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Apostila - Comportamento, Ética e Cidadania
Apostila - Comportamento, Ética e Cidadania
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ÍNDICE
COMPORTAMENTO..............................................................................................03
EMPATIA.................................................................................................................09
COMPORTAMENTO PROFISSIONAL.................................................................12
ÉTICA.......................................................................................................................17
CIDADANIA.............................................................................................................25
VIRTUDES PROFISSIONAIS.................................................................................27
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................37
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COMPORTAMENTO
Relacionamento Interpessoal
Se, sob a ótica da Administração - o ser humano é visto apenas por um meio para
os fins organizacionais - meros agentes cumpridores de tarefas - nem por isso se pode
ignorar que as pessoas se exibem como personalidades integrais e próprias, que são
repassadas para suas tarefas profissionais.
Os relacionamentos podem existir por vários motivos. Nós podemos nos relacionar
com as pessoas profissionalmente ou simplesmente porque tivemos empatia por ela(s), ou
ainda por vários outros motivos. O que devemos avaliar no momento do relacionamento é
o seu propósito, principalmente para que não se tenha ambivalência nas interpretações.
No momento, falamos do ponto de vista profissional. Se as pessoas aprendessem a se
relacionar profissionalmente de forma correta, poderíamos evitar muitos problemas nos
locais de trabalho.
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No ambiente de trabalho o que predomina e o que devemos avaliar são as
condições para uma verdadeira harmonia entre o homem e o trabalho, e vice versa.
Identificando real motivo e o propósito de um relacionamento, estaremos caminhando
dentro de um processo evolutivo para alcançarmos com êxito um bom relacionamento com
os nossos colegas de trabalho.
A base concreta para um bom relacionamento ter percepção dos nossos deveres e
obrigações, e dos limites e regras que fazem a relação social ser harmônica.
A Primeira Impressão
É muito como jogar a culpa no outro pela situação equívoca, mas a realidade
mostra a nossa parcela de responsabilidade nos eventos interpessoais. Não há processos
unilaterais na interação humana: tudo que acontece no relacionamento interpessoal
decorre de duas fontes: eu e outro(s).
3) CHAME pelo nome. A música mais suave para muitos, ainda continua sendo o
próprio nome.
5) SEJA cordial. Fale e aja com toda sinceridade: tudo o que fizer faça-o com todo
prazer
É muito comum, nós ouvirmos que uma determinada pessoa usa de uma
"psicologia" para determinada ação. Por exemplo: um pai tem que ter "psicologia" para
cuidar dos filhos. E como se pode perceber, na linguagem popular a "psicologia" entra
como referência quando temos que explicar o comportamento humano. As pessoas em
geral, têm a noção, mesmo que pequena e até superficial, do conhecimento do que seja
Psicologia cientifica e os seus diversos patamares de aplicação, o que nos permite até
explicar nossos problemas do cotidiano, sob a ótica de um psicólogo.
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Como visto na introdução de "Relações Humanas":
Um grupo social será formado sempre que se tenha um objetivo comum entre os
indivíduos, caso contrário, ou seja, quando não há objetivo comum, não poderemos dizer
que temos um grupo social, mas sim um agrupamento de pessoas.
• Grupos de trabalho
• Grupo da cerveja
Competência Interpessoal
• Saber comunicar-se;
• Ter empatia;
• Ser cordial.
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A racionalização do trabalho numa empresa tem por objetivo a obtenção de maior
produtividade com menor esforço, o que redunda em maior bem-estar individual e coletivo.
O funcionário poderá contribuir psicologicamente para esse objetivo, cultivando as
seguintes qualidades:
• Senso de disciplina - não deixar para mais tarde as tarefas que podem ser
executadas imediatamente;
Competência Administrativa-Gerencial
Ê a capacitada de:
• Planejar atividades;
• Tomar decisões;
Atributos Pessoais
Os atributos pessoais são características inerentes à sua personalidade que devem
ser cultivados diariamente pelo profissional.
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Diplomacia
Ser anfitriã(o) da empresa, por isso são necessários equilíbrio e boas maneiras
para evitar os incidentes inesperados que podem destruir a rotina.
Apresentação Pessoal
Atenção e Inteligência
Ter iniciativa própria, estar sempre atenta (o) e ouvir com atenção, evitando, ao
máximo, que se repita a mesma coisa.
Eficiência
Deve ser eficiente a ponto de suas tarefas serem terminadas a tempo ou na hora
determinada, posto que seja necessário manter sempre alto o padrão no trabalho.
Lealdade e Discrição
Nunca deverá tecer comentários que possam expor seu superior ou sua empresa
ao ridículo.
