VELOCIDADE SUPERIOR A MAXIMA PERMITIDA PARA O
LOCAL , MEDIDA, POR INSTRUMENTO OU EQUIPAMENTO HABIL EM RODOVIAS, VIAS DE
TRNSITO RÁPIDO E VIAS ARTERIAIS QUANDO A VELOCIDADE FOR SUPERIOR A MÁXIMA EM
ATÉ VINTE POR CENTO – GRVE”.

Consta do auto que a suposta conduta, anotada como infração, teria ocorrido no dia
26/08/2004, às 06:02 hs. na condução do veículo Fiat/MAREA – Placas HVW3117 ,na
Av.Santana Junior 2868, sendo base legal da autuação o art.218 da Lei 9.503/97.

Acontece que um outro auto de infração de n. AIT n° AIT n°V032198938 imputa idêntica
ocorrência no mesmo dia 26/08/2004, às 06:00 hs. na condução do mesmo veículo
Fiat/MAREA – Placas HVW3117 ,na Av.Rogaciano Leite n.296.
Como isto seria possível não esta explicado.

Registra-se, que para a velocidade permitida de 67km/h, o veiculo desenvolvia 74km/h.

Está indicado, ainda, no auto, que o instrumento eletrônico teria sido aferido em 31/03/2004,
ou seja, cinco meses antes.

Diz-se que o aparelho eletrônico indicado foi aferido, mas não indica por qual órgão e não se
faz especificação do prazo de validade dessa aferição.

2.- Esse tipo de infração não pode ser imputada pela simples referência, sem qualquer
identificação do agente que LAVROU a autuação, e, também sem explicitar as circunstâncias,
sem apontar testemunhas do fato e, até mesmo sem indicar precisamente SER O CONDUTOR
HOMEM OU MULHER, considerando que a autuada, sendo mulher, tem aparência que permite
facilmente essa constatação.

Essas explicitações são indispensáveis, até porque, pela estástica da fotografia, se tem
AUSÊNCIA ABSOLUTA DE QUALQUER SINAL DE IDENTIFICAÇÃO DO CONDUTOR, ESTANDO
VISÍVEL, APENAS A PARTE BAIXA DO VEÍCULO.

O CTB em seu art.280 estabelece requisitos de validade das autuações de trânsito, como se
vê:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração,
do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros elementos
julgados necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento
que comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do
cometimento da infração.
§ 1º. (VETADO)
§ 2º. A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da
autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações
químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado
pelo CONTRAN.
§ 3º. Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o fato à
autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do veículo, além dos
constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo seguinte.
§ 4º. O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser
servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de
trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.

Os grifos feitos ao texto do art.280 do CTB, acima transcrito, mostram falhas que transmitem
nulidade à autuação, porque inviabilizam a plena defesa do imputado.

De fato, não está DESCRITA no auto as circunstâncias em que se encontrava a via, de modo a
impedir que fosse parado o veículo e realizada a indentificação do condutor.

Também não consta a identificação da autoridade ou agente que testemunhou a ocorrência e


se fez o autuador.

Igualmente, falta o auto de infração ser instruído com a declaração da autoridade ou do


agente da autoridade de trânsito.

Do mesmo modo, não se tem instruindo a autuação o relato do fato à autoridade, já que não
existe flagrante.

Finalmente, falta instruir a autuação com a prova de o agente que fez a imputação ser
servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de
trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.

Sabidamente, por não atender a autuação aos requisitos legais imprescindíveis à defesa do
autuado e até por não revestir a forma prescrita em lei, será nula como ato jurídico, conforme
o art.166-IV, do novo C.Civil.
Trata-se, pois, de auto de infração nulo de pleno direito, inconsistente, irregular, cabendo à
autoridade julgadora, na forma do art.281 do CTB, determinar o seu arquivamento e
cancelamento do seu registro.

3.- Ainda, porem, que não fosse a autuação nula de pleno direito, tem-se a absoluta falta de
procedência da imputação.

A autuada NÃO ESTVA CONDUZINDO O VEÍCULO NAQUELA OCASIÃO, até porque não se trata
do veículo de seu uso exclusivo.

Também não pode a autuada afirmar quem seria o condutor, na ocasião, porque o seu veículo,
serve às necessidades da sua residência, como do seu escritório de advocacia, onde existem
outras pessoas habilitadas que, dele se utilizam.

O art.257 do CTB, estabelece:

Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao


embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres
impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.
§ 1º. Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as
penalidades de que trata este Código toda vez que houver responsabilidade solidária em
infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em
comum que lhes for atribuída.
§ 2º. Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia
regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do
veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características,
componentes,agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta for
exigida, e outras disposições que deva observar.
§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na
direção do veículo.

À toda evidência, impõe-se compreender que a tipicidade infracional do referido dispositivo


legal não pode ser imputada de forma objetiva ao proprietário do veículo, sem qualquer
esforço de identificação do condutor do veículo.

De fato, quem deve responder pela conduta infracional imputada é o condutor do veículo e,
não o proprietário deste.

E, não se diga que a questão se resolve pela opção do proprietário de revelar o nome desse
guiador, porque, evidentemente, pode acontecer, como no caso, que este não tenha como
saber quem estava conduzindo o veículo no momento da ocorrência.

Sendo assim, ainda que fosse legítimo impor ao proprietário fazer denúncia de fato que não
presenciou, que não teve conhecimento, seria imoral pretender que viesse a imputar autoria
da conduta desconhecida a determinada pessoa, quando, potencialmente, varias poderiam ser
a autora.

Na verdade, a imputada, como advogada e conhecendo o ordenamento jurídico, tanto cuida


para não violar proibição legal, ao dirigir, como, igualmente, não pode lançar sobre outras
pessoas imputações que não pode provar.

Desse modo, e como não se pode pretender prova de fato negativo, tem-se destituída de
qualquer validade jurídica a simples afirmativa de uma conduta, sem comprovação dela e, até
mesmo, sem o mínimo grau de precisão.

Cumpria, pois, à autoridade notificante fornecer prova da conduta e da autoria, no momento


da suposta infração.

Ofende aos direitos constitucionais do cidadão, atenta contra a razoabilidade que deve imperar
na aplicação da lei, que a autoridade de trânsito faça imputações infracionais, sem oferecer
qualquer elemento material da conduta imputada e da autoria.

Ocorre que o sistema jurídico não admite atribuição de responsabilidade infracional que não
esteja amparada em suficiente prova da autoria e materialidade.

É o que se depreende do preceito constitucional insculpido no art. 5º, XLV, da CF, de que
"nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perecimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido", que não se atém tão-só à
responsabilidade criminal, mas a todos os tipos de responsabilidade punitiva previstos em lei.

Portanto, a punição, seja criminal, administrativa, tributária, não pode atingir o não-infrator ,
seja porque alienou seu veículo e ainda não o transferiu, ou que o emprestou, ou que, por
qualquer motivo, não o estava dirigindo na ocasião..

4. A autuação padece de defeitos que se traduzem em nulidade absoluta, tanto por violação a
expressa norma legal, como desatender a garantias constitucionais.

O grifos e referências feitas aos dispositivos do transcrito art.280 do CTB mostram,


exatamente, quais a normas legais que restaram sem atendimento na lavratura do malsinado
auto de infração.

Como já foi dito, a tipicidade da infração não se expressa na autuação, pois, a ausência de
identificação do condutor faz difusa, imprecisa, duvidosa, indeterminada a conduta imputada
como infracional.

Pela visão de tráfego que a fotografia oferece, se tem situação de fluxo que, induvidosamente,
faz possível mandar parar o veículo para operar-se a identificação do condutor, cumprindo-se,
assim, a norma legal que manda constar do auto de infração o prontuário do guiador sempre
que possível.

Do mesmo modo, também seria absolutamente possível submeter a autuação à assinatura do


condutor, como exigido na norma legal.

Na verdade, a prosperar esse tipo de autuação estaria sendo viabilizada e até mesmo
estimulada uma verdadeira “industria de multas”, na medida em que, o agente de trânsito
poderia simplesmente EDITAR imputações que bem lhe conviesse.

Exatamente para evitar esse tipo de procedimento que desvia o sentido e alcance social da
fiscalização de trânsito, é que a norma legal exige um relato especial das circunstâncias que
inviabilizou a autuação em flagrante.

E, essa providencia se faz muito mais indispensável quando, se tem, agora, uma política de
utilização de pessoas que não são verdadeiramente autoridades, para exercer o poder de
polícia que se faz apanágio do agente de trânsito.

No caso presente, também não se apresentou a prova da legitimidade do agente para a


imputação, especialmente quanto à sua jurisdição sobre a via na qual supostamente houve a
infração.
Oportuno lembrar, que existe questionamento judicial quanto à legitimidade das autuações
processadas por pessoas sem vínculos institucionais que gerem o poder de polícia, segundo a
ordem constitucional.

