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Tipos de Vegetação do Parque Nacional de Sete Cidades

Chapter · January 2010

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1 author:

Antonio Alberto Jorge Farias Castro


Universidade Federal do Piauí
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ISBN 978-85-7463-384-8

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI

REITOR
Prof. Dr. Luiz Sousa Santos Júnior

VICE-REITOR
Prof. Dr. Edward Alencar Castelo Branco

COORDENADOR DO MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE


Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo

CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI

Presidente
Ricardo Alaggio Ribeiro

Conselheiros
Tomás Gomes Campelo
Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Manoel Paulo Nunes
José Renato de Sousa
Iracilde Maria Moura Fé Lima
Vânia Soares Barbosa
João Renôr Ferreira de Carvalho
TROPEN/PRODEMA/UFPI
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ

Série Desenvolvimento e Meio Ambiente


2010
Organizadores
Antonio Alberto Jorge Farias Castro
Nívea Maria Carneiro Farias Castro
Cristina Arzabe

Referees
Cristina Arzabe
Darcet Costa Souza
Gardene Maria de Sousa
Jaíra Maria Alcobaça Gomes
João Batista Lopes
José de Ribamar de Sousa Rocha
José Machado Moita Neto
Luiz Fernando Carvalho Leite
Maria Edileide Alencar Oliveira
Roseli Farias Melo de Barros
Valdomiro Aurélio Barbosa de Souza (in memorian)

Projeto Gráfico
WLAGE - Alínea Publicações Editora

Impressão
Editora Gráfica da UFPI

FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
B615 Biodiversidade e ecótonos da região setentrional do
Piauí / Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Cristina
Arzabe, Nívea Maria Carneiro Farias Castro. – Teresi-
na : EDUFPI, 2010.
208 p. – (Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, 5)

ISBN 978-85-7463-384-8

1. Biodiversidade. 2. Ecótonos. 3. Complexo de Cam-


po Maior. 4. Parque Nacional de Sete Cidades. I. Cas-
tro, Antonio Alberto Jorge Farias. II. Arzabe, Cristina. III.
Castro, Nívea Maria Carneiro farias. IV. Série.

CDD 333.95
Sumário
Apresentação ................................................................................................................7

Prefácio ........................................................................................................................9

PRIMEIRA PARTE

Protocolo de Avaliação Fitossociológica Mínima (PAFM): Uma Proposta


Metodológica para o Estudo do Componente Lenhoso da Vegetação do Nordeste...11
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Ruth Raquel Soares de FARIAS

Compartimentação Geoambiental no Complexo de Campo Maior, Piauí:


Caracterização de um Mosaico de Ecótonos .............................................................25
José Sidney BARROS
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Estudo Florístico em Trechos de Vegetação do Complexo de Campo Maior,


Jatobá do Piauí (PI, Brasil) ........................................................................................44
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Maura Rejane de Araújo MENDES

SEGUNDA PARTE

Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional


de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .......................................................................66
Maria Edileide Alencar OLIVEIRA
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Fernando Roberto MARTINS

Diversidade e Estrutura do Cerrado sensu stricto sobre Areia (Neossolo


Quartzarênico) no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí .........................90
Galiana da Silveira LINDOSO
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado
sensu stricto sobre Afloramentos Rochosos no Parque Nacional
de Sete Cidades (PN7C), Piauí ...............................................................................116
Iona’i Ossami de MOURA
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
José Roberto Rodrigues PINTO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Fitossociologia e Diversidade da Comunidade Arbórea de Floresta


Estacional Semidecidual do Parque Nacional de Sete Cidades (Piauí)
e sua Correlação Florística com Outras Florestas Estacionais do Brasil .................141
Ricardo Flores HAIDAR
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Mariana de Queiroz MATOS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Regeneração Natural da Vegetação Arbórea nas Matas de Galeria


do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil ....................................166
Mariana de Queiroz MATOS
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Ricardo Flores HAIDAR
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Levantamento Florístico e Fitossociológico do Morro do Cascudo,


Área de Entorno do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .........186
Meire Mateus de LIMA
Reinaldo MONTEIRO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Joxleide Mendes da COSTA

Índice por autor ........................................................................................................208


Apresentação

S
eguindo o Plano Editorial do Programa Regional de Pós-Graduação em De-
senvolvimento e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN)
estamos organizando a edição de mais um livro com o objetivo continuado de
dar maior transparência ao que produzimos, mestrandos, doutorandos e professores,
na forma de “capítulos de livro”, como contribuição de qualidade para o “Desenvolvi-
mento do Trópico Ecotonal do Nordeste”, Área de Concentração do nosso Programa
de Pós-Graduação.

Os quatro primeiros volumes foram tematizados e intitulados de “Teresina:


Uma Visão Ambiental” (2006), de “Cerrado Piauiense: Uma Visão Multidiscipli-
nar” (2007), de “Sustentabilidade do Semiárido” (2009) e de “Biodiversidade e
Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste” (2009).

Neste quinto volume (2010), com o título “Biodiversidade e Ecótonos da Re-


gião Setentrional do Piauí” estamos reunindo 9 (nove) capítulos, dos quais o primei-
ro trata de uma “proposta metodológica para o estudo do componente lenhoso da ve-
getação do Nordeste” desenvolvido a partir da nossa experiência de campo em termos
de delineamento amostral e, os outros, oriundos de teses de doutorado (Capítulos 2, 4
e 6), dissertações de mestrado (Capítulos 3, 5, 7 e 8) e monografia de graduação (Ca-
pítulo 9), inéditos, relacionados à produção acadêmica dos parceiros1 apoiados pelo
Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), desenvolvidos no
Piauí, para o Piauí, com recursos financeiros e logística do Projeto de Biodiversidade
e Fragmentação de Ecossistemas nos Cerrados Marginais do Nordeste, Projeto
BASE do Sítio 10 (Programa de Ecologia dos Cerrados do Nordeste e Ecótonos Asso-
ciados) do MCT/CNPq.

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia (UnB) (Capítulos 2, 5, 6, 7 e 8), Programa de


PósGraduação em Biologia Vegetal (UFPE) (Capítulo 3), Programa de Pós-Graduação em
Biologia Vegetal (UNICAMP) (Capítulo 4) e Programa de Graduação em Ciências Biológi-
cas (UNESP Rio Claro) (Capítulo 9).

