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NA CONTRA MÃO DA

DEMOCRACIA
A CRESCENTE INDICAÇÃO POLÍTICA DE
GESTORES ESCOLARES EM ALAGOAS
Isabela Macena dos Santos
Eva Pauliana da Silva Gomes
Edna Cristina do Prado
Grupo 4 – Na contramão da
democratização

❖ Daniel Vitor Alves de Lima


❖ Ellen Kalynne Ferreira Silva de Souza
❖ José Guimarães Lira Neto
❖ Maria Quitéria dos Santos
❖ Matheus Teotônio Lins de Aguiar
Autoras
Isabela Marcena dos Santos

Atualmente é doutoranda em Educação pelo PPGE-UFAL. É


mestre em educação pelo Programa de Pós-Graduação em
Educação (PPGE/CEDU) da Universidade Federal de Alagoas.
Tem pós-graduação em Gestão Pública Municipal (Lato Sensu)
pela Faculdade de Economia e Administração (FEAC) da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Possui graduação em
pedagogia (UFAL). É membro do Grupo de Pesquisa sobre
Gestão e Avaliação Educacional (GAE) UFAL\CNPq.
Isabela Marcena dos Santos

Atuou como bolsista 2011/2012 no projeto PIBIC\CNPq


intitulado: formas de provimento do cargo de gestor escolar em
Alagoas: tendências e configurações atuais na rede pública
municipal de ensino. Atuou como colaboradora na pesquisa
UNIVERSAL- CNPq, vigente até 2014, intitulada : A gestão
democrática da educação básica no Nordeste: inventário
analítico das formas de provimento do cargo de gestor escolar
nas redes públicas municipais. Participou da pesquisa Práticas
exitosas em gestão escolar em Alagoas FAPEAL/UFAL. Atua
com pesquisas nas áreas da Educação, discutindo o
provimento do cargo de gestor escolar e a gestão
democrática e os planos de carreira do magistério.
Eva Paulina Silva Gomes

Doutoranda em Educação (PPGE/UFAL); Mestra em Educação


Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica
pelo Centro Universitário Cesmac; graduada em Pedagogia
(UFAL). Atuou como Professora Substituta na Universidade
Federal de Alagoas (UFAL) Campus do Sertão - Delmiro
Gouveia (2016-2018), atualmente é professora da Secretaria
Municipal de Educação (SEMED). Tem experiência na área de
Educação, atuando principalmente nos seguintes temas:
Educação Especial, práticas pedagógicas, gestão
democrática, participação, currículo e financiamento da
educação.
Edna Cristina do Prado

Pós-doutorado em Educação no Instituto de Educação da


Universidade de Lisboa; (IE/UL); doutorado em Educação Escolar pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP);
mestrado em Educação Currículo pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP), ambos na área de políticas públicas
para a EJA; especialização em Psicologia pela Universidade de São
Paulo (USP); especialização em Tutoria em EaD pelo Senac de
Curitiba; especialização em Ecoturismo pela Universidade Federal de
Lavras (UFLA); licenciatura em Educação Física pela Faculdade de
Educação Física de Santo André (FEFISA); licenciatura em Pedagogia
pela Universidade do Grande ABC (UNIABC); licenciatura em Letras e
bacharelado em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP);
Edna Cristina do Prado

bacharelado em Direito pela Faculdade Maurício de Nassau (FMN);


bacharelado em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana
(FTSA). Professora Associada da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL) no curso de Pedagogia e nos cursos de mestrado e doutorado
do Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE. Líder do
Grupo do Pesquisa Gestão e Avaliação Educacional - GAE do Centro
de Educação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL/CNPq).
Diretora da Seção Estadual da Anpae Alagoas biênios 2011-
2013/2013-2015. Tem experiência em docência e na gestão da
educação básica e ensino superior, atuando principalmente nos
seguintes temas: Gestão Educacional; Políticas Públicas; Ensino
Superior e Educação Jurídica. e-mail: wiledna@uol.com.br. ORCID N
0000-0001-8226-2466
Resumo
 Conteúdo – Apresenta mapeamento das formas de
escolha do gestor escolar na rede pública municipal de
ensino de Alagoas, ao mesmo tempo que analisa as
percepções dos secretários de educação sobre o perfil
do gestor escolar, eleição e indicação de diretores.
 O estudo
Pesquisa quantitativa e;
Aplicação de questionário com:
Secretários de educação;
Presidentes do Sindicato de Trabalhadores da
Educação em Alagoas (SINTEAL).
Resumo

