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Curso: Direito Turno: Noturno Período: 9º

Disciplina: Direito Seguridade Social


Professor: Kenedy Quindere Aquino
Acadêmicas: Itassara Albuquerque da Silva
Atividade Nota 03: Análise do vídeo à luz do Direito Digital
Vídeo: Série Black Mirror. Episódio 2 Arkangel. Disponível na Netflix. O
episódio fala sobre o relacionamento abusivo de uma mãe ultra zelosa
(Rosemarie DeWitt) com sua filha. A tecnologia apresentada é uma espécie
de babá eletrônica do futuro, que funciona através de um chip implantado na
cabeça da sua filha (Sara), permitindo à progenitora ver tudo pelos olhos da
criança, a rastrear e inclusive bloquear o que julgar impróprio.

1) Apresente o contexto do vídeo (sinopse, descrição e perfil dos


personagens, situações ocorridas e temáticas principais abordadas) e
descreva a tecnologia apresentada abordando a crítica que o
vídeo/episódio apresenta.

O episódio “Arkangel” começa com uma mãe dando a luz a filha, e assim que a
bebê vem ao mundo, ela não dá, imediatamente, sinal de vida, que é o choro
seguido do nascimento, o que já aciona uma espécie de alerta sendo ligado na
cabeça da mãe, é como se um tipo de insegurança tivesse sido ativado no
princípio da relação entre as duas, então o episódio vem mostrando a evolução
de uma preocupação saudável, que é uma mãe que se preocupa com a vida da
filha recém nascida, para algo que fica fora de controle. Dando continuação, a
mãe leva filha ao parque e a perde, mas logo a encontra, entretanto a mãe
entra em desespero para manter a filha em segurança a qualquer custo, então
aceita que uma tecnologia seja aplicada na criança, que dá acesso a visão, o
que ouvir e o que ver e não ver, que pode ser controlado através de um tablet.

2) Discorra sobre os impactos sociais da tecnologia apresentada no


vídeo/episódio, abordando as mudanças sociais ocorridas e a questão
ética envolvida caso uma tecnologia como esta fosse real e implantada
efetivamente em nossa sociedade.
Quando criança, Sara assistiu vídeos que não eram conteúdos para
crianças, mas ela não tinha conhecimento ainda do que era totalmente certo e
errado, então essa atitude se caracteriza como amoral.
Quando Sara mente para a mãe, é uma atitude imoral, pois mentir foge
diretamente das regras às quais se compõem e constituem uma sociedade,
ferindo as leis impostas, ou naturalmente constituídas para viver corretamente
em uma sociedade. No momento em que Sara descobre que a mãe tomava
decisões e ações sobre a sua própria vida, que a vigiava e até mesmo o que
ela ingeria, ela se revolta contra a mãe, elas brigam e Sara a agride
fisicamente, isso se caracteriza como “imoral”, pois agressão é crime. Agressão
se explica, mas não justifica, quando a menina ficou com tanta raiva da mãe,
que não se controlou, e acabou violando os princípios éticos e morais, ela tem
total direito em sentir raiva, mas não em agredir alguém.

3) À luz do Direito Digital e do Ordenamento Jurídico elabore um


parecer jurídico-analítico acerca de todos os direitos relacionados com
a história do vídeo/episódio.
O Brasil só trouxe expressamente o direito à privacidade e à intimidade
para o seu ordenamento jurídico na Constituição Federal de 1988. Antes da
referida Carta Magna, existiam apenas dispositivos que tratavam de forma
indireta a matéria, como é o caso da proibição de violação de
correspondência, como os artigos 554, 573 e 577 do Código Civil de 1916,
que tratavam do direito de vizinhança e o artigo 671, parágrafo único, que
preservava o segredo da correspondência.
Além disso, os artigos 150, 151 e 153 do Código Penal também tutelam
o direito à intimidade no que diz respeito à proibição de violação de domicílio,
correspondência, e divulgação de segredo, respectivamente. Antes
da Constituição Federal de 1988, portanto, apenas algumas normas isoladas
tutelavam o direito à intimidade. A luz da Constituição de 1988, no seu
Artigo 5 º, inciso X, é expresso ambos os conceitos privacidade e intimidade;
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

Intimidade, derivada do latim, intimus, um superlativo de in, “em, dentro”.


Tem o sentido de interior, íntimo, do que está nas entranhas. Pode-se expor,
desta forma, que intimidade tem um sentido subjetivo, pois traz consigo a
ideia de confidencial.
Privacidade, é mais amplo que o de intimidade e acaba por significa aquilo
que nos pertence e que decidimos compartilhar ou não. Do latim, privatus,
significa privado, particular, próprio.
Observamos que apesar de estarem intimamente ligados, ambos são distintos
quando aplicado a vida em sociedade

Corrobora assim (ALONSO,2004. p. 457), para quem a “intimidade


refere-se ao âmbito interior da pessoa, aos seus pensamentos e desejos,
sendo assim inacessível a terceiros. Para ele, a pessoa baseia sua vida
relacionada à sua intimidade.”

Segundo (PLÁCIDO e SILVA apud VIEIRA, 2002, op. cit. p. 25).


A intimidade está ligada ao íntimo da pessoa, como o caráter, as
qualidades da pessoa. Está ligada ao que fica no interior da pessoa.
Enquanto isso, a privacidade surge como um direito mais visível,
sendo definido como o momento posterior a intimidade, tratando-se
de atos exteriores à pessoa e não mais interiores, conforme na
intimidade. A privacidade é classificada como sendo, em uma primeira
ideia, “tudo o que não pertença ao âmbito da intimidade, mas que, por
sua vez, não transparece à esfera pública.

Logo, nota-se que a constituição descreve ambos os direitos como


distintos, não podendo, assim, serem confundidos e sim compreendidos de
formas diferentes, todavia, que semelhantes e complementares muitas vezes.

Segundo o princípio da imunidade parental (parental immunity doctrine),


os filhos não podem acionar seus pais, nem os pais podem acionar seus filhos,
por responsabilidade civil, na vigência do poder familiar.
O princípio foi descoberto pela jurisprudência estadunidense em 1861 a
partir do caso HEWLETT v. GEORGE, onde a Corte assentou que enquanto os
pais detiverem os deveres de cuidado, assistência e controle e os filhos os
respectivos deveres contrapostos, nenhuma pretensão de reparação civil
poderia ser deduzida. Baseia-se na política pública de manutenção da paz e da
harmonia familiar, além de prevenir o comprometimento do exercício da
autoridade parental que poderia advir pelo receio dos pais de serem
processados pelos filhos.
A proteção das crianças contra eventual violência dos pais seria exercida
exclusivamente pelo Estado, por meio do Direito Penal. (Cf. HOLLISTER, Gail
D. “Parent-Child Immunity: A Doctrine in Search of Justification”. Fordham Law
Review. Volume 50 | Issue 4 Article 1. 1982).

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