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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

Docente: Adriana Lambert


Disciplina: Direito Civil – Parte Geral

Discente: Hertell Rocha Modesto de Oliveira


Matrícula: 201811210
Turma: 2MA-RF

Resenha Crítica – The Circle

A história sucede quando Mae é contratada para trabalhar na companhia


de mídia social maior e mais poderosa do mundo, que ela vê como uma
oportunidade única na vida. Enquanto vai subindo de oposto, é encorajada pelo
fundador da empresa Eamon Bailey, a entrar também numa experiência de
garota propaganda da empresa, sendo desafiada a violar as regras da
privacidade, ética e liberdade pessoal. Isso afetou a vida pessoal dela, o futuro
dos amigos, família e por que não da humanidade!
O fundador da empresa em sua fala menciona em determinado trecho
do filme, que seu projeto de câmeras é extremamente ambicioso ao ponto do
mesmo ter espalhado pela cidade, sem nenhuma permissão ou autorização,
inúmeras câmeras, muitas inclusive em locais públicos, com o objetivo de ver
tudo. A proposta da empresa é de que haveria uma integralização da
comunicação por parte das mídias sociais e tecnologia, “facilitando a vida das
pessoas”, sendo que a empresa Circle teria o controle e armazenamento de
todos os dados da população, ao troco da perda da privacidade? Privacidade
que é vista como algo negativo e até criminoso dentro da lógica do Circle,
trazendo também alguns dilemas morais propostos.

A Constituição Federal no art. 5.º, inciso X tratou de proteger a


privacidade assim assegurando: são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação. Percebe-se que a
consagração do direito à privacidade é tomada no sentido amplo que pode
abranger todas as manifestações da esfera íntima, privada e da
personalidade das pessoas.
O filme é bem atual, aja visto que a revolução nas tecnologias da
informação impactou em mudanças fundamentais na sociedade, no que se
refere à comunicação entre as pessoas um reflexo disto, o crescimento de sites
de relacionamentos, redes sociais e programas de mensagem instantânea.
Consequentemente a utilização destes recursos acarretou vários benefícios à
sociedade, porém também trouxeram alguns problemas tais como a exposição
da vida das pessoas que se utilizam de tais ferramentas. Com estas
ferramentas vários crimes atualmente são cometidos utilizando-se da
tecnologia de mídias sociais e internet (compartilhamentos).
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU,
em 1948, o art.12 tem a seguinte redação. “Ninguém será sujeito a
interferência na sua vida privada, na sua família, em seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano
tem o direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques”.
O filme traz além da invasão de privacidade de todos os funcionários da
empresa, quanto a vida pessoal, também traz o consentimento de coação,
onde os funcionários acabam sendo coagidos e aceitam toda aquela situação
de invasão de privacidade pela necessidade de status em trabalhar em uma
grande empresa, ter bons salários, plano de saúde extensivo também a família,
vários benefícios em troca da sua liberdade, inclusive a liberdade de ir e vir,
pois a grande maioria dos funcionários tinham que se sujeitar a não saírem da
empresa, de maneira que eles pudessem assim, ter o controle absoluto de
todos, sendo vigiados integralmente por um sistema, podendo acessar as
informações completas da vida profissional, social e familiar de seus
funcionários quando quisessem.
Em outro momento do filme, os pais de Mae foram expostos a situações
constrangedoras, em violação à honra, imagem e intimidade dos seus pais. No
Código Civil Brasileiro ficou estabelecido que a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, se macularem sua honra, boa
fama, respeitabilidade e vida privada, ou se ainda forem usados para fins
comerciais.
Na CF/88, Art 5º, encontra-se a seguinte proteção legal:

X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; (…)
O inciso X torna-se mais específico para a invasão de privacidade, pois
considera inviolável a própria intimidade, privacidade e imagem da pessoa. Tal
disposição da lei ainda traz como consequência à violação desses direitos o
pagamento de indenizações tanto aos prejuízos materiais quanto aos danos
morais.
Sendo assim, o consentimento é um elemento-chave quando se deseja
usar a imagem de terceiros, ou ceder para que seja feito uso da sua própria
imagem. O que não ocorreu na parte do filme em que o melhor amigo de Mae,
que já havia declarado publicamente, diante de outras pessoas que estavam ao
seu redor, que não queria nenhuma exposição de sua vida pessoal. Ele
inclusive se afastou de MAE, após ela ter compartilhado uma foto de objetos
que ele mesmo fabricava, e que inclusive lhe gerou um dano emocional e
psíquico, pois após essa divulgação de imagem, ele passou a sofrer de
inúmeros ataques ofensivos a sua honra e que comprometeram a sua imagem.
Ainda assim, AME mais uma vez, sem o consentimento do amigo, acabou lhe
expondo de tal forma, que o mesmo para tentar fugir da exposição, entrou em
um veículo, dirigindo em alta velocidade, que findou com sua morte trágica em
um acidente de trânsito. Um dano irreparável, pois a vida dele não haveria
como reaver. Por fim, ao término do filme é dito uma frase pela melhor amiga
de Mae, se referindo a empresa Circle, em que ela menciona o seguinte:
Pedem perdão, mas permissão não pede nunca!
As relações entre as pessoas se tornaram cada vez mais interativas
devido às plataformas sociais e, assim, é possível afirmar que nos tornamos
alvos fáceis para a ação de pessoas má intencionadas. A carência de leis
firmes em relação à privacidade online fez com que os indivíduos tivessem
que lidar com ataques cibernéticos e a exposição de suas intimidades de uma
maneira repentina e com total despreparo.
Cada vez mais estamos presenciando ações cíveis relacionadas com a
invasão de privacidade digital e muitos casos de indenizações por danos
morais oriundos da divulgação não autorizada do uso de imagem e invasão
de privacidade, tal como relatado no filme. O Brasil está só começando sua
caminhada na regulamentação da privacidade em tempos da internet. Porém,
ações importantes já podem ser iniciadas para compensar, garantir ou
preservar o efeito moral da exposição íntima dos usuários na rede.

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