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Um Pere et) profundo nas taticas de guerrilha da mais sangrenta batalha do Brasil revela PECitere tos ota de Antonio Conselheiro Voce ia pensnit pitt ier mt Amperia, 4 mamma ill pa alesie de Madagascar rreunian a ue = voce £ UM Con rock & UMA ceca PUBLICA. ae = £0 SAcko 3 ‘DE REUNIAO: Bk ‘alles SER! DAS. MICRONAGOES E Mn a aah oS TORNE-SE UM CIDADAO DE REUNIAO! E GRATIS! — q empresa que RESOLVE. Espelho, espelho seu Caro leitor, Existe uma curiosidade meio que coletiva em torno de HISTORIA. Eld se manifesta em e-mails para a redagdo, em nossa comunidade no Orkut, em encontros com outros leitores ¢ até mesmo com gente que quer colaborar com o titulo. “Como vocés escolhem o que vai ser | publicado?” Uma das tarefas mais complicadas ao editar uma revis- ta €a montagem do espelho. No espelho as reportagens || HISTORIA-#01¢A089-.mu200- VO sio colocadas lado a lado, algo.” a © comoa partitura musical, onde a edigio é composta. Ali, defi- nimos o que tera cada seco, ‘quais sero as grandés reporta- ens ¢ onde estario localizados 08 antingios, Atéaf € 0 basico: toda e qualquer revista no pla- neta funciona assim. S| di i em HISTORIA essa equagio tem um nimeromaior | FES SPS de variveis. Sao basicamente trés: perfodo hist6rico, recor- | FJ) etc] precisa de matérias de épocas ‘Umespetho pode ganhar diversas icwre| diferentes, enfoques diferentes vversBes, até ficar harménico, (Personagem, Anais da Ciéncia, ree eee Galeria, Dinastias, Grandes Momentos, Civilizagdes, Terra Brasilis, Economia, Entrevista, Obra-prima, Vida Privada). E ainda estilos de ilustragio diferentes: desenho, fotografia, imagem classica, charge etc. resultado tem que ser = equilibrio. Mas, falando assim, parece até que jornalismo € citncia exata. N5o é Bem pelo contrario. Trabalhamos 0 tempo todo com imprevistos: as * noticias do dia-a-dia. Mortes, nascimentos, eleicdes etc. O espelho (des- culpe o trocaditho) deve refletir o que ocorre no mundo. Cada assunto ‘que abordamos deve fazer parte do seu universo, do seu interesse. Na verdade, 0 dono do espelho é voce. A gente s6 dé uma forcinha eetstaeiaa ee HISTORIA q Pasa tango nero Ta opr Cl Divirta-se, See Eger oT » ie * cms tn psn FS EDIGAO 69 { ‘saga dos mitaresbraslros ‘errotados pelo general Franco 10 sinsainienisccomer Tl seiiiactseincimateoas 12. Tastroaiedeno bet 16 aizszeremtad sua pode ser auitoretato de Da Vise! JQ Besemmgo apa gos pelo controle de especie ! 20 fescterass popontamant 1 30 O sertao em pé de guerra ta ae 22 MEAeer ig tt aasinao Canacossravi ds atiranhio os tartanejn aguneos. 2d. osatons tsaramtecnias de quetnaecamagem que eran Barbetaz 0 anos desoreados os soladoscarepublca cana 28 Aarte de vender 26 Gonads rasioia ape Dos preiroslogotios aos slogans que todo mundo DE, wtowamace Conhececompantas publctarislendéisfiaram cin doi Sodom ‘marcas einventaram necessidades =z__ 44 O Ultimo verao gaulés 50) laneamentos Histcla em quadrnnosnaraabatala entre César 0s GO west rettosde ema cota. Apa romana encontra uma pedrano camino. : ulesesorpulhosos que serecutam sr dominados 5) Sxposite ©2 lle desatosounant 50 Acineasta de Hitler Len Rletenshafolpea-cave na propaganda nasa, AIA. Sacral rvatceioaeg ada 64. mone 54 Agrande familia mm. ‘Adinastia Medici dominou Florenca durant tts séeulos. Interteriu na poltica, na religit enasartes. Seu mecenato G6 Saonsmernctareencogo foifundamentalpara o esplendor do Renascimento jcamusaru nusnchovaan, a ve) | i. uated a 4 fl . aa a4 re yt a se t FALTA pe JA ee | QUEBRE 0 VIDRO a scorers % ere e eet ere “a i) vestibulares eo é conor pelo site woretojanbet ey BANCAS > Guia do rg ! {ualldades Vesti wr 2009 explica® bs osprne ipals 3 coat ‘em curso. no Brasil eno mundo. Com oe wood am ia reensao ysobre ‘iciat =i ‘ad “Muito interessante saber que desde o inicio da democracia ja havia voto de cabresto.” GRECIA Nunca tinha parado para pensar ‘ecomparar o voto de cabresto eaatitude de alguns eupatridas ‘no stracismo, manipulando ‘© voto dos que nao sabiam escrever Felipesouza Pentecoste:CE. Val dar tempo de usar arevista para dar aula nas quintas series ‘eno Ensino Méclo. Utlizea revista ‘como apoio didatico mesmo, Leocadia Ferreira ‘NacomunidadedarevistanoOrkut Voces marcaram um gol de placal Na disciplina de Cultura Classica, estudaremos.a Grécia, Leremos @ Odlsséa, A professora nos disse para nndo nos assustarmos com os termos presentes na obra e que deveros ea ‘com a mentalidade da época, Achar ue terel alguma diticuldade? Eu no! RenatoRocha stoPaulo-SP Quem ¢ professor sabe o quanto asilustragoes chamam a atengao dos alunos em sala de aula. A revista Usa fotos ou pinturas historicas para llustrar suas paginas.Sel que isso do ¢ essencial, mas os personagens ue retratam o cotidiano ateniense ‘estdo um horror. Eton Regis Pattaleza-CE ‘Senossos poticos se interessassem pelo legado flosético e cultura delxado pelos ‘gregos,nossa sociedade einstulcbes serlam multo mals jstas Eduardo sacomunidadeda revistano Orkut 6 Marcos Ramos, na comunidade da revista no Orkut, SUGESTAO BRASILIANAS Gostaria de fazer algumas sugest6es. —_Gostaria de registrar a enorme satistagdo Recentemente|ia blografla de Bolivar, __quesentiaolero artigo “Como a Franca libertador da Venezuela, Colombia, ‘moldou o Bras” (pg. 161 Mostrou um lado Equador, Peru e Bolivia, fiquel muito diferente dos eventos, modificando as Interessado em sua histéria, Soube concepedes que carrego desde o Ensino que existe um museu em sua Médio, de que os portugueses "bonzinhos” omenagem em Caracas e gostaria terlam expulsados os tranceses "malvados” ‘muito de ler sobre Isso na se¢a0 Museus do Mundo. Gostaria de pedir também uma materia cde capa com Bolivar e San Martin. Anfiuencla francesa no Maranhgo Percebi que, entre tantos latino- foi tao grande que Sdo Luis ¢ considerada ‘americanos ilustres, nenhum deles ‘nica cidade braslerafundada por teve uma materia dignade seus feltos _tranceses. Oengracado é que ela¢ em prol dalibertacso sul-americana Patriménio histérico da humanidade Contra o dominio espanhol, or causa de seus casarbes portugueses. Alexandre Tadeu Afundacdo de Sto Luls édebatida Embudas Artes-SP com defensores dos dos lados, ‘ila Michele DOMHELDER Poreall Este ¢0 ano do centenario do nnascimento de dom Helder Camara, ‘OPERA que fol comemorado no dia? Asllustragbes da matérla"Resumo da de tevereiro de 2009, endo de ‘pera’ (pg. 36) despertaramem mimo seus 90 anos, como fo! publicado desejo de estar naquele teatro, assstindo nna secao Tomos e Telas ‘auma 6pera (0 Guaranl seria CLangamentos”, pag. 60), uma boa escoina). oso Ricardo Femanda Azevedo al (Cuiaba-MT Jodo Ricardo, voce tem azao:200960 ‘ano de centendrio do nascimento de dom Helder Camara endo dos seus 90 anos. LINHA DO TEMPO .Gostei muito da Linha do Tempo da dade Moderna CRevolugdes por minuto’ pg 22).Fol um refresco recordar tantas colsas {que ocorreram durante esse periocoe ‘uma oportunidade de saber o que gerou asocledade atual esuasinsttucdes polticas, econdmicase rligiosas. Sergiosiva fRabuna-BA Pioxn A conduta de Pio Xl dlante do CALOURO SATISFEITO nazismo foi de uma esperteza Revista ajudou vestibulando a entrar na faculdade Consideravel CBendito ou maleto” inapale Beal eee a conte ache seas ae 0,67, 49, 30). Se 0 Santo Pontiice ee pea aban semanifestasse abertamente, 80 STeiGH a arboeseeierab etadcel Oh no esabeaUE LS teria armas para entrertar AdolHiler pal HISTORIAG@ouassinante)aceriel —comoasua matvam e seus aliados ecom certeza sofreria venus vonerehtaar ass} aaneeees represalia violentas, vidos Aaa tae late ‘rabalhot Mato imocentes seriam interrompidas inusad eee eaeaeie cia eoek 0 numero acicional de mortos ‘JomtulO. dana “waa na Segunda Guerra seria um mero Montebourado:Pa (iva ee ee naan ea Parabéns, José Rut! Ficamos mutto ‘ajudi-to ainda mais de HISTORIA Parabens! auinisled ntetearilane taro Adailton Rodrigues daSilva a Be Poremal cuIABA conversa no salao do babeir, durante uvros Sou letorada revsta desde que mina infancia, Um veteran pracnna Qual €onome do livia que Arstételes a dscobr hd quase quatro anos. 44a FEB, que contou astra da forca estécarregando? Eolivroque Plat3o Sou profestorade Histrlaemultas vezes _expediondria em Monte Castelo. est levando (Timeo), fala sobre utilize’ as matérias para ensquecer 0 ‘Uilsses Tambost ‘2 surgimento do Universo? conteucodeminnasaulas.Elassfomutto _Jounvile-SC Fernando Gomes deFretasJanior eis. Neste més uel muito contente Rect a0 deparar com ume materiasobre Olvroquearstotelescaregachamase estado onde moro Disputa por Culabé fica Timeo.oflvrodePiatdo.estbelece _causou massacre’ ed. 67, ig, 25). comparacdes entre geometria Elmportarteconfecer asters eharmoniamusial. do ugar onde se vive etambém poder, de uma forma ddatica,repassala ENTORPECENTES 203 seus alunos Adorel Voces Interessante saber que as drogas esto de parabéns! serviam de remédioe que hoje s80 DinactFernandes de Jesus ‘manipuladas pelotrsficoe pelo crime Jangada- tt (Meu bem, meu mat’ pag. 42) Pareceu-me que as pessoas eram ENTREVISTA mals cllzadas antes da proibig30 (Otmaa entrevista cdo Barone com tun owo> ‘opines eyua ea anb weynvedso sobojpanbseso epee} 21229 ‘wn asa najosnew op odoxoN VWTV V vulva WaDvSSvd s01x9) sojed open yes asanboopny, ovina ‘suo Up wINyN.