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Filosofia Moderna II

Mariana Lima Pereira


R.A.: 181060965

Analise do Paragrafo do prefacio da segunda edição da Critica da


Razão Pura
Kant é um dos mais importantes filósofos da modernidade, não é estranho dizer
que existe a era pré-critica e pós-critica da filosofia, se baseado no criticismo kantiano,
isso exemplifica sua magnitude. Neste texto será analisado um parágrafo do prefacio da
segunda edição da Crítica da Razão Pura. A partir desde trecho será possível discorrer
brevemente sobre a diferença entre ciência e filosofia e como isso se relaciona com o
dogmatismo.

Vale colocar um dos principais motivos para Kant sentir a necessidade de


“criticar” a razão. É possível dizer que Kant ficou intrigado com a “contradição” da
razão, pois baseando-se na razão era possível de fundamentar conhecimentos científicos
com êxito, mas em contrapartida também era possível fundamentar, a partir da razão,
conceitos opostos, por exemplo o conceito de liberdade e de determinismo. Com isso
Kant se empenha em criticar a razão para assim ser possível guia-la para seu uso correto
e de certa forma limita-la aquilo que poderia ser minimamente demonstrável, para evitar
contradições conceituais logicas.

É importante também colocar que Kant é um dos primeiros filósofos a realmente


distanciar a ciência da filosofia, pois os antigos defendiam que filosofia era a própria
ciência, até nos modernos, como Descartes e Leibniz não há um grande distanciamento
entre filosofia em ciência. Porém Kant os diferencia claramente, e é possível dizer que
de certa forma até rebaixa a filosofia como “inferior” a ciência, como podemos observar
neste trecho do prefacio da segunda edição da Crítica da Razão Pura:

“A crítica não se opõe ao procedimento dogmático da razão no


seu conhecimento puro, enquanto ciência (pois esta é a sempre
dogmática, isto é, estritamente demonstrativa, baseando-se em
princípios a priori seguros), mas sim ao dogmatismo, quer dizer,
à presunção de seguir por diante apenas como um conhecimento
puro por conceitos (conhecimento filosófico), apoiado em
princípios, como os que a razão desde há muito aplica, sem
informar como e com que direito os alcançou” (BXXXVI)

Neste trecho é possível perceber o que analisamos anteriormente, sobre esta obra
ser uma critica a razão, afim de delimita-la e trazer mais “êxito” a suas possíveis
analises sobre si mesma. Também é possível compreender o que Kant entende por
ciência e o que ele ente por conhecimento filosófico, facilitando a compreensão do seu
desenvolvimento. Mas vale expor de forma breve o conceito dogmatismo, este conceito
se refere a crença de que o ser humano possui total capacidade de atingir verdades
absolutas, principalmente por meio da razão.

Baseando-se nas definições acima e no trecho citado é possível de forma mais


simplória dizer que Kant afirma que: por meio da razão o ser humano é capaz de achar
uma verdade absoluta desde que essa se baseie em métodos científicos e possa ser
demonstrável, ou seja apenas a ciência pode encontrar realmente uma verdade; já a
filosofia não possui capacidade para encontrar uma verdade absoluta buscando formas
de “explicar” a razão dentro da própria razão.

Mas a frente, no paragrafo que aqui estamos analisando, Kant especifica que sua
critica atinge principalmente a metafisica, pois criticar a razão pura é criticar o
instrumento da própria metafisica. E também por meio desta critica o filosofo alemão
busca procurar formas para ser possível fundamentar a metafisica como uma ciência, ou
seja, uma fundamentação que tornará a metafisica legitima de ser chamada de uma
verdade absoluta e que possa ser submetida ao dogmatismo cientifico, como é possível
observar neste trecho:

“A critica é antes a necessária preparação para o


estabelecimento de uma metafisica solida fundada
rigorosamente como ciência, que há-de desenvolver-se de
maneira necessariamente dogmática e estritamente sistemática,
por conseguinte escolástica” (BXXXVI)
Kant defende que é necessário seguir sistemas para fundamentar a metafisica
como ciência. E elogia e defende que seja usado o sistema criado e defendido por
Wolff, e ainda alega que rejeitar o caso sistemático de Wolff e as criticas colocadas por
Kant é tirar qualquer rastro de cientificidade em qualquer trabalho. Segue o trecho em
que Kant defende o método sistemático de Wolff, ainda explica quais seus principais
pontos para definir uma ciência:

“Na execução do plano que a critica prescreve, isto é, no futuro


sistema da metafisica, teremos então de seguir o método
rigoroso do celebre Wolff, o maior de todos os filósofos
dogmáticos. Wolff foi o primeiro que deu o exemplo [...] do
modo como, pela determinação legitima dos princípios, clara
definição dos conceitos, pelo rigor exigido nas demonstrações e
a prevenção de saltos temerários no estabelecimento das
consequências, se pode seguir o caminho seguro de uma
ciência.” (BXXXVI)

Em suma, Kant, como ele discorre neste parágrafo, procura, por meio da Critica
da Razão Pura, uma forma de cientificar a metafisica afim te torna-la um estudo
legitimo, pois o filosofo alemão acredita que possa existir uma metafisica legitima, que
responde de forma coerente e verdadeira suas as principais questões que “vão além da
física”. E Kant crê que o criticismo da razão pura, esta última que é a ferramenta da
razão, é o caminho para tal fundamentação da metafisica legitima.

Porém até nos dias atuais a metafisica apenas flertou com conceitos, que não
possuem matéria e que não há formas de demonstrações, se for analisa as questões
clássicas da metafisica (Deus, alma e liberdade), será possível notar que estas são
apenas conceitos, e que baseado no criticismo kantiano nunca poderão se encaixar no
conceito de ciência, que Kant tanto buscava.

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