Fidelidade
EMPATIA
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Empatizar quer dizer "colocar-se no lugar de". Então, capacidade de empatia é
colocar-se no lugar do outro para então tomar uma atitude. Isto facilita muito o
relacionamento interpessoal, pois em uma discussão sobre vícios, por exemplo, sabendo
que seu colega de trabalho tem problemas com alcoolismo, você evitará uma desamizade.
Assim, você deverá procurar entender as atitudes dos outros, colocando-se em seu lugar.
• caso não tenha tempo, ou seja, inoportuno, diga com clareza, porém de forma
cortês e delicada, por isso também é ser respeitoso e não magoará;
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Empatia no relacionamento interpessoal
Extraído do poema Divisa Traduzido de: “Einladung zu einer Begegnung Por J.L.”.
Moreno, pág.3, publicado em Viena, 1914
Destaquei esta estrofe poética porque sinto que ela define e amplia o significado do
termo empatia, que é justamente uma sensibilidade intuitiva para enxergar o outro, da
forma como o outro se sente. E se a recíproca ocorrer, podendo o outro também nos ver
como nos sentimos, então terá ocorrido um verdadeiro Encontro.
3) Ligação pessoal: o talento da empatia e ligação. Isso facilita entrar num grupo e
reconhecer e reagir adequadamente aos sentimentos e preocupações das pessoas a arte
do relacionamento.
"O homem não teceu a rede da vida; é apenas uma dos fios dela. O que quer faça
à rede, fará a si mesmo”. Seattle, cacique norte-americano (1854)
COMPORTAMENTO PROFISSIONAL
Atendimento ao Público
É preciso ter em mente que no convívio com as pessoas, deve estar sempre
presente à certeza do compromisso de atender bem, com paciência e cortesia,
independente do cansaço físico ou de problemas pessoais.
Uma das tarefas específicas de todo funcionário é prestar informações, o que deve
ser feito com gentileza, mostrando certeza no que é indicado e habilidade para não
transmitir o inconveniente. Deve-se tomar cuidado com as informações de ordem
particular.
Aliás, é de bom realce que um bom tratamento inicial dedicado à visita ou ao cliente
da empresa ou organização, é um bom cartão de visitas, para a criação de boas relações
externas, seja no aspecto pessoal seja, seja no empresarial.
e) Coopere com seu executivo e ajude-o a por fim a uma entrevista prolongada
indesejadamente. Seja criativa nessas horas e encontre uma saída;
f) Deixe transparecer que a visita de qualquer pessoa é muito importante para você;
g) Proteja o tempo de seu executivo e resolva você mesmo tudo que estiver ao seu
alcance;
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h) Com os chatos, procure identifica-lhes o nome, a empresa que representam, o
assunto de que vão tratar. Só você reconhecerá se há necessidade de serem recebidos
pelos executivos.
LEMBRETES:
1) Cumprimente o visitante sempre com um "Bom dia" ou "Boa tarde". Deixe-o dizer
o que deseja e escute atentamente para poder encaminhá-lo à pessoa apropriada.
3) Chame a pessoa com que deseja falar ou, se possível, leve-o até a pessoa,
depois de avisá-la. Este último procedimento só deve ser adotado se a pessoa solicitada
estiver bem perto do seu local de trabalho.
5) Use sempre as expressões por favor, por gentileza. E obrigado. Elas fazem parte
de uma educação.
Formas de Atendimento
Quando você está diante da pessoa (Atendimento direto) a quem vai atender é
preciso demonstrar confiança, segurança a respeito das informações, de que lhe serão
fornecidas. É muito desconfortável notar que às informações que nos estão sendo
passadas não conferem com a realidade, você não concorda? Tranquilidade é um fator
importante e está bem informado é a condição fundamental para um bom atendimento.
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A certeza da informação não passa somente pela vontade e certeza de estar sendo
verdadeiro, muitas vezes pela falta de clareza no uso da linguagem oral pode acarretar
incompreensões ou mesmo criar problemas mais sérios de comunicação.
O uso da palavra falada sem a presença viva do cliente, na maioria das vezes
acontece diariamente e a todo instante através dos telefonemas (atendimento indireto).
Apesar de não se estar sendo visto pelo cliente, a comunicação acontece em tempo real,
isto é, na mesma hora em que você fala, está sendo ouvido pelo outro. E possível, assim,
pelo tom de voz, entonação, medir um pouco o grau de satisfação do cliente. Na maioria
das vezes o telefone é um dos canais utilizados na comunicação empresarial, porque ele
imprime rapidez nos contatos internos e externos da empresa, possibilitando um
atendimento mais ágil ao cliente.