}SD & SOUP SPAPPOUIIAAT 9 SOLIS ‘ureyresnes opt sejaanb ap seueses ey “sepiqioad ops sagseavasa sy “ye noxqua won! anbaod oss “oigystuy apes wo ‘npjosneur o‘sepeagp seynur gy opesiysaauy opuas quad pf esoquig “souv g€ urexesouap anb ‘st1q0. ‘oneU 901 ope5ue> soue 0022 ap siew ey 9 OPU EGO Ep BUD 10424 9Nb OLOW WIDLay WaDVTAWYD seu weseyjeqesy syed op soja so sopo)ap svossadt [ur 002. ap steuu ‘oySnsysto> & axqos saoSeutz0yur ap aquoy 1 Boys “'R ¢ o]na9s op SoxsIs a4 sofa “ueid eUNIS JopeLIOISIY 0 opunseg. 19 Seossad [pul 00g 40d soysta urEOY ‘gpsoxaiin so ureoy anb equim) ny apuesy ep oginaysto9 & nap zopesaduyy osjauad nas as-nowso) ‘syed ‘Sepesso a sezanbl e119} O1DeIed O ‘soyejas oBQue Wo opioze aq YOUNAL J OYSVLNILSO onooyn ap (,u74p}, Bjpumuoad as anb) uid ap waa, ‘buy awou o anb ueypaioe saxope0 an oseae 40d 9 oBN “eprA tra nozos anb 182 Japod 0 opoy ays0U wa 98891 -Suenyyg wid anb exed epynysuoo od ‘sey “wary ‘BU “UEEX ap wousAoad wu eAZa}se OBSEAROA sod 0} -4aqoo o1sous umn seuade ga aBluoy ap ufo uiane) UeIX ap Sostosion# sosourey sojad eprpuayap vxo vaULIAa\qNS apIUTLAL UIO JopeJodul op ngfosney| Poo eau ne maa ao) hAKoe) f-}- Et Re (eh 0 0) 73) 13) ee wey Nanas ‘soqupe} ap anbeye 0122 ese ‘Oanou VULNOD OUNDAS “eueuomus oebeyaysuo> ‘ewin euro} oquniuo> oem] 29 Joso"sejanse se wervesaxdos sejorpd.asesopaid sespod Jopesocu op seurioues seoeigo ep sssopeuregen 0 "ou ep eumD9 5 e20}0anb ypu opnL, . = , 2 ‘oueuiaigns exewe> ep oa Ou ‘SOAIA SOGYUUSINI S ' . : “up opeiedu op oaioaeaidos > x zo SWIOFAGND aR ABRIL EISEN ror Maria carotina Cristianint LIDER ASSASSINADO- Memphis, Tennessee Martin Luther King Junior (1923-1968), atvista pelos ‘14 \ Esacosunidos assassinate, PRTEED ie conversava.com um pastor na sacada do hotel Lorraine (hoje sede do Museu Nactonal dos Direitos ivis) quando fo atngido por umtro de ile disparado por James Er Ray (19281998) [Amore levou mihares le pessoasaprotestar por tes das Iivro: un speios cmt Meer Oncarsos earn tein ‘Gcolatnes dma apart as oer ame MORTE EM BATALHA — Franca BBB. %¢P2!decnco anos tnd contra orl trancsFelpe Ines229, Read Coragsode Le 575199) COMM iota more curt uma agtomitar Eleaa ‘xioutigido rane ocerco caste PTOED cecras-cratrtutiaresstenca dearer comanata pelo visconde Aor Ve Limoges (135199) Desprotegi, sem armada tesco Rardorecebeu ma iecha oem eer, pert do pec, Chao sistas een, Tivroeante conan deer eLend, NOSSO PLANETA E AZUL Orbita da Terra Durante uma viagem de 1 hora e 40 minutos, ‘© cosmonauta da Forca Aérea Soviética Yuri ‘Alekseyevich Gagarin (1934-1968) se torna ‘oprimeiro homema ir ao espaco, Ao ver ‘o planeta. partir do alto, de dentro da cépsula sovietica Vostok 1,ele declara: "A Terra ¢ azul EUMELEMBRO “Tina anos eacompanhe! aviagem pelo radio. Enquanto ouMiaas noticias, tentavame colocar no lugar doastronauta eimaginar ue ele sentia. Vera Terra de taolonge deve ter mexido com seus pensamentos.Certamente ‘mexeria com os meus Paulo AratjoDuarte, professor de Astronomia daUFSC LIBERDADE AOS PROTESTANTES Nantes, Franca Como propésito de acabar com as querras religiosas,orel Henrique IV (15531610), da Franca, promulga oEdito de Nantes, que ‘garantiaiberdade religiosa aos protestantes locals, Quando o decreto fol revogado, em 1685, ‘mais de 400 mil pessoas dedxaram 0 pais GOVERNO DE TRES MESES | Veneza, Italia lo ‘substituido por Vitétio (15-69), que eee ce ea Site: woman amperersorfth im CAMINHADA POR DIREITOS Brasilia, Brasil [Apo dols meses de caminntada.a primeira Marcha pela Reforma Agraria, Empregoe Justiga, organizaca pelo MST (Movimento {dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), chega Brasilia.A manitestacdo reuniu 50 mil pessoas, saldas de diversos estados,ettnha o objetivo {e chamar aater¢a0 para o problema da forma agraria, | Site: waders: outinterenT9Shinopees OAM Gu etroicances pimps sso ten co UST EUMELEMBRO Estivedurantetrésdiascomacoluna |); {que vinhia do Mato Grosso, nos uitimos 50 qulometros a camintada.O convivio tentrends era dtimo.A sensagao de ‘hegar a Brasilia fol de imensasatlstacao. ‘Apopulagdonos recebeu muito bem.” nz Bassegio,secretsriodo sgrupoGritedosExciuidos CATASTROFE AMERICANA Sao Francisco, Estados Unidos is) 1906 Porvoltade5 damanha, um terremoto atinge acidade orte-americana ‘deo Francisco, Acreata- sseque tremor tenha passado de 8,25 graus na escala Richter. Durou menos de um ‘minuto, mas fol seguido por um incndio de quatro dlas que destrulua cidade. Cerca de3 mil pessoas morreram £2250 milficaram desabrigadas. Site: mpanorauane uses govieicnancai906rtarty ARQUIVO "Fuljogado para forada cama, Desc| para o sagudo do hotel, ‘onde dezenas de pessoas estavam rbunias. De repente as lzes apagaram e todo mundo correu parp.aporta, De lado de fora, os prédis ao redor estavam balancando eas pessoas que passavam Por mim eram esmadadas por coisa que caiam do cet” AnotagbesdeG.A. Raymond qui edtavaatrabalhonacidade a neers OINICIO. DO TERROR) Roma, Italia ‘Ao promulgar a bula Licet ‘ad Capiendis,drigida ‘40s dominicanos, papa GregérioIX (1160-1240 marca inicio da Inquisicao. Ainstitulca0 a lareja Catolica Romana passou ‘a combater seus inimigos, chamados de hereges, por meio de persequicbes,julgamentos ¢ condenacoes. Site: yunenadvertoreneyos?9antn Enninge ei ca gren fe epon ae aan ARQUIVO. "Estals facultados, se os pecadores persistem em defender a hheresia apesar das adverténclas, a priva-los para sempre de ‘seus beneticios esprituas e proceder contra eles, sem apelacio, Solictando se necessérioa ajuda das autoridades seculares” “Trecho dabula dcetad Caplendos ESCRITOR GUERREIRO Madri, Espanha escritr espanho! Miguel deCervantes morre 205 68 ‘anos, Uma de suas obras mais cconhecidas, Dom Quixote fol traduzida para mais de {60 tinguas. Mas.ele s6se edicou literatura notim da vida. Antes disso, fo soldado. Livro: Avs ue cevants, Andres Tapa, Jose Ohm 1953, Unread nant cman omptb es gasps O BATISMO DA AMERICA Lorraine, Franca CO tratado geoorético Cosmographise Introducto, produzido pelo grupo do cartégrato alemio Martin Waldseemiller (04751522) ¢ publicado com milcbpiase Cita pela primeira vez termo América para designar o Novo Mundo, O nome fl escothido ‘em homenagem aonnavegador Améico Vespucio (14541512), ‘que havia realizado viagens de exploracao a0 continente, ivr: ina ol, rs Pomoc 207 POLICIA NAZISTA Prassia Hermann G8ring (1893 1946), um dos ideres do Partido Nazista,eorganiza unidadede espionagem da pola ecriaa Gestapo, ‘Abreviacao de Geheime ‘Staatspoliz ou Policia Secreta do Estado. a entidade foi responsavel por enviar judeus aos campos de concentracao, Livro: a Getpo- ts 045 pert bat xa aronne 2008 VITORIA TEMPORARIA Orleans, Franca shies BYR tren BLO) loanaarc ree csiziaane FED oossvons ae re ncartinen ‘Anos, contrasingleses. local seria ibertado do cerco britanico menos de dez dias depois. O sucesso de Joana O’Arenainvestida espertaria oposic30 dos Inimigos, que a capturariam nono seguinte 23 Barbie cinquentona A primeira boneca adulta se tornou uma verdadeira instituigdo Loira, olhos azuis, cintura fina eseios grandes. Com corpo e rosto de modelo, a boneca Barbie (de nome com ppleto Barbara Millicent Roberts) sintetizou o sonhoame- rricano de consumo, status e beleza. Lancada em 1959, ‘numa época em quea mulher se limitava a cuidar da casa, Barbie era jovem, solteira esem filhos — a primeira ‘boneca adulta da hist6ria do brinquedo. Seu sucesso foi imediato e logo ela passou a ter um guarda-roupa com- pletoe aprendeu profissées. Também antecipou a onda das top models quando ganhou vestidos exclusivos de PERSONALIDADES MULTIPLAS Ao longo de sua historia, o brinquedo se reinventou diversas vezes MORENA Ellote Ruth Handler, ddonos da empresa de brinquedos Mat lencomendam uma bonece ‘ao designer Jack Ryan (9926-1990. Ela ebatizada ‘cam o nome de uma das fils do casa. primeira Barbie ver nas versoes Joira emorena emede 29 centimetros.Logono primeira ano sto vendidos 350 milexemplares. ASTRONAUTA Surgem as primeiras bonecas com pernas dobraveis, uma inovagao que passa a ser aplicada a todos os modelos produzidos desde entao. Ainda no mesmo ano, ela aparece vvestida com uniforme da Nasa 24 grifes como Dolce & Gabbana, Calvin Klein e Giorgio Armani. Depois vieram mansio, carro, piscina... e pro- bblemas sentimentais: em 2004, ela rompeu um namoro de 43 anos com Ken e passou a ser vista na companhia do boneco Blaine, um surfista australiano. Aos 50 anos, ‘mas com corpinho de 20, a boneca é objeto de desejo de colecionadores no mundo inteiro. Pode nao vender tanto ‘quanto antigamente, mas ainda é 0 sonho de consumo da ‘maioria das meninas —a cada segundo, dois exemplares do vendidos no mundo, BraNca NuNEs MODERNINHA, Obrinquedo