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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES


CURSO DE FILOSOFIA

Daniel Vitor Alves de Lima


José Guimarães Lira Neto
Romério José da Silva Santos

O CINEMA NO ENSINO DE FILOSOFIA DA SALA AULA TRADICIONAL À


OFICINA DE PRODUÇÃO DE CONCEITOS

Um Resumo Estendido

Maceió
2020
Daniel Vitor Alves de Lima
José Guimarães Lira Neto
Romério José da Silva Santos

O CINEMA NO ENSINO DE FILOSOFIA DA SALA DE AULA TRADICIONAL À


OFICINA DE PRODUÇÃO DE CONCEITOS

Um Resumo Estendido

Trabalho apresentado para a Disciplina


Atividade Curriculares de Extensão, pelo Curso
de Filosofia Da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), ministrada pelo Prof. João
Dias.

Maceió
2020
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
FILOSOFIA DELEUZIANA E FILOSOFIA TRADICIONAL .......................................... 3
A CARTOGRAFIA COMO PRÁTICA DE PESQUISA E INTERVENÇÃO ................... 4
AS IMAGENS FÍLMICAS COMO FORÇAS DE MOVIMENTO DO PENSAMENTO 5
CINEMA E FILOSOFIA EM SALA DE AULA:.................................................................. 6
REFERÊNCIA .......................................................................................................................... 8
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um resumo estendido da dissertação


apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Filosofia pela Universidade Federal do
Piauí na área de concentração Ensino de Filosofia, visando à obtenção do título de Mestre em
Filosofia realizado por Francisca de Jesus C. Moura.

Sua dissertação tem por fundamento as obras de Gille Deleuze e de Félix Guattari, seu
método escolhido foi a cartografia de intervenção filosófica na educação, com a sua
aplicabilidade na Unidade Escolar Nossa Senhora da Paz, Teresina, Piauí.

Deleuze – Filósofo Francês (Paris, 18 de janeiro, 1925 – Paris, 04 de novembro de 1995)


– Trouxe inovação para a filosofia mediante as suas obras. Contribuiu também com o
psicanalista e anarquista, Félix Guattari. Defendia a autonomia da filosofia em relação à ciência
e a arte, e disse que sua tarefa principal é a construção de conceitos. Escreveu sobre Artes,
Filosofia, Literatura e Cinema. Dois dos seus livros foram dedicados à cinematografia – Cinema
1: A Imagem em Movimento, 1983; Cinema 2: A Imagem Tempo, 1985 – os quais foram usados
como alicerce pela autora da dissertação.

FILOSOFIA DELEUZIANA E FILOSOFIA TRADICIONAL

Para Deleuze, afirma Moura, que a filosofia deleuziana está concentrada na produção
de conceitos a partir da ação em meio ao pensamento em sala de aula se diferenciando da
filosofia tradicional, que busca os conceitos através da contemplação dos alunos através da
problematização da realidade.

Em primeiro lugar, diz Moura, devemos compreender que três elementos são
necessários para a criação de conceitos: o plano de imanência, os conceitos e os personagens
conceituais. O plano de imanência é o lugar de onde se captura elementos que serão utilizados
como obra-prima para a produção de conceitos. É sair do seu território e se inserir em um
território desconhecido com o objetivo de colher componentes que serão utilizados futuramente
na criação de novos conceitos.
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Em Segundo lugar, os personagens conceituais vivificam os conceitos. Moura utiliza


como exemplo os personagens criados por Platão, que por intermédio de seus movimentos cria
e expõe os conceitos do seu criador.

Podemos diferenciar a filosofia deleuziana da filosofia tradicional pelas seguintes


palavras: traçar, inventar e criar. Enquanto a filosofia tradicional é: contemplar, refletir e
comunicar.

