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Unidade 1 Ceoyi al (et t-leM) interagao social eS Caro(a) estudante, © objetivo nesta unidade ¢ entender a comunicagSo coma intera- Ineeragho: comunicacéo entre Gao social. A interacao € uma relacao e por isso, proponho a voce descasaueceniem adige, construiro concelto de comunicagéo a partir da investigagSo de eo Caretocs 28; ¢ diferentes relagées estabelecidas na vida social, de modo a que Grupsaverte guess demo poss diferenciar o concite de comunicagfo como interagio so- ‘amunidade, cial do conceito de comunicagéo como mediacio e de comunica- fo mediatizada Cada um desses conceitos esta relacionado com diferentes sujei= tos e com diferentes relagdes entre esses sujeitos. Veja: Ha relagées estabelecidas entre pessoas (um tipo de sujeito). Elas se relacionam umas com as outras tanto em ambientes in formais como em ambientes formais, Além de se relacionarem diretamente entre elas, as pessoas também se relacionam com & por meio de instituicées sociais (outro tipo dle sujeito). Em con- ‘rapartida, as instituigées sociais podem se relacionar com uma, com um grupo especifico ou com multidées de pessoas ao mes- ‘mo tempo, por meios de comunicasao criados para isso, Essas relacées entre pessoas ¢ entre pessoas e institulgées no esgotam todas as relacdes sociais, mas ajudam a ver que ha di ferentes elementos e motivos envolvidos nelas, o que permite supor pelo menos trés tipos de comunicacso a investigar, com vista a compreender a comunicacao como interacéo social: co- ‘municagao interpessoal, comunicagao institucional e comunica 40 de massa, 1.1 Comunicacao interpessoal A comunicacao interpessoal acontece quando pessoas interagem para trocar informacées entre si, Essa troca pode ser direta e imediata ou pode ser indireta e mediada 26 Teorias da Comunicagao A comunicacao direta e imediata acontece quando as pessoas esto cara a cara, Elas se relacionam, principalmente, por meio da fala e da gesticulagao. Exemplo tipico de comunicacao direta entre as pessoas é quando conversa em algum ambiente informal (em uma festa ou no in- tervalo do trabalho, por exemplo) em que: contam histérias; relatam acontecimentos; descrevem pessoas; dizem o que leram no jornal; avisam da chegada de alguém ou con- ‘tam piadas. 44 a comunicacdo indireta e mediada acontece quando as pessoas es- to distantes e nao podem se enxergar nem escutar uma a outra, Nessa situacdo, elas precisam usar algum meio que hes possibilite a troca de informagées. Os meios utilizados podem ser variados (telefone, carta, computador), mas uma vez usado um meio, ele estar mediando (inter- mediando) a comunicacao entre as pessoas. Veja um exemplo: vocé e eu estamos nos comunicando por meio des- te caderno. Neste caso, vocé nao esté me vendo nem me ouvindo. Est lendo e, na leitura, toma informagées que eu escrevi, Vocé se relaciona diretamente com o caderno e, por meio dele, se relaciona, indiretamente, mediatamente, comigo. Unidade 1 - Comuricagioe interagio social Py Rede e-Tec Brasil & Veja outro exemplo: um parente seu viajou para outra cidade. Vocé quer dar noticias e receber noticias dele. Como fazer? Vocé pode es- crever uma carta. Vocé pode fazer uma ligagio telefonica. Vocé pode enviar uma mensagem eletrénica por meio do computador ou do ce- lular. Enfim, voc tem diversos meios para se comunicar com seu pa- rente, mesmo estando longe dele. A comunicagao interpessoal, portanto, é realizada entre pesso- as que usam algum meio (voz, telefone, corpo, carta, livro) que permita a elas se relacionarem para trocar informagées. Esse meio esta relacionado com alguma linguagem: oral, gestual, es crita, por exemplo. A pergunta, agora, 6: por que as pessoas trocam informacées umas com as outras? AAs pessoas trocam informacées para dizer e saber dos outros o que sentem, pensam e sabem sobre 0 mundo e sobre a vida: se sentem, pensam e sabem as mesmas coisas ou se sentem, pensam e saber coisas diferentes. Trocam informacdes para transmitir conhecimentos, ensinar e aprender uns com os outros, Enfim, as pessoas trocam in- formacoes para iniciar, conservar, intensificar ou transformar os lacos sociais com as outras. 2B Teorias da Comunicacao & Nao foi dificil compreender a nocao de comunicacao interpes- soal, nao &? Mas, vocé j4 pensou como pessoas que falam di- ferentes idiomas ou pessoas que nao falam (mudas) podem se comunicar? Qual seria o elemento comunicativo mais importante para a comunicacao com essas iiltimas: a linguagem (oral, escrita, gestual, pictérica...) ou 0 meio (vor, livro, corpo, revista)? Ou os dois teriam a mesma importancia? Dé para pensar no meio sem pensar na linguagem e vice-versa? Para construir respostas a essas perguntas, observe como alunos e pro- fessores fazem para se comunicar com colegas que tenham alguma de- ficiéncia auditiva, por exemplo. As respostas que vocé construir devem ser debatidas com o tutor e os colegas de curso, com vistas a comecar a aprofundar a reflexdo sobre a importancia da linguagem e dos meios na comunicacao. Além disso, a atividade deve ajudar vocé a se aproximar das questées relativas & educacdo inclusiva na escola. A comunicacao é fator importante, fun- damental, para a inclusdo. 1.2 Comunicacao i Que diferenca faz para a comunicacéo se as pessoas estiverem em espacos informais ou em espacos sociais formais quando trocam in- formacées? Aparentemente nenhuma, pois a comunicacao continua sendo entre pessoas que usam linguagens € meios para trocar informacées, nao mesmo? Se vocé estiver pensando essa obviedade, vou problematizar Sera que nos espacos formais (como a escola, por exemplo) as pes- soas usam as linguagens do mesmo modo que usam em ambientes informais? E as informacGes que trocam s4o as mesmas pelas quais se interessarn num ambiente informal? E os meios que utilizam, séo os mesmos? Pois 6, penso que ndo. E ndo sendo, entendo que o espaco ou ambiente ‘em que a comunicacao acontece envolve outros elementos e motivos. Unidade 1 - Comuricacioe interacio social 29 Rede e-Tec Brasil eS Quer saber qual é a diferenca? Acompanhe o exemplo. Na escola em que vocé trabalha tem murais, nao tem? Pelo menos um deve ter. Para que server os murais? Os murais serve para comunicar, 6 dbvio. S80 meios de comunica- 0, pelos quais as pessoas se relacionam umas com as outras, mesmo nao estando cara a cara. Nos murais de sua escola as mensagens sao enderecadas a pessoas especificas? As vezes sim, se o mural tiver esse objetivo, como muita gente faz na geladeira de casa, Voce faz isso? Deixa recados para seus familiares em algum lugar da casa? Eu deixo na geladeira. Minha geladeira é um mural. Mas, parece