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Curso de Direito.

4º período/Vespertino
Direito Civil: Contratos
Professora Rosemara

Janaina Fonteles de Brito1

EMENTA

O documentário Privacidade Hackeada da Netflix é baseado nos escândalos


envolvendo a rede social de Mark Zuckerberg, o Facebook, em março de 2018. O
acontecimento ganhou notoriedade devido a noticia que a Cambridge Analytica
coletou os dados de 87 milhões de usuários sem a devida permissão. O Festival de
Cinema de Sundance, trouxe à tona o documentário em primeira mão, ainda no inicio
de 2019, sendo divulgado também no início da campanha presidencial dos EUA de
2020. Trata-se de uma produção reflexiva sobre a maior plataforma de streaming do
mundo, isso por que tanto o Google quanto o Facebook se tornaram as empresas
mais poderosas do mundo ao terem superado o valor do petróleo. O documentário
discorre sobre o escândalo a partir da visão de vários personagens, como a ex-
diretora de desenvolvimentos de negócios da Cambridge Analytica, Brittany Kaiser
que já havia trabalhado na campanha presidencial de Barack Obama. Outro ponto de
vista avaliado foi o do professor associado da Parsons School of Design, de Nova
York, David Carroll. Além da participação da jornalista investigativa The Guardian,
Carole Cadwalladr. O trabalho dela envolve expor como foram as descobertas em
torno do escândalo.

Palavras-Chave: Privacidade, Documentário, Facebook.

1
Acadêmica do 4º Período do Curso de Bacharel em Direito da Faculdade de Balsas (UNIBALSAS).
RELATÓRIO

O documentário traz uma verdade sombria à tona: que ninguém usa esses
aplicativos gratuitos, totalmente de graça. Seus usuários tornam-se produtos dos
mesmos. A partir da aceitação dos termos de uso, o usuário permite que a rede social
tenha acesso a mais do que dados superficiais como nome, telefone, endereço e etc.
Ela é capaz de vasculhar fundo e ter acesso a informações sobre o que a pessoa
assiste, curte, postagens públicas e até mesmo, o mais assombroso de tudo, as
mensagens particulares, traçando assim o perfil do usuário. A Cambridge Analytica,
é foco desse documentário, justamente porque, a partir da aceitação desses termos
permite também os dados pessoais sejam vendidos para anunciante ou até mesmo
para empresas que fazem coleta de dados através de plataformas para diversos fins e
afins. No ano de 2018, a empresa foi pivô de um escândalo de manipulação a partir
dos dados colhidos no Facebook, que beneficiaria Donald Trump na corrida eleitoral
da presidência dos Estados Unidos em 2016. O mais interessante que o ponto
principal do documentário não é as eleições presidenciais daquele ano, pois esse é o
ponto menos relevante, sendo apenas superficial, o ponto chave em questão é a
liberdade de escolha. Para atingir esse conceito principal o documentário faz uma
narrativa com alguns personagens que ocupam diferentes posições na trama para
mostrar claramente que os usuários são manipulados em suas escolhas, mesmo em
ações simples como fazer compras. Não foi apenas nas eleições americanas, mas
também em um país minúsculo, pouco conhecido para o resto do mundo, Trinidad e
Tobago, que a empresa manipulou “seu público alvo” a boicotar as eleições,
influenciando os jovens a participar de um tipo de resistência, com o resultado da
vitória da presidenciável que a Cambridge Analytica trabalhava. De fato, o ponto
central do documentário não é “país X ou Y” mas sim a própria liberdade de escolha
de cada individuo.
FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

O Brasil contém um dos maiores números de usuários de redes sociais e


internet do mundo. Interessante destacar o que a própria Constituição Federal
conceitua sobre esse assunto, chamado Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)
que regulariza direitos e deveres dos internautas durante a navegação. O objetivo
central dessa lei é proteger os dados pessoais e a privacidade dos usuários, como
destaca o artigo 3°, incisos II e III:

Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:

II - proteção da privacidade;

III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

Outra lei importante é a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei nº


13.709/2018) que “dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com
o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural”.
Um dos fundamentos transcritos nessa lei (art. 2º) se diz respeito à
privacidade e a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem. Ela
regulamenta que o direito à privacidade é abordado em diversos pontos da lei, que
exalta o princípio constitucional o que incluem as boas práticas e administração dos
controladores e operadores de dados pessoais.
É importante destacar também o direito à privacidade, previsto na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), de 1948. De acordo com seu artigo 12,
“Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu
lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser
humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O documentário da Netflix expôs mais que um jogo ou interferência politica


na internet provinda através de empresas que adquirem dados pessoais de usuários
das redes sociais, ele trouxe a tona que ninguém está realmente protegido e que os
direitos à privacidade constituinte não estão sendo respeitados. Quanto mais a
tecnologia avança mais o ser humano perde o direito de escolha, não por culpa da
tecnologia em si, mas devido aos jogos de poder e controle por trás dela. A internet é
o novo petróleo, capaz de causar guerras e destruição, mudar o destino de uma nação
e até mesmo o futuro da humanidade. O documentário “privacidade Hackeada” nos
lembrou de que o nosso futuro não está seguro, e não temos nenhum controle sobre
ele. Entretanto, devem-se haver mais leis que garantam a privacidade total dos dados
dos usuários, e mais que isso, que as leis já existentes e as por vir sejam realmente
seguidas, e não tratadas apenas como letras em um papel onde aquele que paga o
maior contrato tem o poder de reger sobre ele.

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