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a antecederam a morte do maior general do Império Romano Premonigoes, vinganga e traicao: os dias dramaticos que So BES ten ae OSCE Porrag Coe Sh erence Ace crry Seren ronb acts) obiégrafo de Hitler falacomo _face de Hailé Selassié, CeO L Cn a Fiibrer conquistou multidées PY ier Ose ievctas Sy ESPECIAL BIZZ TRIBUTO A MICHAEL JACKSON Ree te) ROC enced Donen ed BIZZ pt) brite FAB te 6 avisos proféticos que foram CAPA durante as décadas de conflito entre COptimates, a facefio que defendia a su- premacia dos aristocratas romanos, e Populares, os quais, como o nome diz, queriam fazer concessies a0 povo romano (embora seus lideres fossem. homens da nobreza). César era um expoente dos Populares, o que levou 0 aristocratico Senado a tentar elimina- Jologo depois que ele retornou da Gé ia (atual Franca), depois de oito anos de batalhas, como general vitorioso no ano 49 a.C. Nao deu muito certo, para dizer o minimo. As forgas sena- toriais, ideradias por Pompeu Magno, exaliado de César, foram esmagadas em batathas na Espanha ena Grécia. ‘Comas legides de todo 0 Império sob ‘seu comando, César podia fazer o que ‘quisesse, mas preferiu deixar de lado ‘as guerras civise perdoar a todos que se rendessem sem lua. “A chamada clementia [ancestral de‘cleméncia’em portugués] se tornou a marca poli dde César, e uma grande arma de pro- paganda’,afirma historiador Pedro sda Unicamp. Emmuitos casos, nclementia de César envolvia até apromogode antigos inimigos. Dois «dos mais mimados pelo novo senhior de Roma foram 0s lideres da eonspi ragio que acabaria por mata Paulo Funa Jo: Caio Cassio Longino e Marcos Jinio Bru: to, sendo queambos haviam recebido cargos e honrarias, Offcialmente, Romaera uma repi- bblica, mas na priitiea 0 poder absoluto cestava nas miios de César. Em épocas de crise, Roma tinha sido governada pelos chamadlos ditadores, que ganlha- vam poderes amplos durante um pe~ iodo de no msiximo seis meses; em 45 a.C., 0 Senado deu ao general o titulo de senadlor vitalicio, um ano depois de conferir o cargo a ele por dez.anos — dois fendmenos sem precedentes nna histéria republicana. Com essas ‘manobras, sem falar de outras honras dadasa ele pelo Senadlo, como o titulo de Pater Patriae (Pai da Patria), pare- ‘cia que César tinha amansado de vez ‘0s Optimates ¢ trazido os antigos ini- migos para seu lado. Masa situagio real era bem mais complicada. O ovo da serpente A propaganda politica dos conspi- radores tentou pintar oatentado con- tra Cé como tiranicidio — um ato destinado arestaurar as “antigas liberdades” da Roma republicana destronando um no como homieidio, mas déspota. Outros historiadores, como ‘oamericano Michael Parenti, em seu livro 0 Assassinato de Filo César, argu ‘mentam que a deciséo de eliminar 0 ‘general foi s6 mais um round na velha briga entre Optimates e Populares. Afinal, César tomou medidas que desagradaram a antiga aristocracia, como a distribuicio de terras para veteranos de guerra éa concessio de cidadania romana povos das provin- cias do Império, Ele ainda aumentou ‘onmtimero de membros do Senado de 600 para 900, ineluiindo até alguns ‘moradores da Galia na conta, o que certamente ameagava a suprema: ‘dos nobres romanos. Noentanto, para Isabelle Pafford, doutora em Historia Antiga e Arqueologia do Mediterr- neo pela Universidade da California em Berkeley, a motivago dos conspi rades pode ter sido bem mais simples. “Creio que as razées da conspiracio cram mais pessoais que politics, por- que os responsaveis nem chegaram a terum plano sobre o que fazer dep Blesestavam pensandona sua propria carreira, nao na ‘reptiblica’ ou na es- tabilidade politica