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PROPOSTAS GT DESENV AGRÁRIO Brasília Final
PROPOSTAS GT DESENV AGRÁRIO Brasília Final
1. Introdução
A agricultura familiar, produtora de alimentos saudáveis, gera receitas para as unidades federativas,
gera emprego, trabalho e renda. É indiscutível sua relevância para a região Nordeste: segundo o
Censo Agropecuário de 2017 (IBGE) são 1.838.846 estabelecimentos de um total de 3.897.408 no
país. Isso representa 47,2% do total de unidades familiares no Brasil, que ocupam 4.708.670 de
pessoas, totalizando 73,8% das pessoas ocupadas nas atividades agropecuárias no Nordeste
brasileiro. Em proporções reais, o quantitativo de estabelecimentos da agricultura familiar chega a
55%, considerando a falta de regularização dos assentamentos da reforma agrária.
Apesar de sua dimensão e importância na produção de alimentos, nos últimos 06 (seis) anos sofre
um processo continuado e intencional de extinção, desinvestimento e desestruturação das políticas
públicas de apoio a este segmento econômico, a partir da extinção do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), reduzido a uma Secretaria Especial, agregada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA), cuja visão predominante indica haver uma única agricultura. Em atos
subsequentes, programas e políticas públicas foram extintos, esvaziados em seus orçamentos ou
tiveram baixa execução. Os espaços públicos nacionais de concertação das políticas, como o
CONDRAF, foram extintos, fechando as portas de diálogo com a sociedade civil.
Diante deste cenário de retrocessos, nos posicionamos por um projeto nacional que garanta a
reconstrução de políticas públicas condizentes com a importância econômica e social da agricultura
familiar e camponesa com a retomada das relações federativas para a promoção de avanços na
melhoria de qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. É preciso ampliar as capacidades
produtivas da agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis e responder às demandas
imediatas voltadas para a população que mais precisa, sobretudo porque o país retornou ao mapa
fome e hoje mais da metade da população se encontra em algum grau de insegurança alimentar e
destes, 33 milhões passam fome.
O momento é de construir as bases do futuro que permitam dar concretude aos propósitos aqui
assumidos. É indispensável pensar o Brasil romper com o atual ciclo de retrocessos e construir um
ambiente político que favoreça o projeto de desenvolvimento econômico e social com a eleição do
Presidente Lula, que já demonstrou em mandatos anteriores a seu compromisso com a agricultura
familiar ao criar os principais programas e políticas para o segmento.
No vácuo de políticas nacionais para a agricultura familiar, cenário este agravado pela crise sanitária
mundial causada pelo COVID 19, criou-se no âmbito do Consórcio Interestadual para o
Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, o Programa de Alimentos Saudáveis – PAS-NE. Trata-se
de uma estratégia do de fortalecimento e ampliação da agricultura familiar na Região, que resultou
de um processo de construção coletiva, aprovado pela Assembleia dos Governadores em julho de
2020 (Resolução nº 009/2020) como referencial para a Câmara Temática da Agricultura Familiar na
articulação técnica e política e elaboração de diretrizes e ações conjuntas objetivando a expansão e o
fortalecimento da agricultura familiar no Nordeste.
Propostas ao GT de Transição Desenvolvimento Agrário
3. Propostas Gerais
i. Defendemos a recriação de um órgão gestor das políticas públicas da agricultura familiar e
da reforma agrária, denominado Ministério da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e
Alimentos (MIRAF), como forma de reestabelecer o projeto nacional que garanta a
reconstrução de políticas públicas condizentes com a importância econômica e social da
agricultura familiar e camponesa, estabelecendo relações federativas para a promoção de
avanços na melhoria de qualidade de vida e sustentabilidade ambiental;
i. Promover aporte de recursos, no orçamento de 2023, aos Programas P1MC e P1+2, coordenados
pela ASA, como também pelos Estados, considerando que há uma demanda reprimida de
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Propostas ao GT de Transição Desenvolvimento Agrário
b) Acesso a Crédito
i. Promover ações de ATER voltadas ao financiamento qualificado e uma melhor estruturação
produtiva das unidades familiares de produção e elevar o Ticket Médio do Crédito Pronaf
na Região Nordeste, especialmente do Pronaf Agroindústria; estruturação do
armazenamento de água e de forragens;
ii. Estabelecer estratégia de crédito orientado, vinculada à produção de alimentos saudáveis sob
uma abordagem agroecológica – qualificar os serviços de ATER para qualificar o acesso ao
crédito;
iii. Possibilitar o custeio agrícola e pecuário no Agroamigo (Pronaf B) em até 100% do valor da
operação;
iv. Considerar a renda bruta anual prospectada (renda futura) no instrumento de crédito para
o enquadramento na linha de financiamento e não na renda do ano anterior estabelecida na
DAP/CAF;
v. Estabelecer condicionantes para os agentes financeiros para estimular a aplicação dos
recursos em linhas de crédito estratégicas tais como Agroindústria, Agroecologia, Jovens,
Mulheres e Semiárido.
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Propostas ao GT de Transição Desenvolvimento Agrário
5. Propostas Complementares
V. Promover uma ampla revisão no PRONAF e no Sistema de Aplicação de Crédito Rural que
possam gerar um amplo processo de transição agroecológico e fortalecimento do uso das
tecnologias sociais adaptadas à realidade da agricultura familiar do NE;
VI. Fortalecer a ATER nos Territórios com recorte étnico e de gênero, priorizando o incentivo
a tecnificação através de novos equipamentos e tecnologias adaptadas a realidade agrária e
social da agricultura familiar;