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Parte 11 Para uma Definicdo da Teatralidade 1. A Teatralidade da linguagem teatral Colocar-se hoje questio da teatralidadteétentardefinieo que distingue o teatro dos outros generos e, mals ainda, @ que @ diferencia das outras artes do espeticulo particularmente da ‘danga, da performance’ e das artes multimidia € esforgar se poratualizara natureza profurida do teat, para ale a Uplicidade de priticasindividuais, eoris de atuagao,esteticas, Etentar encontrar parametros comuans a toda desde sua arigem £9 pejots parece amblohose teaaieny tee lerelista,Portanto,trataremos aqui de ensaiar referencias, ena belecerbalizas para uma reflexao que demanda continudade, ‘lampns spuds ps pes ear ona ce Roscee Soli Pefomaa tine ‘en ia ti rect Ne ‘ron Diria que 0 séeulo xx colocou em xeque as certezas do teatro e das outras artes, se € que se pose falar assim, O que ainda cra importante para as esttcas teats defnidaseessen ialmente normativas do final do aéculo xix, fol questions rho século xx, ao mesmo tempo que a eens distanciousse do texto edo lugar que cle deveria ocupar na realieagaoteatra ‘Desse modo, com o texto solrendo ataques ene podende mals garantira tearalidade da cena, era normal que os homeng de teatro comecassem a se interrogar sobre a especiicidadede a partir dai, fazer parte de outras pritcas comoa dana « performance, opera ‘A emergéncia da teatralidade em outros espagos que indo 6 teatro parece ter por coroliiio a dssolueao dos limites entre os génerose das distingbes formats entre as prticas: da dlanga-teatro as arts multimidia, pasando pelos happenings, {perlormance, as novas teenologias,€ cada ver mas diel Aeterminar as especifcidades. A medida que o espetacular 9 teatral passaram a fazer parte de novas formas, teatro repen. tinamente descentrado, fo obvigad wae relefinit A parti da, Perdu sas certezas, ‘Como, entio, definira eatralidade hoje? & preciso falar de tcatralidade, no singular. om de teatralidades, no plural? A tea talidade é uma propriedade que pertence, rm sentido proprio nico, a0 teatro, ou pode investi, paraelamente, ocotdiano? E uma qualidade (no sentido kantiano do termo)pré-existente ao objetoem queseaplica,s condigag deemergenciado tata? Ow seria antes a consequéncia de um determinado processo dle teatralizagdo dirigido ao real ou ao sujeito? Essts sho as ‘QuestOes que pretendemos propor saul. Neer sateen ee RETOMADA HISTORICA _Anogte de teatralidade parece ter aargeo na hist 30 mesmo {tempo que a novio de literaridade ainda que tena experi mmentado uma difusto menos ripida,jé que a maior parte dos textos que abordam o tema, eque pudemos inventariar, datam dos anos de 1980". Portanto, ¢ preciso dizer antes de tudo, que ‘anopdo de teatralidade enquanto conceito é uma preocupagse fecente, que acompanha o fendmeno de teorizagao do teat hho sentido modern do terme, Entretant, pote-se objec que 1A Postica de Aris6teles, O Paradoxo Sobre o Comediante, de Diderot, os preficios de Racine c Victor Hugo, para citar alguns ‘eemplos, coattituem, cftivemente, um trabalho de taorise {ao do teatro. F claro qu sim. Mas sabemos que a teorizag30 4o teatro no sentido atual, ou sea, enquanto relexao sobre a ‘specifcidade dos géneros ea definicio de conceitos, comme ‘emiotizacae’ 4 “ostenga0! 