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| Histc NEN | ™ ay. a oC - e ait a) 5 CEP ETT Verdades e mitos do 4 diaa dia 6 na‘Preé- wy Historia res eee od ec omas ree) Pare oxcnue ial Pes: cleat 1D . Perenee\iaal eye udou os Cf f do Prt coha re) Perens Fs ed ne 74 pee ares ia # a foyer pei tom e sapalo----- Os mais 4 vendeu i Mg ) f Wea Loe Pe ial i Onaufragiodo Endurance: 0 mal em pessoa. Saiba ee Re Reon Ee Se ntetese ers htc) eet Mm Conner cate) Ernest Hemingway, tenance) Dace Ciel emer c} A galera recebeu muita informacao e pode tirar todas as dividas sobre vestibular, carreiras e faculdades. Nos dias 21, 22 23 de agosto, mais de 25 mil pessoas circularam pelos 24 estandes da Feira Guia do Estudante, no Expo Center Norte. O papo era sério, mas o clima era de total animagao. Veja 0 que rolou! PT eee oo ecient Vie PnenenTnNENrE re Eten ee am et ia a ee ce er vestibular e Enem, num espaco jovem e descontraido. Foram dezenas de palestras eee Pet een al en emer Tiel Sere 5 ee Coleen mar eee ees Pree eee oe eee) sere) Seen tient ener + AJ MariMoon ee : ee ay ete: 8 Pees eo Reece oe cs ‘Mais de 2.400 pessoas participaram do simulado promovido pelo Guia do Estudante e o Mackenzie os trés dias de evento, As provas possibilitaram aos estudantes perceber a complexidade 6 formato de um exame de vestibular, além de treind-los @ administrar o tempo. Os primeiros colocados ganharam um DVD e um programa de orientacao de carreira, Confira os vencedores: eDaees fontcparam seas eats Mikes ee Pel ieee prdreiocle, eee. Josdis pero eidoyo Tais Pinheiro, 15 anos “Estou em davids Feira ver onde me encaixo meltfor. Vou aproveitar para fazer 0 teste profissional”. ede tudo mais” Rodrigo Araiij, 1 sando em fazer gasttonomi isso mesmo. Saber idade, ea duragdo... | “Vim conhecer. Eu ainda néo estou decidida, Por isso vou fazer o teste profistional” | mon amps dpi potshel eater txes como Quem 0 Gus Voc Quer de Vide 08 Conga a8 Meso eco ‘care que coher cor cose leona. A patna de tate fol scotsada rad tori eos Realizago Guia do Estudante pron Abril Criancas em acao! Caro leitor, ‘Chegou a minha mesa aqui na Editora Abril um en- * | -velope pardo, manuscrito, Esse tipo de correspondén- ; | cia costuma aparecer quase que mensalmente, Ainda (bem) ha pessoas que se comunicam por cartas. Mas voltemios ao envelope. A surpresa estava contida no verso, no reme- tente: alunos da 5# Série B da Escola Estadual Joaquim Gongalves de Oliveira, da cidade de Cruzilia, interior de Sao Paulo. Dentro, dobradinhas, deforma ordenada, nove cartas, escritas em papel pautado (alguns decorados com flores, outros com carros),as- sinadas por 15 criangas entre 10 €13 anos. Eles conhecerama revista por meio da professora Hosana, que leciona Portugués e Literatura. ediam que publicéssemos uma reportagem sobrea Gripe Espanhola ‘eoutras epidemias que jé assolaram o Brasil. tipo de contato que nos motiva. Por diversas razbes. Destaco apenas duas. A primeira: até as criangas entendem que, para compre ender o presente, preciso conhecer o passado. A segunda: estamos ‘cumprindo nossa missio de ajudar o pais a educar. Constantemente recebemos mensagens de professores e alunos que conheceram AVENTURAS NA HISTORIA em sala de aula. E repito meu bordio: 86 se combate a ignordncia com informagio de qualidade. Paulo, Yorrana, Edson, Elod, Jaqueline, Jennifer, Maicon, Andres- sa, Walisson, Giovanni, Haylla, Ronaldo, Gabriel, Jilio e Crislan ja devem ter recebido a edigSo 71, quando tratamos do tema na repor- tagem “Influenza Mortals. Vao aprender sobre os antepassados do HAN, que tanto temem. Mas saberdo, ao ler esta carta, que jé esto imunes a um outro tipo de praga: o desconhecimento. she Boa leitura, Ante” Ee phargreaves@abri.com br ‘ le BOMBA, BOMBA, BOMBA! GUERRAS ja re conont abet tere Rabe Cn eta Mendes Lal Paulo, ‘ramensagem osu rome Seer ioe ee ee : ‘eocasuacidede> a r Detacaneean ‘utigu par (i) so8g-88s3 Foconsoaraoo ronnncicrotonean2 sary a CULTURA Portugueses do sol nascente No Japiio do século 16, a presenga lusitana deixou marcas profundas No auge de seu império, Portugal teve colonias na costa da Africa, em ilhas do Atlantico, no Oriente Mé- dio, na India, na China, no Sudeste Asiético e no Brasil. Mas um outro pafs também foi ocupado: o Japao. ‘Ainda que essa hist6ria seja pouco conhecida, a presenca portuguesa na terra do sol nascente deixou marcas permanentes na cultura local. Segundoo tratado Teppo-ki (*Crb= nica da espingarda’), de 1606, os lu- 0s chegaram ao Japiio em 1543. Nao por acaso, esse registro est contido em uma obra histérica sobre a in- 8 trodugio da arma de fogo no pais. ‘A colonizagio europeia foi apoiada em armamentos, no comércio € na divulgagio do cristianismo. ‘A prinefpio, cada navio ociden- tal chegava carregado com pélvora, sedae porcelana, trazidos da China, e especiarias da india. Rapidamen- te, o objetivo comercial somou-se & intengao de propagar a fé crista. “O binémio