Volume 5 7
No segundo e terceiro capítulos, o foco é o Complexo de Campo Maior, uma
das mais importantes áreas para pesquisas ecológicas, em função da sua importância
biológica, das suas singularidades, priorizadas pelo Sítio 10 no que diz respeito ao
zoneamento geoambiental, florística de capões e mosaico de ecótonos. No restante dos
capítulos, o foco é o Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), a principal área focal
do nosso Projeto BASE, levando em conta aspectos e/ou estudos de casos dos tipos
de vegetação do PN7C, dos cerrados sobre areias quartzosas, dos cerrados rupestres
de baixas altitudes, das matas estacionais semideciduais, das matas de galeria e dos
cerrados de entorno.

Com o apoio do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimen-


to e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN), este quinto volume
da Série Desenvolvimento e Meio Ambiente oportuniza a divulgação de parte impor-
tante da produção técnica e científica do Sítio 10 do PELD, um dos seus parceirosân-
cora ao nível da Linha de Pesquisa em Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.

Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Prof. Dr.


Teresina, outubro/2010
Prefácio

O
mundo todo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade 1. Essa
afirmação é dada como fato e alardeada com grande orgulho, principalmente
por parte dos brasileiros. A grande diversidade das florestas brasileiras, como
a Mata Atlântica 2, os cerrados 3 e o Pantanal 4, sem contar a Floresta Amazônica, tem
atraído a atenção de todo o mundo. Ao mesmo tempo, a preocupação com a necessida-
de de conservação dos biomas tem sido cada vez maior em face do desmatamento que
se constata no Brasil. A conservação de biomas não florestais, como os cerrados, tem
despertado cada vez mais atenção em face do desprezo com que são tratados pelas po-
líticas públicas e das taxas crescentes de desmatamento 5. Há ainda o paradoxo de que
o Brasil tem uma das maiores diversidades do mundo, mas não domina a biotecnologia
para usar essa biodiversidade.

A biodiversidade inclui toda a variação da natureza 6, desde a variabilidade de


moléculas num mesmo indivíduo até a variabilidade entre os grandes Biomas mun-
diais, passando pelas diferenças entre indivíduos de uma mesma população, entre po-
pulações de uma mesma comunidade, entre comunidades de um mesmo Bioma. A bio-
diversidade exerce um papel-chave na manutenção das condições que possibilitam a
existência de vida na Terra. Basta dizer que a atmosfera de que todos nós dependemos
para nos manter vivos foi produzida e é mantida pela biodiversidade do planeta. Por
outro lado, a biodiversidade representa também uma fonte de recursos extremamente
valiosos para o homem. Neste ponto começam a surgir os problemas, pois um recurso
só pode ser usado quando se sabe que é um recurso. Por exemplo, se colocarmos duas
1 SCARANO, F. R. (2007). Perspective on biodiversity science in Brazil. Scientia Agricola 64:439-447.
2 THOMÉ, M. T. C.; ZAMUDIO, K. R.; GIOVANELLI, J. G. R.; HADDAD, C. F. B.; BALDISSERA JR.,
F. A.; ALEXANDRINO, J. (2010). Phylogeography of endemic toads and post-Pliocene persistence of the
Brazilian Atlantic Forest. Molecular Phylogenetics and Evolution 55:1018-1031.
3 KLINK C. A.; MACHADO R. B. (2005). Conservation of the Brazilian Cerrado. Conservation Biology
19:707713.
4 JUNK, W. J.; da CUNHA, C. N.; WANTZEN, K. M.; PETERMANN, P.; STRÜSSMANN, M. I. M.;
AIDS, J. (2006). Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Science
68:278-309.
5 BOND, W. J.; PARR, C. L. (2010). Beyond the forest edge: ecology, diversity and conservation of the
grassy biomes. Biological Conservation 143:2395-2404.
6 WILSON, E. O.; PETER, F. M. (eds.). (1988). Biodiversity. Washington: National Academy Press.

Volume 5 9
pessoas na floresta, uma que conhece as espécies e outra que não as conhece, é possível
que a primeira engorde e a segunda morra de fome porque não conhece os recursos.
Conhecer recursos demanda fazer pesquisa: só se sabe que algo é um recurso quando
se fazem pesquisas que mostrem sua existência e seu potencial de uso. Porém, antes de
podermos dizer de recursos da biodiversidade, temos que conhecer a biodiversidade.
E então, voltamos ao começo.

Todo o mundo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade, e essa


afirmação é repetida como um bordão. Porém, não conhecemos nossa biodiversida-
de. Que espécies compõem essa biodiversidade? Qual é a ordem de grandeza dessa
biodiversidade? Que fatores estão associados à variação dessa biodiversidade? Essas
são perguntas as mais fundamentais possíveis e não temos respostas para elas. Para
respondê-las, devemos qualificar, quantificar e modelar nossa biodiversidade. Para es-
sas tarefas, necessitamos das mais básicas informações: que espécies ocorrem, com
qual abundância ocorrem e onde ocorrem. Só depois de dispormos dessas informações
básicas é que podemos calcular a diversidade de nossos sistemas ecológicos, saber
quais espécies constituem essa diversidade, como a diversidade se distribui no espaço
e como responde a variações de fatores como espaço (latitude, longitude), relevo (al-
titude e outras variáveis), clima (chuva, estacionalidade, temperaturas, radiação solar,
etc.) e outros. Uma vez modelada a diversidade no espaço, podemos investigar como
variações das condições ambientais influenciam a diversidade e como ela responde a
essas variações. Sabendo onde está a diversidade, quais espécies a constituem e qual
sua ordem de grandeza, podemos planejar sua bioprospecção para termos idéia dos re-
cursos existentes. Essas informações também poderão fundamentar planos de manejo
que permitam o uso sustentado dos sistemas ecológicos e o planejamento de unidades
de conservação. A biodiversidade tem muitíssimas potencialidades que ainda são des-
conhecidas.

Porém, para tudo isso, necessitamos de informações básicas: quais espécies


existem, com que abundância ocorrem e em que lugar estão. Tais informações exis-
tem de modo esparso para alguns Biomas do Brasil, mas ainda são escassas para o
Nordeste brasileiro. O presente livro colabora com essas valiosas informações, que
constituem o primeiro importantíssimo passo rumo à modelagem da biodiversidade.

Fernando Roberto Martins, Prof. Dr.