que os murais da escola ndo tém o objetivo de informar pessoas individualmente, Pelo menos nao todos. Tudo bem que as informacoes do mural ndo sejam enderecadas a pessoas individualmente. De qualquer modo, as informacées sao co- locadas no mural por alguma pessoa. Sim, é claro! Agora, sobre quem so as informacées divulgadas no mural? © mural é um meio de comunicagao usado na / pela escola (as infor- mages do mural so sobre a escola e sobre acontecimentos escolares) para transmitir informac6es 4 comunidade escolar. Nao é usado por pessoas para trocar informacdes com outras pessoas individualmente. Veja que, mesmo que sejam pessoas que coloquem informacées no mural, para que outras pessoas tomem conhecimento delas, as infor- mag6es ndo sao de pessoas para pessoas. Sao da escola a comunidade escolar. ‘As pessoas esto envolvidas no proceso de comunicagSo, mas no s80 0 comeco nem o fim dele. O mural é um instrumento institucional (da escola) de comunicacao. Vocé conseguiu perceber a diferenca? 30 Teorias da Comunicagao Ainda nao? Nao! As informacdes contidas no mural da escola dizem respeito a as- suntos da escola (trabalhos dos alunos, datas festivas, avisos aos pais, entre muitos outros) e s4o divulgadas, normalmente, em linguagem. formal. Entéo, as informacées a serem fixa- das no mural da escola so informa- Ges de interesse da instituicdo e da comunidade escolar, na qual as pes soas assumem certas posicdes: alu- nos, professores, diretores, funciond- rios, pais. S80 0s sujeitos ou atores escolares. A comunicacao institucio- nal acontece entre pessoas, porém, quando elas esto em exercicio de seus papéis institucionais, formam um publico. © que vocé descobriu, entao, sobre a diferenca que proponho entre ‘comunicagio interpessoal e comunicacéo institucional? Uma pode ser imediata ou mediada e a outra é mediada. Uma é feita entre pessoas e a outra entre instituig6es e publicos. Uma é de domi- nio privado enquanto a outra é de dominio privado e piblico. Por fim, uma é informal e a outra é formal. Embora existam essas diferengas, é bom deixar claro que ha uma se- melhanca fundamental entre os dois tipos de comunicacéo: ambos constituem relacdes sociais que colocam as pessoas em interacao no préprio ato comunicativo. Com isso, vocé jé percebe que as linguagens e os meios de comunica- 40 sdo muito importantes na vida social. Seja para as instituigdes seja para as pessoas. Os meios e as linguagens que vocé utiliza e cuida na 1- Comunicag einterago social 3 & Rede e-Tec Brasil Aco & mes © pve conta Lat Flint, 1996, EUA, Wiles Forman = pense sobre comunicagzo de massa ‘2 ambivalece Ierdade de expresso na comunicagé, ‘era do rio, 1987, EU, 0 de Wood Alen ~ pense sobre valor do rio anes da chegada da televisdo nas cass, Misicas: Monélogo 20 pé do owvida, de Chico ScenceBandiisma pot uma questo 6e dass, de Chica ‘sence Ambivaléncia quer der que tem dos valeres 30 smo tempo, ‘Rcomuniagao de massa tem 0 valor de lev” informagies para as pessoas se suarem no mundo, ras fae de manera a patrerizaro pensamento, eS escola como técnico em multimeios. Os meios e a linguagens com os quais vocé interage dentro e fora da escola. 1.3 Comunicagao de massa No meu entendimento, a comunicag5o de massa é diferente da comu- nicacéo interpessoal e da comunicacao institucional porque nao se di- rige a pessoas individualmente nem a publicos especificos. Ou melhor: ainda que se dirija a publicos especificos, se dirige a todo mundo ao mesmo tempo e, por isso, ndo se dirige a ninguém. Nesse sentido, as condicées (alienada, critica, criativa e/ ou reprodutiva) nas quais se en- contra aquele que recebe faz a diferenga na recepcao das informacées. ‘A comunicacao de massa tem de ser feita pelos meios de comunica- Go a fim de atingir e alcancar as multidées. Portanto, a comunica- ao de massa é sempre mediada ou mediatizada. Para que qualquer pessoa possa entender as informacées transmitidas indistintamente na sociedade, nos meios de comunicacao (jornal, radio e televisdo, principalmente), elas tém de ser produzidas e reproduzidas por meio de linguagens simplificadas (vocabulario comum, por exemplo) e mil- tiplas (visuais, sonoras e escritas). Usando linguagens simplificadas, os meios de comunicagéo de massa tratam as pessoas com base em uma média, um modelo, um padréo. Esse padrao faz desaparecer as diferencas e modela a todos. Padroni- za a todos. A ideia de médio (leitor médio, ouvinte médio, telespectador médio) pode ser negativa se vocé entender que, para estar na média, as pes- soas devem ler, ouvir @ assistir as mesmas coisas. Elas devem ver & entender os acontecimentas pelo mesmo texto, pela mesma voz, pela mesma imagem. O médio é 0 mesmo e 0 mesmo nao faz diferenca Essa é uma ambivaléncia da comunicacéo de massa, pois informa as pessoas sobre o que esta acontecendo no mundo, no seu pals, na sua cidade, e, ao mesmo tempo, nao pode estabelecer relacdes interativas com as pessoas, embora possa promové-las entre elas. Quer dizer, os meios de comunicacao de massa fazem circular informacées que vei- culam opinides implicitas que as pessoas néo podem questionar junto as Mesmos, mas podem se questionar entre si a partir deles, 32 Teorias da Comunicagao Contudo, vocé nao precisa pensar sobre isso agora, pois na unidade 4 voltara ao tema. Aqui importa entender que a comunicacao de massa é diferen- te da comunicacao interpessoal e da comunicacao institucional. Ela 6 sempre mediada, nao se faz entre pessoas, nem entre ins- tituigdes e seus puiblicos, mas entre meios de comunicacao e massa anénima. Vocé, que tem atitude critica, deve se perguntar: mas nao séo pessoas que falam no radio, que escrevem no jornal e aparecem na televisio? Sim, vocé tem razo! Sao pessoas que fazem isso. Mas S40 profissio- nais que sabem como fazer para que as informac6es produzidas se- jam entendidas medianamente pela massa, Dessa maneira as pessoas escrever no jornal seguindo um padrao de escrita. Falam no radio seguindo um padrao radiofénico, Aparecem na televisao seguindo um padrdo televisivo. Ou seja, os profissionais dos meios de comunicacao acabam sendo homogeneizados pelos padrées da comunicagéo de massa, Eles mesmos ndo se distinguem da massa, como profissionais. Voce deve estar a pensar: ora, jé me dei conta de que as informacoes s6 podem ser transmitidas por linguagens e meios. Se assim é, para que qualquer um possa entender a mesma informagéo é Obvio que os meios de massa comunicam em uma linguagem universal. Nao! Nao é exatamente em uma linguagem universal que os meios de massa comunicam, mas em uma linguagem média e simples para pessoas médias. Em uma linguagem que nao faz