Atendimento Diferenciado
Você certamente já deve ter observado que, em muitos lugares, idosos, grávidas,
crianças e deficientes físicos têm alguns direitos especiais os quais têm como objetivo
respeitá-los como cidadãos e ajudá-los a superarem suas dificuldades. No ônibus, eles
dispõem de lugares reservados. Nos bancos, há caixas disponíveis para um atendimento
mais rápido.
Caso ele possua algum problema físico, como dificuldade de locomoção, disponha-
se a atendê-lo em lugar confortável e a acompanhá-lo até o seu destino. Trate-o, enfim,
como trataria seus avós: você não gostaria de vê-los sendo atendidos com gentileza?
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Os deficientes físicos podem apresentar características diversas, cabe a você
perceber o tipo de limitação e procurar ajudá-lo da melhor maneira possível. Se você
encaminha para outro setor uma pessoa com dificuldades de locomoção, não se esqueça
de indicar-lhe o caminho menos penoso, auxiliando-a caso seja necessário.
Se o seu cliente usa muletas acomode-o em lugar confortável, enquanto aguarda
ser atendido. No caso de clientes que utilizem cadeira de rodas, certifique-se de que ela
fique em local adequado.
Quando for necessário que você preste atendimento a um cliente surdo, procure
falar-lhe de frente ou oferecer-lhe outra forma de comunicação: gestos (não é necessário
que você conheça a linguagem dos sinais, basta fazer gestos expressivos, procurando agir
com naturalidade) ou por escrito (forneça-lhe papel e caneta e espere com tranquilidade
que ele exponha o que tem a dizer para, em seguida escrever sua resposta).
O deficiente mental pode ter diferentes limitações. Procure conversar com ele,
tentando reconhecê-las, para saber a melhor maneira de atendê-lo. Seja paciente e
amável, ouvindo-o com atenção. Auxilie-o, se necessário, na leitura de papeis e
preenchimento de formulários.
A mulher grávida encontra-se num momento especial de sua vida, que pode lhe
trazer algumas limitações. Por isso, procure levar em conta suas dificuldades e
proporcionar-lhe também um atendimento diferenciado. Disponha-se a acomodá-la
confortavelmente sentada, enquanto aguarda. Ofereça-lhe água e coloque-se á sua
disposição.
O atendimento à criança precisa também ser diferenciado, uma vez que ela não
está ainda amadurecida, é necessário tratá-la com respeito e gentileza. Auxilie-a na leitura
de textos e preenchimentos de formulários. Caso não seja alfabetizada. Ofereça-lhe ajuda
também para deslocar-se de um lugar para outro. Se for necessária à leitura de indicações
para encontrar o caminho. Caso seu pequeno cliente esteja inquieto, procure distraí-lo,
oferecendo-lhe água, revistas que possam entretê-lo enquanto espera ser atendido.
O cliente analfabeto deve ser atendido com respeito, sem preconceitos. Evite
expressões de censura pela condição de analfabetismo, pois não podemos avaliar as
causas dessa situação. Forneça-lhe oralmente toda a informação de que ele precisar
preenchendo para ele os formulários necessários. Se for preciso que seu cliente assine
algum papel, procure descobrir se ele possue um representante legalmente constituído.
Caso não possua, certifique-se antes que ele esta consciente do conteúdo do documento
depois disso, ofereça-lhe a almofada de carimbo para colher sua impressão digital.
Terminada essa tarefa, indique o local onde ele poderá lavar as mãos.
Muitas pessoas interioranas, que vivem em regiões rurais e, por isso afastada dos
grandes centros urbanos, podem ter alguma dificuldade de lidar com as exigências da vida
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na cidade. Procure não constrangê-las, deixando-as à vontade para vencer a timidez,
oferecendo-lhes todas as informações de que necessitem, mesmo que não as peça.
• Hospitais
• Bancos
• Bibliotecas
» Museus
• Shopping centers
• Centros comerciais
• Rodoviárias e aeroportos
• Estabelecimento de ensino
• Repartições públicas
ÉTICA
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O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir
um abrigo protetor e permanente.
A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez.
O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si.
Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tomar melhor o ambiente para que
seja uma moradia saudável: materialmente sustentável psicologicamente integrada e
espiritualmente fecunda.
A ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e
comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma
religião, certa tradição cultural etc. Há morais específicas, também em grupos sociais mais
restritos: uma instituição, um partido político... Há, portanto, muitas e diversas morais.
Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno social particular, que não tem
compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de direito para todos os
homens. Exceto quando atacada: justifica-se se dizendo universal, supostamente válida
para todos.
Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir
alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e, essa forma é o que
chamamos de ética.
A ética é uma reflexão crítica sobre a moral idade. Mas ela não é puramente teoria.
A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente
produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência
para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tomar cada
vez mais humana.
A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma atitude
diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos acríticos da moral vigente.
Mas a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas, imutáveis.
A ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para entendermos como isso
acontece na história da humanidade, basta lembramos que, um dia, a escravidão foi
considerada natural.
Entre a moral e a ética há uma tensão permanente: a ação moral busca uma
compreensão e uma justificação crítica universal, e a ética, por sua vez, exerce uma
permanente vigilância crítica sobre a moral, para reforçá-la ou transformá-la.
A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da
humanidade, sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários fundamentais
comuns a todos os povos, nações, religiões etc, a humanidade já teria se despedaçado até
à autodestruição.
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Também é verdade que a ética não garante o progresso moral da humanidade, o
fato de que os seres humanos são capazes de concordar minimamente entre si sobre
princípios como justiça, igualdade de direitos, dignidade da pessoa humana, cidadania
plena, solidariedade etc., cria chances para que esses princípios possam vir a ser postos
em prática, mas não garante o seu cumprimento.
As nações do mundo já entraram em acordo em torno de muitos desses princípios.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela ONU (1948), é uma demonstração de
o quanto a ética é necessária e importante. Mas a ética não basta como teoria, nem como
princípios gerais acordados pelas nações, povos, religiões etc. Nem basta que as
Constituições dos países reproduzam esses princípios (como a Constituição Brasileira o
fez, em 1988).
É preciso que cada cidadão e cidadã incorpore esses princípios como uma atitude
prática diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu comportamento. Isso traz
uma conseqüência inevitável: freqüentemente o exercício pleno da cidadania (ética) entra
em colisão frontal com a moral vigente... Até porque a moral vigente, sob pressão dos
interesses econômicos e de mercado, está sujeita a freqüentes e graves degenerações.
Ética no Brasil
Não só no Brasil se fala muito em ética, hoje, mas temos motivos de sobra para nos
preocuparmos com a ética no Brasil. O fato é que em nosso país assistimos a uma
degradação moral acelerada, principalmente na política, ou será que essa baixeza moral
sempre existiu? Será que hoje ela está apenas vindo a público? Uma ou outra razão, ou
ambas combinadas, são motivos suficientes para uma reação ética dos cidadãos
conscientes de sua cidadania.
O tipo de desenvolvimento econômico vigente no Brasil tem gerado estruturalmente
e sistematicamente situações práticas contrárias aos princípios éticos: gera desigualdades
crescentes, gera injustiças, rompe laços de solidariedade, reduz ou extingue direitos, lança
a populações inteiras a condições de vida cada vez mais indignas. E tudo isso convive com
situações escandalosas, como o enriquecimento ilícito de alguns, a impunidade de outros,
a prosperidade da hipocrisia política de muitos etc.
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Afinal, a hipocrisia será de todos se todos não reagirem eticamente para fazer valer
plenamente os direitos civis, políticos e sociais proclamados por nossa Constituição:
A falta de ética mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder econômico,
menos poder cultural, menos poder político). A transgressão aos princípios éticos acontece
sempre que há desigualdade e injustiças na forma de exercer o poder. Isso acentua ainda
mais a desigualdade e a injustiça. A falta ou a quebra da ética significa a vitória da
injustiça, da desigualdade, da indignidade, da discriminação. Os mais prejudicados são os
mais pobres, os excluídos.
A falta de ética prejudica o doente que compra remédios caros e falsos: prejudica a
mulher, o idoso, o negro, o índio, recusados no mercado de trabalho ou nas oportunidades
culturais; prejudica o trabalhador que tentar a vida política; prejudica os analfabetos no
acesso aos bens econômicos e culturais; prejudica as pessoas com necessidades
especiais (físicas ou mentais) a usufruir da vida social; prejudica com a discriminação e a
humilhação os que não fazem a opção sexual esperada e induzida pela moral dominante
etc.
A atitude ética, ao contrário, é includente, tolerante e solidária: não apenas aceita,
mas também valoriza e reforça a pluralidade e a diversidade, porque plural e diversa é a
condição humana. A falta de ética instaura um estado de guerra e de desagregação, pela
exclusão. A falta de ética ameaça a própria existência da humanidade.
A falta e a quebra da ética ameaçam todos os setores e aspectos da vida e da
cultura de um país. Mas não há como negar que, na vida política, a falta ou quebra da ética
tem o efeito mais destruidor. Isto se dá porque o político deve ser um exemplo para a
sociedade.
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A política é o ponto de equilíbrio de uma nação. Quando a política não realiza sua
função, de ser a instância que faz valer a vontade e o interesse coletivo, rompe-se a
confiabilidade e o tecido político e social do país. O mesmo acontece quando a classe
política apóia-se no poder público para fazer valer seus interesses privados.