Campinas, dezembro/2010

10 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


OLIVEIRA, M. E. A.; FARIAS, R. R. S.; CASTRO, A. A. J.; MARTINS, F. R.; Classificação e caracterização dos
tipos vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil. Biodiversidade e Ecótonos da Região
Setentrional do Piauí, Teresina, 5: 66-89, 2010.

Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais


do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil
Maria Edileide Alencar Oliveira1
Antonio Alberto Jorge Farias Castro2
Fernando Roberto Martins3

1 INTRODUÇÃO 1
Professora de Ensino Médio
e Superior. Bióloga. Instituto
Federal de Educação, Ciência

O
estado do Piauí está situado numa área e Tecnologia do Piauí (IFPI).
Doutorado em Biologia Ve-
de tensão ecológica, com vegetação de getal (UNICAMP). Programa
de Biodiversidade do Trópico
transição ou de ecótonos (IBGE 1992), Ecotonal do Nordeste (Bio-
sofrendo influência de três províncias florísticas: a TEN). Pesquisadora do Sítio
10 do PELD. E-Mail: mealen-
floresta amazônica, os cerrados e as caatingas (DU- car@gmail.com.
2
Professor de Ensino Supe-
CKE e BLACK, 1953; RIZZINI, 1963; ANDRA- rior. Biólogo. Universidade
Federal do Piauí (UFPI). Dou-
DE, 1968). Em geral, áreas ecotonais têm sido de- torado em Biologia Vegetal
finidas como zonas de transição entre ecossistemas (UNICAMP). Líder do Pro-
grama de Biodiversidade do
adjacentes, tendo a paisagem o padrão de manchas Trópico Ecotonal do Nordeste
(BioTEN).
de vegetação (FERNANDES, 1998; BOWERSOX E-Mail: albertojorgecastro@
e BROWN, 2001). gmail.com.
3
Professor de Ensino Supe-
rior. Biólogo. Universidade
Estadual de Campinas (UNI-
Devido à elevada heterogeneidade espacial e CAMP). Doutorado em Ci-
ências (USP). Programa de
ambiental, a cobertura vegetal do Piauí apresenta- Biodiversidade do Trópico
se como um complexo mosaico de tipos vegetacio- Ecotonal do Nordeste (Bio-
TEN). E-Mail: fmartins@uni-
nais que vão desde os mais secos, como as caatin- camp.br
gas, distribuídas a leste e sudeste; passando pelos
carrascos em sua parte central e nordeste; seguidos
dos cerrados em sua porção centro-norte e sudoes-
te, até os mais úmidos, como as matas de babaçuais

66
Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

e florestas estacionais semidecíduas instaladas nos limites dos estados do Piauí


e Maranhão e nas depressões da bacia do Parnaíba, em toda a sua extensão (RI-
ZZINI, 1963; ANDRADE-LIMA, 1966; FERNANDES, 1982; EMPERAIRE,
1985; Oliveira e col., 1997; CASTRO, 2003).

Em 1961 foi criado o Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), com


área de 62,21 km2 (6.221 ha) com objetivos de proteger a diversidade dos re-
cursos hídricos, vegetacionais e paisagísticos existentes na área (IBDF, 1979).
Os primeiros estudos desenvolvidos no PN7C tratavam de aspectos como ori-
gem e formação de suas feições geomorfológicas, principalmente, e descrição,
catalogação e intervenção de conservação de inscrições rupestres (FORTES,
1996; LAGE e col., 2007; MENDES JÚNIOR e col., 2009). Depois, Barro-
so e Guimarães (1980) realizaram o primeiro levantamento florístico da área,
listando 228 espécies nas várias formas de crescimento. Recentemente, outros
estudos vêm sendo desenvolvidos, abrangendo desde os aspectos geomorfo-
lógicos e de levantamentos florísticos e quantitativos de tipos fisionômicos,
de grupos taxonômicos de fanerógamas, de briófitas, de mixomicetos, de fun-
gos zoospóricos e de animais (DIGBY e col., 1996; MOBIN, 1999; CAVAL-
CANTI e MOBIN, 2001; ROCHA e col., 2001; SANTOS, 2001; BARROS,
2002; CASTRO e col., 2002; BARROS e ESTEVES, 2004; MESQUITA e
CASTRO, 2007; OLIVEIRA e col., 2007; HAIDAR, 2008; LINDOSO, 2008;
SOCORRO-SILVA e col., 1999).

O PN7C e extensas áreas contíguas do entorno foi considerado uma das


áreas prioritárias de conservação da biodiversidade do cerrado e do pantanal
(BRASIL 1999) e da caatinga (BRASIL 2002) e, ainda em 2001, foi enquadra-
do na expansão da Reserva da Biosfera da Caatinga (PNE 2010). A partir de
2001, o PN7C foi selecionado como um dos sítios permanentes de pesquisas
dos cerrados marginais do Brasil, no âmbito do Programa de Pesquisas Eco-
lógicas de Longa Duração (MCT/CNPq/PELD) - Sítio 10 (CASTRO e col.,
2007).

Volume 5 67
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

Contudo, apesar da importância ecológica do PN7C, são escassos os


trabalhos sobre sua vegetação, sobre cuja classificação não existe consenso
(BRASIL, 1973; IBDF, 1979; BARROSO e GUIMARÃES, 1980). Esses au-
tores ora a classificaram como cerrado (flora oreádica) ora como transição
cerrado/caatinga (flora hamadriádica). Barroso e Guimarães (1980) afirmaram
que a vegetação constitui um mosaico de tipos, predominando o cerrado sen-
tido amplo. Em Oliveira e col. (2007), através do primeiro mapeamento da
vegetação do PN7C, numa escala de 1:60.000, a matriz de cerrado (vegetação
oreádica) foi confirmada.

Parte daquela falta de consenso relaciona-se, de um lado, com o ainda


pouco número de estudos científicos que a região do Parque demanda, prin-
cipalmente em função dos efeitos da sobreposição de Biomas, marcada pelas
áreas de contato do Cerrado e da Caatinga, mais conspícuas na região seten-
trional do Estado do Piauí e, de outro lado, com as armadilhas das escalas
grandes das bases cartográficas disponíveis. Dessa forma, erros grandes são
cometidos, como por exemplo, o que incluiu o PN7C na Reserva da Biosfe-
ra da Caatinga (CNIP 2001), cuja matriz, sendo toda de cerrado sensu lato
(Cerradão ‘de Cerrado’, Cerrado Típico, Campo Limpo ‘de Cerrado’ e Campo
Rupestre) (OLIVEIRA e col., 2007), com encraves de Mata Ripícola e Mata
Estacional Semidecidual, deveria estar inserida na Reserva da Biosfera do Cer-
rado (MAB 2001).