O Superior Tribunal de Justiça indeferiu recurso da Prefeitura de São Paulo, que queria
invalidar acórdão do Tribunal de Justiça que proíbe os chamados marronzinhos - fiscais da
Companhia de Engenharia de Tráfego – de aplicar multas de trânsito.

O STJ decidiu que o acórdão do TJ/SP não contém violações a leis federais e nem é passível de
qualquer reparo, exatamente porque se impõe conciliar a aplicação da normatividade federal
com a ordem constitucional.

De fato, conforme ensinou ÁLVARO LAZZARINI , em palestra na Semana de Estudos de


Trânsito, organizada pela Polícia Militar de S.Paulo, o poder de polícia, inclusive de trânsito, é
próprio da Administração Direta e não pode ser exercido por órgão paraestatais,
especialmente empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades que
explorem atividades econômicas.

E, como explica JOSÉ CRETELLA JUNIOR , o poder de polícia, alem de emergente de fonte
absolutamente estatal, tem o seu exercício indelegável.

Sendo assim, é preciso considerar a lição de CAIO TÁCITO , segundo a qual “não é
competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma de Direito.”

De outra parte, por decorrência do ato inicial se tem imputação infracional e consequente
aplicação de sanção de polícia de trânsito, ou seja a multa de trânsito , materializada sem
PROVA da participação efetiva da autoridade competente para dar impulso a formação desse
ato administrativo.

De fato, como ensina MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO ,


quando se tem mais de uma fonte na formação do ato administrativo a partir de elemento
instrumental antecedente à vontade que dá expressão à manifestação de autoridade,
configura-se o ato adiministrativo composto que, todavia, há de reunir a vontade de dois ou
mais órgãos da Administração Pública.

Dessa forma, a utilização dessa prática operacional é ofensiva ao princípio da moralidade


administrativa estabelecido no art.37 da CF-88, desde que, como diz CELSO ANTÔNIO
BANDEIRA DE MELLO, essa moralidade se expressa na lealdade, na boa-fé, e na ausência de
comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido com o propósito de confundir,
dificultar o exercício de direitos

Leciona CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO que o art.37, caput e em especial o seu item
XXI, da CF-88 expande comando no sentido de que, pelo princípios que devem nortear a
conduta administrativa, não se pode ter a entidade integrante da Administração Pública agindo
com o mero propósito de sacar vantagens em detrimento da parte privada.

Não pode, pois, a Administração Fiscal substituir seus encargos de apuração, em cada caso, da
tipicidade infracional, da identidade do condutor do veículo, para, de forma genérica, imputar
infração mediante fórmulas alternativas, sem precisão, tudo feito à distância, com base em
meras afirmativas de agente que, sequer está identificado e, muito menos comprovada a sua
jurisdição sobre a via na qual se tenha verificado a infração.

Tem-se, então, violado o dever da Administração Fiscal de empenhar-se na busca da verdade


substancial, que RUY BARBOSA NOGUEIRA ensina constituir-se no esforço investigatório,
inclusive em benefício do fiscalizado

Na verdade, exatamente para que a Administração Fiscal não estabeleça constrangimentos


indevidos para os administrados, a lei concede aos seus agentes amplos poderes instrutórios,
como alerta ALBERTO XAVIER

A investigação, salienta JOSÉ FREDERICO MARQUES , constitui não somente um poder-dever


da Administração Pública, mas um direito do administrado à verdade material, à exatidão legal
da ação fiscal, no caso.

Antes de constranger o administrado com autuações, o agente público tem o dever


indeclinável de realizar diligências probatórias relativas ao fato específico, pois, do contrário
pratica abuso de poder, consoante magistério de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO

Para que se tenha certos fatos como suscetíveis de darem tipicidade infracional, é inafastável
que a autuação descreva especificamente toda a situação ocorrida e, mais, relate os motivos
pelos quais não lhe foi possível estabelecer a identidade do condutor do veículo e/ou submeter
o auto de infração à sua assinatura.
E, como esse fato, todavia — é inescapável — há de ter ocorrência e configuração em dado
"ponto" do tempo e do espaço , sabendo-se por lição de PONTES DE MIRANDA, que será esse
“ponto” que, então, vai determinar, no caso, qual a norma legal que incide.

Resta desatendido, no caso, o princípio da objetividade da imputação fiscal, emergente da


tipicidade infracional e da garantia da ampla defesa e do contraditório que impõe seja indicado
com precisão qual o dispositivo de lei violado e sua respectiva articulação com o fato.

Nesse sentido, preleciona CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, com inteira propriedade:

“Assim, o administrado para insurgir-se ou para ter elementos de insurgência contra atos que
o afetem pessoalmente necessita conhecer as razões de tais atos na ocasião em que são
expedidos. Igualmente, o Judiciário não poderia conferir-lhes a real justeza se a Administração
se omitisse em enunciá-las quando da prática do ato. É que se fosse dado ao Poder Público
aduzi-los apenas serodiamente, depois de impugnada a conduta em Juízo, poderia fabricar
razões ad hoc , construir motivos que jamais ou dificilmente se saberia se eram realmente
existentes e/ou se foram deveras sopesados à época em que se expediu o ato questionado”

A ser mantida essa autuação, ter-se-á perpetrado o abuso de autoridade, em suas formas
tipificadas nos arts.3°, letra “j” e 4° letra “h”, da Lei 4.898/65, porque se quer, por via do
exercício formal da função pública, atentar contra a atividade regular e causar lesão ao
patrimônio do administrado.

Leciona CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO que o art.37, caput e em especial o seu item
XXI, da CF-88 expande comando no sentido de que, pelo princípios que devem nortear a
conduta administrativa, não se pode ter a entidade integrante da Administração Pública agindo
com o mero propósito de sacar vantagens em detrimento da parte privada.

Aplicável, ao caso, também, a advertência de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO para


que, ao se examinar o ato administrativo, seja verificada a intelecção oferecida, para saber se
ela se ajusta dentro dos limites da razoabilidade perante a situação concreta que se revela,
evitando-se uma imprópria qualificação dos fatos, uma desproporcional aplicação do sentido
da norma

No Direito Brasileiro, como também registra CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, as


condutas dos administrados somente podem sofrer constrições administrativas quando se
enquadrem em específica tipificação legal e nunca por configuração oriunda do juiz ou vontade
de uma autoridade

De fato, consoante lição de OSWALDO ARANHA BANDEIRA DE MELLO, o princípio da legalidade


que preside todo o desenvolvimento da ação administrativa impede que a autoridade possa
formular juízos de adequação com o propósito de aplicar uma restrição, se não existe a
tipicidade específica na LEI para autorizá-la

Com o advento da CF-88 essa vinculação fez-se mais rigorosa, tanto pelos princípios
expressamente estabelecidos no art.37, como pela existência de norma expressa(CF-88,
art.25 do ADCT) tornando ineficazes todas as delegações legislativas que não estejam
excepcionadas na própria Constituição.

A CF-88 instituiu um rol de direitos fundamentais (art.5°)que impedem possam as leis, os atos
administrativos e também as decisões judiciais, estabelecerem situações, obrigações,
constrangimentos de qualquer natureza que, eventualmente, contrariem os valores
considerados nesses direitos, como demonstra CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO.
Tem-se, pois, nulo de pleno direito o auto de infração, seja por ofensa ao direito de defesa, ao
princípio da legalidade, como desfiguração do regime constitucional do poder de polícia.

HELLY LOPES MEIRELLES ensina :

"Ato nulo é o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou defeito substancial em seus
elementos constitutivos, ou no procedimento formativo. A nulidade pode ser explícita ou
virtual. É explícita quando a lei comina expressamente, indicando os vícios que lhe dão
origem; é virtual quando a invalidade decorre da infringência de princípios específicos do
direito público, reconhecidos por interpretação das normas concernentes ao ato. Em qualquer
destes casos, porém, o ato é ilegítimo ou ilegal e não produz qualquer efeito válido entre as
partes, pela evidente razão de que não se pode adquirir direitos contra a lei."

Ajustam-se à doutrina a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, que estabelece:

"A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial."

Importa dizer, ainda, que os vícios e nulidades da autuação com inequívoco grau de
imprestabilidade e revelação de culpa do agente lançador, se agrava perante a autoridade
julgadora, posto que esta, em nenhuma circunstância pode deixar de enfrentar o
questinonamento específico que lhe foi apresentado, para limitar-se a aplicação de penalidade
absolutamente inconciliável com o regime constitucional, a ensejar a responsabilidade
administrativa e civil, previstas no art.37, §6°, da CF-88.

5.- O auto de infração por exigência legal e imperativo da ordem constitucional deve descrever
fato definido como infração e identificar o autor da conduta, pois, do contrário, evidencia-se
inepta a peça de imputação.

Ainda quando não existisse norma específica no Código de Trânsito, aplicava-se ao caso, como
a qualquer imputação infracional, o princípio emergente do art.41 do Código de Processo
Penal, impondo-se verificar a suficiencia da autuação quanto aos requisitos de imputabilidade
previsto nessa norma.

