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Era das redes, pois tal infraestrutura influencia nossa vida individual e coletivamente

(VAN DJYK, XXXX)

As redes poderiam proporcionar maior democracia, ao facultar a um maior número


de pessoas uma maior comunicação direta e uma maior participação em instituições
e em suas tomadas de decisão. A liberdade também seria aprimorada, sobretudo a
liberdade de consumo. Contudo, as mesmas conclusões a esse respeito são
infirmadas por outros especialistas
Da mesma forma, enquanto alguns podem apontar uma melhora qualitativa e
quantitativa nas formas de comunicação, tendo em vista que pessoas em longa
distância poderiam interagir com facilidade, outros apontam que a qualidade dessas
interações seria diminuída, ante a escolha do ambiente social em que se dará a
comunicação, prejudicando a diversidade das impressões que podem ser obtidas
em estruturas pré-programadas e com informações abundantes

O uso das redes sociais diz respeito a uma verdadeira revolução estrutural na
comunicação social, que acompanha uma revolução tecnológica, ou revolução
digital, na qual a mídia combina elementos online e offline para criar uma ponte
entre espaço e tempo

A codificação digital não consiste apenas em uma mudança técnica para as


interações, pois promoveu nelas uma alteração substancial. O primeiro efeito
substancial é a uniformização e padronização dos conteúdos. O segundo efeito é
um aumento na quantidade de itens de informação e comunicação, o que facilita a
sua produção, gravação e distribuição. O útlimo efeito é a quebra na ordem linear da
informação, que, através da mídia de hipertexto, pode ser processada na forma em
que o receptor deseja.
Assim, a nova mídia é definida por essas três características: a integração, a
interatividade e o uso de codificação digital (VAN DJIK, p. 18).

As capacidades de comunicação mediada por computadores em comparação com a


comunicação face a face segundo pesquisas sócio-psicológicas reunidas pelo autor:
a falta de presença social, os reduzidos sinais de contexto social; uma abordagem
sócio-cultural e sociológica de como os humanos utilizam intersubjetivamente as
novas mídias, o que as aproximaria da comunicação face a face. Já uma
abordagem integral, pode-se chegar ao conceito de capacidades de comunicação,
para identificar as potencialidades e limitações do uso da mídia. Apropria-se de uma
tabela comparativa entre a comunicação face a face, imprensa, transmissão,
telefone, redes de computador e multimídia:
speed, reach, storage capacity, accuracy, selectivity, interactivity, stimuli richness,
complexity and privacy protection
Segundo o autor, a comunicação através de redes computadorizadas seria
consideravelmente mais velocidade, alcance, capacidade de armazenamento e
precisão do que a comunicação face a face (p. 15), perdendo apenas em
interatividade, riqueza de estímulo, complexidade e proteção de privacidade.

É considerável a alteração proporcionada pelas mídias sociais à dinâmica das


relações intersubjetivas, na medida em que a própria subjetividade se viu
drasticamente afetada pelas possíveis vivências criadas através das revoluções
tecnológicas. Há autores que advogam a existência de um “corpo eletrônico”, ,
consistente no conjunto de dados que compõem a identidade virtual, paralela ao
corpo físico, na medida em que a própria autopercepção do indivíduo estaria
“Se olharmos para os processos em curso do ponto de vista das
tecnologias da informação e da comunicação, não descobriremos
apenas o nascimento de uma dimensão virtual ao lado daquela real,
ou formas de mistura que sugerem a expressão ‘mixed reality’. Muda
a própria percepção da pessoa e de seu corpo. Centenas de milhões
de homens e de mulheres têm seu ‘duplo’ eletrônico, que num
número crescente de casos condiciona sua existência muito mais do
que o corpo físico. Pessoa e corpo eletrônico já pertencem
naturalmente à dimensão global. As informações que nos dizem
respeito, e que representam nossa identidade para todos aqueles
que as usam eletronicamente, estão espalhadas num número
crescente de bancos de dados nos mais diversos lugares do mundo”
( RODOTÀ, 2003, p. 9-10)
Art. 2º do Marco Civil da Internet assenta como fundamento da disciplina do uso da
internet no Brasil a liberdade de expressão

Na Reclamação 18.638/ MC, o Ministro Luís Roberto Barroso entendeu que:


“Da posição de preferência da liberdade de expressão deve resultar
a absoluta excepcionalidade da proibição prévia de publicações,
reservando-se essa medida aos raros casos em que não seja
possível a composição posterior do dano que eventualmente seja
causado aos direitos da personalidade. A opção pela composição
posterior tem a inegável vantagem de não sacrificar totalmente
nenhum dos valores envolvidos, realizando a ideia de ponderação.
[...] A conclusão a que se chega, portanto, é a de que o interesse
público na divulgação de informações – reiterando-se a ressalva
sobre o conceito já pressupor a satisfação do requisito da verdade
subjetiva – é presumido. A superação dessa presunção, por algum
outro interesse, público ou privado, somente poderá ocorrer,
legitimamente, nas situaçõeslimite, excepcionalíssimas, de quase
ruptura do sistema. Como regra geral, não se admitirá a limitação de
liberdade de expressão e de informação, tendo-se em conta a já
mencionada posição preferencial (preferred position) de que essas
garantias gozam”