missiondrio-comerciante €constante na hist6ria da presenga portuguesa no Japao" lena Ribeiro, pesquisadora da Uni versidade Nova de Lisboa. Em11582, #4 havia 150 mil cristios no Japio e 200 igrejas, além de 20 padres. No auge, ondimero chegoua 1200 mil, distribuidos principalmente no sul do pais, em Kagoshima e Na- gasaki. Masa intromissio estrangei- raem um pais em fase de unificag3o incomodou as autoridades locais. A partir de1587, 0s cristi0s comecaram a ser reprimidos. Os que no recu- aram se tornaram kakure kirishitan, ou “eristios ocultos”. Com o tempo, a falta de contato com sacerdotes cat6li- cos fez com que alguns rituais fossem adaptados. Nas missas, a héstia eo vinho passaram a ser substituidos por sashimi, arroz e saqué. Em 1859, quando chegaram ao Japio, missio: nérios franceses descobriram que ‘cerca de 60 mil japoneses pratitavam istianismo na clandestinjdade. As comunidades Hien often até hoje. Muitas ainda tém otagdes como pai-nosso e ave-maria, reci- tadas (sem serem compreentlidas) em uma mistura de japonés, latim e portugués do século 16. Além da religido, a inflkéncia portuguesa marcou a medicjna, as ciéncias néuticas a astronomia. Os FE DE BERCO arquitetos japoneses aprenderam tée- nicas para fortificaglo de castelos. Ou- troscampos do pensamento ocidental também influenciaram os orientai “A chegada dos portugueses permitiu uma alteragio na maneira de pensar dos japoneses, por influéncia de ideias ‘como racionalismo eo liberalismo”, iz Tkunori Sumida, diretor do De- partamento de Estudos Luso-Brasi- leiros da Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto. “Foi uma mu- danea invisivel, a0 contréio da intro- dugiio das espingardas e da religi EDUARDO CAMPOS LIMA ore ent on eae GLOSSARIO LUSO-NIPONICO Palavras japonesas de origem portuguesa bateren ~bensan ‘bidoro: ~~ botan -Esu -karuta “pan -tabako 4 Diplomacia de aventura ‘= Britanico narra experiéncia de gerenciar provincia no Iraque Rory Stewart é uma espé- cie de Lawrence da Arébia contempordneo. Nascido em Hong Kongem1973, passoua inffinciaentre a Malisia, o Vietnd e a terra de seus pais, Escécia. Formou-se em Hist6ria e Filosot em Oxford eem 1997, com apenas 24 anos, jé ocupava um. cargo diplomitico na Indonésia. Em setembro de 2008, aos 30 anos e com a experiéncia de ter caminhado a pé ‘9 mil quilometros entre Afeganis Paquistio e india, odiplomata aven- tureiro foi encarregado de coordenar a formagiio de um governo provisério iraquiano na esquenta- dissima regio xita de Maysan, na fronteira com io, o Ira. Meses depois, aca- bou trans- ferido para ainda mais violenta Dhi Qar, onde ficou até junho de 2004. 0 cargo de Rory, coordenador da governa- doria, dava a ele o poder de definir quem recebia verbas. A experiéncia €narrada em seu livro Acidentes de Trabalbo — Meu Governo no Iraque (Record). Uma das personalida- des mais marcantes com ae lideradas pelo Exército americano atacaram. Apelidado “principe do pantano”, Abu Hatim no era principe, e sua tri- bo, em quem nem ele confiava total: mente, nfo vivia em pantanos fazia muito tempo. Figura complexa, mudava de atitude ao sabor da oca- tros 24 ideres do conselho ue Rory tinha de gerir. Diante de tantos gru- pos religiosos etribos seculares, com inte- resses conflitantes e muitas vezes jo — assim como todos os ou- incoerentes aos olhos ocidentais, ele fez 0 possivel para estabelecer um governo iraquiano semi- independente na regio de Maysan. Em Dhi Qar, seu es crit6rio foi cercado e atacado com morteiros durante trés dias, ‘sem que 0 governo central em Bag- 4 parecesse capaz de interferir. Ao irembora, admitiu que o resultado NIN OZM 9) Ud 0) Bg final de seu trabalho estava muito USBI UME ELSIS PORE" Vamos todos sentirsua falta pe BRORBMNEE | To1202 EZ 90 ;OYSMMUSNOD ‘Pu ep 34S000U"PsidOYOVZTIVIOT \VOINDAL WHOIS TOO Wa eprmyouod opse.ne}sai ep siodap NOZTIGRISA aS OG *0}.10} 1oJ aadutas a sojnags o}10 vy OpMjsUOD .las NOJaUIOD Sncwtorred —_ oureley [eaarpaut orreuedures ‘SEY0} S210} SlEUL WHA} ENE VQWNITONIGA ou KEEN Carolina Cristianint Por Mai O GRANDE INDIANO Em Porbandar, na India ‘Nasce older Indiano Mohandas Karamchand Gandhi Mais conhecido ‘a ‘como Mahatma Gandhi eleéconsiderado ‘opaida India por ter iderado um ‘movimento nacionalista contra o ‘controle britanice. Gandhi ficou rmundlalmente famoso por sua doutrina de protestos ndo-violentos. Sua data de aniversério 6 tida pela ONU como o Dia da Nao-Violenca site:aapdomioccosnteriton owen PANCADARIA NA UNIVERSIDADE Em Sao Paulo (O prédio da Faculdade de Flosofa da USP ¢ invadido or alunos da Universidade Mackenaie por integrantes do Comando de Caca aos Comunistas. Durante chamada Batalha da Maria Ant®nia,trés alunos sdo baleados o secundarsta José Carlos Guimaraes, de 20 anos, morre com um tina cabeca. EUMELEMBRO cursava Arqultetura na USP e estavana Luniversidade naquele aa. Na época,aregi8o Ww my s > O braco mais obscuro, eficiente e violento do regime