Assim, no caso, o tipo infracional somente pode ser imputada à conduta do condutor do carro,
que no caso, não foi identificado na autuação, como se impunha à autoridade fiscalizadora
fazer.

No Estado Democrático de Direito, o imputado se defende de fatos e não de capitulação


normativa.

Dessa forma, se a autuação não aponta quem era o condutor do veículos na ocasião da

ocorrência infracional, não pode o autuado defender-se, ,°restando, pois, violada garantia

constitucional expressa (CF/88, art.5 LV)

A conduta infracional, de qualquer natureza, não admite interpretação sem o conhecimento da


identidade do infrator, que resulta indispensável, quando o próprio Código de Trânsito prevê
que sejam ponderados todos os pormenores da infração, e do agente, exatamente para operar
a projeção integral do fato, objeto do processo.

O julgador não examina somente o fato-infracional, vai além, pondera a culpabilidade, os


antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e
conseqüências da conduta proibida, exatamente para que possa valorar sua conclusão com
vistas a aplicar a pena dentre as cominadas, estabelecendo a qualidade e a quantidade.
Trabalho, sem dúvida, complexo, reclama, antes de tudo, especialização, sem dispensar,
consequentemente, domínio do valores, princípios e normas proclamados pelo Estado
Democrático de Direito plasmado na CF/88.

Caso contrário, infelizmente, como muitas vezes acontece, a decisão condenatória passa a ser
mero trabalho burocrático, cego ao sentido e alcance das leis.

A análise da conduta infracional envolve o homem, a sociedade, o ambiente, as circunstancias,


e, sobretudo, a apuração da verdade material.

Como sempre, urge invocar os princípios jurídicos incidentes na espécie e, no caso, importa
considerar que a Constituição da República impõe o princípio da presunção de inocência e a
exigência do devido processo legal.

O fato, como acontecimento da experiência jurídica, provoca a qualificação jurídica.

Quando o Código de Transito diz o óbvio, ou seja, que o infrator da regra de trânsito é o
condutor do veículo, projeta nesse molde infracional, a necessidade de apurar-se a verdade
material, ou seja, não somente a ocorrência da conduta proibida, mas, também, o seu agente.

A norma de trânsito não pode implicar em sacrifício dos direitos de quem não pode ser
apontado, identificado como o autor da conduta proibida.

Todos os valores, normas e princípios emergentes da ordem constitucional aplicam-se a


qualquer dos aspectos Direito da Circulação disciplinado pelo Código de Trânsito Brasileiro.

A Lei nº 9.503/97, ao regular as infrações de trânsito, ofereceu parâmetros de hermenêutica


ao proclamar como infrator da proibições de velocidade o condutor do veículo.

Diante da ordem constitucional e legal a conduta infracional não se presume, devendo, por
isso, ficar cumpridamente provada.

Preleciona GERMANO MARQUES DA SILVA:

“É hoje entendimento generalizado que um sistema de processo penal inspirado nos valores
democráticos não se compadece com decisões que hajam de impor-se apenas em razão da
autoridade de quem as profere, mas antes pela razão que lhes subjaz” .
No mesmo sentido, quanto à sistemática de apreciação da prova e da convicção do julgador,
ensina J. FIGUEIREDO DIAS:

“O princípio não pode de modo algum querer apontar para uma apreciação imotivável e
incontrolável – e portanto arbitrária – da prova produzida”. Mais adiante, no punctum saliens:
“A conseqüência mais relevante da aceitação destes limites à discricionariedade estará
também aqui em que, sempre que tais limites se mostrarem violados, será a matéria
susceptível de recurso ‘de direito’ para o STJ” .

6.- Na esfera das relações de disciplina de trânsito, além da prestação de conteúdo


eminentemente patrimonial, como é o pagamento em dinheiro de multa devido pelo sujeito
passivo (administrado) ao sujeito ativo (pessoa Jurídica de direito público portadora de
competência para fiscalizar a conduta), outra relação se pode instaurar sem que configure
obrigação quanto à solutio de prestação pecuniária: a relação decorrente da imposição de
pontuações negativas ensejadoras de interdição da licença administrativa para dirigir veículos.

A análise da fenomenologia da incidência fiscal, de forma inexorável, revela duas


circunstâncias absolutamente inconfundíveis e de compostura desigual: a) a adscrição na

norma do fato que origina a relação jurídica fiscal; e o próprio sucesso fático ocorrido no
plano da realidade social.

É certo ter o legislador colhido um fato, dentre os inúmeros que se sucedem na vida social e
pelos mais variados aspectos que possam ser considerados, identificando os elementos
essenciais delineadores da hipótese - tais como o comportamento de uma pessoa (critério
material), o local onde se consumou a ação humana (critério espacial) e o momento em que
acontece o fato descrito (critério temporal) - no antecedente da norma jurídica.

No entanto, a mera e simples menção aos critérios material, espacial e temporal não desponta
como dado suficiente à eclosão do fenômeno da incidência, sendo indispensável o atuar
humano na realidade social que, previsto no antecedente do enunciado lingüístico, viabiliza o
surgimento da relação jurídica.

O fato jurídico infracional está, tão-somente, vinculado à personalidade do sujeito de direito,


isto é, a realização concreta do fato da vida que a norma jurídica atribui efeitos de ordem
sancional não depende, em absoluto, da denominada capacidade de fato ou de exercício, mas
sim da capacidade de gozo ou de direito, porquanto o que se demanda do agente
materializador da hipótese é, apenas, a personalidade, ínsita à existência de todo ser humano.

Portanto, se traduz em erronia indesculpável não materializar a identificação do ente que


realiza o fato concreto na situação da vida como sujeito passivo da relação jurídica.

Registre-se, de sorte a espancar dúvidas, que a decisão para se impor sanção de ordem
administrativa tendo em vista a conduta no trânsito legitima-se apenas e tão-somente se o
condutor do veículos estiver induvidosamente identificado.

De outro tanto, redundaria em gravíssimo agravo ao princípio da segurança jurídica a


imposição de sanção sem que o sujeito passivo tenha sido identificado como autor material do
ato.

O ato infracional de trânsito, como toda espécie definida como conduta pessoal proibida, se
apresenta sob a modalidade de tipo vinculado ao agente.

Os corpos legislativos, por razões que ora se avizinham à conveniência, ora à oportunidade
para a inserção de regras jurídicas no sistema, identificam elementos essenciais delineadores
da hipótese infracional no descritor normativo, onde iremos encontrar o comportamento de
uma pessoa apto a desencadear o fato jurídico tributário (critério material), o lugar no qual se
consumou a ação humana (critério espacial) e o momento em que acontece o fato descrito
(critério temporal).

Princípio é norma primeira e fundante do ordenamento jurídico-positivo.

Mediante a utilização dos princípios, poderá o intérprete da norma jurídica auscultar a carga
axiológica positivada pelo político no sistema normativo.

Em sede de direito do trânsito, tendo em conta a sua gênese e o papel exercido na condição
de instrumento posto à disposição do homem para minorar as falhas humanas de julgamento,
vem a lume princípio de densidade material da imputação.

Portanto, para resolver a respeito da responsabilidade pela satisfação do fato infracional,


impõe-se ao julgador considerar a realidade material.
Presenciamos, nesse aspecto, insidiosa iniqüidade cometida contra o proprietário do veículo ao
atribuir-se a ele a responsabilidade por infração, se e quando, não faça a identificação do
condutor do veículos.

Mas, se a chamada responsabilidade objetiva está arguida para tentar justificar a ânsia fiscal
arrecadadora, de modo algum pode justificar o desfecho punitivo que implique em interdição
de liberdade individual.

Não pode o julgador de condutas dos administrados transformar-se em cego carrasco executor
das conveniências arrecadadoras, invocando textos normativos anacrônicos, ofensivos aos
princípios gerais do sistema jurídico.

Desse modo, resta ao julgador analisar se alem da responsabilidade objetiva por multa sem
existir a comprovação da autoria da infração, ainda se atribua, por mera suposição de autoria,
a pontuação negativa que vai resultar em futura interdição ao direito de dirigir veículos para
quem conquistou habilitação específica.

Diante dos valores, princípios e normas do Estado Democrático de Direito proclamado pela
CF/88, o que se descortina como absolutamente inaceitável e temerário é imputar-se a
alguém, responsabilidade infracional, sem comprovação de autoria da conduta.

A atitude valorativa do aplicador do direito não se contrapõe à ciência que se ocupa do estudo
dos signos: a semiologia.

Antes, no campo das significações, esta aberta, não somente ao aplicador, mas também ao
cientista do direito, uma vasta e fértil planície para as suas investigações.

Por derradeiro, oportuna é a afirmação de LOURIVAL VILANOVA :

"Altera-se o mundo físico mediante o trabalho e a tecnologia, que o potencia em resultados. E


altera-se o mundo social mediante a linguagem das normas, uma classe da qual é a linguagem
das normas do Direito".