Deleuze afirma que a filosofia deveria ser isenta de pressupostos, mas essa filosofia é
quase impossível, pois toda filosofia parte de imagens de pensamento pré-estabelecidas. Com
o objetivo de ser o mais isento possível, Deleuze mapeia-os como objetivo e subjetivo; sendo
os conceitos objetivos, conceitos utilizados pelas ciências e pela filosofia como um ponto de
partida, uma “lei”, algo a ser observado por todos; enquanto o conceito subjetivo parte das
percepções pessoais.

Atualmente, as aulas de filosofia são realizadas através da exposição de conteúdo,


leitura de textos filosóficos, debates e discussões, com o objetivo na preparação dos alunos para
provas internas e externas. Para Deleuze o foco deveria ser a construção de conceitos,
problematizando e investigando junto aos discentes. Para ele, a filosofia tem a função de criar
conceitos.

A CARTOGRAFIA COMO PRÁTICA DE PESQUISA E INTERVENÇÃO

No capítulo dois, Moura explica o método cartográfico, no qual ela utilizou para realizar
sua pesquisa. Trata-se de um método baseado em ideais geográficos para elaboração de mapas,
cartas e representação de objetos e fatos relacionados ao território que o ser humano habita.

Diferente do método tradicional de pesquisa, o método cartográfico tem os seus


procedimentos construídos durante o caminhar da pesquisa. Por essa razão, a palavra
mais coerente ao conceito de método pensado por Deleuze e Guattari é “prática da
pesquisa”, para designar a cartografia na forma de pesquisa intervencionista – a
pesquisa que se monta durante o caminhar, no fazer da pesquisa. (MOURA, 2020, p.
39).

Moura, ao escolher esse método, tem como objetivo transformar a sala de aula em uma
oficina de criação de conceitos, onde se pensa durante o caminhar, e com esse pensamento se
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cria caminhos. Nessas oficinas, os alunos não são espectadores passivos, mas sim
“pesquisadores-cartográficos, nômades, em processo de construção de mapas de território,
montando seu próprio percurso nas intervenções filosóficas” (MOURA, 2020, p.53).

AS IMAGENS FÍLMICAS COMO FORÇAS DE MOVIMENTO DO PENSAMENTO

Deleuze percebeu, mediante a ideias cineastas, a possibilidade de extrair imagem de


movimento, ou seja, é peculiar das imagens a extração de movimento. Na produção de imagem-
movimento, Deleuze identificou três espécies de imagens: Imagens-percepção, Imagens-
afecção e imagens-ação.

A Imagens-percepção é o ato de perceber algo, é compreender a imagem por sua


cognição, com isso se trata de algo subjetivo. A imagem é o que é, e a percepção é o que vemos,
o que compreendemos daquela imagem. Podemos dizer, então, que cada pessoa pode encontrar
um significado próprio para a mesma imagem, todavia a imagem é imutável.

A imagem-afecção refere-se ao objetivo de demonstrar a emoção através da imagem.

A imagem-ação é o ato de afetar o personagem, provocando-lhe uma resposta, uma


reação seja ela imediata ou não. Quando uma situação desfavorável acontece, o personagem
tem a escolha de agir, e se assim o fizer, poderá modificar o meio, a situação e as pessoas ao
seu redor.

A imagem tempo é a imagem direta do tempo, ou seja, é uma imagem da realidade tal
como ela é. Ao falar sobre isso, Deleuze expõe o fato de que no cinema, o plano de imagem do
filme não tem perspectiva clichê. A imagem-cristal é o aprofundamento na discussão da
imagem tempo, sendo expressa na tela de maneira fragmentada, na qual, cada fragmento exibe
um determinado momento no tempo. Como afirma Moura: “A criação do conceito de imagem-
cristal nasce, então, como respostas a exigências das situações óticas e sonoras puras.”
(MOURA, 2020, p.76).
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CINEMA E FILOSOFIA EM SALA DE AULA:

Neste capítulo, Moura apresenta tanto o experimento, quanto seus respectivos


resultados. O experimento em si foi denominado por ela como “oficina de produção de
Conceitos”, no qual havia como objetivo o de:

…verificar a possibilidade do cinema como força capaz de mobilizar o pensamento


dos discentes na criação de seus próprios conceitos, baseando-se nas ideias de Deleuze
sobre essas duas formas de pensamento: o Cinema como potência de afetação e a
Filosofia como potência criadora de conceitos (MOURA, 2020, p.79).