entra na onda do ideal feminino ‘do moment, langado pela modelo inglesa ‘Twiggy: maquiagem tipo boneca, silhueta fina eroupas Indiscipinadas. ABarble Twiggy tem botas amarelas evestido curtolstrado, Ea Mattel ja aparece nalista das 500 ‘maiores empresas dos Estados Unidos. i ‘nmonucto oasis monte ebowAPuanTaciO ESS EXECUTIVA Com computador, americanas. Aofim hhomenagem. PRODUZIDA Surge a Barbie SuperStar, ‘comtracos mais suaves. No ano anterior, um exemplar da boneca hhavias160 colocado em uma ‘psulaa ser aberta em 2076. Fol ‘uma forma de documentar um ideal ‘de mulher do século 20. caleuladora ecartto de crédito ela entrano ‘mundo dos negécios usando tallleurrosa, bolsa rosa,cachecol rosa, ‘Uma exposicsocom {600 modelos vaia pela Franca. por nove cidades turné, 6apresentaco um quadro do artista ‘Andy Warhol em sual FASHION anos, surge uma, ‘ei0 especial com ‘CABELUDA 1200 exemplars. Estilstas Com cabelos até os calcanhares, amos, como Versace, aedico.decabeloutracomprido ‘vende quase 2 mines de Unidades. Nesse ano, elatambem ésereia,candidata aseleicoes Presidencais ‘emembro ‘daMarinna ‘americana, MOTOQUEIRA As vendas batem record "Ro mundo: 1biha0 de ‘exemplares no ano, Os destaques dessa {poca ticam paraa Barbie Harley- Davidson e para acolecao Barbie ‘allarina a Como parte das celebragdes de seus 50 anos de vida, Barbie ganna uma versio comemorativa lem homenagem a Estatua deLiberdade. 0 modelo 6 apresentado nateira ‘de Basel, na Suga, romana Alimentos com sabor de Brasil Conhega o passado dos principais pratos da nossa gastronomia regional Peguea flora, junte fauna e acres- cente 0s temperos de imigrantes e nati- vvos. Nao tinha como dar errado a rica culingria brasileira. Basta viajar pelo pais para descobrir que cada recanto tem seu prato preferido, aquele apre- ciado no dia-a-dia, ou ainda o especial servido s6 em ocasifo de festa. Alguns no respeitaram o tragado geogrifico e se impuseram pela proximidade da vi zinhanga. “A cozinha brasileira € sem fronteiras. Muitas receitas tornaram-se cas de regives inteiras, nio s6 de um ou gutro estado”, diz Graziela Mi- lanese, professora de Historia da Gas- tronomia da Universidade Anhembi- Morumbi. Confira, a seguir, a origem PANTANAL Hawaeicise naif representatt ‘0 Pantanal s fol parcialmente desbravado jas delicias mais representativas do Crone eee ‘Nabagager, os bandelranteslevavam ‘amandioca e uma ome dele20, que ‘0 fazia comer o que vissem pela frente: [No caso, 0 caldede pirantia:peixe bom iapoque ao Chui, COMIDA E PASTO tessoeccotor CALDO FO ME CONTRAA a= RISOTO andinos, era importante " atiga ce comércioentre oul : ‘eoNorte do pats no século 4 17, Paraalimentar quem as transportava.era misturada, S ‘omarroz,temperos, tomate ‘epimentdo,transtormando-se noarrozdecarretelro. cozdo,comtemperose mandioceralas. ‘F SERTAO NORDESTINO ‘Versio menos salgadadia carneseca, ‘came de charque ¢ curada por menos tempo Virou simbolo de Nordeste porque PERNAMBUCO AM APA ‘Rio Grande do Norte eo Ceara deram inicio Patriméniode Pernambuco, 0 ‘sua industraizagdo. Nofim do século 17, ‘bolo Souza.Lede ea base de era distrbuida pelos ros. Originalmentefeita ‘manda, coco e agacar. muito de sobras, hojeexiste até em versao nobre. ‘agticar Segundo registros, fol servido pela primeiraveza ‘dom Pedro Il (1825-188). Os. Pesquisadores acreditam que todas as receitasque aparecem f HARQU E ‘sd variagbes do bolo criado por Rita de Cassia Souza Le20 ‘Bezerra Cavalcant WARANWAO ACUCAR PARAO IMPERADOR INTERIOR DO SUDESTE CComerciantes que cruzavamo pals, ‘os tropelros criaram seu proprio feito: ‘em caldo (portanto mas cl de transporta), ~ misturado a farinha demandh Criginalmente paulisa,o fellSetropelro ‘destaque da culinria mineira reglao aes fondea receitafolsabiamente aprimorada, ~~ FEIJAO “ a PA R A A tahoe Afoncelapam tans) VIAGENige QBOCA fi. RIODE JANEIRO A feljoada no surglu na serzala.O prato fol obra des portugueses, que fpaeeeeos DRATO versio felta com felido-preto 6 carioca, teretameseoas ereen’ | USITANO ILHO TURBINADO PARANA ‘Arecelta debarreado, original dos ‘caboclos, ganhou fama ha cerca de 200 anos, durante oentrudo,a versso Portuguesa do carnaval. Osfolldes salam Bee eR KE | DA seers BAHIA Emiorubs, acarajé quer dizer “comer fogo" Bolinho de e/40radinhofrito emdendé ‘SAOPAULO. (Os mouros faziam o cuscuz com arrozou tiga, No Brasi, ‘amassa passou aserde mitho eganhou o pas. EmSa0 Paulo,ganhou roupa defesta. Provavelmente gracas aos portuguese, olincrementado ‘com paimito, azeitona, sardinha ecamarao, “Responder na bucha” Planta usada em espingardas inspirou expresso Dizer algo “na bucha” é dar uma resposta cle imediato, sem pestanejar. Bucha é uma planta trepadeira com espécies origindrias da Asia, da Afri- cae da América. Mas qual a relagao entre a planta ea frase? A explicaglo est nas espingardas antigas. AA buicha era amassadla junto com a pélvora eo chumbo, a fim de man- tera carga unida dentro da arma. Se gundo o pesquisador Marcelo Duarte no livro O Guia dos Curiasos ~ Lingua Portuguesa, “quando a arma era dis parada, essa camada as vezes fi visivel”, Assim, quem respondia “na Dbucha’ era aquele que revidava assim. que esses residluos apareciam — ou seja, logo depois do disparo, sem que o adversirio tivesse tempo de preparar um novo ataque. Livia Lommanpo wa “Ovelha negra” Frase tem o mesmo sentido em diversos idiomas Essa expressio nfo é brasilei nem restrita A lingua portuguesa. Vi rios outros idiomas (como o ingles, 0 alemao, o francés e o espanhol) tam: ‘béma utilizam para designaralguém quedestoa de um grupo, assim como ‘uma ovelha da cor preta se diferencia em um rebanho de animais brancos. As origens da frase sto milenares. Na Antiguidade, os animais pretos eram considerados maléficos e, por isso, sacrificados em oferenda aos deuses ou para acertar acordos. Por exemplo: em um episédio da Iliada de Homero, escrita provavelmente no sé- culo9 aC, hd orelato do sacrificio de ‘uma ovelha negra como garantia do acto celebrado entre Paris e Mene- Jau, que resultou na Guerra de Trdia. Surgia assim o habito de chamar de “ovelha negra’ aqueles que se diferen- ciam por desagradar e chocar. LiL. ERA CORAGEM RELATIVA £Em1991,o dltador raquiano Saddam Hussein (1937-2006) sofreu umacidente ‘decarro que feriu Seu rosto. Paranéo parecer fraco, ele se recusou aaparecer ra televiso local com curatvos: preferiu expor os machucados, fazendo pose de que nao estava sentindo dor. Mas, reservadament, passou vérias ‘semanas reclamando para seu ‘médico particular respelto de lum machueado no dedo mindinno. MUNDO ROSA £Em1959, Nat King Cole (1919-1965) velo ‘0 Brasl para se apresentar, a0 vivo, nos estidios da TV Racord emS80 Paulo.0 cantor americano s6 fez uma ‘exigéncia,registradaem contrato: 0 ‘camarim, incluindo os mevels.tinha que serpintado de cor-de-rosa.O corredor {ue levavaao palco também. O gosto ‘ela corera racial. O empresirio Paulo ‘Machado de Carvalho Filho visitou 0 ‘sicoem seu camarim minutos antes {doshow. Acabou encontrando Nat so de cuecas. elas eramcor-de-osa. ‘©cOpIGO VICTOR HUGO ‘Um dos maloresescritores da histérla da Franca, Victor Hugo (18021885) tina compulsdo por sexo. Atéperto de ‘morrer, 40583 anos, costumava pagar prostitutas e criadas de acordo como servica prestado. Para ndo se esquecer ddecada uma das aventuras, mantinha um didrio em cédigo, Por exemplo, {quando queria contar que uma ‘mulerhavia mostrado. seio, escrevia:"Marie osc”, “TIAGO CORDEIRO ys. —_——§- www.educarparacrescer.com.br ——— EDUCAR PSACRESCER OLHAR O PASSADO PARA CONSTRUIR O FUTURO Laurentino Gomes, autor do premiado livro /808 fala sobre a importancia de entender a « _ prdépria histéria para evoluir a“ objetivo da histéria é ilumi- nar o passado para entender 0 presente e constiuir 0 futuro. Uma sociedade inculta, incapaz de estu- dare analisar sua histéria, no consegue entender a si propria, E, nes , no estd apta a construir o futuro de forma estruturada. Uma visio dé curto pra- 20, que nio leva em conta|as ligdes do passado, conduz a solugdes igualmente imediatistas. Os problemas brasileiros tém raizes profundas, que |as vezes re- montam a 200 ou 300 ands atris. Isso nao significa que o Brasil esteja eterna- mente condenado a corrupgao ou a re- petir os vicios do passado. Pode evoluir ¢ melhorar, mas antes é preciso entender a origem desses problemas| Nesse qua- dro, investir em Educagio| é absoluta~ mente fundamental. $6 uma sociedade culta e bem educada consegue entender a propria historia — com seis defeitos suas virtudes.” = Realizacio: O Brasil s6 melhora com Educagao de qualidade SHE ari U UN RS AOE Ate Roe RC ne) CAPA mae O sertao em pé de guerra Esta cena lembra 0 Vietnd? Gaza? Mas é Canudos, a mais sangrenta luta da Histéria do Brasil, quando os homens de Antonio Conselheiro usaram técnicas incriveis de combate para defender uma vida livre dos coronéis PORFIdvia Ribeiro 0: Debora Blanch! ILUSTRAGOES Farrell CONSULTORIA Fablano Onga aia tarde no Belo Monte, enquanto dois