pensar, que nao faz duvidar, que nao faz perguntar, pois nao prevé a troca entre os meios @ as pessoas, sendo apenas a transmissao de informacées dos meios para as pessoas. Além de os meios de comunicacéo usarem linguagens especificas e padronizadas, eles nao transmitem quaisquer informacdes. Sendo meios de comunicacao social (0 jornal, 0 radio e a televisdo, especial- mente) supostamente s6 transmitem mensagens de interesse publico. Nao noticiam sobre o seu parente que viajou, no €? A nao ser que ele tenha participado de algum acontecimento que chama a atencao publica: um acidente, uma catdstrofe, um prémio e outros acontec- Unidade 1 - Comuricagioe interagio social 33 & Rede e-Tec Brasil mentos. Mas, se isso acontecer, vocé vai ficar sabendo por acaso, pois a informacao nao ¢ dirigida diretamente a vocé. Assim, os meios de comunicacao, além de definirem como transmitir as mensagens, também definem 0 que vale e 0 que nao vale a pena informar & massa anénima, ax Comunicacao de massa, portanto, é a comunicagao social a par- tir dos meios de comunicagao de grande alcance e audiéncia e que transmitem informacées de interesse puiblico (ou de inte- resse privado que precisa impactar 0 publico) usando lingua- gens e formatos padronizados para as pessoas. £ a comunica- 40 que pauta, muitas vezes, quais serdo os assuntos a serem debatidos na sociedade, os quais se transformam em assuntos da escola, A comunicagao de massa esta muito presente na vida de todas as pes- soas, ela produz muitos efeitos sobre sentimentos, pensamentos, co- nhecimentos, comportamentos e interesses e o faz de um modo am- bivalente, como jé disse antes: informa e padroniza ao mesmo tempo. Esses efeitos so importantes e tém a ver com a educagao de fora da escola, que seré problematizada e estudada aqui, para que vocé pos- sa entender como a escola educa tendo presente essa ambivaléncia da comunicacao de massa, que também é uma das ambivaléncias da escola. ax Se vocé prestar atengéo parece que em todas as escolas os assuntos mais importantes sio os mesmos: cidadania, meio ambiente, respeito ao diferente, disciplina, incluso social, vio- léncia e outros. Isso me leva a crer que 0s assuntos da escola nao sio definidos na prépria escola. E vocé, concorda comigo? Saberia dizer onde, como e quem define os assuntos importantes para serem comu- nicados e debatidos na escola? Se nao sabe, entao investigue e registre no memorial: 1 Identifique os principais assuntos em pauta atualmente entre profes- sores, funcionérios, direcao, pais e alunos da escola em que trabalha e que nao sejam os temas transversais do curriculo; 34 Teorias da Comunicagao & 2 Compare esses temas com os principais temas em pauta nos jornais, nas radios e na televisao de sua regido; 3 Entreviste alguns professores e diretores para saber o que leva a escola a pautar os temas identificados. Pergunte a eles como os temas chegaram a escola e qual é a importancia de discuti-los no ambiente escolar. Com esta atividade vocé estar exercitando o senso investigativo para ter os seguintes resultados: 1 Saber que temas estao em discussdo na escola e se esses temas tem a ver com o que est sendo discutido nos meios de comunicacao de massa; 2 Entender de que maneira a escola recebe a opiniao produzida pelos meios de comunicacao de massa: reprodutiva, critica, criativa, indife- rente.. Essas informacées ajudarao vocé a produzir um diagnéstico com vistas a definir como deverd exercer suas atividades profissionais de modo a contribuir para que a escola possa receber criticamente as informacées que circulam nos meios de comunicagao. 1.4 Elementos condicionantes da comunicagao Agora que jé entendeu que comunicacéo é troca de informaces em diferentes tipos de relacdes sociais (interpessoal, institucional e massi- ficada), se perguntarem a voce “como saber se em uma dada situaco hé comunicagdo?", o que vocé responderia? Bern, é facil responder a essa pergunta! Em toda relagdo social acon- tece troca de informacées, portanto, a comunicacéo se realiza. Voce est certo ao responder assim, porém é preciso estar claro que existen ‘elementos que condicionam a realizacdo da comunicacao nas relacoes sociais e sem os quais no aconteceria. Se prestar atencdo, verd que esses elementos jé estavam colocados nas sec6es anteriores, porém, nao foram destacados. Faco-o agora Unidade 1 - Comuricacioe interacio social 35 & Rede e-Tec Brasil Rede e-Tee Brasil As informacées, para serem trocadas, precisam ser produzidas. Fonte é a origem, de onde vem a informagao: pessoa, institui- do, empresa de comunicacao. Da fonte se produz informacao para um destinatario, que é o que vai se apropriar dela: pessoa, publico, massa anénima. Para que possam ser transmitidas, da fonte ao destinatario, é preciso um emissor ou codificador que coloque a mensagem em um cédigo e um decodificador ou re- ceptor que reconstrua a informacdo na outra ponta. A informa- 40, como vocé pode notar, é 0 contetido da comunicagao. Vai da fonte ao destinatario por meio de um canal que transporta mensagens codificadas. Vocé deve ter claro, ento, os elementos fundamentais da comunica- ao: fonte, destinatario, emissor, receptor, c6digo, canal, mensager’ informacao. Veja um exemplo: Vocé vai se comunicar com seu parente por tele- fone. Vocé é a fonte da mensagem. O aparelho telefonico ¢ o codi- ficador que vai transformar sua voz em sinais. Os sinais serao trans- portados por cabos telefénicos (canal) até o aparelho (decodificador) em que esta 0 seu parente, que € 0 destinatario da mensagem. No aparelho do seu parente os sinais que vieram pelo cabo serdo decodifi- cados e a voz seré reconstituida. Assim, seu parente pode escuté-lola) e vice-versa 36 Teorias da Comunicagao Outro exemplo: para vocé, que esta estudando sobre comunicagdo, este caderno é um canal no qual vocé encontra informacoes codifica- das por mim, que sou a fonte das informacdes aqui contidas. Vocé © destinatario que decodifica, para vocé mesmo, o que esté escrito Esses elementos constituem o processo de comunicacéo analisado pe- las teorias da comunicacao, seja entre pessoas ou entre maquinas. Porém, conforme o interesse da analise, 0 significado e o valor de cada elemento pode mudar. Além disso, algumas teorias incluem outros elementos para compreender a comunicacao. Veja: Vocé pode entender a comunicagao apenas como transmissdo de informagoes. Neste caso, 0 principal elemento condicionante da co- municacao é 0 canal que transporta as informac6es codificadas.Se 0 canal funcionar bem, entao a comunicacao se realiza, Essa é a concep- ‘cdo de comunicacdo presente na teoria da informagao, interessadas em alcangar o maximo