Este estudo teve como objetivo classificar, descrever e caracterizar as


fisionomias da vegetação do PN7C, com ênfase nas características de tipos de
solos e espécies mais abundantes.

68 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

2 MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
Localização e histórico. O Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C)
localiza-se no NE do estado do Piauí, na área marginal do Domínio dos Cer-
rados, abrangendo parte dos municípios de Brasileira e Piracuruca (04o02’
– 08’ S e 41o40’ – 45’ W, com altitudes variando de 100 a 290 m), distante
190 km de Teresina (figura
1). Possui como principais
vias de acesso a BR-222,
trecho Piripiri/Fortaleza, e
a BR-343, trecho Teresina/
Parnaíba. A área hoje ocu-
pada pelo PN7C foi descrita
pela primeira vez pelo Con-
selheiro Tristão de Alencar
Figura 1. Localização do Parque Nacional de Sete
Araripe, em 09 de dezem- Cidades (PN7C), Brasileira e Piracuruca, Piauí, NE
do Brasil e suas principais vias de acesso. (Fonte:
bro de 1886, por meio da DELLA FÁVERA 1999, modificado).
comunicação “Cidades
Petrificadas e Inscrições Lapidares do Brasil” junto ao Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (DELLA FÁVERA, 1999; SCHWENNHAGEN, 2001).
A oficialização da criação do PN7C foi feita através do Decreto Federal no.
50.744, de 08 de junho de 1961, com uma área de 62,21 km2, englobando o
maior monumento natural da área que é a Serra Negra, na qual em sua extre-
midade meridional ocorrem as cidades de pedra. O PN7C recebeu este nome
devido à presença de sete praças, isto é, de sete grupos de afloramentos arení-
ticos de formas irregulares observados na reserva (IBDF 1979).

Relevo e tipos de solos. O PN7C está inserido na bacia sedimentar do


Parnaíba, do Meio-Norte ou do Piauí-Maranhão, localizando-se a uma dis-

Volume 5 69
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

tância aproximada de 100 km da cuesta da Ibiapaba. Possui como substrato


geológico a formação Cabeças (Grupo Canindé), constituída de arenito grosso
creme e esbranquiçado, mal selecionado, com grãos subangulares e brilhantes,
passando a siltito cinza e arroxeado, argiloso, com intercalação de folhelho
cinza, físsil, contendo localmente rastros e tubos de vermes (FORTES, 1996;
SANTOS, 2001). As características litológicas, sedimentares e paleontológi-
cas da formação Cabeças pressupõem ambiente deposicional litorâneo. Qua-
tro feições geomorfológicas foram definidas para a área (SANTOS 2001): (1)
afloramentos rochosos podendo ser maciços (modelado ruiniforme alto) ou
esculpidos (modelado ruiniforme baixo ou lajeado), (2) pavimentos de blocos,
(3) formações arenosas e (4) couraça ferruginosa. As três últimas foram de-
nominadas de formações superficiais por aquela autora. Das feições ocorren-
tes no PN7C as mais importantes são os afloramentos rochosos ao norte e as
formações arenosas que dominam o restante do Parque. Os técnicos do IBDF
(1979) registraram a ocorrência de duas classes principais de solos na área:
as Areias Quartzosas e os Solos Hidromórficos, respectivamente Neossolos
Quartzarênicos e Planossolos, segundo o sistema brasileiro de classificação de
solos da EMBRAPA (1999).

Topografia e drenagem. O Parque possui relevo suave, como toda a


bacia sedimentar do Parnaíba, inserindo-se no compartimento regional do Pla-
nalto Oriental da Bacia Sedimentar do Parnaíba (LIMA 1987). A topografia do-
minante são as chapadas planas formando mesas e escarpas abruptas, sendo a
feição ruiniforme um agrupamento bastante expressivo no PN7C (AB’SÁBER,
1977; IBDF, 1979; LIMA, 1987; FORTES, 1996; SANTOS, 2001). As formas
do relevo apresentam altitudes que variam de 100 a 300 m, esta última corres-
pondendo às serras locais da Descoberta e Negra (SANTOS, 2001). O PN7C
possui inúmeras nascentes que formam os rios Piracuruca e Matos, integrantes
da sub-bacia do rio Longá com área de 2.843 km2 (RIVAS, 1996). O divisor
de águas da área é a falha do Morro do Cochicho, considerado a maior cota al-

70 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

timétrica (SANTOS 2001). A maior vazão dos rios e riachos ocorre de janeiro
a agosto, e no resto do ano, chega a secar total ou parcialmente (IBDF, 1979).
No período chuvoso, principalmente na porção oeste da área, são originados
riachos que formam grandes planícies inundáveis.

Vegetação e fauna. O mapeamento da vegetação foi realizado atra-


vés de imagem TM/Landsat, tendo sido encontrado um padrão em mosaico
dos cerrados marginais numa escala de paisagem (OLIVEIRA e col., 2007).
Mesquita e Castro (2007) realizaram estudo em cerrado sensu stricto (s.s.) no
PN7C. Mais recentemente foram realizados estudos de florística, diversidade e
estrutura em tipos fisionômicos do PN7C: em cerrado s.s. sobre afloramentos
rochosos (MOURA 2006) e sobre areia quartzosa (LINDOSO 2008); e em flo-
resta estacional (HAIDAR, 2008). Com relação à fauna, os estudos são ainda
bastante incipientes, mas já foram iniciados com os grupos das aves e prima-
tas, principalmente (DIGBY e col., 1996; SOCORRO-SILVA e col., 1999). Na
área são encontradas espécies de animais da região de cerrado, da caatinga e
da floresta latifoliada amazônica, uma fauna que parece ser mais rica que a de
cerrado apenas (IBDF, 1979). Digby e col. (1996) fizeram o primeiro registro
da população de sagüi [Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758)] em três áreas do
PN7C. Essa espécie é endêmica do NE do Brasil, com registros anteriores res-
tritos às florestas costeiras semidecíduas dos estados de Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte. No PN7C foram identificadas 209 espécies de aves (40
famílias e 151 gêneros), estando duas delas na lista de ameaçadas de extin-
ção: Penelope jacucaca (Spix, 1825), o jacu-verdadeiro, e o Procnias averano
(Hermann, 1783), o ferreiro (SOCORRO-SILVA e col., 1999).

