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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

MATEUS BELTRAME GASPARINI

RELATÓRIO (ANÁLISE CRÍTICA)

Nova Venécia - ES

2020
RELATÓRIO

No dia 29 de Outubro de 2020 foi ministrada uma palestra para os discentes


das turmas M10 e M13, do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Campus
Colatina, apresentada pela professora Danielle Cozer. Tendo como tema principal
o Direito Digital, o elóquio tinha como finalidade apresentar os principais conceitos
do tema abordado, bem como sua importância e seu histórico, utilizando casos
jurídicos conhecidos na mídia para exemplificar seus argumentos. Além de
apresentar a matéria de estudo, a professora também abriu espaço para
esclarecer dúvidas sobre o tema da palestra.

No trabalho que se segue será apresentada a importância do Direito Digital,


bem como alguns conceitos citados na palestra, finalizando com a apresentação
de um caso jurídico envolvendo Direito Digital, ocorrido no estado da Paraíba.

Em uma palestra ministrada pelo professor Stefano Rodotà, em 11 de


Março de 2003, no Rio de Janeiro, o jurista diz: “A Web não é mais o espaço da
infinita liberdade de um poder anárquico que ninguém pode domar. Tornou-se um
lugar de conflitos, onde a liberdade é apresentada como inimiga da segurança.”.
Uma fala expressada em 2003 nunca foi tão atual, de fato a internet não pode
mais ser negligenciada pelas autoridades governamentais, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua), 74,7% dos
brasileiros tem acesso à internet em casa. Com a popularização das redes sociais
a liberdade de expressão acaba sendo usada para mascarar ataques cibernéticos,
afetando a saúde dos brasileiros ao aumentar os índices de depressão e
ansiedade, doenças já consideradas o mal do século.

O Direito Digital é, resumidamente, o conjunto de normas, aplicações,


conhecimentos e regulação das relações jurídicas realizadas no meio digital,
necessário para regulamentar e vigiar a socialização e o comportamento dos
indivíduos nos ambientes virtuais. O principal foco dessa ramificação do direito
são os objetos tutelados, itens pertencentes a uma pessoa física ou jurídica, como
exemplo mídias (fotos, vídeos) ou dados (contas bancárias, senhas, CPF), que,
ao serem manipulados por outras pessoas, sem a autorização de seu detentor,
acabam se tornando alvos de uma transgressão, decorrendo em um crime. Na
palestra apresentada pela professora Danielle, foi utilizado o caso Carolina
Dieckmann, a apresentadora teve seu computador invadido e 36 fotos íntimas
vazadas. O ocorrido ficou extremamente famoso nas mídias brasileiras. Na época
não existia uma lei em que se pudesse enquadrar esse caso, tornando-o precursor
da lei Carolina Dieckmann, sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff, que
tipifica os crimes informáticos.

Proteger os dados de uma pessoa não é a única função do Direito Digital.


Como apresentado na palestra, todo cidadão brasileiro também têm seu Direito
de Imagem e Direito a Honra garantidos nos ambientes virtuais. Como exemplos
a professora Danielle passou dois casos, o de João Nunes Franco, que teve uma
foto sua divulgada como um meme na internet sem a sua permissão, o senhor
acabou processando o dono do site de humor “Te sento a vara” por uso indevido
de sua imagem, e o caso da atriz Patricia Pillar, que, após se posicionar em defesa
da ex-presidente Dilma Rousseff, sofreu ataques de ódio e teve informações
falsas sobre ela divulgadas na internet.

O Direito de Arrependimento também é defendido pelo Direito Digital. Muito


importante durante o isolamento social atual no Brasil, o Direito de
Arrependimento diz respeito às transações aquisitivas efetuadas no meio digital.
Ele garante que o comprador possa devolver o produto em até sete dias após o
recebimento, se este não for de seu agrado.

O último direito apresentado durante o elóquio é o Direito ao Esquecimento,


que permite ao indivíduo retirar seu nome de reportagens referentes a crimes em
que este foi suspeito, caso o processo tenha sido finalizado e ele tenha sido
absolvido. O caso da Chacina da Candelária foi utilizado como exemplo, nele, um
dos suspeitos, pediu seu Direito ao Esquecimento ao ver uma reportagem sobre
o acontecido que foi transmitida na Rede Globo, anos após sua absolvição.

Em 18 de Julho de 2017, na Paraíba, a Câmara Criminal do Tribunal de


Justiça da Paraíba (TJPB) manteve a condenação de Roberto Carlos Maciel,
acusado de manter relações sexuais com uma adolescente de 15 anos e divulgar
na internet fotos e vídeos desses atos. Essa infração pode ser considerada um
crime digital pois, segundo o art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei n.8.069, de 13 de julho de 1990), é crime:

Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar


por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente [...].
(BRASIL, 1990)

Esse artigo foi implementado no dia 25 de Novembro de 2008, portanto o


caso apresentado pode ser enquadrado como crime. A infração desse crime pode
acarretar em pena de reclusão de 3 (três) a 6 (seis) anos e multa.

REFERÊNCIAS

Myriam de Filippis, ‘Palestra Professor Stefano Rodotà’, pg. 10, 5º parágrafo, 20


de Março de 2003, acessado em 19/11/2020, disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/151613/DLFE-
4314.pdf/GlobalizacaoeoDireito.pdf>

Equipe SAJ ADV, SAJ ADV, ‘Direito Digital: tudo o que os advogados precisam
saber’, 06 de Maio de 2018, acessado em 19/11/2020, disponível em:
<https://blog.sajadv.com.br/tudo-sobre-direito-
digital/#:~:text=Embora%20o%20Direito%20Digital%20j%C3%A1,do%20Consu
midor%2C%20Tribut%C3%A1rio%20e%20Penal.>

Jornal da Paraíba, ‘TJBP mantém condenação de acusado de pedofilia e


divulgação de pornografia infantil’, 19 de Julho de 2017, acessado em 19/11/2020,
disponível em: <https://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/tjpb-mantem-
condenacao-de-acusado-de-pedofilia-e-divulgacao-de-pornografia-infantil.html>

Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes, Jusbrasil, ‘Entrou em vigor hoje a Lei 11.892
que tipificou o crime de pedofilia pela internet’, acessado em 20/11/2020,
disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/255857/entrou-em-vigor-hoje-
a-lei-11892-que-tipificou-o-crime-de-pedofilia-pela-internet>

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança


e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990, acessado em 20/11/2020,
disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266>

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