comunista da URSS também mudaria os rumos do planeta durante a Guerra Fria. (O mais temido e famoso de todos os servigos secretos soviéticos eomecon a nascer ao fim da Segunda Guerra ‘Mundial, em 1943. Rapidamente, a celebrago da vitéria ddeu lugar'@ um racha entre os aliados. A Guerra Fria di- vvidiu mundo em dois blocos, liderados por americanos ‘ sovieticos. Nesse novo ambiente, que de frio mesmo s6 Jevava o nome, a disputa era travada nos bastidores, na ‘busca de informagGes sobre os inimigos, estivessem eles do outro lado do mundo ou atuando dentro de casa. AS agencias de espionagem, que sempre desempenharam papel importante nas estratégias de guerra e diplomacia, ganharam ainda mais destaque. Tudo o que faziam, e como faziam, servia para manter 0 outro lado sempre em diivida sobre o proximo passo. Foi nesse ambiente tenso que emergiu para os ocidentais a figura emblemtica do Comité de Seguranca do Estado (KGB, na sigla em russo, » ‘Agencia manipulou o preconceito contra os judeus CO eee a Co ee ee Ce ee eo ued Re ems Cee ee ee Pee eee tt er ee cee Sree eee cet ee) eee ee aed ee ee eee ee er aera icke a ete er ec reece eet eee ary Cee ea eee eee Rent eee en to) Dee te Sere et eto ear Ce torent ire tars eee etn eee Paneer et etre acer BUGIGANGAS F Os equipamentos mais esquisitos usados pelos espides soviéticos Nem s6 de espldeseinformatesviviem os servicnssecretos soviticos, Cletistas, tecnicos eengenheiros rabalhavam no desenvolvimento de armas eequipamentos de escutadscretos ¢ficlentes~ como uma pistola em forina de batom, ‘Que disparava um Unicotiro, onhecd alguns deles TRIS ESCONDERIJOS PORTATEIS ‘As pravaces em audio video precisavam ser escondidas em algum lugar pequeno e insuspetto, Surgiram, entao, as canetas e escovas com buracos capazes de armazenar microfiimes. Mas ‘0s objetos mais usados para esse fim eram os macos de cigarro. CAMERA ESCONDIDA Na década de 1970, agentes soviétics levavam minicameras escondldas, com alente em forma debotdo faso, para otografar pessoas perseguidas pelo regime comunista.0 mecanismo era acionado dentro do bolso do pat, GUARDA-CHUVA ASSASSINO ‘Em 976, oescriior dssidente blgaro Georgi Markov esperava nibus em Londres quando sentiu uma dor aguda na perna, Virou-se e viy um homem com um (uarda-chuva, Georgi morreu dias depols. Tudo indica que a ponta do ‘guarda-chuva estava envenenada GASMORTAL ‘arma criads em i880 levava no tambor um frasco com Acido prdssico.Se 0 portador ppertasse © gatlho, uma fagulha convertia © cido em gs cianuretb. Quem SAPATOESPIAO estivesse por perto morria i 1960, KGS introduziu um Por intoxicacBo ~ se o espléo transmissor, um microfone e uma estivesse a ponte de ser pego, bateria dentro de solas de sapatos oderia se matar e aind arrastar para monitorar as conversas inimigos com ele. dequem os caleava, RichardSorge nasceu em 1895 em Baku, hoje capital do esr ee eens ete ete ete een A ee es ‘oluntariamentepara um batalhdo deartariana Primera eee nee eee eee Pe eeu aa Pee ete eee ee Cr eee era Seren ete te ee ee ny Ce ee eo Se ee rae! tee eee errs Cs eee nett eee Pesce eer coco” > que aqui no Brasil costumamos flexionar no feminino: a KGB). Foi durante a Guerra Fria que as ages do servigo seereto se tornaram assunto recorrente no noticidrio poli tico ou nos filmes da Sessdo da Tarde. O jogo de rato e rato centre as duas superpoténcias estimulou a modernizagio ‘daagencia, ento chamada de Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD na sigla russa). A interferéncia nas questbes domésticas nao era nova. Desde que chegaram a0 poder, os comunistas sempre enfrentaram a ameaga e, As vezes, a tentativa direta de intervengio militar estrangeira, Britinicos e americanos ppatrocinaram os esforgos de restauracio do czar eas ages militares da revolta anticomunista detida por Lenin, em 1919, e armaram o Exército Branco, na guerra civil de 1921, O Estado sovietico e o Partido Comunista se acos- 32 tumaram, desde o nascimento, a reagir e atuar com 0 apoio de uma estrutura policial de seguranga, Crindo ‘em 20 de dezembro de 1917 durante a revolugio russa, a primeira dessas organizagées foi o Comité Contra Atos de Sabotagem e Contrarrevolucdo (Cheka), que existi por quatro anos. Com a criago da Unidio das Replicas Socialistas Sovieticas, em 1922, 0 servico secreto passou ase chamar Administrago Politica do Estado e ganhou nova missio de investir contra os “inimigos do povo rrusso”, geralmente todo aquele cidadao que ainda fizesse ‘oposigao 20 regime, de qualquer natureza. Nos anos 30, sob as ordens diretas do novo diretor, Josef Stalin, a instituigio trocou mais uma vez de sigla € virou NKVD. Com ele, além das fungdes policiais e de seguranga do Estado, algunsdos departamentos cuidavam de questdes como transportes, forgas armadas ea guarda das fronteiras. Quanto mais concentravam esse poder, € 0 NKVD notabilizavam-se pela persegui- fo, tortura ¢ execugiio de adversiirios, mesmo entre o8 membros do