Fogo. Estudos abordando este tema, até o momento, têm sido realizados
empiricamente. O fogo na área tem ocorrido acidentalmente, iniciado pelos
moradores de áreas limítrofes do Parque. Antes da implantação no PN7C do
Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFo-

Volume 5 71
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

go, Decreto nº 97.635 de 10/4/1989 do Governo Federal), segundo as infor-


mações locais, a cada cinco anos, em média, ocorria fogo na área e sempre na
estação seca, tendo sido feito o último registro no ano de 1996. Em decorrência
desse tempo relativamente longo sem queimar, o estrato herbáceo-subarbusti-
vo chega a alcançar 1,20 m de altura, às vezes mais, favorecendo sobremaneira
a propagação de incêndios (ARRUDA, 2001; COUTINHO, 2002). O efeito do
fogo nas diferentes comunidades vegetais permanece desconhecido na área.

Coleta e análise de dados


Balanço hídrico e classificação climática. Foi elaborado o balanço
hídrico normal segundo Thornthwaite & Matter (1955, 1957 apud NIMER
e BRANDÃO, 1985), baseado em dados de temperaturas estimadas por re-
gressão linear (LIMA e RIBEIRO, 1997; LIMA e ASSUNÇÃO, 2002) e de
precipitação com série superior a 30 anos coletados no Posto Meteorológico
de Brasileira (04o07’ 54’’ S e 41o46’52’’ W, 180 m), distante 20 km da área do
Parque. Os dados foram fornecidos pelo Departamento de Hidrometeorologia
da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Piauí (SU-
DENE, 1990). A estimativa do balanço hídrico foi feita através do software
BALANÇO HÍDRICO (VAREJÃO-SILVA e REIS, 1988).

Levantamento florístico. Durante dois anos foram realizadas coletas


mensais de material botânico incluindo ervas, subarbustos, arbustos, árvores
e lianas através de caminhadas assistemáticas na área (FONT-QUER, 1973;
MORI e col., 1989). Foram coletados de oito a dez exemplares de cada espé-
cime e processados através de técnicas usuais de herborização (MORI e col.,
1989). A identificação do material botânico foi por comparação com outros
já identificados e por especialistas. Foi montada e depositada uma coleção no
herbário TEPB/UFPI e enviadas duplicatas para os herbários UEC/UNICAMP
e HUEFS/UEFS (HOLMGREN e col., 1990). As espécies predominantes em
cada tipo vegetacional foram utilizadas na caracterização e classificação da
vegetação na área.

72 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

Classificação da vegetação e do solo. Os tipos vegetacionais foram


classificados com base na chave de Ribeiro & Walter (1998), nas propostas
da UNESCO (1973) e do IBGE (1992). Na caracterização das classes de solos
foram utilizadas análises físicas e químicas de alíquotas simples de trincheiras
abertas (1,0 x 2,0 x 1,6 m) nos tipos vegetacionais, num total de oito (CA-
MARGO e col., 1986; LEMOS e SANTOS, 1996). As análises basearam-se
nos métodos da EMBRAPA (1979), feitas no Laboratório de Análise de So-
los (LASO), Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), em Teresina. Neste estudo foi adotado o sistema de classificação de
solos da EMBRAPA (1999).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A precipitação média anual foi de 1.557,8 mm, com excedente hídrico


de 660 mm nos meses mais chuvosos (fevereiro, março e abril) e déficit de 706
mm (junho a dezembro), com o maior déficit em setembro (138 mm) como mos-
tra o diagrama climático da área (figura 2). De janeiro a maio, a evapotranspi-
ração potencial foi
igual à real, sendo a
evapotranspiração
potencial anual de
1.603 mm. Devido
à localização ge-
ográfica do PN7C
em baixas latitudes
e altitudes, pre-
Figura 2. Balanço hídrico anual segundo Thornthwaite e Ma-
dominam médias ther (1955, 1957 apud Nimer e Brandão, 1985) para o Par-
térmicas anuais su- que Nacional de Sete Cidades (PN7C), Brasileira, Piauí, NE
do Brasil. P = precipitação, EP = evapotranspiração potencial,
periores a 25oC. A ER = evapotranspiração real, EXC = excedente hídrico e DEF
= déficit hídrico.

Volume 5 73
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

temperatura média anual é de 26,5oC, com pouca variação das médias mensais,
ocorrendo as menores temperaturas em maio e junho (média de 25,6oC) e as
maiores (média de 28,1oC), em outubro (LIMA e ASSUNÇÃO, 2002). Os me-
ses de agosto, setembro e outubro registraram as menores precipitações que,
associadas às maiores temperaturas, correspondem ao trimestre mais crítico
para a ocorrência de fogo no Parque. O índice de umidade (Im) foi de 41,17%

Figura 3. Tipos fisionômicos encontrados no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Brasi-
leira e Piracuruca, Piauí, NE do Brasil (Ribeiro e Walter 1998). A) Campo limpo. B) Cerrado ru-
pestre. C) Cerrado típico. D) Mata de galeria inundável. E) Cerradão. F) Mata seca semidecídua.

74 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

e o de aridez (Ia) de 44,04%. O índice hídrico (Ih) foi positivo de 14,74%. O


clima é do tipo C2w2A’4a’ (subúmido úmido com grande deficiência de água,
quarto megatérmico e pequena amplitude térmica anual), segundo Thornthwai-
te & Mather (1955, 1957 apud NIMER e BRANDÃO, 1985).

No mapeamento da cobertura vegetal do PN7C (OLIVEIRA e col.,


2007) foram distinguidos seis tipos vegetacionais (RIBEIRO e WALTER,
1998): florestais (cerradão mesofítico, mata de galeria inundável e mata seca
semidecídua), savânicos (cerrado típico e cerrado rupestre) e campestre (cam-
po limpo). A figura 3 ilustra os tipos vegetacionais no PN7C.