dela’, diz Isabelle. ‘Trocando em mitidos: Bruto, Cassio ¢ ‘companhia perceberam que estavam destinados a ser, no maximo, joguetes bem pagos de César —enao gostaram nem um pouco da ideia. > riam sobre o parapeito, enquanto ou- trosestariam esperando embaixo,com ‘as adagas desembainhadas.” O plano nao foi adiante por ser considerado muito arriscado, ¢ os conspiradores decidiram que o methor caminho era atacar durante uma ceriménia mai reservada. Antes disso, poréin, Cissio ‘queria conseguir o apoio de uma fisgu- ra considerada chave: seu ¢unhado, Marcos Bruto, Eles andavambrigados —numa erise de ciumeira, o primeiro tentou impedir que o segundo asst _iisse um eargo cobicado pouco tempo antes: te como convencer Bruto a agin’, diz Luciano Canfora, Acontece que um dos aneestraisdo senador; Licio Jini Bruto, era famoso nas lendas romanas porter expulsado da cidade seu tiltimo rei, Tarquinio, em 509 a.C. O significado simbolico era bvio: ‘odescendlente do homiem que acabou com a monarquia em Roma estava “destinado” aeliminar 0 “tirano” e“rei ilegitimo” Jalio César. Em segredo, a= Sins ‘mas CAssio sabia exatamen- ES : fo da tirani 1", disse Cassio, se gundo o historiador grego Plutareo. E, Bruto mordeu a isea, mbora tivesse lutado ao lado de Pompeu e contra César, Bi foi perdoado e recebeu do vencedor o da Gailia Cisalpit norte da Italia) e uma imp o gover (atual rtante po igo entre os sacerdotes de Roma. A generosidade exuberante do ditador talver.se deva a uma miozinha de: vilia, mae de Bruto, am: , segundo alguns ese grandeamor da vida do general, Mas. daia propor que Bruto era, na ver- dade, o filho bastardo de César vai uma distincia considerivel. “Isso 6 improvavel, de acordo com a maioria dos especialistas, por causa da data denascimento de Bruto”, diz Isabelle, Quando seu futuro assassino veio a0 ‘mundo, César tinha apenas 15 anos. “A relagoentre os dois era préxima, mas nada anormal dentro da sociedade romana’, afirma ela. Sinais e sangue ‘A data mareada para o ataque dos conspiradores eraa dos Idos de Margo de 44 a. (titulo dado ao dia 15 desse més). O combinado era aproveitar a presenca de César no Senado para a ne ce atiers goa iecsht no faltaram avisose sinais dos leuses 'rimeiro foi um jantar na casa de um amigo na noite ant aoatentado. Apés.a comic: sa.acahou se voltando para qual seria a para oditador: aconver melhor maneira de morn espera eria dito César). Depois foi o pesadelo de Calptirnia, mulher do dae rapida’, general, que sonhou que omaridoera assassinado em seus bragos e implo- rou para que ele nfo fosse a0 Sen César também sonhou que voava € apertava a mao do deus jupiter. Cé- sar quase cedeu a Calptirnia, masum dos traidores, Décimo Bruto (parente distante do outro Bruto), conseguiu convencer 0 ditador air até o Senado ‘mesmoassim. Deacordo com Phutarco, © erudito grego Artemidoro de Cnido, que frequentavaa casa de Bruto, teria tentado alertar César da conspiragao por meio de um bithete, jt bem perto do Senado, mas César deixou para Jera mensagem depois da audliéncia. Os historiadores antigos coneordam a respeito dos detalhes essenciais do ataque. Os assassinos esperaram que César se aproximasse de sua cadei- ra eo rodearam, apoiar uma peticao feita por Cimbro, que queria trazer seu iemio de volta do exilio. César pediu que ele ‘esperasse um pouco eCimbro puxou barra da toga do ditador —o sinal » sido > para oataque. César teria dito “Ora, {sso é uma violencia”, enquanto outro senador, Casea, davao primeiro golpe deadaga, César reagiu pela primeirac ‘inica vez, gritando “Casea, seu cana- Tha, o queesta fazendo?” e acertando fo atacante com um pedago de metal pontuclo, usado para escrever. A essa altura