Seis oficinas foram realizadas na Unidade Escolar Nossa Senhora da Paz, em Teresina-
PI, com a participação de 36 estudantes pertencentes ao Primeiro e Terceiro Ano do Ensino
Médio, e professores de filosofia. Ela mapeou sua pesquisa em observância ao método
cartográfico de pesquisa-intervenção, documentando os resultados de cada encontro, como por
exemplo, a maneira que os alunos interagiam no território de pesquisa.

Moura ofertou a proposta de intervenção filosófica das oficinas de produção de


conceitos, citadas anteriormente, em três momentos: primeiro a equipe gestora da escola, em
seguida aos docentes e discentes, e, por fim, aos pais de alunos menores de 18 anos.

Na escolha dos filmes, os alunos foram consultados sobre seus interesses pessoais no
que se refere a entretenimento e obteve diversas respostas do qual lhe rendeu uma variedade de
opções de gêneros cinematográficos, como: ação, ficção científica, comédia, romântico, terror,
guerra, drama e etc.

Os encontros foram realizados em sala de aula, transformando a sala de aula em um território


de pesquisa, um “espaço para bons encontros” no qual favorecia o aprendizado de todos. As
oficinas foram realizadas em seis encontros:

➢ Primeiro encontro - Com os discentes do Primeiro Ano -, o tema foi “Saber e


Poder”;
➢ Segundo encontro - Com os discentes do Terceiro ano -, o tema foi “A redução
da maioridade penal”;
➢ Segunda Oficina: Saber e Poder em “Meu Amigo Nietzsche” (2002);
➢ Terceira Oficina: Saber e poder em “Óleo de Lorenzo” (1992);
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➢ Quarta Oficina: Violência e Exploração infantil em “Menino de Carvão” (2008);


➢ Quinta Oficina: Violências e misérias em “Gangues de Nova York” (2002);
➢ Sexta oficina: Encerramento das Atividades.

Após a realização das oficinas, foi elaborada uma roda de conversas, tendo em vista a
opinião de todos os participantes sobre as atividades realizadas, e um dos aspectos negativos
observados pelo grupo foi a carga horária, considerada insuficiente para as atividades propostas.
Quanto aos aspectos positivos segue os seguintes comentários:

— Foi interessante a ideia de juntar cinema e filosofia para estudar temas filosóficos,
pois agregou novas experiências e novos conhecimentos.
— O trabalho em equipe tornou possível uma maior interação entre os participantes
para planejar e executar as atividades da proposta.
— As rodas de conversas foram importantes, pois a escuta das exposições dos
resultados das pesquisas, das análises dos filmes exibidos ajudaram a compressão dos
temas.
— A superação das expectativas deles, pois na apresentação da proposta ficaram
curiosos, mas em dúvidas quanto a relação entre os temas filosóficos e o cinema, no
entanto, o desenvolvimento das atividades mostrou que é possível trabalhar cinema e
filosofia para estudar temas filosóficos. (MOURA, 2020, p. 93, apud Caderno de
Anotações. Registro 12).

Para concluir, Moura evoca mais uma vez o método cartográfico como pesquisa-
intervenção como uma ferramenta importante para a realização da sua pesquisa e na produção
de conceitos, junto aos filmes exibidos para os alunos.
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REFERÊNCIA

WIKIPÉDIA. Gilles Deleuze. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/gilles_deleuze. Acesso


em: 09 dez. 2021.
MOURA, Francisca de Jesus Cardoso. O Cinema no Ensino de Filosofia da Sala de Aula
Tradicional à Oficina de Produção de Conceitos. 2020. 109 f. Dissertação (Mestrado Profissional
em Filosofia) – Universidade Federal do Piauí – PI, 2020.

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