Os tipos vegetacionais foram enquadrados nas propostas de classifica-


ção da vegetação em escalas internacional (UNESCO, 1973), nacional (IBGE
1992) e regional (RIBEIRO e WALTER, 1998), conforme a tabela 1. Nesta
última proposta, foi registrada a ocorrência de 22 fitofisionomias para os cerra-
dos do Brasil, podendo a maioria dos tipos estruturais encontrados ser incluído
no domínio dos cerrados. O cerrado típico é a fisionomia que ocupa a maior ex-
tensão (37,6% da área), seguido do cerradão mesofítico (24,3%) e campo lim-
po (14,3%), como mostra a tabela 2. As formações savânicas (cerrado típico e

Tabela 1. Classificação dos tipos vegetacionais estudados no Parque Nacional de Sete Cidades
(PN7C), Piauí, segundo as propostas da UNESCO (1973), IBGE (1992) e de Ribeiro e Walter (1998).

Volume 5 75
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

cerrado rupestre) totalizaram 48,1% da área, seguidas das florestais (cerradão


mesofítico, mata de galeria inundável e mata seca semidecídua) com 36% da
área da reserva. A seguir são descritos os principais tipos vegetacionais e flora
registrada no PN7C, associados às suas classes de solos e espécies vegetais
mais abundantes.
Tabela 2. Características ambientais, da vegetação e área ocupada (ha e %) dos tipos fisionômicos
estudados no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), NE do Brasil.

3.1 Campo limpo


Este tipo possui fisionomia predominantemente herbácea, com plantas
de aspecto robusto, em alguns locais chegando a atingir até 1,5 m de altura,
com abundantes populações de Gramineae, Leguminosae, Asteraceae e Ama-
ranthaceae. O campo limpo ocorreu associado aos Neossolos Quartzarêni-
cos, Neossolos Litólicos e Planossolos. Foi possível distinguir dois subtipos
de campo limpo na área: (a) Campo limpo seco em Neossolos Quartzarêni-
cos, com grande abundância de Andropogon fastigiatus Sw., Aristida longi-
folia Trin., Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, C. fagonoides (Vogel)
H.S.Irwin & Barneby e Elephantopus hirtiflorus DC. e (b) Campo limpo úmi-

76 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

do em Neossolos Litólicos e Planossolos, havendo flutuação do lençol freático


até à superfície ao longo do ano e também impedimento de infiltração da água,
ocorrendo como espécies mais abundantes Gomphrena agrestis Mart., Mimosa
sensitiva L., M. somnians Humb. & Bonpl. ex Willd. e Sacciolepis vilvoides
(Trin.) Chase. Em alguns locais, ocorreram indivíduos arbóreos isolados de
Byrsonima crassifolia (L.) Kunth (murici-da-praia), Hymenaea courbaril var.
longifolia (Benth.) Y.T.Lee & Andrade-Lima (jatobá-de-porco) e de Vatairea
macrocarpa (Benth.) Ducke (amargoso).

Nesta fisionomia foi registrada a ocorrência de 111 espécies, das quais


somente 20 dentre elas Centrosema pubescens Benth., Chamaecrista fagonoi-
des, Coutoubea spicata Aubl., Mimosa somnians, Piriqueta plicata Urb., Smi-
lax campestris Griseb. e S. cissoides Mart. ex Griseb. foram somente coletadas
no campo limpo, parecendo que estas populações possuem distribuição restrita
na área.

3.2 Cerrado típico


Esta fisionomia ocupou a maior área no Parque (tabela 2), caracteri-
zando-se pela presença de dois estratos, o herbáceo-subarbustivo e o arbusti-
vo-arbóreo, o último com alturas em torno de 5 m. Ramificação irregular e
tortuosidade dos ramos, ritidoma esfoliado corticoso rígido e casca suberosa
macia foram aspectos frequentes nas plantas do estrato arbustivo-arbóreo desta
fisionomia. Com muita abundância ocorreram Byrsonima correifolia A.Juss.
(murici-de-chapada), B. crassifolia (murici-da-praia), Curatella america-
na L. (sambaíba), Terminalia fagifolia Mart. & Zucc. ex Eichler (cascudo),
Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel (janaguba), Hymenaea courbaril var.
longifolia (jatobá-de-porco), Magonia pubescens A.St.-Hil. (tingui-de-bola),
Qualea grandiflora Mart. (pau-terra) e Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.)
K.Schum. subsp. formosa Gardner ex A.L. Prado (jenipapo). Os Latossolos e
Plintossolos foram as principais classes de solos associadas ao cerrado típico.

Volume 5 77
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

O maior número de espécies na reserva foi registrada nesta fisionomia


com 273, sendo que apenas 58 foram somente coletadas neste tipo fisionômi-
co. Este resultado reflete a maior área ocupada por esta fisionomia na reserva,
e deste modo, o maior número de espécies a ela associada. Com relação às es-
pécies Adenocalymma scabriusculum Mart., Amaioua guianensis Aubl., Andi-
ra paniculata Benth., Antonia ovata Pohl, Banisteriopsis pubipetala (A.Juss.)
Cuatrec., Campomanesia velutina (Cambess.) O.Berg, Deguelia nitidula
(Benth.) Az.-Tozzi, Desmodium glabrum (Mill.) DC., Erythroxylum subero-
sum A.St.-Hil., E. subracemosum Turcz., Hirtella racemosa Lam., Lafoensia
vandelliana Cham. & Schltdl. (= Lafoensia replicata Pohl), Luetzelburgia
auriculata (Allemão) Ducke, Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Engl., Senna
macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby var. micans (Nees) H.S.Irwin &
Barneby, Simaba cedron Planch. e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &
Hook.f. ex S.Moore somente coletadas no cerrado típico, em geral, essas po-
pulações estão associadas ao cerrado ou caatinga na região, ou ainda com dis-
tribuição desconhecida (ANDRADE-LIMA, 1981; LEWIS, 1987; FARIAS,
2000).

Com relação ao campo limpo e cerrado típico não houve discordância


entre as propostas de classificação da vegetação segundo a UNESCO (1973),
o IBGE (1992) ou Ribeiro e Walter (1998), sendo as descrições fisionômicas
bastante coincidentes.