os golpes se multiplicavam. Deacordo com 0 historiador romano Suet6nio, “quando, porém, pereebeu «que de todos os Iados the vinham em. cima com punhais em riste, envolveu a cabeca coma toga e com a mio es- ‘querda puxoua extremidade dela até ‘0s pés para tombar decorosamente sem mostrar os genta” Até tu, Brutus? Resta ainda um enigma, que dei xava até alguns historiadores antigos ceéticos: a suposta frase “Tu também, meu filho?", dita quan Bruto entre os ela teria sido pronunciada em gre- 0, lingua na qual ela é ambigua. Kai su, téknon também pode querer dizer “voce também, menino/moleque’ “Minha impressio € que, a0 colocar a frase em grego, os eseritores antic gos querem dar a impressio de que César esti citando alguma tragédia. Ou seja, esto colocando palavras na boca dele, num contexto literario, Ia ser muito dificil ouvi-to no meio da- quela confustio toda’, afirma Isabella, que se diz cética a respeito de todos 5 detalhes do episédio. Reza a len- da que, depois da morte do ditador, Bruto tentou fazer um discurso para os Liberatores (como os assassinos se denominavam), mas eles ¢ os demais senadores acabaram fugindo da c docrime. Coma fria reacio popularao fim de César, os Liberatores se viram ‘num dilema e acabaram se sentando mesa de negociago com Antonio. Afinal, se César tinha mesmo sido 34 César vii ssassinos, Primeiro, PNY um tirano, nenhumia de suas decisbes era valida — inclusive as nomeagdes de varios dos assassinos para cargos importantes e rentveis. As conversas acabaram terminando no que parecia uma monumental pizza: César nfio seria oficialmente declarado tirano, portanto poder dignos, e os Liberatores no ser declarados assassinos, mantendo as sim o cargo e.a posigSo social, Plano receber funerais m dligno de outro Senaclo que todos eo nhecemos, sem diivida, se nao fosse pela malandragem e pelo poder ora- {rio de Antonio, Nos funerais, ele cexibiu uma imagem de cera, em que se viam os ferimentos sofridos por César, e fez um elogio fiinebre com tamanha paixdo que o povode Roma, revoltado, jurou vinganea contra os Liberatores. Mesmo anistiados, Cis- sio e Bruto decidiram fugir para as provineias romanas do Oriepte, La, a dupla de conspiradores reujiu sot adios para tentar conquistay todo 0 Império Romano, mas era mais f ‘matarCésar que imiticlo. Us entre Marco Antonio, Mareo Lépido (outro general de Cégar) € 0 herdeiro e sobrinho-neto do fin Otaviano, esmagou as forgas de Bruto Cassio em Filipos, na Macednia. A dupla cometeu suieidio (ou, ara ser mais exato, Bruto se matou e Cassio mandou que um de seus ex-eseravos ‘© matasse). Ainda nao era o fim das grandes guerras nas décadas seguintes, Otaviano derrot {vis romanas ria Antonio e viraria Augusto, o p ida alguma, era o fim das chances de po- der para sujeitos como Cassio, Bruto, Casca ¢ 08 demais senadores, que se meiro imperador. Mas, sem diziam Liberatores @ ‘Socio tere 002 ace Wp Sor coh eon Gol ee: a 9b 3 CINCO-AMIGOS. TLL) Hat aaa eae aay PS aL TTT ats 33007 TUN aa ntre 15 € 17 de junho de 1616, uma tempestade deixou cinco ami Pe eed eee ek ee eee ee dd Genebra, na Suica. Fechados na casa cercada de vinhedos e com vista para montanhas nevadas, comegaram a ler contos de terror ee Re tee Cee eae pe eee eee Meee rg Sg ee ee be ee ee eee esta turma também nao estava para brincadeira. Seu lider era George Gordon Re ee eee ea ere ee etter es UR eet ead Sree Rete ee ee ee de vero suico, esses colegas de farra criaram dois dos maiores personagens de Gee Cee ts ge ee een ee eee roe de cadveres, ¢ lorde Ruthven, antecessor direto do conde Drécula moderno. » Berio Cur cece reese GRANDES MOMENTOS > Para alguns dos presentes, a pro posta de Byron nao foi muito