A significação extratada pelo sujeito cognoscente e recheada de conteúdo axiológico é a


alteração mesma do mundo social e, de conseguinte, é a nossa expectativa que tal mudança
surja para a consecução de uma conduta administrativa pautada pelos valores, princípios e
normas emergentes da ordem constitucional.
Ainda quando o defendente viesse a renunciar ao seu direito de não pagar multa por infração
que não cometeu, em situação na qual faltou provar sua autoria, certamente, não iria deixar
de resistir à imputação de pontos negativos.

A renúncia, ensina CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA , é "a abdicação que o titular faz do seu
direito, sem transferi-lo a quem quer que seja. É o abandono voluntário do direito".

Na medida em que o ilícito de transito implica efeito punitivo, tem-se um conflito entre o dever
de prestar informações, e o direito de não se auto-incriminar, constitucionalmente assegurado
aos acusados de práticas infracionais.

A questão é de grande importância e merece a análise do julgador, em face do ordenamento


jurídico, levando-se em conta, especialmente, a hierarquia das normas.

Como registra PINTO FERREIRA , o acusado tem o direito de não se auto-incriminar, pois o
direito que tem de não dizer a verdade é um direito, já reconhecido por MONTESQUIEU, à la
defense naturelle.

No Brasil o direito ao silêncio está expressamente assegurado pela vigente Constituição


Federal, em seu Art. 5º, inciso LXIII.

"O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado..."

Para CELSO RIBEIRO BASTOS , cuida-se de explicitação, fiel à rica tradição constitucional de
proteção ao acusado, da garantia que se encontrava embutida no art. 153 da Constituição
anterior, e está implícita nos incisos LIV e LV do art. 5º da atual.

ADA PELLEGRINI GRINOVER , doutrina, com propriedade:

“O réu, sujeito da defesa, não tem obrigação nem dever de fornecer elementos de prova que o
prejudiquem. Pode calar-se ou até mentir". E ainda: "O retorno ao direito ao silêncio, em todo
seu vigor, sem atribuir-lhe nenhuma conseqüência desfavorável, é uma exigência não só de
justiça, mas sobretudo de liberdade. O único prejuízo que do silêncio pode advir ao réu é o de
não utilizar a faculdade de autodefesa que se lhe abre através do interrogatório. Mas quanto
ao uso desta faculdade, o único árbitro há de ser a sua consciência, cuja liberdade há de ser
garantida em um dos momentos mais dramáticos para a vida de um homem e mais delicado
para a tutela de sua dignidade".

As informações, cuja prestação constitui dever do administrado, são apenas aquelas


necessárias ao conhecimento da situação individual do proprietário, quanto a ser ou não ele, o
condutor do veículos no momento da ocorrência e, nunca, quaisquer outras informações
necessárias ao exercício da fiscalização.

Tal compreensão concilia o dever de informação, com o direito ao silêncio, assegurado


constitucionalmente a todos os acusados.

Diante da imputação infracional o administrado não tem o dever de prestar informação


alguma, útil para a comprovação daquele cometimento que lhe está sendo atribuido, que
configuraria auto-incriminação.

De todo modo, se outra interpretação se pretender dar às disposições das leis ordinárias
pertinentes ao dever de prestar informações, de sorte a ver configurado o dever de informar
mesmo para aqueles que, já sofrem imputação infracional, expressando-se naquelas
informações uma forma de auto-incriminação, ter-se-á configurado o conflito entre normas.

E, sendo assim, normas infraconstitucionais, assim interpretadas, estarão em conflito com


norma da Constituição, e tal conflito haverá de ser resolvido pela prevalência da norma
hierarquicamente superior.

Assim, a conclusão será sempre a de que o administrado não tem o dever de prestar
informações que possam servir como prova do cometimento de infração, que possa, de
alguma forma, ser utilizada para imoutar-lhe responsabilidade.

A não ser assim, ter-se-ia violado, também, o princípio da isonomia, posto que até aos autores
de quaisquer crimes, por mais hediondos que sejam seus cometimentos, sempre é assegurado
pela Constituição o direito ao silêncio, vale dizer, o direito de não se auto-incriminarem.

Na verdade, é condição fundamental de procedibilidade para a imputação infracional a prévia


apuração de identidade do autor da conduta proibida.

Somente depois que a Administração tiver certeza da ocorrência e do agente dela, é que se
justifica a imputação.
Não fora assim, também seria admissível que a ocorrência pudesse ser suposta pela falta de
informação do administrado.

Ora, a vigente Constituição Federal, além de garantir que ninguém será privado da liberdade
ou de seus bens, sem o devido processo legal (Art. 5º, inciso LIV) determina que "aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes"( Art. 5º, inciso LV).

Como ensina ROGÉRIO LAURIA TUCCI e JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI , no devido processo
legal compreende-se o direito à elaboração regular e correta da lei e de sua razoabilidade, de
sua aplicação através do instrumento hábil, que é o processo, no qual deve ser garantida a
igualdade entre as partes.

Não se pode considerar razoável a lei que admita a imputação de autoria ao proprietário do
veículo que não possa indicar que estava dirigindo o veículo no momento da ocorrência.

Cumpre à Administração aparelhar-se para ao ensejo de registrar a ocorrência identificar o


autor da conduta.

Muito menos se diga que esta sendo a lei corretamente interpretada, quando existe ofensa aos
princípios constitucionais.

E menos existe igualdade entre as partes, no processo administrativo fiscal, se o Estado


dispõe, antes de apurados os fatos, do instrumento de atemorização, que é a imputação de
autoria sem qualquer prova, posto que a ameaça de seu uso constitui, induvidosamente,
forma evidente de coação.

A ampla defesa, a seu turno, resta sacrificada com a ameaça do proprietários ser imputado se
não puder indicar quem foi o agente real da conduta proibida, antes mesmo de serem
examinadas, na esfera administrativa, as razões que tenha oferecido para demonstrar a
improcedência da imputação ou a sua incapacidade para demonstrar a autoria.

Há, na verdade, evidente antinomia entre a norma da Constituição e aquela, da lei ordinária,
que define como sujeito passivo da interdição do direito a conduzir veículo o proprietário
deste, quando não possa indicar quem foi o verdadeiro responsável pela conduta proibida.

Toda norma jurídica alberga valor, cuja presença permite que se estabeleça a coerência do
sistema jurídico. Na proteção de cada bem jurídico, de cada bem da vida, tem-se de evitar a
incongruência.

O sistema jurídico, considerados os valores que alberga, é necessariamente coerente. Suas


eventuais antinomias devem ser eliminadas, e quando em conflito se encontram normas de
diversa hierarquia a eliminação se faz sem qualquer dificuldade, porque "o juiz, quando se
encontrar frente a um conflito entre uma norma superior e uma norma inferior, será levado a
aplicar a norma superior", como ensina NORBERTO BOBBIO.

Relevante, portanto, é a questão de saber qual a qualificação jurídica adequada para a


imputação legal, tendo-se em vista que:

a) Não será razoável atribuir ao proprietário responsabilidade patrimonial por ato que não
cometeu, mas absolutamente autoritário que venha a sofrer interdição do seu direito de dirigir
o veículo, se não foi provado ser ele o autor da conduta infracional.

pode ocorrer, como no caso acontece, absoluta impossibilidade material do proprietário


indicar quem estava dirigindo o veículo no momento da ocorrência.

c) é direito fundamental do cidadão não ser compelido a auto incriminação e violar consciência
com acusação a terceiro para liberar-se da pressão de autoridade.

d) a situação adversa ao proprietário pode resultar de falha e/ou manipulação do equipamento


técnico.

Não importa questionar aqui a posição da culpabilidade em relação à estrutura jurídica da


infração mas, o que não é razoável é equiparar-se a conduta à mera posição formal de
proprietário do veículo que não tem o controle sobre o seu uso por terceiros.

O juízo de reprovabilidade da conduta é relevante, e no âmbito deste não se pode


desconsiderar a diferença, absolutamente inegável, entre as duas situações aqui colocadas.

Seja na configuração da ilicitude, seja no âmbito da culpabilidade, a ausência de efetiva


identificação do suposto infrator é circunstância relevantíssima, que não pode ser
desconsiderada, a menos que não se leve em conta os princípios da presunção de inocência e
da razoabilidade.
Ademais, em qualquer situação infracional cabe a quem exprime o juízo de reprovação avaliar
a gravidade e a materialidade da conduta do sujeito, dentro do espírito do sistema penal,
globalmente considerado, que, certamente, jamais pretende prescindir de um vínculo com a
realidade concreta na qual o indivíduo age.

7.- A pretensão de punir o proprietário do veículo se este não apontar quem era o condutor no
momento da infração não poderá prevalecer frente aos dispositivos constitucionais do princípio
da legalidade, da dignidade humana, da proporcionalidade e da igualdade.