Partido Comunista. A rede de informagSes serviu para as estratégias soviéticas durante a Segunda Guerra, embora ele tenha condenado a morte alguns de seus estrategistas em 1938 €1939. mais St Vizinhos sob controle ‘Com o fim da Segunda Guerra e ‘obreve periodo de alianca com os paises ocidentais, os soviéticos se deram conta de duas coisas, uma boa e outra ruim. A boa: 0 antigos inimigos dos russos tinham perdido muito poder, A Franga ¢ a Inglaterra no eram ‘osmesmos impérios ea Alemanha saira derrotada. A mé noticia: migo que sobrou, os Estados Unidos, estava muito mais forte e determinado a combater 0 comunismo, Ainda as- sim, em um dos primeiros duelos da Guerra Fria, os espides soviéticos Jevaram a melhor. Os americanos trabalhavam em total sigilo no desenvolvimento da bomba atémica. Ou, pelo menos, ini- ea pensavam assim. Quando o phesidente Harry Truman aproveitou a conferéncia de Postdam, em julho de 1945, para mencionar aStalin a montagem da homba, o ditador niio se surpreendeu. A KGB 0 municiava com informa- ‘g6es vindas de uma rede de espides — ineluindo ofisico Klaus Fuchs, um alemao naturalizado inglés que teve ‘um importante papel dentro do Projeto Manhattan, de preparagio da bomba em Noya York, e quatro espi infiltrados na Inglaterra (veid 0 quadro na pag. 34). Ao explodir seu primeiro artefato, em agosto de 1949, a Unifio Soviética antecipou as previsdes dos especialistas estrangeiros em, no minimo, fez anos. Uma vantagem da KGB erq a centralizaglo de poder. Enquanto os americanos mantinham uma agéncia de inteligéncia para assuntos externos, a CIA, e um escr t6rio para investigagdes intetnas, o FBI, os soviéticos concentravam tudo nas maos fe um tinico érgio. Com a morte de Stalin, em1953, Te Beria, chefe do NKVD, tentou assumir 0 posto maximo. Acabou executado pelo Partido Comunista, que ordenou também a reformulago do servico secreto. "A reforma que criou a KGB visava des- de conciliar a manutengao do controle interno até riar uma politica mais efetiva nas agdes estratéxicas, principalmente ‘no campo das informagées einfeligénecia, fora do territrio [Unnuiunincieene koe Cee a eer etl Cee ee eed Se ee Ce eee read Cee ee ery Ce ee ey ee eet a eee) Soe ee eee Se eee Ce ee Se ein ean ee ee) De eee a ee ees Ce ey ee es TARAIDOAR KGB eee en eer eed eee ce ene CO aE oe eee See a ee eet a ene Ca ee ay en crnt neere ee ee nes ara roubar tecnologia americana, Clee ees Coren ees ence ny pares Ce eee Ceres Coote Cee ee ee poetry sovitico”, afirma Dmitry Trofimoy, professor do Centro de Relagdes Internacionais da Universidade de Moscou. Segundo ele, polarizagio militar global ficou evidente em 1955, coma criaeo da Otane, em seguida, do Pacto de Varsévia, “Uma das primeiras atribuigdes da KGB foi atuar dentro dos aparelhos dos Estados satélites do bloco socialist, nfios6 junto ‘a08 servos seeretos, mas também imprensa e orga nizagées de trabalhadores”, diz Trofimov. A presenga da KGB nos pafses do bloco virou. rotina. Em 1956, em meio a dentincias de violagao dos direitos humanos de presos politicos, agentes soviéticos estavam por trés dos relat6rios que deram suporte & invasio da Hungria por tanques do Pacto de Varsévia, No mesmo ano, envolveram-se na violenta repressio contra um movimento reformista na Polénia. Em 1961, 0 aval da KGB foi decisivo para a iniciativa do governo da Alemanha Oriental de erguer 0 Muro de Berlim. Mais tarde, em 1968, a atuagio do servigo soviético sufocaria as transformagGes politicas, sociais e econdmicas pro- postas por intelectuais da Tchecoslovaquia, no episédio conhecido como Primavera de Praga. ‘Nem tudo acabava em perseguigao ¢ morte, mas tudo era guerra e 0 laneamento, em 31 de dezembro de 1968, do avio supers6nico Tupolev TU-144 foi uma tremenda vit6ria anotada no caderninho da KGB. Dois meses antes, cespides soviéticos tiveram acesso a0s planos do Concorde francés e colocaram o protétipo noar antes que o modelo » > capitalista ficasse pronto. Assim, em5 de junho de 1969, 0 Tupolev se tornava a primeira aeronave comercial a fete ue reac} ultrapassar a barreira do som. Cee Su CTUL Nem todas as agées da KGB eram secretas. Em 1972, forsenenrseteeteeer rere cerca de 100 consultores militares soviéticos foram en- ee oe ‘viados ao Afeganistio para treinar as forcas armadas charade Conto da Esp Gat, Acabou serio locais. Em 1978, os dois patses ja assinavam 0 acordo que pareerstisieet enerar seers permitia o envio de outros 400 militares. Em dezembro eer te ees do mesmo ano, mais um papel que garantia aamizade ea ee ee eer Poet errata ee ee enn o pais. “O presidente Hafizullah Amin, considerado inca- eee ey paz de resistir aos rebeldes que lutavam contra o regime Gretkeeieieek ial? 77 became bey comunista local, foi morto durante a tomada do palicio omnes gress 2 ancient presidencial pelas tropas treinadas pelo KGB", diz Roger cooperagiio miitua, Em 1979, 0 Exército Vermelho invadin eee ero y McDermott, professor da Universidade de Aberdeen pp q widget LSS, C0 ) da de seguranea da Russia na Asia Central’, inédito no ee ee tri ee te eee Pees ec recs Peer gate que op6 eranitrofenlpentadional, capaz de alterar a estrutura celular se absorvido pela pele. Agentes passaram a pee eet rec et) wera a Parente ee ny eee en eg 6 escrever pr lips. AKGB estava interceptando as Petree net ea ery .