de precisdo na transmisso, ou seja, para essa teoria, se seu parente escutar vocé perfeitamente ao telefone, entao haverd comunicacéo . Segundo a teoria da informacao, portanto, a comunicacao acontece quando a mensagem chega da fonte ao destinatério sem rufdos nem interrup¢des. ‘Aqui a comunicagéo & um processo linear que comeca com a fonte e termina no destinatario. Nao ha interacdo. Esquema do crest essio GED iaitocasco = ED Fonte ~ > Mensagem > Canal.» Receptor ~ >pestinatario Unidade 1 - Comuricagioe interagio social 7 — Teoria da Informacio é uma teoria matematea da comunicagao criada por Srannon fer 1940 nos BUA engenteiro ce tuna empresa de comunicagio. Ointeresse das pesqusas de Shannan era de baa os custos fe aumentat a eficicia do proceso comuniatve Rede e-Tee Brasil De outro modo, vocé pode entender a comunicagao como processo relacional entre fonte e destinatario. Nao é suficiente transmitir a in- formacéo, ela precisa ser compreendida. O principal elemento condi- cionante da comunicacao, nesse caso, é a linguagem pela qual fonte € destinatario se relacionam. Entao vocé poderd dizer: a comunicacso acontece quando 0 destinatério entende a informacao produzida pela fonte e se relaciona com esta: ¢ capaz de emitir uma resposta. A comunicacéo, aqui, é um processo circular de interagéo que vai da fonte ao destinatario e volta. Esquema circular Circuito Circular Fonte. )—— Mensagem) —_<" ana > Receptor Destinatario Resposta Outra possibilidade é entender a comunicagao como interacao aber- ta. Nesse caso, todos os elementos so relevantes e, além deles, as condigées como a fonte produz a informacao e como o destinatério a interpreta. Aqui a informacdo pode ser infinitamente interpretada e retransmitida conforme as condicées da fonte e do destinatario. Diferentemente das situacées anteriores, em que os processos linear e circular so fechados entre fonte e destinatario, aqui o processo comu- nicativo & visto aberto e imprevisivel. 38 Teorias da Comunicagao & Esquema aberto Voltemos ao exemplo deste caderno: o texto que esta lendo foi pro- duzido para vocé e para milhares de outros funciondrios da educacdo que estao se profissionalizando como técnicos em multimeios didati- os. Isso foi uma condicionante contextual na producao das informa- GOes, na qual se tem de escolher linguagem, vocabulério, contedidos, etc. JA a condicdo para a interpretacdo que vocé e seus colegas faréo do texto é a de quem esté estudando para aprender alguma coisa sobre teorias da comunicacéo e escola. Entretanto, um estudioso da educacdo interessado em pesquisar como ¢ feita a formacao profissio- nal dos funcionérios neste curso, poderd interpreté-la de outro modo. Uma terceira pessoa, estudiosa da comunicacao, interessada em ava- liar a validade dos contetidos aqui veiculados poderé fazer uma tercei- ra interpretacao, pois o contexto é diferente. As informacOes estao al. Foram produzidas e reproduzidas. Interpreta- das e recriadas pelos destinatarios. Nao so mais as mesmas informa- des que a fonte (0 autor do texto) colocou em circulacao. Portanto, ha de se considerar também o contexto da comunicacao, além dos elementos e das relacGes entre os mesmos, para saber se ha ‘ou ndo comunicacao. Com base nisso, vocé pode pensar que, para alguns, a comunicacao se realiza quando o destinatario recebe a mensagem. Para outros, a comu- Unidade 1 - Comuricagioe interagio social 39 & Rede e-Tec Brasil nicagao acontece quando o destinatario compreende a mensagem pro- duzida pela fonte e responde a ela, Para outros, ainda, a comunicacao é um processo em que o destinatario interpreta a mensagem em um dado contexto e a transforma quando vai transmiti-la De qualquer maneira, os elementos basicos envolvidos na comunica- G0 so os mesmos nas trés possibilidades de entendimento citadas anteriormente. Lembro: fonte, destinatario, cédigo, emissor, receptor, mensagem/informacao, canal = MM considerando os conceitos de comunicacdo vistos nesta seco, reflita e disserte: na comunicacdo de massa interessa que 0 Rede e-Tec Brasil destinatario receba a mensagem e a reproduza ou interessa que ele a interprete criticamente? E na escola, que modelo de comuni- cacao pode interessar: transmissao, reproducao, interpretacao critica? Pode ser diferente em diferentes momentos e espacos? De que momen- tos vocé, como técnico em multimeios, pode participar e contribuir? Com esta atividade vocé tera condigées de pensar e perceber que, em diferentes momentos ¢ espacos escolares a comunicacao pode e deve ser diferente, pois diz respeito a objetivos diferentes. Ao mesmo tempo, vocé poder comecar a entender o seu lugar como educador, gestor de multimeios, e a planejar suas atividades de acordo com os diferentes objetivos a serem alcancados pelas atividades educativas em diferen- tes momentos e espacos da escola. Sem contar que continua a pensar e a se preparar para ajudar a comunidade escolar na recepcao critica das informagées que circulam dentro e fora da escola, 1.5 Conceitos de comunicacao E agora, 0 que diria se alguém Ihe perguntasse: “o que voce entende por comunicacao?”” Diria que é trocar mensagens ou informacées? Diria que é expressar algum sentimento, pensamento ou conhecimento? Diria que é con- versar com outra pessoa? Diria que é dialogar? Diria que é divulgar noticias? Diria que é fazer propaganda? Diria que é difundir opinioes sobre um assunto, uma pessoa ou uma instituicé0? Diria que publi- car informacoes? 40 Teorias da Comunicagao & Bem, se vocé respondeu tudo isso ou apenas uma dessas alternativas, vocé est certo, pois, quaisquer das respostas indicam algum tipo de relago social, Entao, em grosso modo, vocé pode dizer que entende @ comunicacao como um tipo de relagdo social. Essa é a natureza da ‘comunicagéo! Contudo, ainda nao dé para ficar satisfeito com essa resposta, pois se a comunicacao é um tipo de relacao social, ela no é qualquer relacao. Nesse caso vocé pode se perguntar: qual é a diferenca entre a relacso comunicativa e outros tipos de relagao? A comunicagio pode ser caracterizada de trés maneiras diferentes: 1. Como relacao das pessoas com mensagens, mas nao entre si; 2. Como relacao entre pessoas por meio de mensagens, as mensagens sao instrumentos das pessoas para se relacionarem entre si; 3. Como relagdo em que ao produzirem, emitirem e receberem mensa- gens, as pessoas interagem entre si e com as mensagens - pessoas € ‘mensagens nao podem ser separadas na relacao. Vocé esta pensando se isso faz diferenca ou nao? Ora, faz uma grande diferenca, pois, no primeiro caso, vai entender 2 comunicagao como uma relacdo em que as pessoas sdo ligadas as mensagens, permanecendo