A multiplicação de escândalos políticos no Brasil só não é mais grave que uma de
suas próprias conseqüências: a de converter-se em coisa banal, coisa natural e
corriqueira, diante da qual os cidadãos sejam levados a concluir: "sempre foi assim, nada
pode fazer isso mudar", ou coisa ainda pior: "ele rouba, mas faz".
Do outro lado, uma vida política saudável, transparente, representativa,
responsável, verdadeiramente democrática, ou seja, ética, tem o poder de alavancar a
autoconfiança de um povo e reerguer um país alquebrado e ameaçado pela desagregação.
Ética e Educação
Ética Profissional
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A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana o fazer e o
agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo
profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do
profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
A Ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim
de todo ser humano, por isso, o agir da pessoa humana está condicionado a duas
premissas consideradas básicas pela Ética: "o que é" o homem e "para que vive", logo
toda capacitação científica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios
essenciais da Ética.
Constata-se então o forte conteúdo ético presente no exercício profissional e sua
importância na formação de recursos humanos.
Individualismo
É uma tendência do ser humano, como tem sido objeto de referências de muitos
estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando esses
interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função de seu alcance em face da
comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem seu valor
restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao beneficio de
terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a
expressão social do mesmo.
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor
consciência de grupo. Fascinado pela preocupação monetária. A ele pouco importa o que
ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade.
Para ilustrar essa questão citarei um caso, muito conhecido, porém de autor
anônimo.
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finalmente, sempre repetindo a pergunta, encontrou um que lhe
disse: “Estou construindo uma catedral para a minha cidade”.
A este último, o sábio teria atribuído à qualidade de ser integral em face do trabalho,
como instrumento do bem comum. Como o número dos que trabalham, todavia, visando
primordialmente ao rendimento, é grande, as classes procuram defender-se contra a
dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando para que urna luta
encarniçada não ocorra na disputa dos serviços. Isto porque ficam vulneráveis ao
individualismo.
A consciência de grupo tem surgido, então, quase sempre, mais por interesse de
defesa do que por altruísmo.
Isto porque, garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta,
o individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão.
Tal luta quase sempre se processa através de aviltamento de preços, propaganda
enganosa, calúnias, difamações, tramas, tudo na ânsia de ganhar mercado e subtrair
clientela e oportunidades do colega, reduzindo a concorrência. Igualmente, para maiores
lucros, pode estar o indivíduo tentado a práticas viciosas, mas rentáveis.
Em nome dessas ambições, podem ser praticadas quebras de sigilo, ameaças de
revelação de segredos dos negócios, simulação de pagamentos de impostos não
recolhidos, etc.
Para dar espaço a ambições de poder, podem ser armadas tramas contra
instituições de classe, com denúncias falsas pela imprensa para ganhar eleições, ataque a
nomes de líderes impolutos para ganhar prestígio, etc.
Os traidores e ambiciosos, quando deixados livres completamente livres, podem
cometer muitos desatinos, pois muitas são as variáveis que existem no caminho do
prejuízo a terceiros.
A tutela do trabalho, pois, processa-se pelo caminho da exigência de uma ética,
imposta através dos conselhos profissionais e de agremiações classistas. As normas
devem ser condizentes com as diversas formas de prestar o serviço de organizar o
profissional para esse fim.
Dentro de uma mesma classe, os indivíduos podem exercer suas atividades como
empresários, autônomos e associados. Podem também dedicar-se a partes menos ou
mais refinadas do conhecimento.
A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e
esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscando
maior abrangência.
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Tão poderosos podem ser os escritórios, hospitais, firmas de engenharia, etc, que a
ganância dos mesmos pode chegar ao domínio das entidades de classe e até ao
Congresso e ao Executivo das nações.
A força do favoritismo, acionada nos instrumentos do poder através de agentes
intermediários, de corrupção, de artimanhas políticas, pode assumir proporções asfixiantes
para os profissionais menores, que são a maioria.
Tais grupos podem, como vimos, inclusive, ser profissionais, pois, nestes
encontramos também o poder econômico acumulado, tão como conluios com outras
poderosas organizações empresariais.
Portanto, quando nos referimos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a
situações isoladas, a modelos particulares, mas a situações gerais.
O egoísmo desenfreado de poucos pode atingir um número expressivo de pessoas
e até, através delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta
virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros.
Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os
interesses de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às normas,
porque estas devem estar apoiadas em princípios de virtude.
Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem comum, a Ética tem sido o
caminho justo, adequado, para o beneficio geral.
CIDADANIA
Coletivismo
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Egresso de uma vida inculta, desorganizada, baseada apenas em instintos, o
homem sobre a Terra, foi-se organizando, na busca de maior estabilidade vital. Foi
cedendo parcelas do referido individualismo para se beneficiar da união, da divisão do
trabalho, da proteção da vida em comum.