Privilégio da liberdade de expressão em face de demais direitos


Por mais que se seja simpático também a tal linha de entendimento,
a atribuição de uma função preferencial à liberdade de expressão
não parece, salvo melhor juízo, compatível com as peculiaridades do
direito constitucional positivo brasileiro, que, neste particular, diverge
em muito do norte-americano e mesmo do inglês. Aliás, o nosso
sistema, nesse domínio, está muito mais afinado com o da
Alemanha, onde a liberdade de expressão não assume uma prévia
posição preferencial na arquitetura dos direitos fundamentais.
Mesmo uma interpretação necessariamente amiga da liberdade de
expressão (indispensável num ambiente democrático) não poderia
descurar o fato de que a CF expressamente assegura a
inviolabilidade dos direitos à privacidade, intimidade, honra e
imagem (artigo 5º, inciso X), além de assegurar expressamente um
direito fundamental à indenização em caso de sua violação e
consagrar já no texto constitucional o direito de resposta
proporcional ao agravo. Importa sublinhar, ainda no contexto, que a
vedação de toda e qualquer censura por si só não tem o condão de
atribuir à liberdade de expressão a referida posição preferencial
(SARLET, 2015)

Velocidade dos danos morais nas redes sociais


A exigência de uma ação diligente por parte do provedor de
aplicações de internet justifica-se em razão da veiculação de
conteúdos na internet ocorrer de forma extremamente rápida e
alcançar os mais diversos meios de comunicação. (DE MORAES, p.
38)

A facilidade com que as pessoas têm acesso a conteúdos íntimos e


dados de terceiros vem provocando frequentes violações aos
direitos da personalidade. Nos últimos anos, lesões à privacidade, à
honra, ao nome e à imagem da pessoa humana vêm ocorrendo de
forma exponencial, tendo o ambiente virtual como o principal meio.
Verifica-se que as diversas oportunidades que as redes sociais
virtuais oferecem aos seus usuários, atreladas à extrema facilidade
para a criação de contas pessoais, grupos e postagens, acabam
contribuindo para a usurpação e a exposição injustificada de direitos
de terceiros. Perfis falsos, descrições difamatórias e a exibição não
consensual de imagens e informações íntimas são exemplos de
utilização desses canais de comunicação que geram graves danos à
pessoa humana (DE MORAES, p. 17 a 18).
Significado de HONRA
Adriano De Cupis (2008, p. 121), significa “tanto o valor moral íntimo do homem,
como a estima dos outros, ou a consideração social, o bom nome ou a boa fama,
como, enfim, o sentimento, ou consciência, da própria dignidade pessoal”

Para Schreiber (2013, p. 74), no caso de confusão entre direito à imagem e direito à
honra, É verdade que, na prática, a violação à honra vem, muitas vezes,
acompanhada do uso não autorizado da imagem, mas não há dúvida de que
consistem em direitos autônomos, aos quais o ordenamento jurídico assegura
proteção própria e independente. O uso não autorizado da imagem pode ser vedado
mesmo na ausência de qualquer afronta à honra ou à respeitabilidade. De outro
lado, a violação à honra pode surgir sem o uso da imagem ou mesmo do nome da
vítima, como na hipótese de lhe ser dirigido um xingamento durante uma discussão
em local público.

BODIN DE MORAES, Maria Cecília. Honra, liberdade de expressão e ponderação.


Civilistica.com, v. 2, n. 2, 2013. Disponível em:
https://civilistica.emnuvens.com.br/redc/article/view/89/59. Acesso em: 04 mar. 2021
CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. 2. ed. São Paulo: Quorum, 2008.

RODOTÀ, Stefano. PALESTRA PROFESSOR STEFANO RODOTÀ. Rio de

Janeiro – 11 de março de 2003. Tradução: Myriam de Filippis Rio de Janeiro, 20

de março de 2003. Disponível em:

<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/151613/DLFE-4314.pdf/GlobalizacaoeoD

ireito.pdf> Acesso em: 13


SARLET, Ingo. Liberdade de expressão e biografias não autorizadas — notas sobre
a ADI 4.815. Consultor Jurídico. 19 de junho de 2015. Disponível em: . Acesso em:
05 fev. 2017.
SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade. 2ª edição. São Paulo: Atlas,
2013.

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