 Objetivo
Compreender as formas de provimento do cargo de
gestor escolar da rede municipal de ensino.
 A análise
Análise de conteúdo (BARDIN, 2011).
 Resultado
Alagoas está no caminho contrário ao que
determina a meta 19 do Plano Nacional de
Educação (PNE 2014 - 2024).
Introdução
A meta 19 do Plano Nacional de Educação - PNE (2014-
2024), Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001, estabelece
que os estados e municípios brasileiros devem assegurar
condições para efetivação da gestão democrática da
educação.
Critério:
Técnico de mérito e desempenho;
Consulta pública a comunidade.
Dificuldade:
Monitoramento.
O texto do PNE (2014-2024) estabelece, nas
Estratégias 19.1 e 19.2:
Priorizar o repasse de transferências voluntárias na área
da educação para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios que tenham aprovado lei específica
prevendo a observância de critérios técnicos de mérito
e desempenho e a processos que garantam a
participação da comunidade escolar preliminares à
nomeação comissionada de diretores escolares;
Aplicar prova nacional específica, a fim de subsidiar a
definição de critérios objetivos para o provimento dos
cargos de diretores escolares.
Divisão do Artigo

Primeira seção – Gestão democrática e escolha do


gestor escolar no Brasil.

Segunda seção – Formas de provimento ao cargo de


gestor escolar em Alagoas.

Terceira seção – A visão dos Secretários municipais


de educação sobre o perfil do gestor escolar,
eleição de diretores e indicação política em
Alagoas.
Nosso objetivo

 Responder as seguintes questões:

 Qual mecanismo da gestão democrática é priorizada


no estudo e qual a importância de um gestor escolar?

 Quais são as formas de provimentos do cargo de


gestor escolar no Brasil?

 Quais são as potencialidades e dificuldades da eleição


de gestores escolares?
Nosso objetivo

 Responder as seguintes questões:

 Como a situação da escolha de gestores em Alagoas


se apresenta?

 Que distância e proximidade foram identificadas nas


visões dos entrevistados?

 Que riscos ou consequências a situação detectada


pelas autoras representa para a educação em
Alagoas?
1. Gestão democrática e escolha
do gestor escolar no Brasil
PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO
PÚBLICA BRASILEIRA

1980 1988 1990


Promulgação da
Período da Constituição Federal
redemocratização Houve o fomento
(Cidadã); das políticas
brasileira;
públicas no
O Artigo 206, destaca a, contexto da
Início da discussão do
“gestão democrática do educação nacional
tema “Gestão
ensino público, Forma de Lei. e da Lei de Diretrizes
Democrática”.
e Base de Educação
Nacional LDBEN, nº
9394/96 em artigos
14 e 15.
(SANTOS, GOMES, PRADO, 2019, p.5)
Formas de pavimento do gestor escolar no
Brasil
 Concurso Público
O concurso público visa a impedir o apadrinhamento político, é realizado
pela mediação da prova, qualificação profissional e nomeação dos
primeiros colocados ((SANTOS, GOMES, PRADO, 2019, p.6).

 Seleção Mista
[...] busca promover o processo seletivo e a eleição considerando a
competência técnica (Ibid).