\ sequranca da embalxada. As maquinas haviam sido je er et eee etre ‘Ainda nos anos 20 comecou um plano do NKVD para Cire ered infitrar espides no servico de inteligencia britanico. Paver ac le Ee ee ‘u nos éraiios de seguranca.e que manifestavam simpatia COL ary ee Pee eee ca) |Membros do Partido Comunista local eram descartados, Pee eet te ee ee oe Ce eae ced Assim surgiu © grupo conhecido como os Espides de ee ee ote Cambridge, quatro jovens que por quase 30 anos passaram ee ec eine oe eee ‘segredos importantes aos contatos sovi¢ticos na Europa. eee ar Une are Sy PUL kara en Cee eed ee ee ees ee ta eee eee eas Patentamt terete) Ce een ee Peer ee Pees Ce eee ea erate ee eet nes ‘quando o presidente americano Harry Truman tinha sobre See ny Sen eu ee eee ed Pear eer et al et ‘espives de Cambridge acabaram ajudando asaivar omundo eee area Co eee eee ea 2 ae Ss 0 @LAYBoO SEDUTOAR Ce ee eee ee ey ee eee eon ey een es Ce an ere et ae Se ee enn rt Ce eet ae et eae er soviéticos, Analisava os nomes do Departamento de Estado e dentificava ee ee ete eed Cereus) eee ee eee ea Rey Brasil). Durante os trés primeiros anos de invasio, dois terpos do exército regular afegfio desertaram,facilitando ‘que os mujabidin rebeldes controlassem 80% do pafs. Sem © apoio local, a invasdo foi uin fiasco. Em 1986, a ajuda militar estrangeira jf havia equipado os rebeldes com armamento pesado, inclusivejos misseis que tiraram dos soviéticos 0 controle sobre olespago aéreo. A operagio ‘comegoua ser questionada dentro da prépria URSS pelo alto custo — cerca de 3 bilhdes de délares por ano —e pelo resultado negativo, tantb do ponto de vista politico como da propaganda comunista. Mais de 110 mil soldados Iutram Si morseram, | Aqueda episéalio expdsas fallhas estratégicas do Exército eda coordenacio da KGB. Mas a preocupacio naquele momen: to jf era outra: oimpério socialista estava ruindo. O pais no suportava mais os investimentos em armas, corrida espacial ou servigos de espionagem em detrimento do pparque industrial atrasado e das baixos niveis de produgao. Moradores de Moscou enfrentavam filas por alimentos e produtos de higiene, enquanto 0 fornecimento de energia e Agua entrava em colapso, Para McDermott, quando 0 lider soviético Mikhail Gortbachev surpreendeu o mundo declarando uma moratéria nuclear unilateral e, em 15 de fevereiro de 1989, retirouo ditimo tangue do Afeganistio, ele abriu 0 processo que deu fim 4 KGI ‘moldes a que estava acostumada. A Glasnost prometia liberdade de expresso para a imprensa e transparéncia ‘nas ages do governo. Mesmrloapregoando que nfo seria ne- cessdrio erradicar o sistema socialista, mas provocar uma reformulago, Gorbachev sofreu uma tentativa de golpe | a0 menos nos er ee rer) historia da KGB. Mas em 1990, desiludido,deixou o cargo passouacriticaro (a ee eer en Cee rao ret een ran See er er es Fe eee ur cee ‘em agosto de 1991 foi afastado do partido por membros da burocracia conservadora eda KGB. A agio foi sufocada pelo presidente da Russia, principal reptiblica soviética, Boris leltsin. Convocando uma greve geral, Ieltsin obteve apoio de milhares de pessoas que acamparam em frente a0 Parlamento. Mas, com a nago em frangalhos, Gorbachev renunciou a presidéncia e extinguiu a URSS, em 31 de dezembro. Oficialmente, adata encerraa KGB. Afinal, um. regime que deixa de existir nao tem mais inimigos. ‘A queda da KGB, porém, nfio marca o fim de uma es- trutura de inteligéncia, Desde a era Gorbachey, quando os membros do servigo secreto perderam prestigio, agentes ppassarama buscar meios de tirar vantagem de seus postos. Muitos comeraram a vender artefatos de espionagem no ‘mercado negro, inclusivena Europa enos EUA. Mas oque sobressaiu mesmo foram a estrutura e a experiéncia da KGB, que, em uma época de incerteza politica p6s-URSS, serviram como base para o desenvolvimento do crime orga- nizado e daquilo que se costumou chamar de mafia russa. Estima-se que mais de8 mil grupos criminosos controlem cerca 40% da riqueza do pais. Grande parte dos grupos é liderada por ex-funciondrios da KGB ou militares do extinto Exérecito Vermelho, Assim fica ficil entender as semelhan- as entre a mAfia ea policia secreta soviética. — rand hing cA», ame Rano Bearden. Ona, 2005 Gb ecre ir Sov Sea Agent Jo Baron eater sgest Pes. 174 Soran tn ic ramanoartsarcrnvra estes 35 sia VIDA, PRIVADA an Flintstones de verdade pats. } Eles no costumavam viver em cavernas rN ¥ oct nem puxavam as mulheres pelos cabelos. ~ “=> A rotina do homem pré-hist6rico era muito mais s/ J complexa e interessante do que parece