homens, um velho € ‘uma crianga tentam resistir ao cerco dos milhares de soldados do Exército que rugem por entre as vielas estreitas, saqueando casebres, degolando prisioneiros, incendiando tiineis ¢ o que sobra do arraial. O céu esta vermelho, enfumagado e quente, © cheiro é horrivel e os urubus infestam o ar, efeito da guerra e da seca que racha a terra do sertdo baiano. Até que os tiltimos quatro combatentes S80 mortos. E é0 fim, Canudos foi destruitlo, mas nfio se rendeu, ‘A queda da cidade idealizada por Ant6nio Conselheiro aconteceu no dia 5 de outubro de 1897. Encerrou o mais sangrento conflito armado de nossa Hist6ria, que provocou o maior mimero de baixas: 25 mil motos, entre § mil militares enviados pela Reptiblica e 20 mil sertanejos. Até derrotar Canudos, © governo foi mais de uma vez humilhado e precisou colocar em campo 12, mil soldados, metade de toda a Forga nacional da época. Os quatro iiltimos, sobreviventes sfo citados por Euclides da Cunha —cujo centensrio de morte écomemorado este ano —, que acompanhou o confronto como correspondente do jornal 0 Estado de S. Paulo e escreveu, sobre ele, o 6pico Os Sertées. » 30 Guer: eee em grandes conflitos mundiais eee) BB entrincheiramento camuttavam Cen oes ee Perec ety » CAPA Segundo outros relatos, o velho ja ‘gungo foi oiltimo dos quatro a morrer, enirentando os inimigos apenas com um machado, Era ess: a disposigao de espirito dos sey Conselheiro, a0 longo dos 11 meses da luta, iniciada no dia 7 de novembro de 1896. Intimamente vineulados terra que ocupavam, surpreenderam ao adotar titicas de guerritha, como a camuflagem ou 0s tt yres de Antonio que 86 seriam usadas em grande escala em conflitos bem posteriores Segunda Guerra Mundial ou o Viet ni (oeja os quadros). A resisténcia dos sertanejos obrigou o Exército a en viar quatro expedigdes ao povoado. Registros feitos pelo comando da iil tima delas mostram que, mesmo em grande vantagem numérica e bélica, foi preciso “estacionar um pouco as operagées” durante o confronto, para “Os jagungos so com- batentes temiveis, com tiros certeiros, tomar foleg e ninguém deve planejar atacé-los se ndotivera maxima cautela... As balas que choviam de Canudos eram de ex- traordinaria prec O texto est no livro Canudos — Subsidios para a sua Reavaliagao Historica, da Fundago Casa dle Rui Barbosa, que estima em 10 mil soldados o efetivo total mobilizado nos oito meses quea quarta expedigio levou para ter sucesso, contando até coma presenga do ministro da Guer- ra, Carlos Machado Bittencourt, em pleno campo de batalha. Mas por que o governo atacou Ca- nudos? Por razes politicas, princi- palmente a insatisfago dos grandes SAN ‘y 1 var ea fazendeiros da regio com a fuga de mflo-de-obra para 0 modelo de pro- dugio do arraial — coletiva e sem 08 impostos criados pela Repiiblica. Formalmente, contudo, a populago de Belo Monte simplesmente foi rou- bada por um comerciante e caiu na armadilha preparada por um juiz desonesto. Em outubro de 1896, An- elheiro adiantou 1 conto € tonio Co 200 mil-réis a uma loja em Juazeiro, por uma encomenda de madeira para ‘uma nova igreja, O juiz local era de- safeto do beato desde 1893 — quando o lider de Canudos havia promovido uma queima de editais de impostos, na cidade de Bom Conselho — e de- cidiu aproveitara oportunidade para atingi-lo, Usou sua influéneia para que o comerciante nao entregasse as Nile ins) \ Ae eee i ee e503 eames oD ae CTRL sem Stalinar ra ray mt perenne pererier tébuas,a0 mesmo tempo queescrevia a0 governador da Bahia, Luis Viana, dando o alerta mentiroso de que, na data marcada pelo beato para pegar a, carga de madeira, bandidos de Camu- dos at Para cagé-los, chegaram a Juazei 10 trés oficiais e 113 soldados no dia 7 de novembro de 1896 — a primeira expedigio militar e o inicio de ima série constrangedora de derrotas do ircito. A tropa decidiu percorrer (08160 km até Canudos, debaixo de sol forte, sem comida e agua suficientes. Duas semanas e120 km depois, na ci dace de Uaud, deu com os sertangjos, A Replica perdeu dez homens, eos demais bateram em retirada, “poyin suficiéncia numérica, estropiamento, falta de recursos de toda a espécie", -ariam a cidade. conforme registro citado pelo estudo da Fundagio Casa de Rui Barbosa. Coma expulsio da tropa, cresceram fama do beato ea populagio de Belo Monte. E, cerca de dois meses apés a chegou Bahia a segunda expedigio para dominar os conselhei- ristas, com cerca de 600 soldados, me tralhadoras e dois canho Coisas invisiveis ‘Ao tentarem um atalho pela es- trada do Cambaio para o arraial, os militares foram pegos. Entrincheira- dos, 0s sertanejos usavam bacamar tes, facdes, pedras e se misturavam a0 terreno, vestdos de cores cruas e de folhagens. E 0 que ohistoriador Fre derico Pernambucano de Melo, ator dde A Guerra Total de Canudos, chara ee para sabe Oey ‘Na Sequnda Guerra cree as Arden ees Eee eer rupo de israetense Sav Coe. See de *pioneirismo do guerrilheiro ser tanejo quanto a uma virtude militar ainda desprezada pelos exércitos do mundo, presos ao traje colorido das ‘guerras napolednicas’ Com dez mortos, contra 76 do ini migo, o Exér retirou de novo. “Nunca vimos, eu ta ferocidade”, ncurralado e se meus camaradas, t comentou 0 major Febronio de Brito, lider da tropa. A partir daf, Canudos ‘ganhou ares de“levante monarquista” na imprensa, sua conquista virou questéo de honra para o governo e para fazendeiros do sertio baiano, pressionados pela crise do agticar e pela nova economia do café, Em meio atudo o, comecava a se construi © mito da grande lideranga do movi mento, Antonio Conselheiro, » 33 CAPA > Ocearense Anténio Vicente Men- des Maciel (1830-1897), ex-comerciante, ex-professor,ex-caixeiro eexadvogado autodidata, tornou-se Anténio Conse- Iheiro em 1874, nos23 anos seguintes, reuniu devotos peregrinando pelo ser- tio, Imagina-se que tenham contribu- ido para a conversioa dor de ter sido traidoe abandonado pela mulher eas ideias do padre José Antonio Maria Ibiapina (1806-1883), missionario no Nordeste, embora nham chegado a se encontrar: 10 se saiba se te Como ele, Consetheiro se dedicou a construir igrejas e cemitérios pelo sertdo, ja usando seu camisolao de brim, barbas ¢ eabelos longos. para onde me chamam os mal-aven- turados”, disse ao jornalista e escritor Jodo Brigido, autor de Cearé — Homens ¢ Fatos, de 1919. Conselheiros, um tipo graduado de beato, nfo eram incomuns na regio carente de agua, comida e confortoespiritual. Mas esse foi diferente. Segundo o teGlogo Edu- arco Hoonaert, da Comissio de Estu- dos da Historia da Igreja na América Latina, em Os Anjos de Canudos — Uma Revisdo Historica, “a partir dessa sua enorme capacidade de sonhar coisas invisiveis e de viver a partir desses sonhos, a figura de Antonio Vicente ganha dimensées de gigante”, Para o historiador Mario Maestri, professor da Universidade de Passo Fundo (RS) eautor, com José Rivair de Macedo, de Belo Monte: uma Histéria da Guerra de Canudos, contexto politico do serto foi o verdadeiro fermento que amplificou o papel do beato. “As circunstncias da Hist6ria 0 trans- formaram em lider carismstico das massas pobres nordestinas. Para os grandes proprietériose o Estado repu- blicano, o Conselheiro era um treslou- cado, um mistico, um charlatio, um personagem nefasto que necessitava ser eliminado para que se restaurasse a gestiio oligarquica tradicional das massas sertanejas. Canudos sigi ficava a inver ‘uma sociedade de barbaros e rtisticos faniticos, pois questionava, na ago, 0 latifiindio, através do uso itil da terra. E, sobretudo, retirava do controle dos grandes proprietarios wi ‘quantidade de miio-de-obra, que pas savaa viver em sociedade autogerida e consensual.” Segundo Marco Anténio Villa, escritor e professor de Histé ria da Universidade Federal de Sa0 Carlos, “o fim de Canudos represen- taria, como representou, 0 retorno do dominio do ‘landlord! (senbor feudal), do despotismo senhorial”. Ou seja, a vit6ria do coronelismo, Pois é nesse contexto que, em 1893, Anténio Conselheiro resolve se fixar em Canudos, nome derivado do ca- jo da ordem natural, a enorme eee eee ee Pert Soars oe eer eed ee ee Ce nL etna) smboios: atualmente ae arent ay eri eet eer our eee loneretepe tees may eromeear yy uane CCA Creer cee) ne ers rer nudo-de-pito, planta usada para fazer cachimbos. O arraial tinha algumas dezenas de casas, uma igreja velha eum cemitério. Ficava na regiio do Raso da Catai no estratégico entroncam . sertiio da Bahia, ode sete estradas e ao lado do rio Vazabarris. (Quatro anos apés sua chegada, i eram 5200 casas e 25 mil moradores na co- ‘munidade, rebatizada como Belo Mon- te—asegunda maior cidade da Bahia, perdendo apenas para Salvador. Mandioca e rapadura Deacordo com Maestri, “o grande dliferencial foi o uso tilda terra, aio vigéncia dos impostos e taxas, a tri bbutago sob a forma de pedido de do- nativos”. No arraial, criavam cabras, cavalos e bois, e plantavam legumes, 0, milho, mandioca, melan melo e cana-de-agticar. Moravam Ia