 Apadrinhamento Político
A indicação política é caracterizada pela cultura tradicionalista [...](Ibid).
A indicação política é caracterizada pela cultura
tradicionalista, pois “[...] ainda que novas formas de
ascensão ao cargo de diretor tenham estimulado
processos de escolha democrática, é visível, porém, que
estas convivem com práticas que ferem o princípio
constitucional estabelecido há mais de 25 anos” (VIEIRA e
VIDAL, 2015, p. 35), ocasionando, assim, o distanciamento
da escola ao processo de construção do ambiente
democrático (SANTOS, GOMES, PRADO, 2019, p.6).
Como efetivar a democracia participativa no
âmbito escolar
Eleições para diretor
[...] uma importante característica das eleições é que,
como todo processo de democracia, a participação e o
envolvimento das pessoas como sujeitos na condução
das ações é apenas uma possibilidade, não uma
garantia. Especialmente em sociedades com fortes
marcas tradicionalistas, sem uma cultura desenvolvida de
participação social, é muito difícil conseguir-se que os
indivíduos não deleguem a outros aquilo que faz parte de
sua obrigação como sujeito partícipe da ação coletiva
(PARO, 2003, p.100, apud SANTOS, GOMES, PRADO, 2019
p. 7).
Paro (2003) afirma que a legislação traz a possibilidade de
implementação da democracia, mas, de fato, as eleições
não garantem a concretude das ações do trabalho
coletivo, pois não há uma cultura de participação social
instituída na comunidade escolar com o intuito de permitir
o fim das práticas conservadoras, as quais se destacam
pelos interesses e benefícios pessoais (SANTOS, GOMES,
PRADO, 2019, p.7).
Divisão Regional do Estado de Alagoas -
Números de Municípios
7 4
12 Maceío
8
Matriz de Camaragibe
São Miguel dos Campos
8 Palmeira dos Índios
10
Arapiraca
Sntana do Ipanema
8 Viçosa
10 Penedo
Pão de Açúcar
8
Rio Largo
10 Delmiro Golveia
8
9 União dos Palmares
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
2. Formas de provimento ao cargo
de gestor escolar em Alagoas
Formas de provimento ao cargo de gestor escolar em
Alagoas

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.


Em conformidade com Paro (2003, p. 26), a eleição de
diretores é a forma de provimento que proporciona a
participação da comunidade escolar, abrindo espaço
para uma escolha democrática de quem irá gerir a
escola, e tal mecanismo de escolha do gestor é
importante porque “[...] à medida que a sociedade se
democratiza, e como condição dessa democratização, é
preciso que se democratizem as instituições que
compõem a própria sociedade” (PARO, 2003, p.23, apud
SANTOS, GOMES, PRADO, 2019 p. 11).
Formas de provimento de gestor escolar em
Alagoas entre 2013 e 2019

2013 2019
Formas de
Provimento Número de Número de
% %
Municípios Municípios
Eleição direta 15 15% 15 15%
Indicação
80 78% 67 66%
Política
Concurso
1 1% 0 0%
Público
Outros 3 3% 0 0%
Não
3 3% 20 19%
respondeu

Fonte: Dados da pesquisa de 2019 e de Santos e Prado, 2014.


Formas de Provimento

Números
90
80
80
67
Número de Municípios

70
60
50
40
30
20
20 15 15
10
1 3 3 0 0
0

2013 2019

Eleições Diretas indicações Políticas Concurso Público


Outro Não respondeu
Fonte: Dados da pesquisa de 2019 e de Santos e Prado, 2014.
Formas de Provimento

Porcentagem
90%
80%
78%
66%
Número de Municípios

70%
60%
50%
40%
30%
15% 15% 19%
20%
10%
1% 3% 4% 0% 0%
0%

2013 2019
Eleições Diretas indicações Políticas Concurso Público
Outro Não respondeu
Fonte: Dados da pesquisa de 2019 e de Santos e Prado, 2014.
3. A visão dos Secretários municipais
de educação sobre o perfil do gestor
escolar, eleição de diretores e
indicação política em Alagoas
O discurso recorrente tem sido sobre a qualidade da
educação e as instituições de ensino como instrumentos
centrais para execução do trabalho desafiador
concebido pela busca de práticas exitosas e de um
ensino socialmente referenciado. Desse modo,
percebe-se a relevância da atuação do gestor escolar
frente às suas diversas demandas (PASCHOALINO, 2018,
apud SANTOS, GOMES, PRADO, 2019 p. 12).
Para a coleta dos dados, com autorização da UNDIME-AL (União
dos Dirigentes Municipais de Educação de Alagoas), utilizou-se
aplicação de questionários com os secretários municipais de
educação de Alagoas.

Questionários entregues nas reuniões


60
Primeira reunião 35
25
10
Segunda reunião 4
6
70
Total de questionários 39
31
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Entregues Devolvidos Não devolvidos


Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
O que o gestor precisa saber para estar à frente de
uma escola pública?
Administrativo/Financeiro
2%
2% 2%
4% Pedagógico
4%
31% Bom relacionamento
6% com o grupo
Conecer a legislação
9%
Conhecer a comunidade
escolar
13% Formação na área
27% Ter experiência

Participativo

Fonte: Dados da pesquisa, 2019. Liderança


Para pensar!