separadas entre si, Pela comunicacao, tor- nam-se comuns sentimentos, pensamentos e conhecimentos quando so transmitidos de umas para outras. A comunicacao se caracteriza apenas como transmissao de mensagens. De outro mods, vai entender a comunicacdo como uma relacéo em que as pessoas estao ligadas entre si. Elas compartilham sentimentos, pensamentos e conhecimentos umas com as outras através da emis- sao € recepgao de mensagens e isso possibilita que elas constituam uma comunidade, um grupo social. Neste caso a comunicacao ¢ en- tendida como transmisséo de mensagens e compartilhamento do que é transmitido, diferenterente da situacao anterior em que se recebem mensagens que nao sdo compartilhadas. Unidade 1 - Comuricagioe interagio social a4 & A orig da pala comunicagao (do latin comuniatio tem aver com ‘comunigade e com 20 comum. Por fim, no terceiro caso, vai entender a comunicagéo como a relaco em que as pessoas séo as mensagens e as mensagens S40 as pessoas, ‘Além de emitir e receber mensagens (transmissao) entre si, as proorias pessoas sao contetidos da comunicacao. Neste caso, as pessoas inte- gram a comunicacao, constituem a comunicagao. As pessoas fazem a comunicacao e so feitas nela, A comunicacdo é um processo em que a5 pessoas tornam comuns sentimentos, pensamentos e conhecimen- tos nao apenas porque os transmitem e compartilham, mas porque interagem umas com outras. A comunicagao é entendida como inte- ragao social. Ao emitirem mensagens, as pessoas esto dizendo o que sentem, pensam e esperam, para que outras possam concordar ou discordar no proceso de construcao sociocultural, no devir humano. Agora vocé jé pode dizer que entende a comunicacéo como a relacao que liga pessoas e se caracteriza pela troca e pelo tornar comum al- guma coisa entre elas, apesar de que esse trocar e esse tornar comum possam ser entendidos de formas diferentes: apenas como transmis- so; como transmisso e compartilhamento; como transmissao, com- partilhamento ¢ interagao. Mas essa resposta ainda nao satisfaz. Vocé pode perguntar, agora, 0 que faz com que esse tipo de relacao exista? De modo geral & possivel afiemar que o que faz com que a relacdo comunicativa exista é a vida social. Novamente, isso pode ser entendido de maneiras diferentes. Para al- guns, as pessoas vivem socialmente porque se comunicam. Sem comu nicagao nao existe sociedade, Para outros, as pessoas se comunicam porque vivem socialmente. O certo € que vida social e comunicacéo s80 indissociaveis. Nao podem ser entendidas separadamente. € isso que interessa Sua resposta agora ganhou mais consisténcia: comunicacdo é uma relacdo que liga as pessoas numa troca, num tornar comuns os sen- jentos, pensamentos, conhecimentos, valores e opinides que elas precisam para viver socialmente. Para viverem umas com as outras ¢ construir cultura. 42 Teorias da Comunicagao eS Contudo, ainda caberia mais uma pergunta para vocé fazer e pensar: qual o papel da comunicacao na vida social? Muitos. 0 papel fundamental é o de conservar e transformar as rela- bes sociais pela interacdo critica das pessoas com valores e saberes transmitidos e compartilhados na prépria relacao comunicativa, Nesse sentido, a comunicaco possibilita a expresso das individuali- dades; a transmissao de valores e saberes, a conversacao e 0 didlogo entre diferentes (gerac6es, grupos sociais, géneros, etnias, etc.); a di- vulgacao de informacées, produtos, ideias, etc; a difusdo e propaga- 40 de opini6es, produtos, imagens... Além disso, a comunicacéo também pode divertir entreter, ensinar, ‘educar, entre outros, ‘Achou que tinha acabado? Ainda tem uma ditima perguntinha: como & posstvel a comunicacao? Para que a comunicagao seja possivel € preciso produzir, codificar, transmitir mensagens que possam circular entre as pessoas, para que sejam interpretadas, se tornem comuns e possam ser trocadas e com- partilhadas, questionadas e criticadas. Unidade 1 - Comuricagioe interagio social 43 & Isso sé dé para fazer gracas as lit ao e de comunicagao. \guagens e as tecnologias d Agora que vocé ja se aproximou do conceito de comunicacao como interacéo social e sabe que as linguagens e meios séo Rede e-Tec Brasil fundamentais nos processos comunicativos, é importante co- nhecer as condicées em que a comunicacdo acontece na escola, ndo acha? Sim, pois a escola, vocé nao deve se esquecer, é a instituicao social moderna criada para educar. Na escola, a comunicacao constitui interacées sociais que afetam a educacéo das pessoas, como vocé ja entendeu desde o caderno 3 - Homem, pensamento e cultur Entao, para conhecer as condicées da comunicacao, faca um mapa da escola em que trabalha, para: 1. Identificar e mapear os diferentes espacos escolares; 2. Observar e indicar em que momentos do processo educative cada espaco geralmente é frequentado por professores e alunos; 3. Observar e identificar se esses espacos séo usados sempre para o 4, Identificar que tipo de comunicacao acontece nesses espacos: re- produtiva, circular ou aberta; 5. Continuar a reflexao sobre os efeitos da comunicacao na educacéo escolar. Como resultado desta atividade vocé deverd obter um diagnéstico do uso dos diversos espacos escolares relacionando-os com os tipos de co- municagao possibilitados em cada um em momentos diferentes e quais podem ser seus efeitos na educacéo proposta pela escola (positives ou negativos e se potencializam ou enfraquecem a proposta da esco- la). Esse diagnéstico podera ser usado mais adiante, no estudo deste caderno e no estudo de outros cadernos, que procurardo aprofundé-lo com vistas & potencializacao do uso comunicativo e educativo desses espacos em relacao ao Projeto Politico Pedagégico da escola, 44 Teorias da Comunicagao Unidad 1 -Comunicacioe intra RESUMO Nesta unidade vocé pode entender que a comunicacio é interacio social, um tipo de relacéo em que os participantes influenciam-se mutuamente ¢ que pode acontecer entre pessoas (interpessoal) ¢ entre pessoas e instituicées. Deve ter compreendido que a comuni- ‘cacao interpessoal pode ser imediata ou mediada, enquanto que a ‘comunicagdo institucional é sempre mediada. No caso da instituicio escolar, 0s meios podem ser: mural, carta, agenda escolar, caderno, boletim e mesmo alunos, professores, funcionérios e diretores, entre ‘outros. Alunos, professores, funcionrios e diretores, na escola, sio pessoas que ocupam funcées institucionais e constituem o piblico dda comunicacao escolar. Por isso, a comunicacio institucional acontece entre a insituigéo € (5) pablico(s) com que ela se relaciona bem como entre instituicSes (escola e secretaria de educacio, por exempl). Isso foi facil de