A organização social foi um progresso, como continua a ser a evolução da mesma,
na definição, cada vez maior, das funções dos cidadãos e tal definição acentua,
gradativamente, o limite de ação das classes.
Sabemos que entre a sociedade de hoje e aquela primitiva não existem mais níveis
de comparação, quanto à complexidade; devemos reconhecer, porém, que, nos núcleos
menores, o sentido de solidariedade era bem mais acentuada, assim com os rigores éticos
e poucas cidades de maior dimensão possuem, na atualidade, e espírito comunitário;
também, com dificuldades, enfrentam as questões classistas. A vocação para o coletivo já
não se encontra, nos dias atuais, com a mesma pujança nos grandes centros.
Parece-me pouco entendido, por um número expressivo de pessoas, que existe um
bem comum a defender e do qual elas dependem para o bem-estar próprio e o de seus
semelhantes, havendo uma inequívoca interação que nem sempre é compreendida pelos
que possuem espírito egoísta.
Quem lidera entidades de classe bem sabe a dificuldade para reunir colegas, para
delegar tarefas de utilidade geral.
Tal posicionamento termina, quase sempre, em uma oligarquia dos que se
sacrificam, e o poder das entidades tende sempre a permanecer em mãos desses grupos,
por longo tempo.
O egoísmo parece ainda vigorar e sua reversão não nos parece fácil, diante da
massificação que se tem promovido, propositadamente, para a conservação dos grupos
dominantes no poder.
Como o progresso do individualismo gera sempre o risco da transgressão ética,
imperativa se faz a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas.
É sabido que uma disciplina de conduta protege todos, evitando o caos que pode
imperar quando se outorga ao indivíduo o direito de tudo fazer, ainda que prejudicando
terceiros.
É preciso que cada um ceda alguma coisa para receber muitas outras e esse é um
princípio que sustenta e justifica a prática virtuosa perante a comunidade.
O homem não deve construir seu bem a custa de destruir o de outros, nem admitir
que só existe a sua vida em todo o universo.
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Em geral, o egoísta é um ser de curta visão, pragmático quase sempre, isolado em
sua, perseguição de um bem que imagina ser só seu.
Classes profissionais
VIRTUDES PROFISSIONAIS
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Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser
levadas em conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento
de sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão.
Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade,
aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade
profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado
dos deveres profissionais.
O futuro de uma carreira depende dessas virtudes. Vejamos:
A virtude da lealdade:
A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a
empregabilidade. Um funcionário leal se alegra quando a organização ou seu
departamento é bem sucedido, defende a organização, tomando medidas concretas
quando ela é ameaçada, tem orgulho de fazer parte da organização, fala positivamente
sobre ela e a defende contra críticas.
Lealdade não quer dizer necessariamente fazer o que a pessoa ou organização à
qual você quer ser fiel quer que você faça. Lealdade não é sinônimo de obediência cega.
Lealdade significa fazer críticas construtivas, mas as manter dentro do âmbito da
organização. Significa agir com a convicção de que seu comportamento vai promover os
legítimos interesses da organização. Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em
fazer algo que você acha que poderá prejudicar a organização, a equipe de funcionários.
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No Reino Unido, por exemplo, essa idéia é expressa pelo termo "Oposição Leal a
Sua Majestade". Em outras palavras, é perfeitamente possível ser leal a Sua Majestade e,
mesmo assim, fazer parte da oposição.
Do mesmo modo, é possível ser leal a uma organização ou a urna equipe mesmo
que você discorde dos métodos usados para se alcançar determinados objetivos. Na
verdade, seria desleal deixar de expressar o sentimento de que algo está errado, se é isso
que você sente.
As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a
iniciativa, capaz de colocá-las em movimento.
Tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização significa ao mesmo
tempo, demonstrar lealdade pela organização. Em um contexto de empregabilidade, tomar
iniciativas não quer dizer apenas iniciar um projeto no interesse da organização ou da
equipe, mas também assumir responsabilidade por sua complementação e
implementação.
Outras qualidades que são consideradas importantes no exercício de uma
profissão.
São elas:
Honestidade:
A honestidade está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a
responsabilidade perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos.
É muito fácil encontrar a falta de honestidade quanto existe a fascinação pelos
lucros, privilégios e benefícios fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam
autoridade e que têm a confiança coletiva de uma coletividade. Já ARISTÓTELES (1992,
p.75) em sua "Ética a Nicômanos" analisava a questão da honestidade.