longe John Polidori comecou a escrever o » de uma mulher que espia por um buraco de fechadura e tem aca beca transformada em caveira. Per Shelley redigiu o hoje pouco conheci do Fragmento de un a de Fan tasma, Byron elaborou o fragmente da histéria de um nobre imortal, Au- gustus Darvell, que se alimentava de sangue de suas vitimas. Mas, para Mary, a tarefa chegou perto da ob- A ponto de, dois anos dep 4 escritora ter aproveitado um sonhi macabro que teve em Villa Diodati para publicar o romance que daria origem ao género clo cientista louco na cultura popular o, comecou a circular pela conto The Vampyre, ered tado a lorde Byron. O texto contava ahistoria de lorde Ruthven, um via jante inglés que arruina a vida de um »vem cavaleiro chamado Aubre © sucesso foi estrondoso. No ano eguinte, a histéria ganhava uma continuagio em que o nobre realiza uma turné em busea de sangue por ‘dads, de Florenca a Bag ‘eguintes, o nobre vam. piresco se tornaria uma verdadeira coqueluche nos teatros europeu: E assim Byron passava a ser men: nado como o autor de mais um sucesso estrondoso com o piibli O problema é que o conto nio havia sido escrito por ele © exeéntrico John Polidori era 0 braco direito de Byron durante as férias suicas. Como responsivel por organizar os papéis do grande poe ta, cle leuo manuscrito elaborado na Villa Diodati. Polidori ja tivera conta. to com um romance alemao de 1801, chamado Der Vampyr, de Thec Festa estranha, gente esquisita CORTE UCU nC Occ coe ee ey et) eter rarer Ce eee! Deprimido.e cheio de dividas de jogo, erie ere ete sree eet) eee (ela morreu com 80 anos). Teria sido eee eet Pe ae ace ery eran tes eo ere nand ee Pee Perera ert ter or eerie Faleceu na Grécia, aes Poy dad Pee craic Ce aa Ae ats) etl oe! ay pay Cetus Popuiar,o auior de Prometeu Libertado pete ets Preah nee iy Panne rent Papper ieee Pe nold, econhecia alguns dos monst foleléricos que, durante virios séculos e nas mais diversas culturas ¢ civili zacées, eram conhecidos por viver do de desenvolver 0 conto do antigo mestre, sangue das vitimas. Mas, na hor John, de apenas 20 nos, sintetizou as cearacteristicas mais duradouras dos vampiros modernes. Seu personagem era um nobre bonito (ainda que muito pillido) esedutor, que atacava donzelas indefesas por onde passava. O conto foi redigido em 1819, trés anos depois deo médico ser demitido por Byron. “Eserevi em duas ou trés manhas fi: vres", ele relataria depois. O nome do villo, lorde Ruthven, era um ataque ao préprio Byron, Afe- tado earrogante, o vampiro de Polido: vi sabia ser desagradvel e repulsivo. ‘Talvex tenha sido por isso que, quan do. conto foi publicadlo como se fosse criagio sua, Byron refutou enfatica autoria. Ao que tudo indica, ‘-engano foi provocado pelo editor da obra, que queria pegar carona na fama do poeta inglés, Polémicas litersirias 4 parte, o conto iniciado a beira do lago snebra marcou as décadas seguin- tes. Ao longo do século 19, escritores de peso, como Edgar Allan Poe, Ale xandre Dumas, Guy de Maupassant © H.G, Wells eriariam personagens inspirados no vampiro de Polidori. Até que, em 1897, lorde Ruthven nou seu descendente mais famoso: 0 conde Dracula, inventado pelo eseritor irlandés Bram Stoker: Drama e paixao do vampiro moderno envolveu dois nobres ealguma dose de rancor, a histéria por tris das ori- gens cle Frankenstein tem elementos de novela mexicana, com traigio, luxtiria, morte e dor, muita dor. Os protagonistas sio Perey Shelley sua namorada Mary. Naseido em 1792, Perey era um poeta e ativista radical que, nos idos de 4, estava na rua da amargura ¢ lidava ainda com um casamento em pandarecos. Quando conheceu 0 fil6sofo e escritor William Godwin, famoso