0 “enguadramento' a liming Fidade” € muito mais recente. £ 9 signo de uma épaca cijo fascinio pela teoria Roland Barthes expos. ‘Se nocao de teatralidade difunndit-se ativamenteha cerca Ae alguns anos, essa difusso recente parece ter exquecklo a is teria maislonginqua deconcelto, i ques nogio de teatralidade pode ser encontrada nos primeltos textos de Nicola Evrsinow {Gg22). Nessesescritos, ele fala de leutralnost ensise na impor Lancia do sufixo nost,afiemande que é saa maior descobert" Pouco definida lexicalmente. etimologicamente noweo clara, ateatralidade parece resulta desse “conceit tito” que 4 Nene ics Mapa Goma tei tpn ‘eft e rae ome Aron Lita “Michael Polanyi menciona’e define como uma “ideia concreta diretamente manipulivel, mas que s6 pode ser descrita indie tamente’, associando-se, de modo privllegiado, a0 teatro. A TEATRALIDADE COMO PROPRIEDADE A partir da investigagio das condigoes de manifestagio da ‘ teatralidade nao pertence, em sentide exchusivo, so teatro “Alguns exemplos s30 eapazes de orientar nossa reflexio, Supe ‘nhamos os sequintes eenarios: 1 Cenério: Voces entram em um teatro onde uma determinada Aisposigao cenogrifica est evidentemente,& espera do inicio Podesse dizer que ai existe tentralidade? Responder de modo afirmativo ¢ reconhecer que a dispo- sido "teatral” do lugar cénico traz em si certs teatraidade. O espectaddor sabe o que esperar do lugar ela cenogeai teat Quanto ao espago, surge como portador de testrlidade porgue ‘© sujeito percehe nelerelagbes, uma encenaao do especular Essa importancia do espace parece fundamental soda teatral dade, jd que a passagem do iterdro ao teatrl sempre se funda, prioritaciamente, sobre um trabalho espaci 2 Cendrio: Vocésestdo em um metrd ¢ assstem a uma discus so entre dois passageiros. Um deles fama e 0 outro the pede, ‘com veeméneia, que ndo fume, pois ¢ proibide, O primelro mie Seelceammamina emg attest tune second (oso) Apa wi de tela sin sbedtece:insultos, ameagas, © tom sabe. Os outros espectadores “observa atentamente, alguns fazer comentrios, omar partida (Ovagio para dante de uma imponcnte propaga puller A sgredida (éuma mulher) dese, izenda cam que-osespectadores presents notem a desproporgio ene proiigio defumar-eacrta ‘em letras muito pequenas sobre as lateras dn mete eo ctf ‘fumar que ocupa toa spared da pataorma, Hi eatralidade nesse incidente? A tendéncia seria respon der pela negativa:nio houve nem encenagio, nem fieedo, nem apeto ao oihar do outro por parte dos protagonistas spenas pessoas envolvidas numa esearamuga. Ora, 0 espectador que tivesse descido na mesinaestagio tera descoberto que as pes soas cram atorescfaian teatro invisvel, segundo prinelpios definidos por Augusto Boal” Portanto, haviateatralidade no expeticulo a que 0 espectador assist involuntariamente? A © que concluir dessa mudanga de opiniio? Que a teatra lidade, nesse caso, parece ter surgido do conheclmento do ‘expectador, desde que fol informado da intone de teatro cm sus direcio. Esse saber modificou seu olhar forgouo™a ver ‘© espetacular onde até entao sé havia o especulat ou soja 0 evento”. Ele transformou em ficgo 0 que pensave surgir do otian semiotizoo espago, deslocou os signos¢ porte eos fem seguida de modo diferente, farendo emergir o simulacro ‘nos corpos dos performers ea ilusio onde, supostemente, ela ‘aso, teatralidade surge a parti do performer de sua intengto ‘expressa de teatro. Mas é uma intengio que o espectador deve conhecer, necessariamente, sem o que nie consegue natsla, © ‘ teatralidade Ihe escapa, 3° Cenirio: Enfim,oikimo exemplo. Sentacla no terrago de um ‘café, oho 0s homens paseancla ma rus. Eles nao tem intent objeton, ou sehsatransformé-los em signos que ina nao sie