Outras pessoas se excedem no sentido de obter qualquer coisa e de qualquer fonte,
por exemplo, os que fazem negócios sórdidos, os proxenetas e demais pessoas desse
tipo, bem como os usurários, que emprestam pequenas importâncias a juros altos. Todas
as pessoas deste tipo obtêm mais do que merecem e de fontes erradas. O que há de
comum entre elas é obviamente urna ganância sórdida, e todas carregam um aviltante por
causa do ganho de um pequeno ganho, aliás. Com efeito, aquelas pessoas que ganham
muito em fontes erradas, e cujos ganhos não são justos, por exemplo, os tiranos quando
saqueiam cidades e roubam templos, não são chamados de avarentos, mas de maus,
ímpios e injustos.
São inúmeros os exemplos de falta de honestidade no exercício de uma profissão.
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Um psicanalista, abusando de sua profissão ao induzir um paciente a cometer
adultério, está sendo desonesto. Um contabilista que, para conseguir aumentos de
honorários, retém os livros de um comerciante, está sendo desonesto.
A honestidade é a primeira virtude no campo profissional. É um princípio que não
admite relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais.
Sigilo:
O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser
desenvolvido na formação de futuros profissionais, pois se trata de algo muito importante.
Uma informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é
obrigatória.
Revelar detalhes ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalho, em geral,
nada interessa a terceiros e ainda existe o agravante de que planos e projetos de uma
empresa ainda não colocados em prática possam ser copiados e colocados no mercado
pela concorrência antes que a empresa que os concebeu tenha tido oportunidade de
lançá-los.
Documentos, registros contábeis, planos de marketing, pesquisas científicas,
hábitos pessoais, dentre outros, devem ser mantidos em sigilo e sua revelação pode
representar sérios problemas para a empresa ou para os clientes do profissional.
Competência:
Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de
forma adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-Ia sempre. "A
função de um guitarrista é tocar guitarra, e a de um bom guitarrista é tocá-la bem."
É de extrema importância a busca da competência profissional em qualquer área de
atuação. Recursos humanos devem ser incentivados a buscar sua competência e maestria
através do aprimoramento contínuo de suas habilidades e conhecimentos.
O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é
pré-requisito para a prestação de serviços de boa qualidade.
Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada
tarefa, mas é necessário que se tenha a postura ética de recusar serviços quando não se
tem a devida capacitação para executá-lo.
Pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência médica, causas que
são perdidas pela incompetência de advogados, prédios que desabam por erros de cálculo
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em engenharia, são apenas alguns exemplos de quanto se deve investir na busca da
competência.
Prudência:
Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança.
A prudência, fazendo com que o profissional analise situações complexas e difíceis
com mais facilidade e de forma mais profunda e minuciosa, contribui para a maior
segurança, principalmente das decisões a serem tomadas, a prudência é indispensável
nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos apressados e as lutas ou
discussões inúteis.
Coragem:
Todo profissional precisa ter coragem, pois "o homem que evita e teme a tudo, não
enfrenta coisa alguma, torna-se um covarde". A coragem nos ajuda a reagir às críticas,
quando injustas, e a nos defender dignamente quando estamos cônscios de nosso dever.
Nos ajuda a não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente quando
estas forem de real interesse para outrem ou para o bem comum. Temos que ter coragem
para tomar decisões indispensáveis e importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar
em conta possíveis atitudes ou atos de desagrado dos chefes ou colegas.
Perseverança:
Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está sujeito
a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o
profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas. É louvável a
perseverança dos profissionais que precisam enfrentar os problemas do
subdesenvolvimento.
Compreensão:
Qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos que dele
dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante
no relacionamento profissional.
É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que o profissional
não se deixe levar por opiniões ou atitudes, nem sempre, válidas para a eficiência do seu
trabalho, para que não se percam os verdadeiros objetivos a serem alcançados pela
profissão.
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Humildade:
O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não seja dono da
verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de
pessoas.
Representa a autoanálise que todo profissional deve praticar em função de sua
atividade profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando a
colaboração de outros profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a
aprender coisas novas, numa busca constante de aperfeiçoamento. Humildade é qualidade
que carece de melhor interpretação, dada a sua importância, pois muitos a confundem com
subserviência, dependência – quase sempre lhe é atribuído um sentido depreciativo. Como
exemplo, ouve-se freqüentemente, a respeito de determinadas pessoas, frases como
estas: Fulano é muito humilde, coitado!
Muito simples! Humildade está significando nestas frases pessoa carente que aceita
qualquer coisa, dependente e até infeliz.
Conceito errôneo que precisa ser superado, para que a Humildade adquira
definitivamente a sua autencidade.
Imparcialidade:
É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se
destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época:
dinheiro, técnica, sexo...), a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo
principalmente uma posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é
preciso ser imparcial, logo a justiça depende muito da imparcialidade.
Otimismo:
Em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve
ser otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do
desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom humor.