ex-eseravos, pequenos agricultores, {indios, foragidos da Justica, comer- ciantes, segundo Vicente Dobroruka, escritore professor de Histéria da Uni- versidade de Brasilia (UnB). “Grande era a Canudos do meu tempo. Quem tinha roca tratava da roca na beira do rio, Quem tinha gaclo tratava do gado. Quem: filhos tratava da mulher e dos filhos. Quem gostava de rezar ia rezar. De tudo se tratava, porque a nenhum pertencia ¢ era de todos, pequenos e nha mulher e grandes, na regra ensinada pelo pe- regrino’, afirmou Hon6rio Vilanova, sobrevivente da guerra, a Nertan Ma- cedo (“Memorial de Vilanova’, em 0 Cruzeiro, 1964). Nas palavras de Ma: nuel Ciriaco, antigo morador, “era um pedaco de chao bem-aventurado. Nao precisava nem mesmodechuva. Tinha de tudo. Até rapadura do Cariri,” bariio de Geremoaho, fazendei ro e um dos principais inimigos da comunidade, reclamou em uma carta que “alguns lugares desta comarca € de outras circunvizinhas, e até do es: taco de Sergipe, fiearam desabitados, tal o aluvido de familias que subiam para os Canudos”, Para Dobroruka, AntOnio Conselheiro oferecia “a ndo ingeréncia do Estado, cuja mao no chegava até Ia”. Até porque o beato era monarquista. Nao reconhecia a Repiiblica, especialmente por ela ter feito a separacio entre Igreja ¢ Esta- do. A Repiiblica “ha de cair por terra para confusio daquele que concebeu tio horrorosa ideia”, escreve ele no manuscrito “Prédicas aos Canuden- scurso sobre a Reptiblica’, achado no arraial destruido, A terceira expedigao, menos de trés meses depois da segunda, era chefiada pelo coronel Antonio Moreira César, conhecido como Corta-cabegas desde a Revolugio Federalista do Rio Grande do Sul (1892-1895). O coronel Dravateava: “S6 temo que o fanstico Antonio Conselheiro nao nos espere”,> 35 AVE CCAR icotentaty Cee ee fetter Peeaeer eee renee ies VY kL Li 4 que as tropas dos EUA ete cee Les peer) escreveu em telegrama a ministro da Guerra, Tinha certeza de que os sertanejos fugiriam com medo deseus 1300 homens e seis canhées. Cortar soldados Foi uma carnificina. No dia 3 de ‘marco, 08 soldados tomaram 28 ca- sas do arraial, mas os conselheiristas revidaram furiosamente eferiram de morte Moreira César. O panico tomou conta dos militares esfomeados, que fugiram sem comando, deixando pelo caminho cinco oficiais e mais de 200 soldados mortos, munigo e armas para o inimigo. A derrota do Corta- cabegas teve tremendo impacto moral para a sociedade republicana. Como sertanejos atéentio mal armados ven- ceram 1300 militares? “Pelo conhecimento do terreno, pela defesa da vida comunitaria, pelo significado da lideranga religiosa do Conselheiro. Havia mais conselhei- 36 ristas fora de Canudos que noar lla. Admiradores do beato che: gavamaté de outros estadios. “Ao longo das expedigdes, muita gente vai para Canudos. Muitos se vangloriando: ‘a gente vai lé cortar soldados’. Isso por: que a ago do Estado, no sertio, 6 de diz acossar cidadios e aumentar impos- tos", afirma Dobroruka. Segundo Maestri, essa integragio com osertio, envolvendoapoios para além doa tiu a reposigio “O reduto de Belo Monte foi apenasa capital deuma verdadeira reptiblica sertaneja que se constituiu nos sertoes do norte da Bahia. As tropas comegavama ser ata- cadas quando penetravam os territé- rios livres sertanejos. O dom esse territério ea chegada incessante de caboclos de fora das fronteiras da pequena repiibliea para participar da resisténcia explicam a impressionante saga social e militar.” jo sobre 0s cerca de 10000 soldados da quarta e tiltima expedigZo levaram _mais de t's meses para subjugar Ca nudos. Mas as colunas do Exército, dessa vez, planejaram 0 cereo com cuidado. “O erro fundamental das trés primeiras expedides foi falta de informago e avaliagdo equivocada do problema, agravadas pela falta de istico e por disputas politi- cas. A quarta expedigh organizada e bem informad estava mais "afirma © coronel Luiz Carlos Carneiro, coor- denador de cursos de Histéria Militar na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio). intre 25 de junho e § de outubro de 1897, os combates sfo renhidos, e 4 muitas baixas entre os soldados, ‘quesofreram enfrentando um inimigo invisivel e aparentemente irredutivel Mas a sorte vira, principalmente de pois da destruigao, a balas de canhao, da igreja nova do arraial, em 6 de se- vail AM i. tembro, e da morte de Antoni Con- selheiro,em22.do mesmo mé de disenteria e de um ferimento de tro. No dia seguinte, o golpe decisi vo: 0 Exército fecha a titima estrada vitima para Canuidos, impedindo a entrada de combatentes € alimentos. Dai até o 5 de outubro, o arraial agonizou. Foi quando os iiltimos combatentes foram mortoseas-casas, saqueadas. Era o fim da guerra. En- contraram ocorpo de Anténio Conse- Iheiro ecortaram sua cabeca, esviada a Salvador para “estudos": Muitbs dos sertanejos foram degolados aps te- rem sido presos ou se rendido, Mar tins Horcade, estudante de Medicina voluntério na quarta expedigag, des creveu o que viu entre as ruinas de Belo Monte: “Horror e mais horror, 0 cimulo do horror. $6 em uma casaen contrei 2a cadiveres queimados de ‘uilheres, homens emeninos. Depois Ge tudo, o povoado foi incendiado. E, durante a ditadura militar, o terreno submergiu sob 0 agude do Cocorobs, inaugurado em 1969. Antes do incén- dio, acharam o manuscrito de Conse- Iheiro, onde se lé: “Adeus povo, adeus aves, adeus érvores, adeus campos(..) aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordagdes que levode vs, que jamais se apagario da lembranga desse peregrino, que aspi- ra ansiosamente a vossa salvagiio e 0 bem da Igreja”. @ ‘crude Poe de Tera Marco Arita As, 999 ‘Grenouorn undecteCoesdeRabortoee S02 Shnmaeinatceynimuatae www.educarparacrescer.com.br O QGdo Conselheiro Ant Dodane ree oer eee erties ratva; bem arene ad not eas preeren Cr eco Pea por suabravura aerate Sc) a eee eet te teen Cee Eee vez, era covarde, mas ut: "Vel fern OBRA-PRIMA a Babilénia, quan do um sapafeiroou um ferreiro queria oferecer seus ser- vigos, escrevia no muro. Essas pinturas eram feitas por diferentes tipos de profissio- nais e so 0s primeiros repistros encontrados de publicidatte, da- tados de 3000 a.C. Depais, nos séculos que antecedem a era crista, vieram os eartazes, pendurados nas pragas da Roma antiga, amuniciando apartamentos para alugar + uma espécie de antepassado arqueplogico do outdoor. Jé 08 primeiros ghrotos- propaganda surgiram na Idatle Mé- dia: arautos que gritavam noticias da nobreza e também eram pagos para divlginos cbeaasioe nero Durante séculos, a publicidade se manteve assim, rudimentar e com ssimo aleance. Um produto ou servigo 86 conseguia se torniar co- mhecido por pouco mais de algumas centenas de pessoas. Até 0 século 15, quando a propaganda deu um salto. A invengdo da imprensa, por volta de 1450, multiplicou caftazes € panfletos, ampliando 0 Telpaete das mensagens publicitarias. Dai paraa frente, o mercado consolidou uma indastria criativa, produto- ra de simbolos culturais, eapaz de se espe aos a Para contar essa historia, reu- niram-se os publicitarios franceses Stéphane Pincas e Mare Loiseau, veteranos que passaram a maior parte da sua vida profissional no poderoso conglomerado francés Publicis. No livro 4 History of Ad- vertising (“Uma hist6ria da propa- ganda”, sem traduedo no Brasil), cles apresentam detalhes de cam- panhas lendarias, para contar a evolugao da publicidade no mer- cado ocidental. Desde os idos de 1633, quando o francés Théophras- te Renaudot lancou o semandrio La Gazette de France, 0 primeiro a contar com antincios pagos de for- ‘ma constante e regular. Surgidos no século 17, na Euro- a, 08 jornais abriram espago para a propaganda alcangar ainda mais, pessoas que os cartazes ou folhetos impressos. Apesar de ter nascido na Europa e prova- velmente existido em todas as civilizagées antigas, a publicidade ganhou impulso mesmo na Era Industrial, nos Estados Unidos. Com a producao de merca- dorias em larga escala, veio a necessidade de educar 0 piblico a consumi-las. Surgiram, entéo, na Europa e nos Estados Unidos do século 19, as primeiras agéncias de publicida- de, ditando uma nova linguagem, pautada no humor, na ironia e no que mais despertasse o interesse dos consumidores. A propaganda virou “a alma do negécio” A primeira empresa chamada oficialmente de “agéncia de publicidade” comecoua funcionar em 1841, quando Volney B. Palmer abriu seu eseri tério na Filadéifia. O ano é um dos mar- cos do nascimen- to da publicidader ea ebie fanenioers \ vol) | cueramnata Y teem raha FOR U.S-ARMY ||f emorsinainaes OBRA-PRIMA »moderna, quando bens de consu- mo comegaram a ser vistos como fcones culturais, Os “agentes” con- tratavam, dos jornais, grandes es- pagos nas paginas, com desconto. Eos revendiam a pregos mais altos aos anunciantes, que produziam eles préprios suas propagandas. Esse sistema durou até 1869, quan- do Francis Ayer, ap6s comprar a Palmer, resolveu mudar o jeito de trabalhar. Ele revendia o espaco 40 pelo mesmo valor cobrado pelo