Sabidamente, o princípio da legalidade, no tocante a criação de tipos penais e de cominação


de sanções (CF, art. 5.º, XXXIX, e CP, art. 1.º), não se atende por meros aspectos formais,
sendo de suma importância a análise do conteúdo do dispositivo.

A tipicidade infracional não se limita apenas à adequação de um fato humano a uma norma
incriminadora, mas, isto sim, a adequação de um fato a uma norma inserida em um sistema
jurídico lógico e coerente com os valores e princípios constitucionais.

Na CF/88, a proclamação do Estado Democrático de Direito acaba por gerar limites à atividade
do próprio legislador, porque elegeu-se a dignidade da pessoa humana como fundamento da
razão de ser do próprio Estado (CF, art. 1.º, III).

Assim entendido o princípio da legalidade, é de se aceitar como vedado ao legislador, por


maior que seja a sua liberdade em criar leis, determinar penas desproporcionais, estimular
condutas desumanas, injustas, indignas, eis que evidencia um efetivo desvalor de sentimentos
para escapar à sanção infracional.

Associar a exclusão de imputações a denúncias contra terceiro sem prova, sem conhecimento,
é uma atividade fácil, mas desprovida de qualquer moralidade, que constrange o ser humano,
à mercê de extravagâncias do legislador.

A Constituição Federal, embora não de forma direta, preconiza um outro princípio de suma
importância.

É o princípio nulla poena sine culpa (art. 5.º, XLV – a pena não deve passar da pessoa do
condenado, ou seja, do culpado –, e XLVI – no qual é reconhecido o princípio da
individualização da pena, ou seja, a sanção deverá sempre ser justa, proporcional à culpa do
agente).

Tal princípio, além de servir como uma necessária proteção do cidadão frente aos desmandos
do Estado, faz com que a pena, como censura pública que é, seja sempre interpretada de
forma restrita, ou seja, somente pode ser dirigida às condutas comprovada e que merecem
um efetivo juízo de desvalor ético e social.

Assim sendo, não se pode aceitar que a pessoa se libere da imputação simplesmente
acusando a terceiro, quando não teve conhecimento do fato e quando não pode provar a
conduta em suspeita.

O legislador deve levar em conta fatores relevantes para o bom desenvolvimento social, e não
meros caprichos ou fantasias de atendimento a interesses administrativos.

O simples fato, pois, de a conduta ter se dado no trânsito, em via na qual poderia existir
postado um agente público para fazer parar o veículos e identificar o condutor, já revela o
desvio de aplicação da norma legal, para o qual se quer, ainda, obter a cumplicidade do
proprietário do veículo pela facilidade de identifica-lo, induzindo-o a acusar a terceiro sem
prova e até mesmo sem conhecimento do fato.

Se a Constituição Federal assegura aos acusados o direito a uma defesa ampla, como
entender-se que isso seja ladeado com a utilização de evidentes desvios?

Se a Constituição Federal exige que a defesa seja ampla, pena de nulidade, tem-se que uma
defesa reduzida à necessidade de acusar sem conhecimento do fato e sem prova da autoria do
ato, é escamotear a garantia constitucional.

8.- Agrava-se o quadro de autoritarismo dominante nessa autuação, quando ela resulta de
registro eletrônico, sem que na suposta ocorrência estivesse presente uma autoridade de
trânsito.

Na verdade, de nada vale utilizar equipamento eletrônico, se este, ao fotografar o veículo não
oferece identificação do guiador na ocasião, providencia que seria de fácil e de indispensável
atendimento, nas circunstâncias.
Deve ser considerado, também, que a imputação de violação aos sinais de trânsito, não pode
prescindir de comprovação da existência, no local e no momento da suposta ocorrência,
desses SINAIS, de forma que permita fácil e adequada percepção deles, conforme emerge de
expressas disposições do Código de Transito Brasileiro:

Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo da via, sinalização prevista neste
Código e em legislação complementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a utilização
de qualquer outra.

§ 1º. A sinalização será colocada em posição e condições que a tornem perfeitamente visível e
legível durante o dia e a noite, em distância compatível com a segurança do trânsito, conforme
normas e especificações do CONTRAN

Cumpria, pois, à autoridade notificante fornecer prova da existência dessa sinalização, no


momento da suposta infração.

Exatamente, por isto é que, se impõe compreender que o que a lei autoriza é o auxílio de
meios eletrônicos, ao agente que vai multar o infrator.

E isto importa em dizer que os equipamentos eletrônicos só podem ser usados como
instrumentos de trabalho pelos agentes, autoridades de trânsito, tal como deve acontecer com
radar, o bafômetro e as barreiras de pedágio.

Em todos esses mecanismos devem estar presentes a autoridade de trânsito para constatar o
que o mecanismo registrou e lavrar o auto de infração.

Ofende aos direitos constitucionais do cidadão, atenta contra a razoabilidade que deve imperar
na aplicação da lei, que instrumentos eletrônicos sejam transformados em substituto da
autoridade de trânsito, especialmente sem que o administrado seja convenientemente
informado sobre a tecnologia de sua operacionalidade e tenha como verificar a regularidade
desse funcionamento.

O Código de Trânsito Brasileiro só admite a autuação do infrator se for através de agentes da


autoridade, e nunca por meio de engenhos eletrônicos.

O Código do tráfego, no seu artigo 280, deixa claro que esses meios são auxiliares dos fiscais
de trânsito, assim como o computador é o auxiliar do julgador e de outros profissionais.
Sem sombra de dúvidas não existe na lei autorização no sentido de se colocar um
equipamento eletrônico nas ruas para produzir multas aos condutores de veículo.

Isso equipara-se ao fato de o julgador da conduta do cidadão, por exemplo, utilizar o


computador para que ele, sozinho, produza suas decisões.

Segundo o Código de Trânsito, o uso de equipamentos eletrônicos pode e deve auxiliar a


fiscalização, onde, presentes os guardas de trânsito, tenha eles facilidade imediata para
constatar a infração.

E, não poderia ser diferente, pois se faz indispensável que o cidadão tenha oportunidade
imediata de examinar e questionar o funcionamento regular do instrumento eletrônico.

De fato, todo e qualquer equipamento eletrônico está sujeito às falhas operacionais, uma vez
que, sofrem interferência do sistema de fornecimento de energia elétrica, intempéries,
desgastes e falhas técnicas oriundas de sua própria instalação e fabricação.

Basta lembrar, um exemplo típico, ocorrido num só dia, o das eleições , não obstante a
elevada técnica, com as urnas eletrônicas.

Da mesma forma, até para mecanismos mais simples se tem, com freqüência, a perturbação
do trânsito com semáforos inexplicavelmente paralisados, e/ou sem a sincronia projetada em
sua instalação.

Ao que se diz, o referido instrumento FOI AFERIDO HÁ MAIS DE CINCO MESES.

A utilização de equipamentos eletrônicos na fiscalização de trânsito, não merece fé, sem a


assistência concomitante da autoridade, como demonstram as reportagens locais, realizadas
pelo jornal DIÁRIO DO NORDESTE nos dias: 30/4/2002, 1º/5/2002, 9/5/2002, 12/5/2002,
14/5/2002 e 19/5/2002

Também o jornal CORREIO BRASILIENSE, de Brasília, em 9/6/2002, estampa matérias a


respeito da utilização de equipamentos eletrônicos na fiscalização do trânsito, onde se tem não
apenas a evidencia da possibilidade de falhas e manipulação, como, ainda, a denuncia de que
grande parte dessa da arrecadação dessa verdadeira industria de multas é repassada para as
operadoras privadas que são remuneradas mediante a participação no resultado financeiro do
sistema.

Ademais, o equipamento eletrônico utilizado para marcar as condutas referidas não detecta os
biciclos, utilitários, e veículos de grande porte, restringindo a sua serventia para o uso de
carros de passeio, pelo que a autuação feita sem a participação da autoridade de trânsito
institucionaliza a violação da garantia constitucional do princípio da isonomia.

Dessa forma, o princípio constitucional da isonomia, consagrado no caput do artigo 5º da CF,


segundo o qual "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...", não é
observado, pois ficam excluídos da fiscalização eletrônica autônoma os condutores de
bicicletas, motocicletas, utilitários e caminhões.

Em suma, como a fiscalização eletrônica não abrange a totalidade dos veículos, o sistema
torna-se eivado de vício e, como tal, não pode prevalecer.

De resto, o sistema fotografa o veículo e o seu condutor, mas não consegue identificá-lo, e,
consequentemente, a notificação da multa vai para a pessoa em cujo nome o veículo esteja
cadastrado, não importando se o veículo foi alienado, emprestado ou até mesmo furtado.

E, quando os equipamentos eletrônicos se prestam a desvios operacionais, especialmente com


a manipulação destinada a proporcionar resultado de arrecadação fiscal, como se o trânsito
fosse fator econômico a ser explorado em proveito arrecadatório, não é aceitável o argumento
de que atendem ao interesse público.

