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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


CENTRO DE ARTES E LETRAS
Departamento de Letras Vernáculas – DLV
www.ufsm.br/dlv

LTV 1196: Introdução aos Estudos Literários: Narrativa 2021/01


Aluno (a): Rochelle da Fonseca Oliveira

1. Elementos da narrativa
a) Enredo
- Conflito principal: Cândido Neves tem um filho com Clara e se depara com uma
situação na qual deve decidir: entregar ou não o filho à Roda dos Enjeitados, como
deseja Mônica.

- Exposição: A história tem início com uma explanação do narrador a respeito de


algumas atividades e produtos relacionados ao período da escravidão no Brasil, além de
relatar sobre o ofício de caçador de escravos fugidos, ao qual se dedicavam aqueles que
não encontravam sucesso em outra profissão.

- Complicação: Cândido casa-se com Clara, mesmo sua tia Mônica estando contra o
casamento, e tem um filho. A crise econômica se agrava e Cândido se vê obrigado a
caçar escravos fugidos.

- Clímax: O clímax da história está no encontro de Cândido com Arminda, escrava


fugitiva procurada sob recompensa, a caminho da Roda dos Enjeitados com o filho no
colo. Ali, Neves viu uma oportunidade de amansar Mônica com o dinheiro que ganharia
caso conseguisse entregar Arminda de volta ao dono.

- Desfecho: Cândido Neves capturou Arminda, levou-a a seu senhor, recolheu a


recompensa e conseguiu que Mônica aceitasse o filho em sua casa.

b) Personagens
Protagonista/anti-herói
- Cândido Neves: Cândido era cínico, fingindo. Enquanto mostrava ser um homem
ponderado perante a família, agia feito um verdadeiro carrasco ao lidar com os escravos
que captura para ganhar seu sustento.

Personagens secundários:
- Clara: Sobrinha de Mônica, casou-se com Cândido Neves. Passiva, Clara mal
suportava lutar pelo filho que Mônica pretendia entregar à Roda dos Enjeitados por falta
de condições para sustentá-lo.

- Mônica: Tia de Clara, Mônica criou a sobrinha órfã e sempre temeu por uma gravidez
devido à situação de penúria financeira que vivia.
- Arminda: Arminda é a figura da escrava que é maltratada pelos brancos e é tratada
apenas como um objeto, desprovido de humanidade.

- Farmacêutico: Apresenta-se apenas para dar informação referente a escrava Arminda e


para prestar um favor a Cândido Neves.

- “Senhor de escravos”: Dono de Arminda, que somente aparece no final do conto e


manifesta certo desespero ao ver a escrava abortando seu filho.

c) Tempo
- Tempo cronológico: É cronológico, pois há uma sequência de fatos desde o namoro do
protagonista até o nascimento do filho. Percebemos assim que a trama se desenvolve de
modo linear sem cortes ou interrupções que remeta a algum tipo de evasão.

- Tempo psicológico: também é psicológico, porque desencadeiam diversos sentimentos


e sensações, atordoamento, desorientação, nos traz relatos históricos sobre os fatos que
envolviam a escravidão, com crueldades e tratamentos desprezíveis a que eram
submetidos os escravos.

- Época: século XIX

- Duração: Cerca de 2 anos.

d) Ambiente (características)
- Clima: Ambientado no Rio de Janeiro, por volta do século XIX, antes da abolição da
escravatura. Relata um ambiente triste, com muita miséria, sofrimento, alienação, becos
estreitos e sujeira, que faz contraponto com a riqueza e a ostentação dos donos de
escravos, produzindo um retrato social, principalmente dos vestígios da escravidão.

e) Narrador
- Terceira pessoa: narrador onisciente e onipresente, que fala com o leitor em um tom
melancólico e muitas vezes irônico, para mostrar a dura realidade dos escravos.

2. Tema – assunto – mensagem


- Tema: Escravidão
- Assunto: Um pai que para não perder seu filho, entrega uma escrava grávida que tem o
mesmo objetivo que ele: não deixar seu filho.
- Mensagem: Só se consegue viver tirando o sustento da dor alheia.

3. Discurso predominante
- Discurso direto: O narrador usa vírgula para isolar a fala da personagem, usando o
travessão apenas no início: “— Vocês, se tiverem um filho, morrem de fome, disse a tia
à sobrinha.”
4. Opinião crítica
- A narrativa de Machado de Assis no conto Pai contra mãe vai além de expor o regime
escravocrata, ela alcança um patamar superior à situação brasileira específica. O conto
narra acontecimentos cotidianos daquela época que nos fazem refletir e também analisar
o comportamento humano, com questões pertinentes até os dias atuais. Traz à tona a
situação dos negros e da mulher que ainda precisam lutar por igualdade, como também
a questão da doação de um filho: que para salvá-lo, Cândido permite a morte de outro.
Sua fala ao final do conto é bastante significativa: “Nem todas as crianças vingam”.
Assim, evidencia-se que o ser humano constrói as justificativas para as suas ações mais
cruéis e reprováveis.

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