3.3 Cerrado rupestre


Plantas pouco desenvolvidas de até 2 m de altura e diversas adaptações
à seca, ocorrendo em afloramentos rochosos (sedimentares ou ferruginosos)
caracterizam este tipo vegetacional, que apresentou uma flora peculiar. As es-
pécies Encholirium erectifolium L.B.Sm. (macambira), Pilosocereus flavipul-
vinatus (Buining & Brederoo) F.Ritter (facheiro), P. gounellei (F.A.C.Weber)
Byles & Rowley (xique-xique), Vellozia tubiflora (A.Rich.) Kunth (canela-de-

78 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

ema), Vernonia grisea Baker e Syngonanthus sp. foram as mais abundantes


nesta fisionomia. Às vezes ocorriam indivíduos marcadamente pouco desen-
volvidos, de aspecto raquítico, de Qualea parviflora Mart. (pau-terra) e Termi-
nalia fagifolia (cascudo), com alturas de 1,5 m, bem abaixo das normalmente
encontradas no PN7C para aquelas espécies. Nessas áreas, na estação chuvo-
sa, são formadas pequenas poças d’água, onde são encontradas as espécies
insetívoras Drosera montana A.St.-Hil. var. montana, Utricularia sandwithii
P.Taylor e U. subulata L. com bastante frequência, bem como espécimes de
Bacopa angulata (Benth.) Edwall, Bulbostylis conifera (Kunth) C.B.Clarke,
Xyris savanensis Miq. e Tocoyena hispidula Standl. (angelca-branca), esta úl-
tima um arbusto escandente sempre ocorrendo em grandes populações. Os Ne-
ossolos Litólicos estiveram associados ao cerrado típico.

Cerrado rupestre foi uma denominação dada inicialmente ao tipo fisio-


nômico de cerrado assentado sobre afloramentos na região de Salgadeira, Cha-
pada dos Guimarães, Mato Grosso (OLIVEIRA-FILHO e MARTINS, 1986).
Conforme mostra a tabela 1, o cerrado rupestre não pôde ser enquadrado na
proposta de classificação do IBGE (1992).

Neste tipo fisionômico foi registrada a presença de 71 espécies, sendo


que 29 (41% do total) foram apenas coletadas naquela fisionomia: Buchnera
sp., Cereus jamacaru DC., Ludwigia hyssopifolia (G.Don) Exell, Melocactus
sp., Ouratea parvifolia (A.St.-Hil.) Engl., Paepalanthus sp., Polygala variabi-
lis H.B.K., Pterolepis polygonoides (DC.) Triana, Schultesia doniana Progel,
S. guianensis (Aubl.) Malme, Tetraulacium veronicaeforme Turcz. e Vitex sp.

3.4 Cerradão mesofítico


Tipo florestal de maior ocorrência na área do Parque, quase sempre con-
tíguo à mata seca semidecídua (tabela 2). Semelhante ao cerrado típico, sua
fisionomia tem dois estratos, sendo o herbáceo-subarbustivo bastante escasso,

Volume 5 79
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

no qual predominou a gramínea Streptostachys asperifolia Desv., formando


tufos. Nessa fisionomia predominaram árvores altas e retas com alturas de 7
m e troncos de casca fina, lisa ou às vezes rugosa com presença de lenticelas,
ou ainda esfoliantes. As espécies mais abundantes nessa fisionomia foram As-
pidosperma discolor A.DC. (piquiá-de-gomo), Bowdichia virgilioides Kunth
(sucupira), Caryocar coriaceum Wittm. (piquí), Copaifera coriacea Mart. (po-
dói), Parkia platycephala Benth. (faveira-de-bolota), Plathymenia reticulata
Benth. (candeia), Salvertia convallariodora A.St.-Hil. (pororoca), Tabebuia
impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl., T. ochracea (Cham.) Standl. e T. ser-
ratifolia (Vahl) G.Nicholson (paus-d’arco). Como classes de solos associadas
ao cerradão foram registrados os Latossolos, principalmente, e os Neossolos
Litólicos.

No cerradão foram registradas 128 espécies, sendo que 13 destas foram


somente coletadas neste tipo. Arrabidaea cf. triplinervia (Mart. ex DC.) Baill.
ex Bureau, Clitoria simplicifolia (Kunth) Benth., Duguetia sp., Shubertia cf.
grandiflora Mart. e Vernonia remotiflora Rich. representam algumas daquelas
13 espécies.

3.5 Mata de galeria inundável


Este tipo vegetacional está constituído de estreitas faixas de matas que
ocorrem às margens dos rios e riachos na área, correspondendo ao tipo de me-
nor extensão dentre os florestais (tabela 2). Possui altura do dossel irregular,
variando de 8 a 12 m, grande abundância de palmeiras e lianas, e presença de
herbáceas no subosque. Na estação das chuvas o lençol freático sobe acima
da superfície do solo e, ao longo dos meses, vai abaixando e deixando uma
considerável camada de serapilheira em sua superfície. A serapilheira é de-
positada tanto por queda de folhas e ramos quanto por meio do escoamento
superficial a partir de tipos vegetacionais adjacentes. São espécies abundantes
Byrsonima sericea DC. (murici-de-porco), Clusia panapanari (Aubl.) Choisy

80 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Maria Edileide Alencar Oliveira • Antonio Alberto Jorge Farias Castro • Fernando Roberto Martins

(mirim-brabo), Humiria balsamifera (Aubl.) A.St.-Hil. (mirim-branco), Mau-


ritia martiana (Mart.) Bureau (buriti), Ocotea canaliculata (Rich.) Mez (mes-
cla), Platonia insignis Mart. (bacuri), Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo)
e Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. (bulandi). A liana Desmoncus sp.
ocorreu com grande frequência e exclusividade neste tipo. Os solos encontra-
dos apresentam impedimento de infiltração de água, como os Gleissolos.

Nesta fisionomia foram encontradas 49 espécies, o menor número para


a reserva, sendo que 15 destas somente foram coletadas aqui, tais como: Cli-
demia urceolata DC., Combretum laxum Jacq., Hirtella glandulosa Spreng.,
Mauritia martiana, Rollinia exsucca (DC. ex Dunal) A.DC., Rudgea crassilo-
ba (Benth.) B.L.Rob., Sagittaria guayanensis Kunth e Spathiphyllum gardneri
Schott. Esta fisionomia juntamente com a do cerrado rupestre, parecem consti-
tuir ambientes muito adversos para a maioria das espécies de plantas.