jornal, mediante uma comissio pré-acordada com o cliente. Nascia 0 modelo de negécio que até hoje mantém a publicidade rentével. Em pouco tempo, Ayer estava também fazendo pesquisa de mercado ¢ es- crevendo os antincios. Em 1877, James Walter Thomp- son abriria aquela que hoje éa mais antiga agéncia dos Estados Unidos. E levoua sério essa produgio, con- eenery tratando artistas eescritores para o primeiro departamento de criagao da Historia. Por isso, é considerado “o pai da publicidade moderna’ Grao de cacau ‘Apesar da forca dos Estados Uni- dos.ao longo de toda a trajetéria da pu- blicidade, muitos de seus momentos importantes esto ligados & Publicis, uma gigante na 4rea de comunica- fo, fundada em 1926, na Franca, por Marcel Bleustein-Blanchet. Nos anos 70, a empresa se uniu a agéncias que {4 haviam conquistado grande parte do segmento, nos Estados Unidos, € hoje o grupo Publicis € dono de 12 empresas de comunicaro, entre elas agéncias poderosas como a Saatchi & Saatchiea Leo Burnett. Nacartela de clientes, ha mareas como Coca-Cola, ‘American Express, Nestlé e Toyota. Um dos destaques do livro éa pri meira campanha da Coca-Cola, que uusava a seta como principal simbolo ("siga a seta”), Apenas no ano de 1915 a garrafa ganhoua forma que a consa- ‘rou, inspirada na foto de um griio de cacau, publicada na Enciclopedia Bri: tiniea. O fabricante queria win design tio tinico que fosse reconherido até quando a garrafa estivesse ads cacos, quebrada. O resultado foi maig que sa- tisfatérioe as garrafas passarama ter espago garantido nos aninciog, fazen- do do produto um item de primeira necessidade para familia americana eum simbolo do sistema (a “agua ne- gra do capitalismo") SALVE, SIMPATIA Outro episédio deserito pelos autores €0 dos cigarros Camel, que, antes da era do politicamente correto, também virariam um icone cultural gracas ao talento de um grupo de pu- blicitrios. Em 1913, a pioneira NW. Ayer & Son foi incumbida de langar uum produto da RJ. Reynolds: uma mistura de tabaco de origem turea e americana. A equipe de criagio bus- cou inspiragio na foto do dromedario OF Joe, atrago de um circo que pas- sava pela cidade. Ea imagem virou 0 ogotipo da marca, estampado até hoje ‘em macos por todoo mundo. Os tempos eram outros. 0 Ameri ‘can Meat Institute (Instituto America- no da Carne), associagao da industria de embalagem e processamento de produtosa base de carnes, foi, duran- te anos, um dos maiores orgamentos do mercado publicitario dos Estados Unidos, reunindo muitos criadores de gado. Em 1944, dois funciondrios da» Dos versos de Bilac ao “babxinho”, o Brasil criou um estilo bem-humorado e sensual Escravose iméveis, Lunguentos avisos de lellbes,servgos de artesdos,retratistas.05 Aniinciosimpressose pagos apareceramno Braslino Inicio do século 19,comoprimeiro Jomal.a Gazeta do Rio de Janeiro, em 808, Até ‘meados do século,v3o acompantar aexpansto da cidade. ip cultura europela,gannandoilustrapbes: eversos."Nofim do sécul 19, nila 4020, escrtores epostas ganhavam ‘ana azendo propaganda’ diz Jase Roberto Whitaker Penteado, presidente do Instituto Cultural da EscolaSuperior {de Propaganda e Marketing (ESPMO. Segundo ele, pesquisas recentes revelam que poeta Olavo Blac nao 6 escrevia propaganda em verso, mas teria sido dono de sua propria agéncia. ‘Consta que elafuncionava na avehida Rlo Branco, n Rio, ainda no séculoj9” ‘Mas esse tratamentolico seria atropelado, em 1923, pelaabordagem ‘clntitica* de Claude Hopkins. “Eoprimeiro a dizer que publicidadendo éarte, mas persuasio, equeconceltua aldela da eficacia', dz Penteado. "Tema vercom ‘oneo-imperalismo dos Estados Unidos, apés a Primeira Guerra Mundial, ‘quando as empresas comecam aselinstalarem varios lugares domundo, ¢ Junto delas. as agéncias” CChegam a0Brasila ‘Ayer. a Thompson, a GGrant.Entreas primelras agénciasbraslerasesté 2 Ecietica,fundada em 1914,por oso Castaldie Jocelyn Bennaton, quelago ‘apassaram para Eugénio Levenroth e Julio Cosi Nos anos 20, Cos viajou pelo Brasifazendo contatos com osjorals do pais evisitando revendedores Ford para convencedosa ratearem {a despesas coma publicitade local “Uma viagem incrvel paraa época diz Julio Cos Jr. fiho do pionelro Cost {ele também responsive por uma ‘raga na propaganda, nos anos 60. ‘Achamada “revolucdo criativa’ eclodiu fem Nova York E JulloCosi Jr sejogou ‘no olho do furacdo, avestagiar na ‘agencia Doyle Dane Bernbach (D8). De volta ao Brasil aplicou as novidades deBillBemnbach ~ como ouso da ronia ‘edasinceridade. Por exemplo,na ‘campanha cada or Cosi J, Dale Puckett e Roberto Dualiblparaa Bozzano."Um dos ‘meus ttulos aia “Onovo Creme de Barbear Bozzan0 ‘contem Lantrol, Edal? Usa sinceridade com oleltor do andincio, dduvidando de valor, da mania das ‘empresas de anunciarem aditvos, ingredients milagrosos',escreve Cosi 4 no livro que esta escrevendo sobre suaist6ria. Mas, para ele,o grande propagacor das idelas da DDB. {ol Alex Periscinoto, especialmente nas campanhas da Volkswagen, (Osanos 70 marcarama profislonaliza¢do,eachegada datelevisso, Destaque da époce, ‘de acordo com Penteado, seriaa ‘campanta do Bombril."Folcriada ‘em 1978, quando no havianennum produto prloritariamente para ‘mulher anunclado or um homem’ dizopublicitario Washington Olivetto. ParaPenteado, apublicidade brasteirae chela ge brejerice, humor e sensualidade.Como seve, dizele,nos“mamiferos",da Parmalat, ou no "balxinno” da Kaiser VERONICA cOUTO is Propopngs raters Fancacsaconoe Raber ‘inner Feeaza rohnert oa 004 Kpobiesnsenopssisoeesecsstoate asad ascuentonSatesrarar amcemsceeas 4 OBRA-PRIMA > Leo Burnett passaram cinco semanas viajan- do pelo pais, conver- sando com produtores e consumidores, até +hegarem a campanha Meat”, que valorizava © potencial nutritivo da carne vermetha. Os amtincios faziam uso dramético da cor vermelha, com fotos de pedagos de carne em tamanho quase natural. De lé para c4, a publicidade ainda se reinventaria varias vezes, atraves- sando meios de comunicagio de massa como 0 radio, a televisio e, mais re- centemente, a internet. Eo queum dia fi estritamente informativo ganhou abordagem criativa, Orgulho e vergonha [esse sentido, 0 ivro destaca as propagandas criadas para as sopas Campbell's no inicio dos anos 60, que associavama marcaa ideia de tradiggo ‘econfianga. E de fato, por décadas, as mies americanas confiavam na sopa como forma econémica e nutrtiva de alimentar os filhos. Esse cenriocrs- talizado de familia feliz e bem alimen- tada inspiraria uma das obras mais famosas da arte pop. Ao pinta-lo em série, em 1962, 0 artista nova-iorquino Andy Warhol transformou esse produto essencil- mente americano no simbolo da cul- tur que valoriza tudo aquilo que pode as tendéncias polit buibOsausanno, tempo. Um capitulo mostra, Foto de Guide Mocafio exatamente, como i. ee an tamente, os publi ; See ra citérios teriam eolaborado Essencials”,de2001, paraa onda de contestago ‘sobrebelezas daterra que invadiu o mundo nos anos 60, Em 1969, a MacManus John & Adams, de Detroit, publicou um aniineio institucional para promo- ver aagéncia, A ideia era sintetizar 0 ‘que significava, entio, ser americano. Entre outras coisas, o texto dizia: “Eu a superficie da Lua. Eu construf uma bomba que destréio mundo. Maseu ausei para acender uma limpada. Eu estou envergonhado. Mas eu estou orgulhoso. Eu sou americano”, A partir dos anos 80 € 90, nova ruptura, dessa vez na liberdade para falar de sexo, também na propagan- da, Em 1990, a agéncia BBH, de Lon- dres,criou antincios para os sorvetes ‘Hiiagen-Dazs — que, apesar do nome europeu, nasceu em Nova York —de contetido claramente sensual. Corpos nus, lambuzados de sorvete, apare- ciam ao lado da mensagem: “Sinta- me", Comegavam os anos 90. Para o futuro, o livro sugere pis- tas, “Num mundo onde cada indi duo é um provedor de conteiido, é ingénuo acreditar que marqueteiros vao controlar as marcas”, afirma Pat Fallon, dono da agéneia que tem seu nome. Na opinio dele, os publicité: rios nao devem resistir, mas sealiara novas ideias. Se um adolescente cria ‘uma parédia de um comercial famo- 80 € 0 torna piiblico em sites como 0 YouTube, talver seja sinal de uma tendéncia a ser explorada, em vez de o fim de uma forma de fazer pu- cidade. E, para profissionais como Fallon, decifrar essas tendéncias tarefa, no minimo, desafiadora. @ morri no Vietna. Mas eu andei seeosuertts, hein le que Cul OR eT rg Lantra eek ey bret Oeste tet) PET Eee Cilia y PETE Ee muted COz, um dos principais gases COC MCC ER ory ST emcee das incandescentes pelas OTe ee aE] tomada os aparelhos que nao esto em uso reduzira a sua COUR CUT OT Og Po ee Eh Peas Nata Pe uc UC O Runs CIVILIZACOES No SECULO | A.C, 08 ROMANOS, SEM RIVAIS NO MEDITERRANEO, AYANGARAM RUMO AO NORTE, PARA A TERRA DOS POVOS CELTAS, (No VERIO OF 62 AC, NAATIAL BORGONHA, 09 ORGULHOGOS GNULESES 2 ° ENFRENTAVAM UM DESARO: RESIST AO INVASOR OBEDECENDO A UM UNICO LUpes. VERCIGENTORUX COMANDOU VITORIAS INEDITAS. MAS CEEAR E SEUS 0; zeae ~ A DAI VEIO A SURPRESA: O