Qual o motivo de 31% (a maior


porcentagem) dos gestores escolares
terem respondido que a qualificação para
gerir uma escola é saber administrar as
finanças?
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).
3.1. O que pensam os secretários de educação
alagoanos sobre a eleição de diretores.
Quadro dos secretários entrevistados sobre a
eleição de diretores.
 O quadro que segue
apresenta a visão que os
secretários de educação
dos municípios alagoanos,
sujeitos da pesquisa, têm

Aspectos negativos - 5
Aspectos positivos - 34
acerca da eleição de
diretores e sua importância
para a gestão escolar.

Legenda
 Dos 39 secretários, 6 tem
eleições diretas para
diretor em seu município e
34 são a favor das eleição.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Respostas negativas

❖ Nº 4 – Política partidária;
❖ Nº 7 – Um problema, pois geralmente ganha o “mais
querido” e não alguém que trabalhe em consonância
e facilite as ações da secretária;
❖ Nº 6 – algo que o município não está preparado;
❖ Nº 14 – Não concordo plenamente, temos vários
exemplos negativos;
❖ N 15 – Nosso município não é viável devido a política
partidária.
Algumas respostas positivas

❖ Nº 2 – Democracia e cidadania;
❖ Nº 13 – Redemocratização;
❖ Nº 22 – Bom;
❖ Nº 25 – Importante, porém somente isso não efetiva a
gestão democrática;
❖ Nº 30 – Necessária para consolidação do processo
democrático.
3.2 O que pensam os secretários de
educação alagoanos sobre a indicação
político-partidária dos gestores escolares.
A percepção dos secretários entrevistados sobre a
indicação politico/partidário

 Os dados do quadro 3 revelam


a percepção dos secretários
municipais de educação em

Aspectos negativos – 17
Aspectos positivos – 16
relação à indicação político-

Não responderam – 6
partidária.
 Dos 39 secretários, 17 são a
favor do dispositivo de indicação
política. 16 não são a favor da

Legenda
indicação político-partidária, e 6
não responderam a pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.


Algumas respostas positivo

❖ Nº 1 – Profissionais com perfil administrativos;


❖ Nº 11 – Necessária na conjuntura atual;
❖ Nº 17 – Responsabilidade, confiança, construção
coletiva;
❖ Nº 25 – É o meio que tem maior resultado até o
momento;
❖ Nº 28 – Na conjuntura atual, necessária.
Alguns respostas negativas

❖ Nº 4 – Longe da democracia;
❖ Nº 8 – Precisa ser revisto;
❖ Nº 13 – Clientelismo;
❖ Nº 23 – A realidade da maioria dos municípios
alagoanos;
❖ N 35 – Retrocesso.
Conclusão

 As pesquisadoras, ao realizar este artigo que usamos como


base para nosso seminário, esperavam perceber os avanços
e/ou retrocessos quanto a meta 19.

 Evidente que, a partir dos resultados, estamos distantes do


que seria a meta 19.

 Embora a maioria dos secretários de educação apoie a


democratização, a indicação política ainda é dominante, e
pouco foi feito, nas redes públicas municipais de Alagoas, a
fim de garantir a meta.
Conclusão

“[...] há possibilidades de mudanças na educação


em um cenário permeado por ações que
inviabilizam o cumprimento dos preceitos legais na
escola?”
“Até quando a ausência de monitoramento das
políticas públicas reforçará práticas
conservadoras?”

(SANTOS, GOMES, PRADO, 2019, p.21)


Referências

SANTOS I. M., GOMES E. P. S., PRADO E. C. Na Contramão da


Democracia: a crescente indicação política de gestores
escolares em Alagoas. Revista Exitus, Santarém/PA, Vol. 11, p.
01 - 23, e 020151, 2021.
PARO, V. H. Eleição de Diretores: a escola pública experimenta
a democracia. 2. Ed. São Paulo: Xamã, 2003.
BRASIL. Lei Federal N. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o
Plano Nacional de Educação. Brasília, 2014.
BERNADO, E. S. PNE 2014-2024: Uma reflexão sobre a meta 19 e
os desafios da gestão democrática. Revista Educação e
Cultura Contemporânea, v. 13, n. 33, 2016.

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