sag”) POR Eduardo Szklarz DESIGN Fabio Otubo ILUSTRACOES Jonatas Tobias desenho clissico da evolucio if ‘humana mostra nossos antepas- ‘sados em fila, Do lado esquerdé est um sujeito parecido com Avida era muito maisrica do quenés, sapiens, ‘um chimpanzé. A sua direita, imaginamos, Estudos recentes mostram que 0 pessoal namorava, tocava instrumentos, traba- hava em conjunto e rezavaa sua maneira.Como aPré-Histéria ¢imensa — vai dos primérdios até Serena en esau ® os pré-historicos | Os enganos mais comuns sabre o periodo: v \VIEMOS DOS MACACOS ASPat JERABRANCO Commo se originaram na Arica nosso antepassados tinham pele escura deyido ‘alta Incidéncia do sol, A cor a pele par ser uma longa adaptacSo&s condlicbgs locals. Comas migragéesrumo. Europae obtras zonas menos ensolaradas,apigmentacao dda pelefol se tornando mals variada. i ; VIDA PRIVADA dois pés. “Tornar-se bipede foi talvez a primeira caracteristica distintiva dos humanos', afirma o antropélogo Donald Johanson. Por isso, quando encontrou os restos de Lucy na Etié- pia, em 1974, ele teve certeza: era um ancestral hominideo, Lucy mostra como as adaptagées na biologia reper- cutiramem nossa cultura desde cedo. Quando ela veio 20 mundo, as flores- tas da Etipia estavam encolhendo de- vvido a mudangas climéticas. Os homi- nideos, ent, desceram das Arvores atras de alimento. E desenvolveram ‘um novo jeito de andar, deixando as ‘ios livres. Nao tinham garras nem dentes afiados. Sua vantagem era ou- trae essencial: 0 cérebro. Para obter pistas sobre os habitos de Lucy e de seus pares, os cientis- tas estudam primatas nfo-humanos. *Orangotangos sao solitirios, gib6es so monogiimicos, gorilas machos ge- ralmentedominam haréns femininose oschimpanzés vivem em comunidades ppromiscuas de machos efémeas’, diz.0 Espécie: Homo sapiens boca enr2 50000690000 a.¢ ‘Locat: peninsula Ibérica ‘bidlogo Jared Diamond, da Universida- de da Califérnia. Como os chimpanzés sto nossos primos mais préximos, € possivel que sociedade de Lucy fosse, digamos, bem “liberal” Ha 2,5 milhdes de anos, nossos ancestrais jé talhavam a pedra silex (lintstone, em inglés) para obter fer- ramentas toseas usadas para quebrar (0s80s enozes. Também saberiam usar plantas medicinais, jé que os chim- panzés comem certas folhas para combater parasitas do intestino. Mas, diferentemente dos Flintstones, eles no comiam bifes de dinossauros (ex- intos muito antes), e sim ovos, frutas, carcagas abandonadas até insetos. ‘© Homo erectus teria sido o primei- roacontrolar 0 fogo, entre 1 milhao e 300 mil anos atréis. Conseguia acen- der chamas batendo o sflex contra um. cristal de pirita e usava as fogueiras para se aquecer, afugentar animais, endurecer a ponta de langas. Foio ini cio da conquista da natureza. Desde 18 tempos de Lucy, a seleglo natural MACHO BRUTOE SOLITARIO prevaleceu e muitas espécies desa- pareceram (oeja Linba do Tempo). HA 200 mil anos, porém, os homens se tornaram anatomicamente parecidos ‘conosco: Homo sapiens, Ficaram mais inteligentes e solidarios. “Como cres- ccimento do eérebro, as femeas sapiens precisaram comer mais proteinas para alimentar ofeto, Jos machos podiam. ter uma dieta mais simples. Essa com- plementagio teria feito surgira nogdo de solidariedade propria da familia’, afirma o arqueélogo Jean Clottes, autor de La Prebistria Explicada alos Jovenes. Os casais se tornaram mais estiveis e passarama cuidar juntos dos filhos — que deixariam de ser meras “crias’, “A partir de 100 mil anos atrés, ‘a. adaptagio se deu mais em fungio de modelos culturais, j4 que nossa biologia permaneceu praticamente inalterada’, diz. Antonio Guglielmo no livro.A Pré-Histria: Uma Abordagem Ecolégica. Naquela época, o homem realizou os primeiros enterros na ca- ‘verna de Qafzeh, Israel, revelando ter Oestereétipo do iiomem violento, que ‘puxa a mulher pelos cabelos, ganhou ‘espagoino século 17,com Thomas Hobbes. Mas 0s centistas dizer que ‘os cacadores-oletores cooperavarn centre ie valorzavama muther. autoconsciéneia. Além disso, objetos colocaclos ao lado dos corpos indicam acrenga na vida apés a morte, Eles provavelmente vivi grupos que compartilhavam costu- ‘mes e lagos familiares, reunidos em tribos. “Cada grupo seria formado por 20 0U 30 pessoas, Se fossem maiores, teriam problemas de abastecimento, € 0s muito pequenos dificilmente con- seguiriam cagar e enfrentar ataques de animais’, diz Clottes. muito, A maioria nfo passava dos 25 ‘anos, mas alguns chegavam aps 60." Havia intercimbio entre as tribos: objetos similares foram encontrados em lugares distantes, Essa troca te sido feita por aventureiros solitiios ‘ou grupos, até porque eles sempre se ‘moviam em busca de recursos natu- rais. Vigjavam a pé, pois os animais 86 seriam domesticados depois. E, diferentemente do que muitos pen- sam, os homens pré-hist6ri¢os néio costumavam viver em cavernas — identificadas com osobrenatural. Eles ‘Nao viviam AVIDAERA UM TEDIO. Bejeto enim: dezenas de mihars de anos airés,oshumanos Jadominavam a percussaoe Instrumentos de sop, Fiutas deoseodeabutre encontradas ne Franca. datam ge 25 mi anos ats. moravam em cabanas feitas de peles, ossos e pedras. Algumas cavernas, sim, eram habitadas, principalmente na Europa, mas sempre mais perto da superficie que do subterrineo. A comida era assada em fogueiras ou cozida no que seriaa primeira panela: um caldeirao feito de pele animal. Os homens aqueciam pedras na chamae as jogavam no caldeirao. Eles comiam com as maos e, possivelm« canibais. Evidencias indicam que essa jas €pocas, fos- se por fome, fosse para tentar adquirir o espirito do adversirio. Na hora de se limpar, cutucavam os dentes com tocos de madeira e se banhavam nos rios. E para fazer as necessidades ‘Sem problema: eles eram poucos ea te, eram pritica ocorreuem v natureza... acolhedora, Grande Salto Adiante Esse é onome que os cientistas do uma enorme transformagio ocorri- da entre 60 mil e 50 mil anos atris, “Viramos maquinas de inovacao”, afirma o cientista Spencer Wells. Pas: samos a fabricar ferramentas mais precisas, cagamos de mani eficiente, enfim, produzimos teeno- logia a partir das ideias. Para Spencer, professor na Uni: -a mais versidade Cornell, essa mudanga s6 foi possivel gracas a0 desenvolvi- mento da linguagem. Os humanos construiram estruturas mais comple- xas de palavras e sintaxe e puderam transferir pensamentos de uma men- te para outra de modo mais eficaz. Uma vantageme tanto, que ajudou a moldar 0 comportamento moderno e motivou a humanidade a sair da Africa e se espalhar pelo mundo. Ha30 mil anos, osexploradores da Europa e da Asia sobreviveram coma ajuda de uma inovagio: 0s microlitos, pegas cortantes feitas de pedra, det ou 2 centimetros, que eram fixadas na ponta de estacas. Dotados de saliéncias ereentrincias, os microlitos aumenta- ram o poder de penetragiio de lancas e arp6es ea caca ficou mais produtiva. » ‘ ARTE RUPESTRE VIDA PRIVADA LINHA DO TEMPO eee eee Peary amines re gent ‘etoomat nce rane ares oer Fominaeo pede ry oHemoerecta Cope esperar ‘opts beapepe neha ones compose sbx. esc ou 210 abe sieeimerte Enos cotmoredero dnesocieestna iter uesteras anon te arastoramostete ‘satpro pra Seasaararrucess Satis Soren “imal arma tewramerasna areas Fee | (rakes, Mesopotamia sto ones malariae murda. for aebare er 420080 Apart 40 O bergo das cidades , Homo sapiens 100002 40002. Locak Mesopotamia aque) » Jéosnémades que chegaram a Sibéria descobriram uma fonte tentadora de comida: os mamutes. Usaram ossos e © couro dos paquidermes para fazer roupas e abrigos portiteis em meio a0 frio de 40 graus negativos. Para isso, contaram com outra inovagaio, a agulha de costura. “A ideia de que nossos ancestrais, andavam semidesnudos, com pelede animal colocada de qualquer jeito so- bre oombro, tio falsa como a nogo de que viviam nas cavernas’, afirma Clottes. “Na tiltima glaciagéo [80 mit 212 mil atrés] fazia mais frio do que agora. Eles costuravam roupas com pelos e tenddes de animais. Também usavam gorros e caleados de couro.” Hi go mil anos, era moda pintar as roupas com ocre, um mineral que evi- tavaa putrefago. Também se usavam aderecos feitos com dentes de renas, bisdes e outros animais. Com tantos badulaques, claro que todos queriam ver e ser vistos. O point da Franca de 45 mil anos atrés era Le Mas-d'Azil, uma gruta gigante atravessada por cenwrcoucte milanos,coma domesticacto de: ‘Aforga dos ventos fl aprovetada um rio. Ali, 0s cagadores celebravam encontros e os jovens flertavam nas festas da tribo. Dangavam ecantavam a0 som de tambores e flautas, Artistas esculpiam pedras com figuras femininas, as “venus”. Para eélogo ‘Timothy Taylor tem outro palpite:se- iam verses primitivas de sfnbolos sexuais. Em The Prebistory offSex (“A Pré-Hist6ria do sexo”), ele sugbre que priticas como sadomasoquiismp econ- tracepedo jé eram comuns na fi Atéa invengdo da agricultuga, nos- sos antepassados combinararh acaga ‘coma coleta de vegetais. Pesqhisado- res sustentam que aquela so¢iedade era mais igualitéria que atual. “Em geral, os homens cagavam usando arco ¢ flecha e lanas. Isso niio quer dizer que mulheres e criangas nao participassem. Os frutos coletados por elas chegavam a 70% da alimen- taco", diz Clottes. “De certa forma, a fungo delas era mais importante ‘que a dos homens: muitas vezes eles voltavam da caga de maos vazias.” HA indicios de que o trabalho tinha fun- fo idiea, evitava a agressio e a do- minagao entre os membros do grupo. ““Mesmo quem optasse por nfo cagar certo dia podia jantara presa depois. Essa autonomia pode parecer radical hoje, mas os ajudou a sobreviver de forma relativamente pacifica durante milénios”, diz Peter Gray, professor de Psicologia Evolutiva. Titular do Boston College, ee acredita que.a vio- Jéncia entre tribos era muito menor que a do estado moderno, Agricultura: avango? Encerrada.a iltima era glacial, em cerea de 10000 a.C., nossos Flintsto- nes