INIMIGO FO! CERCADO verao gaulés ===" E 4 PORAlredoNeto ILUSTRAGOES GIl Tokio ‘AS LEGIES ROMANAS QUASE FORAM VEZ, QUE NAO TEMEMOS A MORTE VENCIOAS. SERA QUE ESTE NOVO ATAQUE _E QUE REVIDAREWOS A ALTURA SERA CAPAZ DE ROMPER AS DEFESAS 008 -QUALQUER SOFRIMENTO. INVABORES? ELES JA DEVEM ESTAR ‘TKO EXAURIDOS QUANTO NOS! DO ALTO DA COLINA VEJO, 808 0 SOL 00 MEIO-DIA, 0S FILHOS DA GALIA SE JOGANDO CONTRA A CARAPACA 008 INIMIGOB. [MUTTOS TOMBAM VITMAS DAS CHUVAS DE PROJETEIS QUE CAEM DAS MURALHAS, OU SUCUMBEM AS VARS ARMADILHAS, dee oe ODL ‘OCUPADO EM SEGURAR AS EXTENGAS MURALHAS, 0 INIMIGO TERA POUCO SOCORRO. NOSGA SURTIOA DEVE SER NAQUELA DIRECADI! LJUNTOS BATEREMOS 06 ROMANOS QUE AINDA REBTAM, COMO O FERRO QUE £ SURRADO ENTRE O MARTELO E A BIGORNA... : | NAQUELE INVERNO, NOBSO UNICO CONFORTO ERA SABER QUE SERIAMOS ‘COMANDADOS PELO PROPRIO CESAR, E QUE ELE, AO LONGO 00S ULTIMOS (ONDE ESTAVA A BRAYURA GAULESA? ONDE ESTAYAM SEUS INCONSEQUENTES GUERREIROS? (O'INVERNO SEGUIA SEVERO E NOBEOS VIVERES MINGUAVAM AO ‘AVISTARMOS AVARICUM. ELES JA NOB DAVAM POR VENCIDOS, ‘AMARGARAM ESGE TERRIVEL ENGANO! OS MURS DA CIDADE [NAO RESISTIRAM A SUPERIORIDADE MILITAR ROMANA EA FOME. CIVILIZACOES FUI UM 008 POUCOS A ESCAPAR DE ‘AVARICUM., TODOS 08 MEUS IRMAOS FORAM CHACINADOS, PORQUE OS ROMANOS NAO QUERIAM 0 FESO 008 PRISIONEIROS. MEU AYO DIZIA SEMPRE QUE A ALANCA COM 08 ROMANOS, FEITA INA SUA MOCIDADE PARA ENFRENTAR OS (GERMANICOS, ERA 0 MESMO QUE TRAZER UM MONSTRO PARA DENTRO DE CASA. ROMANOS DEVIA SER EVITADO, TINHAMOS APENAS QUE VIGiA~ 106 E ATORMENTA-LOS... ATACAR 06 PEQUENOS GRUPOS DE ‘BATEDORES OU DE BUSCA DE COMIOA. ERA DIFC CONTER A ANBIA DE LUMUIZAM0S T0008 08 MEIOS PARA QUE NOVAS TRIBOS NOS AVANCAR SOBRE ELES. NOS SENTIAMOS ‘ACOMPANHASEEM NA LUTA CONTRA 06 HOMENS DE CESAR. ELOGI08, PROMESEAS, AMEACAS E SUBORNO FIZERAM (QUE TERIAMOS FORCAS SUFICIENTES ANTIG08 ALADOS DE ROMA MUDAR DE LADO. PARA VENCER. E ERA CONTRA NOSSA DIA APCS DIA, 08 ROMANOS SE DAVAM CONTA DE QUE SEUS LAGOS DE AMIZADE ERAM DESAMARRADOS, QUE UM MAR DE GAULESES ESTAVA ‘PRONTO PARA TRUGIOA-LO8, AO MENOR . DEBCUIDO, FORGADOS A BUSCAR UMA s | \VITERIA RAPIDA, ATACARAM A PRINCIPAL S POVOACKO ARVERNA. GRANDE TOLICE. | ERA 0 QUE ESPERAYAMOS. DO ALTO DE UMA COLINA PROTEGIOA, GERGOVIA ‘TRANSBOROAYA DE CORAJOSOS HOMENS ENVIADOS POR NOSSO LIDER, E ASSIM TINGIMOS AB ENCOSTAS COM (0 GANGUE ESTRANGEIRO. ‘A EUFORIA DA VITORIA TORNOU NOSBA REACAO LENTA. DEMORAMOS PARA COLOCAR NOSEOS Samal ‘PODEROSOS CAVALEIROS NO ENCALGO DOS ROMANOS. QUANDO TENTAMOS PERSEGUI-LOS, JA ERA TARDE. O MONSTRO DAS MIL ARTIMANHAS JA HAVIA BE ALIADO ADS GERMANICOS. PIADA DO DESTINO! [ESSE IMPREVISTO FEZ COM QUE SEGUISSEMOS PARA CA, UM POYOADO TAO FORTIFICADO E INATACAYEL QUANTO LGERGOVIA. MAS SABIAMOS GUE ELES NAO COMETERIAM O MESMO ENGANO. ELES NOS SITIARAM E ESPERARAM! MENGAGEIROS EECAPARAM AO CERCO PARA AVISAR A TODAS AS TRIBOS QUE 0 MOMENTO DA LIBERTACAO CHEGARA, INA MANHA SEGUINTE, VI CATUBODUA, O CORVO DA GUERRA, POUBAR SOBRE UM ELMO NO MURO. HAVERIA COMBATE! MAS PARA QUE LADO O TRAIGOEIRO PASSARO VOARIA? CIVILIZACOES (CRUZANDO 05 PORTOES DA CIDADE RUMO A BATALHA, PODEMOS QUVIR © VELHO DRUIDA NOS INCITAR DO ALTO DA MURALHA DE PEDRA: "SEAM AVALIS PELA BRAVURAI SEAM A PROPRIA PONTA DA LANCA QUE GOLPELA! SEJAMOS O IRRESISTIVEL FINALMENTE! CHEGAMOS A CRUA PELEJAL VERCASSIVELLAUNUS, VALENTE PRIMO DE NOBEO LIER {QUE HAVIA ESCAPADO EM BUSCA DE AJUDA, GUIAVA 0 ‘GRUPO QUE ATRAVESGAVA AS TRINCHEIRAS. O INIMIGO, ‘SEM SEUS ESQUADROES CERRADOS, NAO ESTARA A [ALTURA DE NOBEOS BRAVOS GUERREIROS DE BRACO MAIS FORTE E ESPADA MAIS LONGA. CCAUTELA DEVE SER PERSEGUIOA. NAO HA TEMPO ‘A PERDER, POIS O MONSTRO QUE PARECIA DESPEDACADO VOLTA E SE REUNIR NUM 66 ‘CORPO E NOVO SANGUE PARECE CORRER EM ‘SUAS VEIAS AO VEREM & APROXIMACAO DAQUELA FIGURA DE CAPA VEREMELHA, ‘BUA PRESENCA ASSUSTA MUITOS 005 NOSSOS E ‘A RAPIDEZ COM QUE REUNE E REFORCA AQUELES {QUE VACILAVAM PLANTA UMA DUVIDA EM NOSSAS: MENTES E ESPIRITOS. ‘AOUSADIA DO GOLFE FEZ NOBEOS HOMENS SE EMBRENHAREM NAS LINHAS DE DEFESA. 0 ENTUSIASMO OS TRAIU. TARDE DEMAIS PERCEBEMOS QUE PARTE DA CAVALARIA ESTAVA AS SUAS COBTAS. UMA LARGA MATANGA DA QUAL POUCOS ESCAPAM SE SEGUE. (CAPRICHOGO DESTINO QUE NOS FURTA/A VITORIA QLANDO ELA ERA ‘ThO PRORMAI A DECEPCAO FAZ O FUROR VIRAR HESITACAO! JA NAO SE OUVEM TROMBETAS NOS ARREDORES. A QUEDA 006 CCOMPANHEIROB, QUE ANTES NOS CAUBAVA ODIO, TEAZ AGORA O DESESPERO. (05 ROMANOS CONTINUAM INCAPAZES DE ASSALTAR A DADE. AX —_—_- = [ABATIOO, VERCINGETORIK REONE 0S CHEFES QUE AINDA ESTAO NA CIDADE E 08 FOUCOS GUE RETORNARAM DA FRUSTRADA TENTATIVA DE ROMPIMENTO 00 CERCO. SEM DEIKAR QUE ( INTERROMPAM, DIZ GUE ACEITOU A LIDERANCA NAO POR FOME DE PODER, MAS PELA LIBERACKO M0: T0008 08 GAULESES. POUCOS ALEM DOS DRUIDAS PERCEBEM QUE A RENDICAO 00 LIDER PODERIA SER PIOK QUE O MASSACRE. G6 ELE FOI CAPAZ DE UNIR TANTAS. TRIBOS, SUPERANDO AS RIVALIDADES, PARA EXPULSAR 0 MONSTRO. MAS MUITOS CHEFES EM MOMENTO ALGUM ELE DESVIA A ATENCAO PARA O CORREDOR DE LANCAS QUE SE ESTREITA. O HOMEM APEIA, JOGA AS ARMAS NO CHAO E ESTENDE AS MAOS NUAS. A cineasta de Hitler Leni ST ae inventou técnicas cinematograficas e produziu imagens cc Nada disso bastou para libert i Bruno Vieira Fello DES dia 1° de agdsto de 1936, eram abertos nna Alemanha 0s XI Jogos Olimpicos da historia moderna. Pela primeira vez, a recém-inaugurada televisto transmitia para apace nates em to pliblicos de Berlim a espetacular ceriménia. Fascinado, © povoalemio viu e ouviu, a0 vivo, um orgulhoso Adolf Hitler recebendo do grego Sypiridon Louis (campeao dda maratona de Atenas, em 1896) um ramo de olivetra colhido nos montes de Olimpia, a0 som de 100 mil vozes bradando “Heil, Hitler! Hel, Fuerber!" Todas as cenas da ceriménia foram registradas i 400 quilémetros de filme pela cineasta alema Leni Riefenstah. ‘A cobertura do evento foi uma encomenda do Comité COlimpico Internacional, mas teve, claro, a mio de Adolf Hitler, presidente do pais-sede dos jogos. Foi dete a pala Bemantesdagrua,elevadores ‘para panoramicas da multidao, alinhada geometricamente im efeitos espetaculares. Além de talentosa, era linda. Ja da sombra nazista GN Michele Kanashiro_{LUSTRAG30 Murilo Maciel va final sobre quem seria a responsével pelas imagens, que terminaram se tornando um poderoso instrument de propaganda a favor do regime nazista. Numa época de tecnologias cinematograficas incipientes, Leni soubetirar proveito da megaestrutura colocada a sua disposiglo. Ela inventou novas formas de olhar pela cimera, revolucio- nando as imagens de um jeitoa que até hojeassistimos na televisio ou no fotojornalismo esportive. ‘Oscontornos épicos dados a0 evento nao se Himitaram & abertura dos jogos. Seis meses antes, Len éestava dirigin ddo 0s técnicos que cobririam as provas realizadas na pisci- za. Como a teenologia ainda nfo permitia eaptar imagens aonivel daégua, Leni tevea ideia de construir plataformas especiais nas bordas para os operadores de cémera, que também eram posicionados com o atleta nos saltos de trampolim e dentro da gua (oeja na pig, sequin). 5 > Nas provas de corrida, ela tam- Leni, provavelmenteaindaestariamos em filmes de montanha, que impres- bém inovouz0mandarcavarburacos _noséculo 19, do pontode vista visual’, —_sionarammuitoa artista. Rodados em. e instalar trilhos para poder captar diz. Vicente Amorim, cineasta brasi- _penhascos ¢ em meio a avalanches, imagens @ altura do cho. E equipou _leiro que, em 2008, dirigiu o longa- ha quem diga que veio daf“o culto de chimeras corredores que acompa- metragem Um Homem Bom. monumentalidade” de Leni. nharam os atletas. Os planos ousa- ‘Mas foi Balazs quem apresentou a dos—focadosnoesforgoetensiodes ‘Triunfo da propaganda ela 0 Couragado Potemkin, obra-prima competidores—ea fotografia inicade _AaproximagiodeLenicom Hitler do russo Sergei Eisenstein, famoso Leni geraram imagens consideradas aconteceuem!1992, quando ela drigiu por suas teses sobrea montagem dis por especialistas uma aula deestética seu primeiro filme, A Luz Azul, jun-Tétiea, que dizem que as sensagdes e de hipervalorizagao do corpo, com —_tamente como hiingaro Bela Balizs, de um filme podem ser construidas. efeitos obtidosa partir decloses muito um dos eriticos mais influentes nos Conversando sobre essasteorias com préximos ou de enquadramentos de anos30e 40. Abordavaa histériade Joseph Goebbels, ministro da propa- baixo para cima, quedavamaosatle- umajovemmontanhesa,representada ganda nazista, Leni caiu rapidamente tasaspecto de estituas gregas. pela propria diretora, em busca de no gosto do chanceler da Alemanha, “tha glorficaglo da perfeigiofisica uma pedra que projetava luminosi- que, dizem as mas linguas, sempre ‘queaté hojese irradiana propaganda, dade singular. Antes disso, ela havia eve uma quedinha por ela — ques- nodesign moderno, nos editoriais de atuado como atriz.em seis peliculas tionada, a diretora afirmou que, para ‘moda. Se retirarmos a influéncia de doalemiio Arnold Fanck,especialista