Não existe interesse público a ser preservado quando a ação do agente público transborda os
limites da lei e até aqueles fixados pela Constituição.

O interesse público é coisa diferente do mero interesse fiscal, diz respeito ao coletivo, onde se
inclui, a polícia de trânsito fundada em resguardo aos direitos individuais.

A respeito da chamada “barreira eletrônica, tem sido invocada inadequadamente, o que


decidiu o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL , verbis;

“Barreira eletrônica que se destina à fiscalização da observância da velocidade estabelecida


para a via pública é meio de prova para a autuação por infringência da lei de trânsito....” .

O que se pode extrair dessa manifestação na ADIn nº 1.592 - 3. em mero despacho do


Ministro MOREIRA ALVES, concessivo de LIMINAR, onde Sua Excelência suspende os efeitos de
lei do Distrito Federal, por entender que ela invadia área de competência privativa da União,
no que respeita à legislação de trânsito em nada autoriza conferir-se legitimidade à
substituição do agente de trânsito por equipamento eletrônico no que toda a aplicar multa.

Confira-se no inteiro teor do despacho:

“Relevância jurídica da alegação de invasão de competência privativa da União. Barreira


eletrônica que se destina à fiscalização da observância da velocidade estabelecida para a via
pública é meio de prova para a autuação por infringência da lei de trânsito, e a competência
para sua disciplina, pelo menos em exame compatível com o da concessão da liminar, é da
União, e não dos Estados ou do Distrito Federal.- Conveniência da suspensão liminar da lei
distrital atacada, dado-se-lhe eficácia ex tunc.Pedido de liminar deferido, para suspender, ex
tunc e até o julgamento final desta ação, a eficácia da Lei nº 1.407, de 17-3-97, do Distrito
Federal."

Dessa forma, incide em equívoco e/ou desvio de finalidade a invocação dessa manifestação do
STF com o propósito de conferir legitimidade à aplicação de multas de trânsito por via direta
da barreira eletrônica.

Exatamente por percepção da ausência dessa legitimidade é que os tribunais tem proclamado:

Ementa: REEXAME NECESSÁRIO DE SENTENÇA - MANDADO DE SEGURANÇA - ATO DO


DIRETOR DO DETRAN - COBRANÇA DE MULTA EXTRAÍDA POR LOMBADA ELETRÔNICA E
EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO PARA LICENCIAMENTO DO VEÍCULO - OFENSA A DIREITO
LÍQUIDO E CERTO DO USUÁRIO - SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.O Código Brasileiro
de Trânsito em vigor, assim como o que foi recentemente revogado, não autoriza a instalação
de lombadas eletrônicas, que por si só, venham a autuar os usuários de trânsito de surpresa,
sem a presença do infrator, por meios eletrônicos inseguros, reduzindo velocidades que ele
próprio autoriza e a qualquer hora do dia ou da noite, com vulneração do sistema de
segurança de quem dirige. Esse comportamento, só pode ser usado para auxiliar a
fiscalização, em barreiras temporárias feita na presença de guardas de trânsito, como ocorre
com o uso do radar, bafômetro e pedágios.A prática dessa conduta pelo CONTRAN,
regulamentando a seu modo, e por meio de resoluções administrativa, o estacionamento
dessas barreiras é ilegal e ofensora ao direito líquido e certo dos condutores e donos de
veículos, autorizando a concessão da segurança para declarar a nulidade das multas iterativas
e exorbitantes geradas pelo sistema.O mesmo ocorre com a exigência do pagamento de
qualquer multa, pelo DETRAN, para liberação de documentos destinados ao licenciamento do
veículo que, também, fere frontalmente o direito líquido e certo dos proprietários de
automóveis, ensejando a concessão de segurança para afastar a imposição
ilegal.Acórdão:Vistos, relatados e discutidos os autos do Reexame Necessário de Sentença -
Classe II - 27 - nº 2.058, da Capital.A Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado
de Mato Grosso, presidida pelo Desembargador ERNANI VIEIRA DE SOUZA, através de sua
Turma julgadora, composta pelo Doutor MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA (Relator,
convocado), Desembargadores ERNANI VIEIRA DE SOUZA (Revisor) e WANDYR CLAIT DUARTE
(Vogal), decidiu, por unanimidade, reformar a sentença examinada, nos termos do voto do
relator, nos termos do relatório e dos votos constantes dos autos, que ficam fazendo parte
integrante do presente acórdão.Data: Cuiabá, 10/02/1999

Ementa: REEXAME NECESSÁRIO DE SENTENÇA COM APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE


SEGURANÇA - ATO DO DIRETOR DO DETRAN - COBRANÇA DE MULTA EXTRAÍDA POR
LOMBADA ELETRÔNICA E EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO PARA LICENCIAMENTO DO VEÍCULO -
OFENSA A DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO USUÁRIO - SENTENÇA MANTIDA.O Código
Brasileiro de Trânsito em vigor, assim como o que foi recentemente revogado, não autoriza a
instalação de lombadas eletrônicas, que por si só, venham a autuar os usuários de trânsito de
surpresa, sem a presença do infrator, por meios eletrônicos inseguros, reduzindo velocidades
que ele próprio autoriza e a qualquer hora do dia ou da noite, com vulneração do sistema de
segurança de quem dirige. Esse comportamento, só pode ser usado para auxiliar a
fiscalização, em barreiras temporárias feita na presença de guardas de trânsito, como ocorre
com o uso do radar, bafômetro e pedágios.A prática dessa conduta pelo CONTRAN,
regulamentando a seu modo e por meio de resoluções administrativa o estacionamento dessas
barreiras é ilegal e ofensora ao direito líquido e certo dos condutores e donos de veículos,
autorizando a concessão da segurança para declarar a nulidade das multas iterativas e
exorbitantes geradas pelo sistema.O mesmo ocorre com a exigência do pagamento de
qualquer multa, pelo DETRAN, para liberação de documentos destinados ao licenciamento do
veículo, ato que, também, fere frontalmente o direito líquido e certo dos proprietários de
automóveis, ensejando, pela mesma forma a concessão de segurança para afastar a
imposição ilegal.Acórdão:Vistos, relatados e discutidos os autos do Reexame Necessário de
Sentença com Recurso de Apelação Cível - Classe II - 27 - nº 2.144, da Capital.A Terceira
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, presidida pelo Desembargador
ERNANI VIEIRA DE SOUZA, através de sua Turma julgadora, composta pelo Doutor MANOEL
ORNELLAS DE ALMEIDA (Relator, convocado), Desembargador ERNANI VIEIRA DE SOUZA
(Revisor) e MUNIR FEGURI (Vogal), decidiu, por unanimidade, manter a sentença examinada,
nos termos do relatório e dos votos constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante
do presente acórdão.Data: Cuiabá, 24/02/1999

Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA - REEXAME NECESSÁRIO - TRÂNSITO - MULTAS


AFERIDAS EM LOMBADAS ELETRÔNICAS - ILEGALIDADE - SENTENÇA RATIFICADA.As multas
impostas por "trasitar em velocidade superior" aferidas por "lombadas eletrônicas" são ilegais
por ofender norma constititucional e legislação infraconstitucional.Acórdão:Vistos, relatados e
discutidos os autos do Reexame Necessário de Sentença com Recurso de Apelação Cível -
Classe II - 27 - nº 2.145, da Capital.ACORDA, em TURMA, a Segunda Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, ratificar, unanimemente, a sentença sob
reexame compulsório, de acordo em parte, com o parecer do órgão do Ministério Público,
desprovendo o recurso voluntário.Presidiu o julgamento o Desembargador ATAHIDE
MONTEIRO DA SILVA, e dele participaram o Doutor JOSÉ SILVÉRIO GOMES (Relator,
convocado), os Desembargadores ODILES FREITAS SOUZA (Revisor) e MARIANO ALONSO
RIBEIRO TRAVASSOS (Vogal).O voto proferido pelo Juiz relator foi acompanhado na íntegra
pelos demais componentes da Turma julgadora.Data: Cuiabá, 16/03/1999---

Ementa:MANDADO DE SEGURANÇA - REEXAME NECESSÁRIO - TRÂNSITO - MULTAS AFERIDAS


EM LOMBADAS ELETRÔNICAS - ILEGALIDADE - SENTENÇA RATIFICADA.As multas impostas
por "transitar em velocidade superior" aferidas por "lombadas eletrônicas" são ilegais por
ofender norma constitucional e legislação infraconstitucional.Acórdão:Vistos, relatados e
discutidos os autos do Reexame Necessário de Sentença com Recurso de Apelação Cível -
Classe II - 27 - nº. 2.155, da Capital.ACORDA, em TURMA, a Segunda Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, ratificar, unanimemente, a sentença sob
reexame compulsório, de acordo, em parte, com o parecer do órgão do Ministério Público,
desprovendo o recurso voluntário.Presidiu o julgamento o Desembargador ATAHIDE
MONTEIRO DA SILVA, e dele participaram o Doutor JOSÉ SILVÉRIO GOMES (Relator,
convocado), Desembargadores ODILES FREITAS SOUZA (Revisor) e MARIANO ALONSO
RIBEIRO TRAVASSOS (Vogal).O voto proferido pelo Juiz relator foi acompanhado na íntegra
pelos demais componentes da Turma julgadora.Data: Cuiabá, 16/03/1999-

Na interpretação da lei, impõe-se atender aos fins sociais e às exigências do bem comum (art.
4º, da LICC).