Código de Ética
Um código de ética é um acordo explícito entre os membros de um grupo social:
uma categoria profissional, um partido político, uma associação civil etc. Seu objetivo é
explicitar como aquele grupo social, que o constitui, pensa e define sua própria identidade
política e social; e como aquele grupo social se compromete a realizar seus objetivos
particulares de um modo compatível com os princípios universais da ética.
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Um código de ética começa pela definição dos princípios que o fundamentam e se
articula em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres.
Ao definir direitos, o código de ética cumpre a função de delimitar o perfil do seu
grupo. Ao definir deveres, abre o grupo à universalidade. Esta é a função principal de um
código de ética. A definição de deveres deve ser tal que, por seu cumprimento, cada
membro daquele grupo social realize o ideal do ser humano.
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O processo de produção de um código de ética deve ser ele mesmo já um exercício
de ética. Caso contrário, nunca passará de um simples código moral defensivo de uma
corporação.
A formulação de um código de ética deve, pois, envolver intencionalmente todos os
membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Isso exige um sistema ou
processo de elaboração "de baixo para cima", do diverso ao unitário, construindo-se
consensos progressivos, de tal modo que o resultado final seja reconhecido como
representativo de todas as disposições morais e éticas do grupo.
A elaboração de um código de ética, portanto, realiza-se como um processo ao
mesmo tempo educativo no interior do próprio grupo. E deve resultar num produto tal que
cumpra ele também uma função educativa e exemplar de cidadania diante dos demais
grupos sociais e de todos os cidadãos.
Um código de ética não tem força jurídica de lei universal. Mas deveria ter força
simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções para os
descumprimentos de seus dispositivos, estas sanções dependerão sempre da existência
de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitado. Por essa limitação,
o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos comportamentos de seus
membros. Essa regulação só será ética se e quando o código de ética for uma convicção
que venha do íntimo das pessoas.
Isso aumenta a responsabilidade do processo de elaboração do código de ética,
para que ele tenha a força da legitimidade. Quanto mais democrático e participativo esse
processo, maiores as chances de identificação dos membros do grupo com seu código de
ética e, em conseqüência, maiores as chances de sua eficácia.
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Cabe sempre, quando se fala em virtudes profissionais, mencionarmos a existência
dos códigos de ética profissional.
As relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos
da conduta humana podem ser reunidas em um instrumento regulador.
É uma espécie de contrato de classe e os órgãos de fiscalização do exercício da
profissão passam a controlar a execução de tal peça magna.
Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo e o
todo social.
Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da
profissão, abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e
sociedade.
O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto a ser de todos. O
exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional, como se urna lei
fosse, mas com proveito geral.
Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que
conduza à vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da atividade é
antiga já encontrada nas provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural na
vida das comunidades.
É inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua forma de realizar seu
trabalho, mas também o é que uma norma comportamental deva reger a prática
profissional no que concerne a sua conduta em relação a seus semelhantes.
Toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática
das virtudes: seria utópico admitir uniformidade de conduta.
A disciplina, entretanto, através de um contrato de atitudes, de deveres, de estados
de consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente
nas classes profissionais que são egressas de cursos universitários (contadores, médicos,
advogados, etc.).
Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente
evitar que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria.
Se muitos exercem a mesma profissão, é preciso que uma disciplina de conduta
ocorra.
O Exercício da profissão
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A ética é uma importante fonte de direitos do homem. Ela o condiciona a impor
limites a si próprio, de modo contínuo, de forma a manter o equilíbrio necessário para a
vida em sociedade.
O bem moral, pois, deve ser conquistado com esforço e cobrança pessoal.
Em vários países, cada profissão tem seu próprio código de ética profissional, cada
um diferente dos demais. Ele serve de guia moral e de "carta de intenções" de uma classe
profissional à sociedade.
Elencamos algumas situações hipotéticas que ilustram alguns dilemas éticos
enfrentado por profissionais de áreas diversas do conhecimento.
Dilemas Éticos
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A responsabilidade pessoal obriga o profissional a assumir um compromisso de
aprimorar-se intelectualmente. Além disso, deverá possuir um padrão moral elevado, de
modo a poder discernir sobre a melhor alternativa técnica e ética entre as várias que se
apresentarão em seu trabalho profissional. A responsabilidade social obriga o profissional
a assumir um compromisso de melhor atender as necessidades da sociedade, não se
beneficiando individualmente em prejuízo da comunidade.
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BIBLIOGRAFIA
ALVES, Julia F. Ética, cidadania e trabalho. São Paulo: Capidart Editora, 2002.
LOPES DE SÁ, Antonio. Ética Profissional. São Paulo: Ed. Atlas, 2001.
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