per- ceber. Quando a escola tem informacées novas,transmite & comuni- dade escolar e nao a pessoas especificas nem a sociedade inteira, a no ser em casos particulares, que nao problematizarei aqui. Uma terceia diferenca é que a comunicacao interpessoal é de domi- nio privado enquanto que a institucional é tanto de dominio privado como de dominio pablico, conforme a propria instituigao, Uma escola particular néo precisa tornar publicas as suas informacées. J4 para tuma escola publica as informacées sio piiblicas. E, por fim, a ultima diferenca & que a comunicagdo interpessoal é informal enquanto que a comunicacéo institucional é formal. Vocé dever ter notado, por outro lado, que a comunicacéo de mas- sa & diferente das duas citadas anteriormente: & sempre mediada € realizada por instituicSes especializadas na producéo e transmissao de informacoes para todos e para ninguém, isto é para uma massa anénima, Devem ter ficado claros, para voce, os elementos fundamentais da ‘comunicagao: fonte, destinatario, emissor, receptor, cédigo, canal, mensageminformaci Rede e-Tec Brasil 46 Teorias da Comunicacao Unidade 2 Ceoyi al (et t-leM) linguagens eS Caro(a) estudante, "Na primeira unidade deve ter ficado entendido que a lin- quagem possibilita, em geral,o registro ea circulacao de informacées na sociedade. € a chave para a interacio co- tmunicativa e, por isso, proponho a voc® investiga, refle- tir sobre ¢ experimenticla A linguagem é 0 elemento com o qual, no qual e pelo qual aS pessoas se expressam (suas intencdes, sentimentos € pensamentos,) representam o mundo (as coisas, os acon- tecimentos, as acées, as outras pessoas) e interagem (di logam e conversam para se mostrarem diferentes, para construirem consensos, para negociarem, para comparti- Iharem, comunicarem, entenderem-se), Quer dizer: pela Tinguagem, com ela e nela o mundo humano € construido simbolicamente, As linguagens constituem e circulam em rmidias: livros, videos, filmes, quadros, apresentacées céni ‘as, cartazes, outdoors, entre muitos outros exemplos, que vocé ver’ com mais detalhes nos demais cadernos que constituem a formacio do técnico em multimeios. 0 objetivo desta unidade, entao, é refletir sobre o senti- do da linguagem na comunicasio, na interac3o social, na educagao, no devir humano. Para que voc® possa se apro- ximar desse objetivo, vou desafié-lo a procurar resposta a seguinte pergunta: por que néo pode haver comunicagso sem linguagem? ‘Na busca de resposta para a pergunta, proporei um es- tudo bem introdutério & semiética, para que possa ter nogao da importancia dessa perspectiva de estudos da comunicagio para a educacéo escolar, na medida em que, com a semistica, poderd entender melhor a potencialidae de do uso de linguagens diversas nas atividades educa- tivas, Da mesma maneira, a leitura semidtica das midias fora da escola pode ajudar a planejar atividades escolares pelas quais seja possivel fazer uma recepcao critica das informagées e mensagens que circulam dentro e fora da escola, objetivo geral deste caderno, 48 Teorias da Comunicagio eS Vocé ficou Claro que ficou! Entdo, és6 continuar aleitura para satisfazer essa curios dade e provocar outras! A semistica é uma teoria geral dos signos e dos proces- 0s de significacio. Ocupa-se em saber 0 que é um signo, como & transmitido € circula ¢, em que condicées, pode ser interpretado por homens ¢ mulheres. Como voce pode ver, 0 assunto estudado pela semidtica ‘0 0s signos: em suas qualidades préprias, em suas rela- 6e5 com outros signos, em suas funcdes, em seus efeitos, Signos sao elementos de uma linguagem. o que tentareiajudar vcd a entender a segui ‘Antes, porém, convém avisé-lo(a) de que ha dois grandes homes associados a semistica: 0 de Charles Peirce ¢ 0 de Ferdinand Saussure. Este estabeleceu as bases para 0 es: ‘tudo dos signos a partir da linguagem verbal. Pierce, por outto lado, desenvolveu estudos procurando mapear os mais diversos tipos de signos e de linguagens para com- preender as suas relacies com o pensamento € com 0 co- nhecimento. Considerando que vocé esta se preparando para atuar na escola como técnico em multimeios, penso que é in- teressante conhecer os elementos bésicos da semistica de Peirce, que estuda os diversos tipos de signos e cuja base pragmatica tem tido repercussio forte nos estudos da comunicacao. Unidade 2 - Comuricagioe linguagens & Peirce (1839-1914)- filo- sofe norte-americano, considerado ini do pragmatis Saussure (1857-1913)- ii ista e semiélogo suigo, considerado 0 pai da teoria estrutura- lista da linguagem. 49 2.1 A semiGtica e os signos Sabendo que a semistica estuda os signos, é 0 caso de saber, logo, 0 que é um signo do ponto de vista semistico, nao verdade? Entéo, veja Na perspectiva semidtica, signo € tudo aquilo que significa: 0 signo 56 existe se representar um objeto e puder ser interpretado. Para que um signo signifique, € preciso um significante (a parte sensivel, fisica, material, que pode ser sentida), um referente (0 que é representado pelo signo) e um interpretante (0 significado ou conceito para um intérprete). Segundo Peirce, o pensamento humano ¢ sempre representacao. Ele quer dizer com isso que 0 homem pensa sempre alguma coisa por meio de outra: representa. Os signos, para Peirce, so coisas que, para alguém (intérprete), tem o mesmo valor que outras coisas (interpre- tante e objeto do signo) sob algum aspecto ou capacidade. Acompanhe a definicdo de signo proposta por Santaella, quem sabe fica mais facil de entender: © signo & qualquer coisa de qualquer espécie (uma palavra, um fi ‘ro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa, uma mancha de tinta, um video, ete) 1 representa. outra coisa, chamada de objeto do signo,e que produz um efeite interpretativo em uma mente ‘eal ou potencal interpret}, efeito este que ¢ chamado de te do signo.