Não se podendo negar que o controle de trânsito e a imposição de multa salvaguardam os


interesses coletivos e a própria vida humana, diante da lei da selva que impera no trânsito de
veículos nas cidades brasileiras, menos ainda é possível recusar que a punição há de recair
sobre o agente da infração, que, para tanto, precisa ser induvidosamente identificado como
autor da conduta proibida.

Compreende-se, que para ser efetivamente assegurado o direito de defesa ao proprietário do


veículo, não basta a regular notificação da autuação, mas, também, que seja respeitado o
princípio do contraditório, e, se a autoridade de trânsito valendo-se do equipamento eletrônico
não soube ou não teve como identificar esse proprietário como sendo o condutor do veículo,
não se legitima a imputação de ser ele o infrator.

Aplica-se ao caso a advertência do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA no sentido de que “a


interpretação das leis é obra de raciocínio, mas também de sabedoria e bom senso, não
podendo o Julgador ater-se exclusivamente aos vocábulos, mas, sim, aplicar os princípios que
informam as normas positivas” .

Oportuno lembrar a lição do jurista belga HENRY DE PAGE, in verbis:

“Sem dúvida, assim como não pode o Juiz tomar liberdades inadmissíveis interpretando a lei,
tampouco pode permanecer surdo às exigências do real e da vida. O direito é essencialmente
uma coisa viva. É chamado a reger homens, isto é, seres que se movem, pensam, agem, se
modificam. A finalidade da lei não é imobilizar a vida, cristalizando-a, mas permanecer em
contato com ela, segui-la em sua evolução e a ela adaptar-se. Daí resulta que o direito tem
um papel social a cumprir, e o Juiz deve dele participar, interpretando as leis não somente
segundo seu texto e suas palavras, mas consoante as necessidades sociais que são chamadas
a reger e segundo as exigências da justiça e da eqüidade que constituem seu fim. Em outras
palavras, a interpretação não pode ser formal; precisa ser, antes de tudo, real, humana,
socialmente útil” .

Na esfera das relações de disciplina de trânsito, além da prestação de conteúdo


eminentemente patrimonial, como é o pagamento em dinheiro de multa devido pelo sujeito
passivo (administrado) ao sujeito ativo (pessoa Jurídica de direito público portadora de
competência para fiscalizar a conduta), outra relação se pode instaurar sem que configure
obrigação quanto à solutio de prestação pecuniária: a relação decorrente da imposição de
pontuações negativas ensejadoras de interdição da licença administrativa para dirigir veículos.

DIANTE DE TODO O EXPOSTO, passa a requerer:


I – Preliminarmente, e considerando que a falta de elementos materiais pertinentes à
confiabilidade do equipamento utilizado para imputar a infração impede o exercício da ampla
defesa, constitucionalmente assegurada, a signatária requer, que lhe sejam oferecidos , com
prazo para manifestar-se sobre eles, os seguintes elementos:

• Prova de que houve prévia homologação do equipamento eletrônico com registro no INPI e,
OS TERMOS da aferição do INMETRO;

• Prova de que o equipamento eletrônico entrou em operação depois de previamente


informado o DENATRAM com razões determinantes da instalação no local;

• Prova de aferição periódica do equipamento eletrônico e de seu funcionamento tecnicamente


regular no dia da ocorrência;

• Exibição de negativo da fotografia, de modo a comprovar ausência de editoração da mesma;

II – Também preliminarmente, e considerando ser direito expressamente assegurado no CTB a


adequada sinalização como pressuposto da imputação de conduta infracional, requer:

• Prova de que existia, no local da ocorrência, em condições adequadas, os PLACAS


antecedentes e indicativas da existência de instalação eletrônica no SINAL DE TRÂNSITO em
questão;

III – No mérito, estando demonstrada a absoluta inviabilidade jurídica dessa autuação, pede
seja reconhecido o direito da defendente , arquivando-se a notificação, como de JUSTIÇA.

Fortaleza, 10 de dezembro de 2004


Veja se ajuda:

AO DER/ SP – DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE


SÃO PAULO
GESTÃO DE MULTAS – RECURSO ADMINISTRATIVO À JARI
CAIXA POSTAL 12051-0
SÃO PAULO – CAPITAL
CEP – 02013-970

ILUSTRÍSSIMO SR DIRETOR DO DER/SP

xxxxxxxx, brasileiro, casado, Funcionário Público Estadual Aposentado (Secretaria da


Segurança Pública de SP - Investipol), exercendo hoje a profissão de ADVOGADO ,
inscrito na OAB/SP nº xxxxx, portador do RG/ SSP/SP de nºxxxxxx , e do CPF de nº
xxxxxresidente á Rua xxxxxxxxxxxx, xxxxxxxxx, Vila da Constituição, nesta cidade de
Pirassununga/SP, vem pelo presente até V.Sa para interpor o presente

RECURSO

Em face da multa aplicada através do Auto de Infração de nº 107891691, o qual abaixo


descrito, nos termos a seguir expressos, e após a exposição dos fatos e motivos, vem ao
final respeitosamente requerer o que se segue:

I - DO VEÍCULO

VEÍCULO MARCA xxxxx, modelo xxxxxxxxxx, ANO xxxxxxxx, COR vermelho,


PLACAS xxxxxxxxxxx, em nome de xxxxxxxxxxxxxxxx.

II - DA AUTUAÇÃO

Auto de infração nº xxxxxxxxxxxxxx, “Transitar em velocidade superior à máxima


permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil”, inciso I, “em
rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais” letra a “quando a velocidade for superior
à máxima em até vinte por cento. Infração grave; penalidade – multa. (120 UFIR)
conforme o art. 218, inciso I letra “a “ do CTB; código de enquadramento 621 1; em
10/02/03, às 19h:59min, na Rodovia SP 330 quilometro 128+420 sentido norte que teve
como Órgão autuante o DER/SP,
III - DA ALEGAÇÃO

O recorrente recebeu pelo correio, no dia 27/02/03 a notificação de multa da autuação


acima descrita (cópia anexa), na qual consta como data da referida infração o dia
10/02/03, e neste sentido vem alegar em sua defesa:

