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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

Docente: Arthur Diego Araújo de D. A. Cavalcanti


Disciplina: Teoria e História do Direito

Discentes: Hertell Rocha Modesto de Oliveira

Resenha Crítica - Antígona de Sófocles

Édipo foi um rei que entrou em desgraça. Governava a cidade grega de Tebas, se
casou e teve quatro filhos: Etéocles, Polinice, Ismênia e Antígona. Édipo quando soube
que havia se casado com sua própria mãe, se matou. Desta forma, o trono da cidade
passaria sob o governo de Etéocles. Antígona é uma tragédia grega que põe em cena
uma situação que acontece logo depois a morte de Édipo, pois Etéocles e Polinice,
ambos morreram mantando-se um ao outro pela disputa do poder ao trono de Tebas.
Com a morte de Etéocles e Polinice, o tio Creonte passa a ser o governante
máximo da cidade de Tebas, ele então, assume o trono e decreta que o sobrinho mais
velho Etéocles seria enterrado com todas as honras militares de um herói, pois havia
morrido defendendo a cidade, enquanto o mais novo Polinice seria sepultado exposto
depois da fronteira da cidade. A legislação da época estabelecia que o traidor devesse
ser sepultado após a fronteira da cidade e não exposto como Creonte havia decidido,
sendo o corpo comido pelos cães e despedaçado pelas aves. O que vemos é um excesso
de autoridade do rei, por medo de perder o poder. Por fim, o rei lança posto o decreto de
que puniria com a morte quem o descumprisse.
Antígona tenta convencer a irmã Ismênia para sepultar seu irmão Polinice, mas
ela não aceita descumprir a ordem do rei. Antígona então segue sozinha e faz o enterro
do irmão. A notícia chegou ao Rei e o mesmo envia guardas para prenderem Antígona.
O embate entre Creonte representa o direito positivo através dos decretos,
enquanto que Antígona agiu em obediência ao direito natural, defendendo que todo
morto deveria ser sepultado segundo as leis divinas, não importando o que digam as leis
da cidade. Antígona se enche de coragem e expos ao rei os motivos pelos quais ela tinha
o direito de enterrar o irmão, e Creonte contestando de que ela não tinha o direito de
confrontar a autoridade dele que era Rei. Mesmo que Creonte tivesse poder para fazer a
sua vontade prevalecer, a atitude dele para com Antígona, e para com o corpo de
Polinice estava sendo autoritária e acima da lei.
Creonte estabelece uma sentença que é colocar Antígona dentro de uma caverna
para morrer. Ela é enterrada viva, ela sofre, ela está sozinha, mas não se arrepende de
seus atos.
Hémon filho de Creonte, noivo de Antígona, se apresenta diante do rei e pede
pelo direito de Antígona, dizendo ao rei que o povo está apoiando Antígona, e daí
vemos que a vontade do povo estava sendo ignorada. Hémon neste momento
representava a voz do povo, pois as pessoas não tinham coragem de enfrentar o Rei.
Assim como Hémon, o sacerdote Tirezes também se apresenta diante do rei,
afirmando que ele deixou um morto entre os vivos e um vivo entre os mortos e isso não
estava satisfazendo aos deuses, pois naquela época os deuses faziam parte da vida das
pessoas.
A prudência indicava a capacidade de discernir o justo diante do caso concreto.
E Creonte havia sido imprudente, pois não ouvia voz nenhuma, nem da razão, nem da
justiça, nem a voz do filho, nem a voz do povo, nem a voz dos deuses, nem a voz do
sacerdote. Por fim o sacerdote o convence a sepultar o corpo de Polinice, e após isso, foi
ao encontro de Antígona, mas chegando lá, ela já estava morta. Hémon estava lá
desesperado e se mata na frente do pai. Creonte ao contar a sua esposa, ela também se
mata.
Enquanto que alguns defendem Creonte como o correto, o herói da peça por
defender o progresso da cidade contra a estagnação da família, outros defendem
Antígona como uma heroína, que lutou sozinha contra a injustiça e contra o Estado
opressor, pois para ela a lei estava em desacordo com as crenças religiosas do povo.
Trazendo para o aspecto contemporâneo, há uma identificação no sentido de que
muitas vezes nós nos sentimos oprimidos pelo Estado, já que muitas coisas que
gostaríamos de fazer, nós não fazemos, porque existem leis que estabelecem ao
contrário. As normas jurídicas positivadas nos dizem os nossos direitos, deixando o
direito natural de existir como direito, uma vez que são postas pelo Estado e não
dependem de critérios externos a elas.
Ainda refletindo para a atualidade, essa obra, além de revelar que nem sempre os
interesses do Estado e dos indivíduos se coincidem, apesar de que a convergência entre
as leis e o Estado pode se encontrar a realização do justo, traz também vários embates
da mulher contra o homem quando se luta por direitos iguais, como na passagem em
que Antígona se esforçou para ser atendida pelo rei e nada adiantou, sendo que o
sacerdote convenceu o rei, por ser ele homem já que para a época a mulher não tinha
voz ativa. A discriminação contra a mulher é uma questão de gênero não respondida até
hoje. Ademais, outra discursão se faz presente que é a questão da intolerância religiosa.
A religião e o culto aos mortos, Creonte também os ignora quando não permite que
Polinice tenha um sepultamento digno.
Por fim, podemos refletir sobre várias questões a partir dessa obra, a qual nos
remete aos temas abordados nos tempos antigos, mas que podem ser analisados na
época presente, pelos conflitos que permeiam a sociedade.

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