(SANTAELLA, 2002, p.8)(Grifos meus) 6 6. a 50 Teorias da Comunicagao terpretan: A partir dessa definicdo fica facil de entender que qualquer coisa pode ser um signo, mas sO 0 serd se representar outra coisa (objeto do signo) para alguém (intérprete) mediante um conceito ou significado (interpretante do signo). Para estudar o processo de significagao ou como alguma coisa signifi- ca, entio, a semiética centra-se, por assim dizer, na vida e na acao dos signos na relacao com o intérprete: dos signos das linguagens huma- nas (verbais e nao verbais) e das linguagens tecnolégicas em contextos enunciativos. No contexto em que sao emitidos para produzir efeitos de sentido no intérprete. Se 0 conceito de signo, para a semistica, ainda nao ficou claro, vou tentar melhorar suas condigdes de interpretacao analisando um exem- plo, isto &, pensando separadamente cada um dos elementos que constituem um signo a partir de um exemplo, a saber: a palavra escrita “cadeira” Quando escrevo "cadeira”, as letras impressas s0 0 significante (par- te material que vocé pode ver) do signo. € 0 significante que permite, por assim dizer, que 0 signo possa ser sentido, percebido. Entéo, pergunto a vocé: ao ler a palavra “cadeira”, 0 que vern 8 sua mente? Voce sabe 0 que estou querendo dizer ao escrever essa palavra? Bem, por um lado, voce sabe 0 que quero dizer por que sabe que uso © signo “cadeira” para me referir a um objeto que nao é a propria palavra, Esse objeto ao qual a palavra refere & 0 objeto do signo: uma cadeira qualquer. Por outro lado, vocé, que é o intérprete das palavras que escrevo, sabe a que me refiro com a palavra "cadeira” porque tem condicées de representé-la na sua mente, tem urn conceito, um significado relacio- nado ao signo. Assim, vocé e eu s6 sabemos que objeto € a cadeira em decorréncia da palavra escrita (significante) e da representacdo mental (significa- do) que a palavra “cadeira” nos leva a ter. Se compartilharmos o Unidade 2 - Comuricagioe linguagens 1 & significado, nos comunicamos sem problemas. Mas se a sua represen- tagéo mental for diferente da minha, entao teremos dificuldades para nos entendermos. Matou a charada sobre o lado significante e o lado significado do signo? Entao, ande um pouco mais na investigacao: a nocao de que 0 signo 6 alguma coisa para al- guém quer dizer que o seu sig- nificado é construido por meio de um interpretante. Mas esse interpretante nao € uma pes- soa que interpreta, sendo outro signo. A pessoa que interpreta 60 intérprete. Como é que um signo pode interpretar outro signo? Bem, no é que um signo interpreta outro. O caso é que uma pessoa 56 pode interpretar um signo por meio de outro signo. Se eu Ihe perguntar: 0 que vocé entende ao ler a palavra “cadeira”? Vocé nao vai me responder: “entendo cadeira!" Se disser isso, nao vai me esclarecer em nada. A sua resposta nao teré significado nem para mim nem para vocé. Vocé tera de relacionar a palavra escrita cadeira com outros signos que possibilitem a construcéo de significado na sua mente. Sé entéo po- deré ter uma interpretacao da palavra: “cadeira é aquele objeto que serve para sentar”; “cadeira aquele objeto usado para torturar”; “cadeira 6 aquele objeto no qual podemos descansar”. Vern em sua mente uma imagem do objeto ou de uma situacao. Entendeu? Voce usa outras palavras ou imagens mentais para significar. Voce, como intérprete das palavras que escrevo, 6 podera compre- ender 0 que digo na medida em que os signos que lanco produzirem significado na sua mente, isto é, na medida em que vocé tiver um re- pertério de signos interpretantes para os que lanco. E entao vocé tera 52 Teorias da Comunicagao & de interpretar meus signos: o que ele quer dizer com “cadeira"? Seré “objeto que serve para sentar”? Ser “objeto usado para torturar"? Sera “objeto no qual podemos descansar”? Nesse sentido, néo da para ignorar que os interpretantes so {=u limitados pelas condigées e contexto do intérprete, que limitam as possibilidades de interpretacao: quanto maior o repertério de informagées e de significados do intérprete, mais variadas so as possibilidades de interpretacao e criacao de significados. Dai a importancia de que, na escola, alunos e professores possam ter a sua disposicdo as mais variadas linguagens e os mais variados modos de acessar informacoes. Isso pode ampliar as possibilidades de interpretacao. Com isso, espero que vocé tenha compreendido que, nos estu- au dos semidticos, nao ha comunicacao sem significagao e nao ha significagao sem interpretacao, isto é, sem a passagem que as pessoas fazem de signos para outros signos. Considerando que a interpretacao de um signo depende e é Cax=> itada pelas condicdes do intérprete, proponho um exercicio para ampliar seus limites de interpretacao da palavra signo, conforme a semidtica. Identifique, entre livros, revistas e paginas ele~ trénicas (internet), pelo menos trés fontes diferentes que apresentam a teoria semistica. Leia as trés fontes e faca uma redacdo, com esquemas graficos e desenhos, para explicar o que é um signo do ponto de vista semidtico. Se tiver dificuldades para encontrar as fontes, comece por olhar as re- feréncias que apresento ao final do caderno e faca o mesmo com cada uma das fontes que encontrar. Com essa atividade vocé exercitard o seu senso investigativo e ganha- ra autonomia na construgdo do saber. Como resultado, devera cons- truir um conceito de signo a partir do qual vocé podera se orientar nos estudos das préximas secées desta unidade, nas préximas unidades deste cademo bem como nos estudos dos préximos cadernos. Mas, 0 mais importante: vocé podera comecar a ler a escola e as midias fora da escola a partir do conceito que construir. Unidade 2 - Comunicacioe linguagens 53 & Nao se esqueca de registrar 0 proceso de pesquisa e a redago no seu memorial. 2.2 Signos, linguagens e cédigos Vocé lembra o que significa dizer que o homem um ser simbélico? Significa, ao mesmo tempo, que homens e mulheres produzem sig- 1nos e séo eles préprios signos uns para os outros. Isso quer dizer que, quando estamos diante de outras pessoas, olhando suas roupas, seus gestos, seus habitos alimentares, fazemos interpretacao delas Simbolizar, entao, é produzir signos e, por meio deles: representar coi sas, acontecimentos, sentimentos, pensamentos, ideias, valores; expres- sar a individualidade (sentimentos, emocées, imaginacao); e interagir (dialogar, conversar, trocar informacées, comunicar) com os outros. Mas, sera que ao fazer um desenho, que é um modo de produzir sig- no, uma pessoa consegue se comunicar com outra? Quando pinta um quadro ela comunica? E quando ela escreve alguma palavra isolada, seré suficiente para comunicar? Ao mostrar sua a lingua a alguém, uma crianga comunica? E quando chora? Falar, que € modo mais co- mum de produzir signos seré suficiente para comunicar? Gravar um acontecimento em video e mostrar aos outros é comunicar? Nao, a produgio de signos ndo ¢ suficiente para comunicar. J8 sei! Vocé deve estar se perguntando: se produzir signos nao ¢ sufi- Giente, © que mais é preciso para comunicar? 