por defender o ateismo e 0 anarquismo, estava precisando de pio, ombro e carinho, Godwin apa drinhou Shelley, emprestando-lhe dinheiro e abrindo as portas de sua casa, O protegidoacabaria se apaixo: nando pela filha do padrinho, Mary. Cinco anos mais nova que o poeta ela também enfrentava seus demo: nios pessoais, tendo perdido a mie dias depois de nascer. O pai dera.a Mary uma rica edu- cago, mas ndo parecia se preocupar com acrueldade de Mary Cla ‘mont, sua segunda esposa, que enearnava com perfeigo 0 esterestipo de ma rasta malvada, Mergulhar nos es tudos era uma das tinicas distragdes da moca, que falava francés e italiano Fluentemente. Nao era surpresa, en: to, que Mary estivesse em volta da ‘mesa nas muitas ocasides em que seu pai e Percy Shelley passavam horas debatendo temas politicos na casa da familia, em Londres. Godwin, po: rém, era bem menos liberal na priti ca que na teoria, Logo ele proibiria a filha de encontrar o protegido, “Mary viveu uma tremenda distancia emo: cional e se tornou uma adolescente sedenta de emogao e aventura, Perey Shelley apareceu feito um cometa em sua vida", diz Miranda Seymour autora de uma das mais respeitadas biografias da escritora Mary nao s6 desobedeceu as or dens do pai como f igiu com Perey para uma viagem pela Europa, em 1814. No ano seguinle, tiveram uma filha, Clara, que morreu com poucas semanas de vida. Em 1816, porém, Perey e Mary finalmente se casaram > GRANDES MOME Irmdaos no terror NCES OE NC icy AORIGEM fee pared corey ees reer) Roo Cy oe) Frankenstein, | rear > depois de Harriet, a primeira muther o poeta, morrer afogada oficial, ainda hoje bastante questi¢ nada, éa de que ela se suicidou em uum lago do Hyde Park, em Londres, Antes de oficializar a unio, aceita: ram 0 convite de lorde Byron para a jemporada a beira do la Genebra Estavam acompanhados da mis: teriosa Claire Clairmont, a meia-irma de Mary cujo papel nos titimos anos emergiu como algo bem maior qué ‘uma simples companheira de viagem, De acordo com estudos recentes de aeadlémicos britiinicos, as duas nio s disputavam as atengées de Percy como dividiama cama comele. A moga tam: bbém ni escapou das atengbes de lorde Byron Allegra, nascida no ano seguinte comquem ele teria uma fitha, Na temporada suiga, Mary era uma ouvinte atenta das conversas entre lorde Byron e Perey Shelley CORIO UL Ce Corey CoC Pte ocd Peehunyt Teen a) Creed eet crn Peeerer tints Ee sobre o que era conhecido como gal vanismo, uma teoria sobre a possi bilidade de trazer organismosa vida com 0 uso de descargas elétricas, Por sinal, cientistas da época viam \dos em debates sobre as A pri meira mulher de Perey, por exemplo, fronteiras da vida e da morte tinha sido levada para um hospital de Londres em que experimentos de ressuscitagio com vitimas de afoga mento eram comuns. Frio e chuva Aliado As conversas, havia o tempo dolad nais foram comuns naquele 1816, que Je fora, Tempestacles fenome acabou conhecido como “o ano sem vero”: a chuva caiu em 130 dos 183 diasem quea temperatura de quente. As sessées com lorde Byron ram, enti Especialmente porque o anfitriso era ee Perey oot Pe eae pores Resend eee aS eS ca ees eter er et um verdadeiro pop star do século 19, Obrritinieo era um dos mais popula: res poetas da Europa agas a suas posigdes contestadoras, em especial a defesa do amor livre, o que inva riavelmente atraia asatengdes do pli blico para seu estilo de vida. Byron era conhecido pelo habito de sair com senhoras casacas e pelas tendéncias bissexuais. O poeta contava ainda com ‘uma asticia fora do comum, inclusive para lidar com os muitos criticos de duta. critica que me derrubou. Em ver de sua obra e de sua con Liuma terum