Fonte do direito: O que é? Possíveis significados: 1. Trata-se da fonte real ou material do direito, ou seja, dos fatores reais que condicionam o aparecimento da norma jurídica 2. Fonte do direito como equivalente ao fundamento de validade da ordem jurídica Teoria Kelseniana 1/2 • Postula a pureza metódica da ciência jurídica, libera-se da análise de aspectos fáticos, teleológicos, morais ou políticos que, porventura, estejam ligados ao direito. • Nesse sentido, “fonte” seria o fundamento de validade jurídico- positiva da norma jurídica. • Assevera Kelsen que o fundamento da validade de uma norma apenas pode ser a validez de uma outra. (Relação: norma superior x norma inferior). Dessa forma, a norma superior que regula a produção da norma inferior é fonte jurídica. Teoria Kelseniana 2/2 • A fonte jurídica só pode ser o direito, pois ele se regula na própria criação. • Se deve obedecer ao poder que estabelece a ordem jurídica, mantendo a ideia de que uma norma somente pode originar-se de outra, da qual retira sua validez. Carlos Cossio • O jurista deve ater-se tanto às fontes materiais como às formais, preconizando a supressão da distinção entre elas, preferindo falar em fonte “formal-material”, pois toda fonte contém, de modo implícito, uma valoração. • A fonte material aponta a origem do direito, configurando sua gênese, daí ser fonte de produção, aludindo os fatores éticos, sociológicos, históricos, políticos, etc., que produzem o direito, condicionam o seu desenvolvimento e determinam o conteúdo das normas. • A fonte formal lhe dá forma, fazendo referência aos modos de manifestação das normas jurídicas. As fontes formais são os modos de manifestação do direito mediante os quais o jurista conhece e descreve o fenômeno jurídico. Fontes Formais podem ser divididas em: 1. Estatais 1.1 Legislativas (leis, decretos, regulamentos etc.) 1.2 Jurisprudências (sentenças, precedentes judiciais, etc.) 2. Não estatais 2.1 Direito consuetudinário (costume jurídico) 2.2 Direito científico (doutrina) 2.3 Convenções em geral/negócios jurídicos Fonte do Direito “Essas normas jurídicas (leis, decretos, costumes, sentenças, contratos) não são, como se vê, produtoras do direito, mas consistem no próprio direito objetivo, que brota de circunstâncias políticas, históricas, geográficas, econômicas, axiológicas e sociais (fontes materiais) que se completam com um ato volitivo do Poder Legislativo, Executivo, Judiciário etc. (fontes formais).” *Significado de “Ato volitivo”: É comum o uso do termo “ato volitivo” na área do direito, também se referindo ao processo cognitivo no qual uma pessoa decide praticar uma ação por sua vontade Fontes formais estatais 1. Legislação (primárias) 1. Legislação (secundárias) a) Lei constitucional a) Decretos regulamentares b) Lei complementar b) Instruções ministeriais c) Circulares c) Lei ordinária d) Portarias d) Lei delegada e) Ordens de serviço e) Medidas provisórias f) Decreto legislativo g) Resoluções no Senado Fontes formais estatais 2. Jurisprudências Segundo Miguel Reale, Jurisprudência é a forma de revelação do direito que se processa através da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais. A jurisprudência constitui um costume judiciário que se forma pela prática dos tribunais. Fonte subsidiária de informação, no sentido de atualizadora do entendimento da lei, que realiza uma interpretação que atenda às necessidades do momento do julgamento e de preenchimento de lacunas. Fontes formais não estatais 1. Prática consuetudinária A prática consuetudinária, da qual resulta o costume, é, em regra, uma fonte de cognição subsidiária ou supletiva e da mais alta relevância. O recurso ao costume, no Direito Brasileiro, só tem cabimento quando se esgota todas as potencialidades legais. O costume não gera o direito, é apenas um modo pelo qual ele se expressa. Fontes formais não estatais 2. Direito científico (doutrina) A doutrina é formada pela atividade dos juristas. Origem na positivação do direito (Século XIX), pois seria preciso pessoas que explicariam coisas mais complexas, como a distinção entre fonte material e formal. A doutrina decorre da atividade científico-jurídica, isto é, dos estudos científicos realizados pelos juristas, no sentido de facilitar e orientar a aplicação do direito. A doutrina sem o beneplácito dos tribunais e sem a sedimentação do costume não cria o direito. Fontes formais não estatais 3. Poder negocial Trata-se das normas contratuais que resultam do fato de a própria ordem jurídica reconhecer à pessoa, enquanto sujeito de direitos e deveres, o poder de estipular negócios para a realização de fins lícitos, mediante um acordo de vontades. As pessoas físicas ou jurídicas criam normas contratuais, exercendo um poder limitado legalmente, que as vincula à prática dos direitos e deveres avençados. 4. Poder normativo dos grupos sociais Ex.: Grêmio estudantil, Igrejas, academia de letras, etc.