3.6 Mata seca semidecídua


A vegetação apresenta aspecto florestal e fechado, constituída de árvores
com alturas em torno de 9 m e abundância de arbustos no subosque. Caracterís-
ticas marcantes desta fisionomia foram a riqueza de lianas, tanto em abundân-
cia quanto em riqueza de espécies, a ausência de epífitos e de estrato herbáceo.
Na maioria das vezes, esta fisionomia é localmente circundada pelo cerradão.
Como espécies mais abundantes foram observadas Aspidosperma multiflorum
A.DC. e A. subincanum Mart. (piquiás), Campomanesia aromatica (Aubl.)
Griseb. (guabiraba-preta), Casearia lasiophylla Eichler e C. ulmifolia Vahl ex
Vent. (azulões), Copaifera coriacea (podói), Ephedranthus pisocarpus R.E.Fr.
(cunduru-amarelo), Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & Jobson. (=
Piptadenia moniliformis Benth.) (catanduva), Pterocarpus violaceus Vogel
(pau-de-sangue) e Combretum glaucocarpum Mart. (= Thiloa glaucocarpa
(Mart.) Eichler) (rama-branca). A mata seca semidecídua ocorreu associada a
Argissolos e Neossolos Litólicos.

Volume 5 81
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

No PN7C este foi o segundo tipo fisionômico mais rico tendo sido regis-
trada 149 espécies, das quais 30 foram apenas aqui coletadas. Acacia sp., Cala-
thea villosa Lindl., Chomelia ribesioides Benth. ex A.Gray, Dicella bracteosa
(A.Juss.) Griseb., Eugenia flavescens DC., E. punicifolia (Kunth) DC., Fors-
teronia pubescens A.DC., Guapira sp., Hymenaea sp., Jacaranda jasminoides
(Thunb.) Sandwith, Phytolaca sp., Strychnos araguaensis Krukoff & Barneby
e Vitex cymosa Bert. ex Spreng., dentre outras foram “exclusivas”.

Nos dois tipos florestais (mata de galeria inundável e mata seca semi-
decídua), a classificação foi muito semelhante entre as propostas, o mesmo
não ocorrendo para o cerradão, que ora foi classificado como um tipo florestal
(UNESCO, 1973; RIBEIRO e WALTER, 1998) ora como um tipo savânico
(IBGE 1992). Esta discussão já vem de há muito na literatura, liderada por
autores como Ferri (1977) e Fernandes (1998). Esses autores consideraram o
cerradão como uma vegetação florestal (floresta oreádica de Castro, 1994), que
se distingue de uma floresta driádica ou naiádica pela composição florística.
Por outro lado, Felfili e Silva Júnior (1993) consideram o cerradão como um
tipo vegetacional sem individualidade florística.

Os resultados deste trabalho parecem concordar com os autores que afir-


mam ser o cerradão um tipo florestal (EITEN, 1977; CASTRO, 1994; FER-
NANDES, 1998), mas com relação a florística, o cerradão apresentou espécies
exclusivas e compartilhou outras com a mata seca semidecídua (florestal) e
o cerrado típico (savânico), embora registrando um dos menores percentuais
(8,6%) de espécies exclusivas por fisionomia da área.

As propostas de classificação utilizadas para a vegetação do PN7C fo-


ram satisfatórias na maioria dos casos. No entanto, a falta de padronização
ou continuidade de uso de uma terminologia adequada para a vegetação dos
cerrados tem gerado enormes confusões quanto à possibilidade de conceitua-
ção, classificação e comparação da vegetação (COUTINHO, 1978). Ribeiro e

82 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


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Walter (1998) elaboraram uma proposta de classificação para os cerrados da


região nuclear, a qual pareceu também adequada para a classificação dos cer-
rados marginais (NE do Brasil). Nesta proposta é possível enquadrar a maioria
dos tipos fisionômicos de cerrados conhecidos.

O reconhecimento de tipos vegetacionais pela fisionomia associada as


diferentes classes de solos na área mostrou-se proveitoso. Também a carac-
terização das fisionomias por meio das espécies predominantes no PN7C de-
monstrou ser de grande valia, como já havia sido apontado por Oliveira-filho e
Martins (1986), no estudo da vegetação da região de Salgadeira, Chapada dos
Guimarães, Mato Grosso.

Como recomendação deste estudo é importante que seja feito o uso de


propostas de classificação da vegetação em escalas variadas (regional, nacio-
nal e internacional), possibilitando o reconhecimento dos tipos de vegetação
em paisagem ou em outros níveis de detalhamento. Tais situações fornecem
subsídios ao planejamento e gerenciamento dos recursos vegetacionais de uma
área.

Vale ressaltar que esta abordagem é de fundamental importância, frente


às crescentes pressões antrópicas sofridas pelos cerrados. A vegetação dos cer-
rados foi considerada como uma das 25 regiões mais ricas em espécies (hots-
pots) do mundo (MITTERMEIER e col., 1999; MYERS e col., 2000; SILVA
e BATES, 2002) e estando a destruição de habitats entre uma das principais
causas da perda de biodiversidade dos ecossistemas (EHRLICH, 1997).

Volume 5 83
Classificação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, Brasil

4 AGRADECIMENTOS

A todos os funcionários do IBAMA no Parque Nacional de Sete Cida-


des e Superintendência Estadual em Teresina; ao Sr. Aderson (in memorian) e
Sr. Romão, que atuaram como guias de campo; ao IFPI (ex-CEFET/PI), atra-
vés de sua ex-diretora geral Profa. Rita Martins de Cássia, pela concessão do
afastamento para fazer o curso de doutorado, ao gerente de ensino do campus
Floriano (ex-UNED/Floriano) Prof. Santílio Alves da Costa Filho (in memo-
rian), meu muito obrigado; a todos do BIOTEN/UFPI, em especial aos bol-
sistas Maura Rejane, Rigoberto Albino, Marcelo Mesquita e Ruth Raquel; ao
Prof. Francisco Cordeiro (Laboratório de Análise de Solos - LASO/UFPI) pela
classificação e análises físicas e químicas dos solos da área; a Francisco de As-
sis Soares Filho pelo auxílio no preparo do balanço hídrico da área. Este estudo
foi parcialmente financiado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza
(FBPN - processo n. 0325981) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-
tado de São Paulo (FAPESP - processo n. 02/02062-9). Os autores agradecem
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq -
processo n. 142014/2000-1) pela concessão de bolsa à primeira autora.

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