aneurisma, tomei trés garrafa: de vinho e comecei a eserever uma resposta’, disse ele num de seus mais famosos comentarios. O charme de Byr Annabella Milbank resultou em uma imensa lavagem de resistir roupa suja em pitblico, apimentada ‘QUASE UM RATO Cee eee PCr Peers Paes smear Pecan) WELOR Pesricies ed al Corr ee eee inspira frees er eee Produzido pela nts ore can Te EDISON KINETOCRAM BE een cae por uma série de intrigas espathadas pelos advogados dela. Sua imagem no Reino Unido ficou arranhada e suas finangas, arruinadas. Quando che 1 A Suica, em 1816, Byron era um intelectual A procura de refiigio (reza alenda que ele partiu de mala e euia pouco antes da chegada de credores que vinham tomar sua casa). Porém, até que as chuvas isolassem a casa, 0 grupo nao conseguiu privacidade total: Villa Diodati era observada por curiosos com lunetas,¢ nosarredores do lago Genebra era comum ouvir his t6rias de orgias e uso de kiudano (um tipo de 6pio) no easario. A farra no ver 10 gelado inspirou Mary aescrever seu grande romance ‘mas nio acabou com as tempestades cemsua vida, Ainda em 1816, sua meia irma Fanny cometeu suiefdio, Noano Clara, enquanto a segunda, William, nce peri ren faleceria trés anos depois, vitima de malaria, Em 1822, Percy Shelley mor reria afogado durante um acidente ‘num passeio de barco na Iti, Bergo em comum Mary enfrentava ainda a dor da falta de reconhecimento, Jé em 1824, seis anos depois da publicagio da pri meira edi¢io de Frankenstein, e quan: do comegavam a surgir as primeiras adaptagées atrais, criticos credita: vam a autoria do livro a seu marido, Um debate que, porsinal, persiste. Em. 2007, 0.acaclémico John Lauritsen pu blicou um livro eujo titulo, 0 Homem que Escreveu Frankenstein, j4 eva pro: vocativo por si s6, Lauritsen, porém, ia além de argumentos discutidos & exaustio, como o fato deo manuscrito estar repleto de anotagdes feitas por Percy. Para ele, a profundidade e a complexidade de Frankenstein estavam ad CU eeu re eed pee rereaty etna além da eapacidade de uma eseritora amadora.“A grande pista é que todaa produgio posterior de Mary Shelley é ordindria em comparagiio com o pri meiro trabalho", ele afirma, ssim, de orma curiosa, lorde Ruthven e Frankenstein comparti- Tham a polémica em torno da paterni dade. Quanto ao bergo, que eles tam: bém tém em comum, a Villa Diodati ainda existe e continua sendo obser- vada de longe. A mansio fica no fimde uma estrada particular e 0s donos nao permitem visitas, com rarasexcegdes rios. @ para grupos de estudos lit RELIGIOES Divindade por acaso Uma profecia influenciou um dos maiores movimentos raciais do século 20 e gerou uma religiao que cultuav: dos rastafiris ¢ de Felipe van Deursen ‘ma das grandes armas do cris: tianismo para angariar figis €a linguagem cheia de simbologias da Biblia, usada para conquis- tar classes oprimidas. Mas em dentificagaio Foi t poucos lugares essa Jonge como na Jamaica. Na antiga col6nia britanica, os escravos africanos tinham uma liberdade reli: ggiosa maior que seus semelhantes nas colénias espanholas e portuguesas. E, no meio de priticas como magia negra e ritos afr canos diversos, © excescravo George L le apresentou aos negros a Biblia e as historias de dor e privagio do Antigo Testamento — metiiforas elaras do sofrimento imposto aqueles homens longe de sua terra natal. Era 1774 e nascia a primeira igreja batista na ilha, com uma corrente de negros cristios dos Estados Unidos, que viam o Chifre da Africa como um dos bercos do crist Mais de 140 anos depois, um jamai vieto de que os negros do mundo todo s6 teriam mais liberdade se estivessem unidos, criou em Nova York, em 1916, a Unia (Universal Negro Improvement