sigatficantes ‘mas podem vir a ser. Dois incidentes permiter identiicar & proceso desencadeado no espectadr: 1 Apés meia hora de espera, quando salemos que o espe ‘culo ainda no comegou, no hs nenhum ator em cena, nnenhuma fegSo aconteceu, uma Furnasa comesa a subir de luma pequens ilhasituada A esquerda da cena, hd cerca de dois metros. Nada indica que iha faga parte do eopago ‘énico e nem sabemos sea fumaga que sobe eacidental ou [01 projetada, voluntariamente, pelo encenador, 2 Quase sinultaneamente, im barco surge ao tonge, do outro Jado do lag. Nao conseguimos distinguir quem esta bord, mas podemos ver que cresce lentamente’, Ele se diige a0 © espectador nao sabe se 0s dois eventos esti ligados & representago, mas éevidente que seu olhar omega. semiotzar © espago © os cventos a vé-lon defor dlfrente, Porto, el 9s transformou em signos ag inser-los en uma fcgdo poten «ial, que no sabe como vai se desenrolaz mas que supde que va scontecer Dito de outra forma. e process dle teatralizagao extra 6s objetos ou eventos de seu contexto cotidiano para inser lox (hipoteticamenta) em outra estruturs, de onde poderiam surgin E preciso reconhecer que se instalow cert teatralitade: No ‘entanto, ainda nao ha ator, nem agio, new fics, De fat tcatralidade apareceu de forma latente quando 0 espectador soube que haveria teatro. A teatralidade nasceu, portanto, da expectativa de expectador, confirmada por certos indicies ~ ‘ena, refletores,publice,anincio ess expectativa modificou seu olhar, seu modo de ver as coisas, e estimulou sua atengio etal forma que ele comecoua ensergar ov eventos sos ojos rcundantes de modo diferente, Seanalisarmos a cena de outra forma, ¢ preciso reconhecer ue; mo caso de que nos ocupamos.o trabalho do espectador bscia-se no rastreamento deuma mimese, O que oespectador fersefetvamente, quando identificou o barco no ago ea fumaga tra teatral que supuna estar na origem dos eventos que xe produziam. Assim fazendo, percebew a semelhance” do barca da famaca com eventos ilénticos que poderiam acontecer fa realidade ‘Aquilo que seu olhar Mlentticou como teatralidale & de fato,0 processo de imitagto por tris do evento ou do objeto He percebeu o aspecto representa. Portanto lew os dois inciden ‘ignos com fnalidade ficcional. De fato, estamos no dorinie dems dupla mimese: uma mimese pasiva fundada no reco, nihectmento ¢ uma minese ava andada na tansformacain no jogo, Ora, o publico vai descobrir, medida que. temp pass, {que a famasa era acidental eno tinha nenhuma relagao com 8 espeticulo, enquanto a aproximagio do barco vat revelar ot stores a bora. O que aprendemos com esse exempio® Sobre tudo, 0 papel fundamental que o expectador representa, Sio necessrias duas condigoes para identifica essa teatralidade: + saber que o teatro vatacontecer, que hi intengio de teatro; + intencionalidade confirmada por indicios,sgnos(releto. +s, paleas,antincos) cuja presenca permite semiotizar os ‘obfetos eo: eventos creundantes, que poderiam no parti, nnecessarlamente, da produsao teatral (bac, fumace), ‘As mesmas condigdes prevalecem quando hi oreconhei mente de uma agao mimétien, Na identificagao da teatralidd, foi a expectativa de teatro que modificou oolhar do espectador semiotizou aquilo que o cercava, Esse estado levou-o a ver teatralidade mesmo onde nit Invi Entretanto, mesmo se admitirmos que nao chegamos & aio teatral propriamente dita (a pega nae comegou), atest lidadejéestd all Ela precedeu o esprticuta propeiamente dite: Manifestou-se como uma possbilidade