Você está na página 1de 5

UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE

DIREITO 2º PERÍODO
CLEBER JÚNIOR DA SILVA
DAIANE VALÉRIA RAMOS
JALENE BARBOZA
JOVANA GABRIELI DAMÁSIO DE OLIVEIRA
NATAN MARQUES WESTPHAL
TAINY FERRARESSO COCCI NUNES

DIREITO A PALAVRA (VOZ) E IMAGEM

CIANORTE
2022
DIREITO A PALAVRA (VOZ) E A IMAGEM

O direito à palavra (voz) e a imagem está consagrado na Constituição Federal


de 1988 como garantias fundamentais e um direito a personalidade, protegendo e
assegurando sua inviolabilidade. Destarte se verifica na Constituição Federal de
1988 em seu artigo 5°, ressaltando o inciso X e XXVIII, alínea “a”, são evidenciados
os direitos de faceta personalíssima. Os direitos de personalidade correspondem a
direitos originários, imprescindíveis, essenciais, intransmissíveis, irrenunciáveis e
vitalícios à dignidade e integridade da pessoa humana, inerentes a cada indivíduo,
abrangendo pessoa física e jurídica, ademais, em violação o direito passa a gerar o
dever de reparação.
O Código Civil em seu artigo 20 prevê a imagem como propriedade exclusiva
e pertencente a cada indivíduo “a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,
ou a publicação, a exposição ou a utilização ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento” e o uso sem a permissão de seu
proprietário, ademais ao atingir a honra, o respeito, inclusive de cunho comercial,
faculta-se indenização equivalente ao dano causado “sem prejuízo da indenização
que couber”. Alinha-se a essa garantia a Súmula 403 do Supremo Tribunal de
Justiça, ao sustentar que “Independente de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais”.
Desse modo o uso de imagem se projeta no âmbito moral em relação ao
direito personalíssimo como também patrimonial, em que não é permitido se
favorecer ou enriquecer à custa de outro, portanto, a fim de garantir a privacidade,
bem como o direito individual de oposição, independente de comprovação de a
exposição ter ou não ocasionado prejuízo ou danos econômicos, concede-se o
direito à indenização. A imagem inclusive deve ser considerada sob os aspectos
fisionômicos, incluindo os sonoros.
Gonçalves (2013) salienta assegurado constitucionalmente à parte que sofreu
danos a sua imagem, o direito de reparação patrimonial por meio de indenização do
dano material ocasionado, como também a compensação pelo dano moral em face
as perdas do bem jurídico tutelado.
Todavia, referenciando às situações em que a exposição pela imagem haver
caráter informativo, tratando dos interesses coletivos ou de ampla repercussão
social, não há que se falar em violação do direito personalíssimo e, dessa forma,
pleitear o direito de imagem, resguardado o princípio da proporcionalidade do
interesse coletivo sob o individual.
Em casos de divulgação de fotos, vídeos, cenas de sexo, pornografia e
nudez, considera-se crimes e tipificados no Código Penal, artigo 218-C (Código
Penal - Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940).

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou


expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer
meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou
sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou
outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de
estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018).
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
Aumento de pena
§ 1º  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha
mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de
vingança ou humilhação.

Ainda, sob a égide do artigo 20 do Código Civil temos a proteção do direito ao


uso da imagem “se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública” às situações em que se faz necessário à intervenção judicial como
meio de impedimento de veiculação ou exibição de imagem.
Segundo a conceituação dos professores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo
Pamplona na obra Manual de Direito Civil:

“Direito de Imagem: em definição simples, constitui a


expressão exterior sensível da individualidade humana, digna
de proteção jurídica. Para efeitos didáticos, dois tipos de
imagem podem ser concebidos, como imagem-retrato (que é
literalmente o aspecto físico da pessoa) e imagem-atributo (que
corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou
seja, à forma como ele é visto socialmente)” (GAGLIANO;
PAMPLONA, 2017 apud BELTRAME, 2021).
Para melhor compreensão trazemos à baila o caso que envolve a emissora
de televisão Record e o youtuber Maicon Küster de Balneário Camboriú no estado
de Santa Catarina. Em agosto de 2020 foi apresentado uma reportagem sobre casos
de pedofilia no programa televisivo ‘Domingo Espetacular’ da emissora Record,
exibindo o suposto acusado de estupro, no estado do Maranhão. O suspeito utilizava
dois perfis fakes numa rede social para ludibriar as vítimas e lograr êxito com os
crimes. Em um desses perfis estava à foto de Maicon Küster e ao ser exibida a
reportagem não teve a imagem desfocada, identificando erroneamente o youtuber e
expondo-o como sendo o suposto criminoso. De forma rápida, os fãs reconheceram
Maicon Küster, intérprete de Lorenzo, o Favela de Condomínio, mesmo
caracterizado com uma peruca loira.
O caso ganhou repercussão nas mídias com hashtags, matérias jornalísticas
e sociais, discutindo sobre a irresponsabilidade da referida emissora, inclusive sobre
os impactos nesses tipos de erros nos meios de comunicação. O autor, Küster,
também se pronunciou em sua rede social, questionando a alegação da emissora
com relação à foto do perfil, sendo do suposto acusado, ao se tratar de uma foto
pessoal, sobretudo, os riscos contra sua vida a partir de ações de clamor social,
reforçando sua indignação e a necessidade de reparação, inclusive pública.
A Justiça do estado de São Paulo condenou a emissora Record a reparar o
erro em 50 mil reais ao youtuber, como indenização por danos materiais e morais. O
juiz que condenou o caso entendeu que a emissora, expondo indevidamente a foto
na íntegra, associou o autor aos casos de pedofilia. Em contrapartida, a emissora de
televisão, alega não ter citado o nome de Küster e que a foto não o identifica
claramente, considerando os poucos segundos de exibição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A imagem compreende os aspectos físicos e característicos de modo


particular, singular, distinguindo os indivíduos entre si, sobretudo de forma
intransferível, vitalícia e inerente ao ser humano, portanto, direito fundamental à
dignidade e integridade de cada pessoa. Destarte, a imagem, inclusive a voz, deve
ser a forma de o indivíduo manifestar-se socialmente por um direito personalíssimo,
protegido pelo Estado a partir das garantias constitucionais.
O direito de imagem sendo intransferível e irrenunciável faz-se necessário
analisar as condutas e procedimentos, a fim de evitar que seja ferida a honra, a boa
fama e a respeitabilidade, resguardando o bem jurídico tutelado, posto isto, evitando
que a violação do direito repercuta em reparação patrimonial e moral no âmbito
judicial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). In: Vade Mecum Acadêmico de Direito Rideel / Anne
Joyce Angher, organização. – 34. Ed. – São Paulo : Rideel, 2022.

BRASIL. Código Civil (2002). In: Vade Mecum Acadêmico de Direito Rideel / Anne
Joyce Angher, organização. – 34. Ed. – São Paulo : Rideel, 2022.

BRASIL. Código Penal (1940). In: Vade Mecum Acadêmico de Direito Rideel /
Anne Joyce Angher, organização. – 34. Ed. – São Paulo : Rideel, 2022.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo. Manual de Direito Civil. Vol.


Único. 2ª ed., rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017 apud BELTRAME, 2021.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume I: parte geral /


Carlos Roberto Gonçalves. 11. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013.

Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/rogerio-gentile/2021/08/09/record-


e-condenada-a-pagar-r-50-mil-por-associar-youtuber-a-pedofilia.htm , acesso em 19
de agosto de 2022.

Disponível em: https://istoe.com.br/record-e-acusada-de-fake-news-apos-usar-foto-


de-youtuber-em-reportagem-sobre-estupro/, acesso em 19 de agosto de 2022.

Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/direito-de-imagem/ , acesso em 19 de


agosto de 2022.

Você também pode gostar