deixaram a caga ea coleta para se dedicar 20 cultivo de trigo, cevada e outros cereais. O sedentarismo per: mitiu construgio de povoados maio- res, com casas de barro, onde mais tarde foram domesticados os animais Gnicialmente cachorros, ovelhas, ca bras e porcos) e langadas as bases do comércio. Por volta de 4000 a. surgiram as primeiras civilizagSes as margens dos rios Tigre, Eufrates, Nilo, Indo e Amarelo. O dominio da ‘metalurgia impulsionou outras mu- danas, assim como a invengao da escrita, que encerra a Pré-Histria. Para a maioria dos pesquisadores, a agricultura trouxe 0 progresso. No entanto, ha quem a defina como tragica. “Foi o pior erro da espécie humana”, afirma Jared Diamond. Segundo ele, 08 novos cultivos trou- xeram males como superpopulacio, desmatamento, guerras.e as diferen- as sociais. E a Africa, onde surgi- ‘mos, sofre com a fome. “Seré que a atual crise da Africa vai afetar a todos 1n6s?”, diz Diamond, Falando assim, dé até saudades da Pré-Histéria. @ treat ma abe opera ‘en Chere CO ar chr” sem co Solr irae Detar srr 8S Maa 4) VIDA PRIVADA is vida pré- histori | Le a Falar sobre a Pré-Historia do Gescrever a hist6ria do indi- brasileiro antes da colonizagio tnguiesa. narrar o processo de pagiio das terras amazénieas, do al, das grandes extensdes se- do cerrado e das regives ‘temiperadas do sul. Em1500, em seu ‘estégio mais avancado de desenvol- vvimento, o indigena vivia em mo- radias multifamiliares para até 50 {ndividuos, organizadas em aldeias.. ‘Nao chegou a construir cidades ou srandes santudrios, comoem outras ‘egies das Américas. Nao conheceu o adobe nem a rod e sempre viveu ‘nu ou seminu, Mas completamente ‘errado chamar essas populacies de pprimitivas, desde uma visio euro- "“céntrica de falsa superioridade: elas | souberamse adaptare sobreviverem © meios hostis como o semisrido nor- fino ou floresta amazonica. Bip” Oindigena brasileiro foi capaz de ¢riar uma arte tinica, a exemplo das pitts rupestres sobre os paredées JF de roctia que seespalham por todoo © fais, especialmentenossertdes nor i destinos. 0 Parque Nacional Serra Ha Capivara (PD, declaraclo Patrim6- io Hist6rico da Humanidade pela s60, retine mais de 800 sitios, fipinturas rupestres. Sao cenas 5 degrande expressividade onde se diversas atividades da vida Bo pre historica, Ha também pinturase : ise grande beleza na regio i6(RN), na Bahia, na Parafba is Seige o da Pedra 1e outros arqueblogosacharam vestigios dos primeiros cacadlores que povoaram © Brasil desde antes de 50000 a.C (Qs achados demonstraram que es- ‘es antigos habitantes conheciam 0 fogo e talhavama pedra para obter armas varios tipos deferramentas. H4 10 mil anos, grande parte das terras que hoje formam 0 Brasil jé tinham sido ocupadas por grupos Jhuimanos que vividm’da caga e da coleta de frutos diversificados. esse contexto, uma pergunta se faz obrigatéria: de onde vieram esses primeiros habitantes? Os indfgenas brasileiros modernds e os que entra- ram em contato com os portugue- sesso eeram de origem asiética: A constatago desse fato levou a teoria, ‘munca bem demonstrada, de que to- dos ‘08 nativos do Novo Mundo se- iam descendents de levas chegadas as Américas através do estreito de ‘Bering, prineipalmente na época em qua glaciagio Wisconsin fez.descer ‘nivel dos mares, eriando-se um istmoentrea Sibéria eo Alasca. Esse istmo teria permitido a passagem por terra de animais edos cagadores que os perseguiram. Pesquisadores também defenderam que aportaram nas Américas, apartirde 3000..C. Jevas originsrias das ilhas do Paci- fico Sul. Grupos teriam navegado de iha em itha atéas costas da América do Sule seriam ja portadores de co- mhecimentos, além da navezagio, de agricultura e de cerimica. Na década de 1970, 0 estudo de ‘panorama Sobre os primeirosed nizadores. As pesquisas indicaram — ‘que se tratava de uma mulher cujas | caracteristicas apontavam uma ork gem africana em vez de asiética: Esse” crinio de 11 mil anos foi;chamado: 4 3 Be “Laizia’.O achado levantou, de novo, a teoria jé antiga/émbora adorme cida por falta de provas sélidas, chegada as costas brasileirasde gru- ‘pos vindos através do Atlinticona- vegando desdea Africa. Essas levas: africanas seriam pouco numierosas = podem ter-se extinguido-antes da” ‘chegada dos gruposasiétieds, maio- tes, 08 quais vieram por caminhos ‘miltiplos durante milénios. ss A agricultura nas Américas ¢ = ‘muito antiga. NoNordeste do Brasil ena Amazdnia, pequenas ro¢as d€ subsisténcia podem ter comegadom” em 3000 a.C. Acompanhandé o desenvolvimento da-agricultura, ‘08 indigenas fabricaram, tambéink ceramica utilitéria e cerimonial de grande beleza e aputadatéeniea: Ais velando, cada vez com maiores de- talhes, que a Historia nacionalnio ‘comegou em 1500 com a chegadays de Cabral e que as rafzes indi so, sem daivida, um dos pilarest nacionalidade brasileira ‘Gabriela Martin Avila Professoradocurso

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