de teatro. Em todos os aspecios, esse exemplo &contrario aquele do passageiro fumando no vagao do metrO, que apresentamos Anteriormente. Com feito, aesse caso 0 olhar seiiotizou 08 signos imediatamente ¢ leu a mimese onde ela ni estava (3 fumaga). Ao contririo,o passagelso ~expectador involuntario «da cena no metrd — nto pode fazer isso no momento do evento, Fol apenas 4 posterior, com distancia temporal em relaglo 8 cio, ques identificacio da mimese pode ser feitaeo expecta oreeconhecer a imitagio em agto. Assim. a partir do momento fmaue oespectador soube que se tratava de teatro, a Leitura da {eatrlidade foi sucedida, imediatamente pela identificagao da tnimese. Sem tal conhecimento, nao haveria qualquer Ser tizasao de signos de sua parte e nenhum reconhecimento de oda teatralidade riormente reap = como a mimese, a teatraldade tem pouca relagio com a natureza do objeto ou de evento que taveste ator. e5Pag0) ‘© que importa nto é0 resultade do procesto —o engan, tus, a aparencia, a imitagao (teatraidade nao se mede em {tansformagao que permite entiicar st & valido também paraa mimese, Eo processo mimética que importa, «Somos mimese, a teatralidade tem relagdo fundamental ‘com othar do espectador. Ease olhartlentfcs, eeconhece, ‘ria © expago potencial em que a teatralidade sera ident ticada, Fle reconhece esse outro espago, espago do outzo fondes heyio pode surgie Esse olhar e sempre duplo. Veo ea ea fegdo, 0 produto © 0 processo. Como dissemos ante vente, ateatralidade diz respeito sobretudo, eantes de ‘nio tem neni sentido, A partie dessas observagdes, pode-se deduzir que a tea tralidade nao € uina soma de propricdades ou uit soi dle caractersticas que se poderia delimitar. Ela s6 pode ser apreendida por meto de manifestagoes espectficas, deduzidas An observagto dos fontimenos ditos"Yeatrate” Lange de seen forma exclusiva, tis manifestagbes so apenas algumas de suas dade excede os limites do fendmeno “strtamente teatral e pode ser identificada tanto em outrasfor- mas artistcas(danga, opera, espetaculo) quanto no cotidiano. "A nosio de teatralidade exeede os limites do teatro poraue rio ¢ uma propriedade que os sujeitos ou as colsas possamn adquirie: tr ou nto ter teatralidade, Fla nia pertence exch ‘vamente aos objetos, 0 expago e 20 proprio ator, mas pode inwvesti-los se necessario. Acima de tudo, € resultado de uma dinamica perceptiva do olhar que unealgo que é olhado (seta ‘ou objeto) eaquete que olha, Tal relagao pode acontecer por iniciativa do ator que smuanilesta sas talenyau de jogo ou Uo expectador que tomas iniclativa de transformar o outro em objeto especular. Desse ‘modo, por meio do olhar que dirige Aquila que v8, oexpectador iano, conde inscreve 0 que oli, percebened-© com urs ol. Giferente, distanciado, como se pertencesse a uma alteridade {ue sé pode olhar do exterior Sem esse olka, indispensivel& tmergéncia da teatralidade e 0 seu reconhectmentoenquanto tal, o outro que “eu olho" estarla em meu praprio espago, no pac do capectadorc portant o espago cotilano,esteror ‘Ora, o que cri a teatralidade & o registro do espetacular pelo espectador, ou até mesmo do specular, ou sja, de ovtra Felagho com o eotidiane, de um ato de repretentayi de urna ‘onsirugao ficcional A teatraidade é @ imbricagao da fieeio como real o surgimento da alteridade em um espaco que situs tum jogo de olharesentre aquete que olha eaquele que éotbado. Entre todas as artes, sem divide €o teateo que melhor eealiza ‘essa experiencia, AS TRES CLIVAGENS Para chegat « gata definigao da teatralidade, diganos que el seja 0 resultado de um ato de reconhecimento por parte do espectador. Fol inscrita pelo artista no objeto ou no evento fe 0 expectador alha pola fitra de procedimento aie se pode estudar (distanciamento, ostensio, enquadeamento, por ‘exemplo). Para o espectador, 0 reconhecimento desses pro- cedimentos é a primeira etapa de um processo de percepcio ‘que opera uma série de clivagens nas ayes oferecidas 4 set thar, que he permite reconhecer& existencia da teatralidade. A teatralidade resulta precisamente dessa série de clivagens {que oespectador poe em movimento visando A disjungio dos Svtemas de significagao,na intengae de fazé-los atuar uns em {elagd0 aos outrosa fim de riar as condligses da representacao, ‘\ primeiea clivagem que o olhar do espectador realiza separa'a ago ou 0 sueito observado do espago cotidiano que Stodeta. Assim, iolaaacio de seu entorno e, dessa forma, con Segue locales la em outro espage, onde representayau pode Surgit Sabemos que, sem essa ruptura no espago, ago (ate tentio inseparivel do real) ndo pode dar lugar &fegao. Gragas {gue testemunha pertence a outro espaga que nso 0 cotidiano. ‘Ao mesmo tempo, pereebe que os signos adquirem um sentido diferente nesse espago, pois pertencem a estrtura secundaria da foguo em vias dese conaitule. Tal espago de representagao tem parentesco evidente com 0 espago que Winnicott chama de potencial e considera a primeira condigio do jogo” ‘A detasagem entre sspayo catichan eespago de represen tagio cria uma primeira dualicade, sem a qual a teatralidade into seria reconhecida, econstroi um primeiro nivel de fries 30 Fealleado pelo olhar do enpectadar. fstivarente, ete Gime, fio limita seu olhar a um Unico espago, mas apreend 0s dois ‘40 mesmo tempo, navegando de um a outro.em um jogo de va ‘evem que é uma das condicoes consttutivas da teatralidade. Portanto, esta primeira defasager permite a0 espectador sic do universo cotidiano e reconhecer 0 cariter fecional daquilo que te oferece a seu olhar. Pela mesma razio, permite ‘que coloque as bases da teatralizagao do objeto ou da cena fferecidaa seu olhar. Atore espectadorrearticulam 9s signs, Tetirando-os de seus sistemas habitual de significagao e inte (gando-os a outra universe Gocional. Por mela deare imple Jogo, conseguem fué-lossgnificar de outra forma e constroem sbuses da teatralidade ’A segunda clivagem acontece no préprio nicleo da repre sentasio e mais uma ver opde realidade efiegs0, agora m0 nivel 7 Solar a eet Sled mek fois woe da iusto, Hfetivamente, cada evento representado inscreve-se, 0 mesmo tempo, na realidade (por mcio da materialdade sempre presente dos corpos ou dos objetos e também da agie fm vias dee desenvolver) cna fics (as ages © 0s eventon Simulados remetem 3 iegl0, ou pelo menos a uma ikiste}, Em qualquer evento observade, « agio representada envolve © real apesar do jogo de aparencia ¢llusao ~ ¢ ¢ percebida enquanto tal 0s corpos movimentan-se,fazem gestos, teal 2am agoes, os objetos tem certa densidadeyas les da gravidade {iced entre realidade eficgao. Sew olhar se movimenta de um nivel a outro, operando uma disjangao-unificagto de naturera semelhante Aquela que Michel Bernard descreveu!. Q movi mento une e de dois universos que se excluem & no entanta, s© superpoem. E precisamente esse movimento de'vai e vem que constitul a segunda condigao da teatralidade Ate aqut, considerou-se a teatralidade 0 resultado de duas

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