PRELIMINARMENTE
Há de se considerar que neste dia o requerente estava dirigindo o meu veículo em uma
situação de emergência e a velocidade permitia razoável margem de segurança.
Assim, a vista de que o requerente se encontrava naquele momento em situação
emergencial, e, os fotossensores instalados irregularmente no local, haja vista a falta de
sinalização e demais meios necessários de alerta ao condutor do veículo, em total
confronto à legislação específica, requer pela procedência deste recurso.
VENCIDAS AS PRELIMINARES,
NO MÉRITO
1. O sistema de fotografias ou "foto sensor" utilizado pelo DER é falho, pois registra um
único momento, qual seja aquele em que o veículo acoimado de "infrator" já ultrapassou
o sinal, ou a marca estabelecida na pista.
2. Seria necessário para fazer prova em juízo, pois, que se apresentasse, no mínimo, uma
seqüência de fotos, em que a primeira mostrasse o veículo na passagem da marca e, ato
contínuo, a outra ou outras, quando o seu carro já estivesse ultrapassado."(Acórdão da 3a
turma cível do TJ/MS, decisão unânime, f. 920 do IC n° 11/98).
3. O CREA/MS, ao tratar de assunto semelhante, foi bem claro em seu posicionamento,
não deixando dúvida a respeito da deficiência do equipamento neste aspecto. Eis como o
perito daquele Conselho se manifestou em sua conclusão:
"Conclusão: Uma foto nem sempre oferece subsídio absolutamente seguro para
materializar o cometimento de uma infração de trânsito."(Perícia realizada pelo
CREA/MS, f. 780 do IC n°11/98)
4. Nas condições em que as fotos são tiradas, só se poderia ter as infrações detectadas
pelos fotossensores como válidas se as elas fossem convalidadas por um agente da
autoridade de trânsito. Como colocar um guarda ao lado de cada "olho vivo" é
contraproducente, os fotomultas devem ser descredenciados como instrumento auxiliar
no controle do tráfego, por não serem confiáveis e por beneficiarem tão somente quem
quer manter a indústria das multas.
5. Como a coisa é feita, o DER não tem como provar que efetivamente um motorista
fotografado por um fotomulta tenha desrespeitado o sinal de trânsito, pelo que se conclui
– levando-se em conta os princípios da inocência, da ampla defesa e do contraditório –
que nenhum motorista deve ser punido nestas condições.
6. Punição assim é absurda, posto que obriga o administrado, para não ser tido como
infrator, a fazer comprovação negativa da não-transgressão das normas de trânsito. O
ônus da prova da violação da lei é do órgão acusador.
7. Várias razões comprovam e demonstram que o fotossensor não pode, com justiça e
eqüidade, substituir o agente de trânsito, porque não possui o tato, a experiência, a
percepção sensorial necessárias para perceber se houve ou não uma infração. Assim o
fotossensor acaba por classificar como infração um fato que, por motivos circunstanciais
de momento e contexto, não constitui-se em uma violação às leis de trânsito.
8. Para reforçar ainda mais a tese apresentada neste item, faz-se aqui menções a outras
situações, em que o fotomulta tem como irregular um comportamento completamente
autorizado pela Lei de Trânsito.
9. Somente para ilustrar esta defesa, tem-se, assim, aquela situação de se exigir que o
motorista que pára sobre a faixa de pedestre, por lhe Ter surgido o sinal amarelo ou
vermelho, dela se retire, dando marcha à ré, em oito segundos, para não ser flagrado,
como infrator, pelo "olho-vivo". Esse comportamento, por evidente, não tem critério
legal, posto que em nenhum momento o Código Brasileiro de Trânsito impõe essa
obrigação ao motorista, muito menos assinala que essa obrigação deve ser feita no exíguo
tempo de 8 segundos. A obrigação criada fere princípio constitucional de que ninguém
pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
10. Esquecem-se que as pessoas não podem se defender de acusações dúbias, que não
esclarecem o motivo de estarem sendo penalizados, nem podem elas se lembrar de fatos
que sequer tomaram ciência se aconteceram ou não, no caso presente, entretanto, o
requerente tem a certeza de que estava em uma situação emergencial.
11. É para facilitar o direito de defesa do cidadão que o inciso I do artigo 280 da Lei n°
9.503/97 estabelece:
"Art. 280- Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-
á auto de infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;"
12. Claro está que, da forma dúbia como a notificação tipifica a infração, a lei está sendo
desrespeitada. Se o DER não cumpre a lei, como pode exigir isso do cidadão?
13. Outro ponto a ser lembrado nesse tópico é a habilitação do equipamento. Sem o
aferimento e a certificação - condições sine qua non para instalação, funcionamento,
legalidade, transparência e idoneidade do "olho-vivo" - não há como ter certeza de que o
aparelho funciona dentro de padrões aceitáveis. Assim, todas as vezes que se pune um
motorista com base nas acusações feitas pelo fotossensor, corre-se o risco de se estar
punindo um inocente. Todos os brocardos positivados que refletem esse princípio (in
dubio pro reo e in dubio pro mísero no âmbito penal e trabalhista) demonstram que, ao
longo dos anos de evolução do Direito Positivo, sabiamente se aprendeu a aceitar
pacificamente que é preferível deixar de punir dez culpados a punir um inocente.
14. O fotossensor não possui sinal algum que indique que foi cometida uma infração. A
colocação de tais indicativos não é só um dever do órgão de trânsito, mas um direito do
cidadão para saber se cometeu ou não a infração que lhe é imputada. Além do mais, tais
indicadores visariam, não a multa em si, mas a educação e prevenção no trânsito, que são
os objetivos maiores previstos nas normas de trânsito.
15. Em verdade, a multa gerada pelo fotomulta não oferece a segurança que dela se
espera. Não consegue a empresa Fotosensores nem o DER comprovarem que o motorista
flagrado pelo "olho-vivo" efetivamente desobedeceu o sinal de trânsito. Como bem
dispôs a perícia do CREA/MS e as decisões do TJ/MS, uma única foto não é o suficiente
para se ter um motorista como infrator. Nesse caso, é melhor deixar impune vários
culpados do que punir um inocente.
Da falta de placas de advertência dando conta da existência de fiscalização elétrica-
eletrônica e fotográfica:
16. Os motoristas e proprietários de veículos do Brasil todo, estão sendo
17. multados pelo DER, através de fotossensores, instalados de forma camuflada, sem
qualquer ostensividade, com o fito exclusivo de arrecadação de numerários, quando a
norma em vigor é expressa em exigir a colocação de sinalização vertical ao longo da via
fiscalizada, para manter o usuário permanentemente informado da existência do
equipamento eletrônico, posto que o objetivo primeiro da fiscalização de trânsito, como
já dito, é a educação e prevenção de acidentes e não a repressão e arrecadação.
18. A norma existente sobre o assunto é tão exigente que chega até detalhar as dimensões
das placas informativas e onde deverão ser colocadas. E essa obrigatoriedade, diga-se de
passagem, não é válida apenas para os equipamentos fixos, mas também para os móveis,
como o são os usados pela Polícia Rodoviária Federal nas rodovias.
19. Eis a redação da Resolução nº 008/98 que estabelece a obrigatoriedade de sinalização
indicativa de fiscalização mecânica, elétrica, eletrônica ou fotográfica dos veículos em
circulação:
"O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, usando da competência que lhe confere
o art. 12 da Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito
Brasileiro - CTB, e conforme Decreto nº 2.327, de 23 de setembro de 1997, que dispõe
sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito;
Considerando o que dispõe o Código de Trânsito Brasileiro;
Considerando o caráter educativo da fiscalização de trânsito;
Considerando a necessidade de estabelecer uma fiscalização ostensiva e preventiva que
evite os acidentes de trânsito;
R E S O L V E:
Art. 1º. Toda fiscalização de trânsito por meio mecânico, elétrico, eletrônico ou
fotográfico, deverá ser indicada, pelo menos, por sinalização vertical conforme modelo
constante no anexo I da presente Resolução.
Art. 2º. A sinalização deverá ser colocada ao longo da via fiscalizada, observada a
engenharia de tráfego, respeitando espaçamentos mínimos que mantenham o usuário
permanentemente informado.
Parágrafo Único. Quando a fiscalização for realizada com equipamento tipo
portátil, operado por agente de fiscalização, a sinalização poderá ser do
tipo removível.
Art. 3º. Esta Resolução entra em vigor trinta dias após a data de sua
publicação, mantidas as Resoluções 795/95, 801/95 e 820/96 e revogadas as disposições
em contrário."
"ANEXO I DA RESOLUÇÃO N.º 008/98
Placas Informativas:
Fundo: Azul
Orla Interna: Branca
Orla Externa: Azul
Legendas: Branca
I - aparelhos sem agente operador no local:
Dimensões:
Largura: 1,90m
Altura: 0,90m
II) sinalização removível:
Dimensões:
Largura: 1,00m
Altura: 0,50m".
Essa Resolução é datada de 23 de janeiro de 1998, publicada em 22 de fevereiro de 1998.

"EMENTA: - Agravo Regimental. Suspensão dos efeitos de Medida Cautelar proferida


nos autos de Ação Civil Pública. Equipamentos eletrônicos destinados à imposição de
multas aos proprietários de veículos automotores. A utilização de equipamentos
eletrônicos com o fim de impor multas aos proprietários de veículos automotores, sob
pena de violação aos princípios da legalidade, igualdade e impessoalidade, deve atender a
exigência do CONTRAN, de colocação de placas de advertência em todos os locais onde
tais aparelhos estejam instalados deve ter aferição das câmaras fotográficas pelo
INMETRO, deve destinar tratamento igualitário a todos os indivíduos sob as mesmas
situações jurídicas, e por fim, deve individualizar a responsabilidade de cada infrator.
Recurso conhecido e provido"
20. Frisar, mais uma vez, a falta de certificação, homologação, aferimento e calibração
dos aparelhos é importante, para demonstrar que, se tais procedimentos fossem tomados,
detectar-se-ia, com certeza, todas as ilegalidades e irregularidades até aqui apontadas e,
certamente, seriam feitas, oportunamente, as correções devidas, antes mesmo que essas
parafernálias fossem instaladas e colocadas em funcionamento para controlar o tráfego.
21. Assim, verifica-se que é absolutamente nulas, lesivas, por conseguinte, todas as
multas aplicadas pelo Departamento Estadual de Trânsito.
ISTO POSTO
22. Requer aos nobres julgadores pelo acatamento do presente recurso já em
preliminares, haja vista da situação emergencial em que o requerente se encontrava,
mesmo porque a velocidade que estava naquele momento não estava colocando em risco
outros motoristas.
23. Vencidas as preliminares, requer pelo acatamento das alegações de mérito, haja vista
que o sistema de fotossensores ainda é falho, devendo haver uma margem maior de
tolerância na velocidade dos automóveis, principalmente naquele local, e ainda a
colocação adequada de indicadores, tais indicadores visariam, não a multa em si, mas a
educação e prevenção no trânsito, que são os objetivos maiores previstos nas normas de
trânsito.
Nestes termos
Pede e espera deferimento
Pirassununga, 18 de março de 2003.

ass

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