Hitler, fez apenas documentos. RECEITA PARA FAZER VOAR We secic eerie ence are eee roy Ce ese eet ny eee eerie soir tenn Cee ea a Poteet Pieter ete et rs H renee ey eit San egaeieetaal emery Seed ete eee ar as ec et Reece ety Ce ee et ey ere sete) ees eet norte Carrinho etrithos para acompanhar cena: movimentos rapidos E que documentirios. Depois do expressivo Vitéria da Fé, de 1933, Sobre o quinto congresso do partido nazista, ela foi convencida por Hitler a produzir um longa-metragem sobre 6 sexto congresso, Foi sua obra-prima esta condenago.O encontro par io, mareado para setembro de 1934, em Nuremberg, transformou-se no filme O Triunfo da Vontade, extraor- dindria pega de propaganda. A logis- tica de producio foi apotestica para a época: mais de 100 téenicos e 30 cameras, Segundo a prépria Leni, no documentério The Wonderful Horrible Life of Len Riefensabl (“A maravilhosa vida horrivel de Leni Riefenstaht”) de Ray Miller, feito em 1998, Hitler queria “um filme feito por um artista, e nfo por um diretor de partido” Para sua realizacio, ela desen- volveu truques e artificios a inéditos. Por exemplo, um elevador construido eencaixado entre os mas- trosclas enormesbandeirasdo partido permitiu mover camera da esquerda para a direita e de cima para baixo, ¢ fazer longos travellings (quando a ntio ccimera se desloca de forma continua). Outro recurso, diz. André Piero Gat pesquisador do Centro Cultural Séo Paulo e professor de Histéria do Ci nemana Fundagio Armando Alvares Penteado (FAAP), foram “cdmeras ‘muito préximas (close-ups) que tor- naram agigantados objetos simples € contribuiram para a distor¢do da escala, para a captagio em imagens «de uma espécie de mistico poder abso- Ito, escondendo atras de uma beleza plistica a podridgo de um regime”. Para o fil6sofo Paul Virtio, no li ‘vro Guerra e Cinema, “o evento foi or- sanizado demaneira espetacular, no ssomente do ponto de vista de uma reu- nidio popular, mas de modo a fornecer ‘material para um filme de propagan- da’. Tudo foi determinado em fungéo da cimera: 0s rostos voltados para o ‘mesmo lugar, os bragos levantados em cumprimento nazista, as ruas api nhadas de gente, que se fundem em tum grande corpo, o conceito-chave da unidade alema. Dois anos depois é que veio 0 do- cumentério Ofympia, que fez dos jogos uma celebrac&o do corpo e do Ter- ceiro Reich. Leni era linda, talentosa ce mulher, numa area dominada por homens. Mas foi a cineasta de Hitler. Ea vinculagio ao nazismo a perse- guiu para sempre. Até a morte, aos 4 101 anos, em 2003, ela afirmou d nnhecer os crimes cometidos por seus patrocinadores, No fim da Segunda Guerra, a cineasta foi presa por quatro anos. Solta, tentou filmar, mas foi hostili- zada pela opinifio piblica. Trabalhou entao como fotégrafa. Nos anos 70, Iangou dois livros sobre os nubas, tribo do Sudiio com quem passou seis, meses nos anos 60, fotografando ob- sessivamente. Esse material forma o que os eriticos consideram seu mais, 08 Jogos Climpicos de Munique (1972) para a revista Time e fotografou celebrida des, como Mick Jagger. Nos anos 80, ‘mergulhou no siléncio da fotografia submarina, que resultou no filme Im presses Subaquiticas (2002). @ —_A__. importante ensaio. Cobr So DINASTIAS 54 A grand Como os banqueiros Medici transformaram Florenga, uma das mais tradicionais reptiblicas da Italia, em seu dominio pessoal — ¢ ajudaram acriar 0 esplendor do Renascimento POR Relnaldo Jos Lopes DESI Flo Otubo CALIGRAFA Andrea Branco 1m.1434, o banqueiro quarentio Cosimo de Me- ici fez. uma entrada exuberante em Florenca, Queria mostrar que estava de volta A sua cida- de, motivo de infortiinio para seus inimigos, que seriam banidos. Comecava ali principado dos Medici, a grande familia burguesa, patrona das artes e das letras, que comandou Florenca e depois a Toscana até 1737, ‘com breves intervalos. Cosimo havia passado um ano exilado em Veneza, acusado de tentar instaurar um governo tirdni- ignorava essas suspeitas, porque as ruas ficaram lotadas de gente festejando seu retorno. “Raramente um cidadio voltando em triunfo de uma vit6ria foi recebido por seu pais com tantas demonstragdes de jubilo. Todos 0 saudavami como benteitor do povo e Pai da Patria’, escreveu Nicolau Maquiavel, politico e intelectual florentino, co, Mas a maior Quem € quem DINASTIAS > Maquiavel, que chegou a ser preso etorturado a mando dos des- cendentes de Cosimo, antes de se dedicar a escrever sobre o banquei- +0, sabia perfeitamente que aquela recepcio calorosa tinha marcado 0 ccomego do fimn para o governo repu= blicano em Florenga. Devagarzinho, usando seus vastos recursos finan- ceiros para apadrinhar a classe mé- dia nascente e se aliar aos poclero: 0s, dentro efora da Italia, os Med! deixaram deer homens de negécios e viraram uma dinastia, grandes familias de Florenga até espernearam, voltan- do a expulsar os netos de Cosimo da cidade mais de uma vez. Mas 86 adiaram o inevitivel: o dominio dos Medici durou quase 300 anos e ‘moldou boa parte da Italia ren tista. De certo modo, os Medici fun- arama primeira grande instituigio financeira multinacional do planeta e foram um bocado hébeis em usar © poder econémico para mandar e desmandar na politica, naarte ea na religifo. Um modelo que, afinal, est na base de quase todos os Esta dos modernos do Ocidente. As outra Por baixo dos panos Etubora pioncires newe tipo de articulagdo politica ideol6gica, 0s ‘indo foram um caso isolado na Ita do Renascimento, “0 fendmeno, ‘na verdade, é comum nessa época. O que diferencia os Medici talvez seja o método relativamente néo- violento de ascenséo ao poder, atra- vs do qual eles foram erodindo, de forma muito lentae continua, asins- tituigdes republicanas de Floreng: avalia o historiador Manfredi Picco- lomini, professor da Universidade 56 Dinheiro, arte e religiao, 3s armas da conquista do poder burgués ee mam Dies HIS 1469 | a 5-44 E8516 arie 55-1642 ‘casou com 5, Henrique VI da Franca| da Cidade de Nova York e do Medici Archive Project, que es- tuda a documentago deixada pela familia, boa parte inédita. De certa maneira, Cosimo ¢ companhia co- ‘megaram como “zebras” da politica florentina, A familia, originalmen te ligada a fabricago e ao comércio de tecidos, nao era nem a mais rica nem a mais influente de Florenga, Alguns dos Medici cairam na bes- teira de apoiar, no fim do século 14, a chamada Revolta dos Ciompi, cujo objetivo era dar direitos politicos aos que trabalhavam na manufatura da 14. A revolta foi suprimida, mas 0 envolvimento provocou o isolamento a familia das relagdes de poder na cidade por décadas. Nessa época, segundo Piccolomi ni, as repdblicas itatianas tinham um regime baseado nos chamados checks and balances (restri¢des € contrape- sos). "E uma heranga da tradigiio po- litica romana, cujo principal objetivo 6 impedir que qualquer pessoa obte- nha o poder supremo”, diz, © mando era loteado entre os membros das guildas, corporagées profissionais ‘que reuniam banqueiros, negocian- tes, donos de manufaturas e arte: ios, afirma Rita de Cassia Biason, professora de Ciéncia Politica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Franca. Em tese, todo integrante de guil: da com mais de 30 anos e sem di vidas podia ser eleito, por sorteio, para cargos piblicos como a signo- ria, principal magistratura, com nove vagas. Mas s6 um quarto dos postos era ocupado pelas guildas ‘menores, da classe média baixa. Ou seja, na pratica, o regime era uma oligarquia comandada pelos ricos. tor Nesse sistema, até formar partidos politicos era proibido. Abertamente, os Medici nfo se arriscavam a tracar alianeas, mas, por baixo dos panos, Giovanni di Bicci, pai de Cosimo, usou 0 banco recém-fundado da famitia para for- jar uma rede internacional de conta- tos. E também casou seus parentes de ambos os sexos com membros de familias mais pobres, mas po- derosas. Cosimo continuou a poli- tica, oferecendo empréstimos para cidados endividados, de forma que, quando fossem eleitos, apoiassem os interesses dos Medici rede informal, mas muito eficaz, de clientelism britdnico J.R. Hale em Florence and the Medici ("Florenga ¢ 08 Medici”, inédito no Brasil). ‘A reagio nfo tardou. Familias aristocraticas conseguiram en- gendrar o exilio de Cosimo, mas 0 tiro saiu pela culatra, porque elas também tentaram um expurgo dos aliados do banqueiro que revoltou a populagio. A insatisfagio dos floren- inos abriu caminho para retorno triunfal de Cosimo. Oficialmente, pouca coisa mudou na reptiblica, mas o banqueiro virouaeminéneia parda " escreve 0 historiador por tras de quase todas as decisoes governamentais, além de ser respon- sivel pela politica externa, Nesse ponto, o banco trumento importante, diz Biason. “O relacionamento com outros Esta- dos europeus se construiu por meio das casas banedrias nos principais centros comer: Londres, Nipoles bra, Lion, Roma, Avignon, Bruges, Antuérpia, Veneza, entre outras.” (Os Medici davam um jeitinho de ter » 57

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