Association, “associacio universal rnismo: 0 etiopianismo. ‘para o progresso negro”, em inglés). Seu nome era um rei tirano e carismatico. Conhe \ Michele Kanashiro_\LUSTRAGC RWR2 Marcus Garvey e, bom orador qu 1500 seguidores em dois meses. U irrisorio perto dos estimacios 4 milhdes que apoia- iternacional liderada riam, em 1921, a convene} por ele paraa criagio de um Estado negro tinico. Lideres de 25 paises participaram do eneontro, mas logo a elite dos Estados Unidos o colocou na cadeia. Ficou preso dois anos, foi deportado para a Jamaicae, em 1927, de lider negro, Mt na nova religiio, “Olhem paraa Juando um reinegro for coroado, virou profeta de u Africa’, diss aredengio estar proxima.” Nao demorou mais que trés anos. Em 1930, um nobre africano negro foi coroado imper: da Etiépia. Pai nal era ébvio. O novo rei havia adotado o nome Hailé Selassié I (“poder da Santissima Trindade’ nirico, lingua etiope) ¢ titulos tradicionais 2 8 seguidores de Garvey, 0 si ema da Igreja crista etiope, como Rei dos Reis e Leo Conquistador das Tribos de Juda, Trechos da Biblia at o redentor negro, Surgia a religio que tinha em tavam, a profecia se cumpria, chegava Selassié I nada menos do que Deus. 0 nome de batismo do imperador inspirou o do novo culto: Ras ("principe") Tafari Makonnen, aasaga seu deus, Hailé Selassié I, imperador sanguindrio da Eti6pia > RELIGIO Hail Selassi¢ era Deus para os ras- taffiris por causa da profecia. “O rasta: farianismo servia para dizer que ter origem africana no significava per tencer a uma raga de eseravos, mas a ‘um povo orgulhoso com uma histéria mais antiga que a de todas as nagdes suropeias, inclusivea grega, Mesmo se Selassié nfio fosse coroado em 1930, o rastafarianismo teria surgido, nfo im porta o termo que fosse usado”, afirma Paulos Milkias, especialista canadense em Histéria recente da Etiépia. Para a Etidpia, uma das nagdes mais antigas do mundo, Selassié ganhou aura divina por ser coroado imperadore descender diretamente de Salomio, rei de Israel por volta de 1000 a.¢ Leao de Juda Tafari Makonnen nasceu em 1892 no nordeste da Eti6pia. Ogrande desafio de Selassie nos anos 30 foi Benito Mus olini, que invadiu a Eti6pia em 1935, Osetiopes resistiram, mas 0 imperador se exilou na Inglaterra nos anos de Jah chegou! guerra, o que, segundo um dos fun ciondrios do pakicio real entrevistado: nés Ryszard Kapuscinski no nperador, 0 deixou com com: de inferioridade em re lideres guerrilheiros, Selassié voltou otrono ingleses terem ajudade a expulsar os italianos, em 1941, Isso afetou diretamente a opinidio do pro feta jamaicano sobre o lider. Garvey em1937, escreveu em um artigo: “Todo negro orgulhoso de sua raga deve ter vergonha da maneira como Hailé Se lassié se rendeu aos lobos braneos da Europa", Mas, para os devotos rasta, 0 editorial fez pouca diferenga, Analfahetos etiopes se endividavam para pagar um escriba que Ievasse a0 rei seus lamentos e desejos. Uma sim ples troca de olhares com ele, dizia-se enchia as pessoas de esperanga. Intel gente e astuto, Selassié sentiaa necessi dade de evidenciar isso no palécio real Para tanto, privilegiava os cargos de maior confianga para os despreparade rrantes, Nao faziaa menor questi mpeténcia, bastava que fossem Fechava os olhos paraa corrupgio com frequéncia a incentivava, OO ne ee eke Son eR Cee ee cca Peet eee en reer ern Pte eet aes uuu) penser ne Sten pete reteenncerner entrust) ore cere eee trabalhar porque meu Deus vinha’ afrma Pee Simunek no ivr Paraiso na Fumaca. Seu pe eae ection Cc) eee ate tenes Ce ed eee Pre eee enact Peete on os Pee eter eae any eee ee ent pee eee cen eery ee ed Pee eon

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