54 Teorias da Comunicagao & Veja: Signos sao coisas que colocamos no lugar de outras. Assim, por exem- plo, o desenho de um passaro, a palavra passaro, 0 som p-d-s-s-a--o 80 signos porque estao no lugar de outra coisa. Poder estar no lugar de um passaro “real” como podem estar no lugar de algum sentimen- to ou de alguma ideia: o desenho de um passaro ou um passaro real pode ser um signo para a ideia de pressa, de velocidade; pode ser um signo para o sentimento de liberdade; pode estar no lugar da ideia de paz; pode estar no lugar da ideia de sabedoria. Como saber? Vocé acha que sem saber isso as pessoas ndo poderdo interagir e se comunicar, nao é? Vocé tem razéo, A interacao simbélica (a comunicacéo) sé & possivel quando os signos sao usados em contextos que Ihes possibilitem signi- ficar, ser interpretados. 0 primeiro contexto é aquele em que os signos sao relacionados uns aos outros através de regras, formando um cédi- go ou uma linguagem, Sendo assim, uma pessoa pode se comunicar com outra somente em cédigos e linguagens, pois, com isso, ambas poderao usar signos que compartilham relacionando-os por meio das mesmas regras. Os cédigos podem ser fechados ou podem ser abertos. Grupos de pichadores, por exemplo, usam um cédigo que s6 eles podem en- tender: € um cédigo fechado. Seitas religiosas também. Fildsofos comunicam-se usando uma linguagem to técnica que quase s6 os profissionais de filosofia conseguem entender. Diferente ¢ a lingue- gem usada pelos jornalistas, que quase todas as pessoas conseguem entender. A igreja catélica tem uma linguagem propria, diferente da linguagem da umbanda. Diferente ainda é a linguagem que usamos para conversar na esquina. De qualquer maneira, mesmo que uma pessoa nao entenda o que a outra quer dizer quando faz um desenho, por exemplo, 0 desenho pode ser traduzido em palavras ou em gestos. Ou em palavras e ges tos ao mesmo tempo. Enfim, um desenho pode ser interpretado com palavras ou gestos. Palavras e gests ficam no lugar do desenho, mas no tém necessariamente o mesmo significado que o desenho. Unidade 2 - Comuricagioe linguagens 55 & Rede e-Tee Brasil Nessa interacdo entre pessoas, pela linguagem, signos sao traduzidos de um cédigo para outro e assim sao construdos os significados com base no uso de uma ou varias linguagens. Na medida em que pro- duzem a significacdo juntas, as pessoas compartilham significados e podem passar a usar signos com significados especificos ou variados. Criam um cédigo de comunicacéo. Quem nao entendia o significado no desenho passa a entender por palavras ou gestos. Voce quer saber como se chega a essa situacéo de compartilhar sig- nificados? Chega-se a compartilhar significados por convengdo: um grupo de pessoas vai dizer a outra: © que vocé est querendo dizer com esse desenho? A pessoa que desenhou fala: estou querendo dizer tal coi- sa, Assim, quando elas se entenderem entre si estaréo inventando, decidindo e instituindo (convencionando) significados para os signos. Significados que poderéo valer apenas para 0 grupo, para uma comu- nidade ou até para toda a humanidade Dessa conversa, entio, interessa que vocé tenha claro que os signos sozinhos podem servir para uma dnica pessoa expressar sua individu- alidade e/ou representar alguma coisa para si mesma. Mas, se essa pessoa quiser dizer o que sente, pensa e sabe para outra, entdo os signos terdo de ser usados num contexto que os organiza através de regras de uso compartilhado por elas. Esse contexto é um cédigo, uma linguagem inventada para que as pessoas possam se entender umas com as outras, além de se expressar e representar 0 mundo. Se no fosse assim, como vocé entenderia que eu escrevo? Cada palavra é um signo que eu coloco em relagéo com outros signos por meio de regras que vocé conhece e cujo significado pode estar na relagdo com as outras palavras, com os limites e possibilidades que vocé tem em mente para interpretar e com seu contexto de leitura. 56 & Conhecimento do vocabulario, tempo e espaco de leitura, objetivos a serem alcancados em curto e longo prazo, etc. Assim, como vocé vé, podem ser construldos muitos cbdigos e lingua- gens conforme o modo como diferentes signos forem usados: dese- nnhos, sons, escrita, imagens, fumaca, etc, podem ser combinados de diferentes maneiras, segundo diferentes regras de uso. E pode haver combinacées entre signos diferentes que formam diferentes lingua- gens, como a chamada linguagem audiovisual que relaciona ima- gens, fala, escrita, sons e misica em um filme, por exemplo. Tradicionalmente as linguagens sao classificadas em dois grandes grupos as verbais (fala e escrita) e as nao verbais (gestos, cores, sinais, desenhos, entre outras), como voce jé sabe. Assim também os cédigos sao classi- ficados em analégicos e digitais, uma diferenciacao muito importante, 2.3 Cédigos analégicos e cédigos digitais Qs signos sao elementos fundamentals das linguagens que, por sua vez, sao fundamentais na comunicacéo. Mas 0 fundamental no estu- do semistico da comunicacao ¢ entender do que os signos séo capa- zes quando usados nos processos de significacao e interacao social Vocé verd, na préxima unidade, que as transformac6es nas midias, que vieram a acelerar e a ampliar o alcance da comunicacéo, corres- pondem, basicamente, a um processo de complexificagéo da tecno- logia e de simplificagao da linguagem. As midias se complexificaram porque passaram a envolver diversas maquinas e materiais (computadores, cabos, satélites, TV, radio, an- tenas € outros) que emitem, recebem e distribuem signos na forma de sinais. Mas para que isso fosse possivel a linguagem teve de ser simplificada, 2. Comunicagi elinguagens 7 & a so a pala complexificacao, ara me refer 20 processo fem que novos elementos va0 sede inser dose relconades ‘om outros na constucio do mundo humana Nese caso expec, eiromme 3 consrugio de tecrologias de informagio e ceomnicagio Rede e-Tec Brasil Veja: Segundo a semi6tica, ha trés tipos de signos criados por meio de ope- racdes dialégico-comunicativas. Para que as pessoas possam se enten- der umas com as outras, interpretam signos através de outros signos, conforme a classificacao semidtica a seguir: * Por operacées de semelhanca, Por exemplo, a fotografia, a escultura na maioria das vezes e as pinturas que retratam paisagens, pessoas € objetos sdo signos interpretados por semelhanca. Esses signos so chamados de icones. * Outra operacdo comunicativa pelas quais os signos sao criados é a de contiguidade ou interpretacao por associagao de um objeto a outro, mesmo que eles ndo sejam semelhantes, Por exemplo: a fu- maga como signo de fogo; a nuvem como signo de chuva, Fumaca e nuvem nao significam fogo e chuva por semelhanca, mas porque a presenca de um indica o outro, Por isso esses signos sao chamados de indices. * Por fim, a terceira operacao dialégica pelas quais os signos so cria- dos & a convencao, como vocé viu na secdo anterior: acordo entre 0s usuarios. O uso destes signos depende da instituicao de regras de uso. Eles sao chamados simbolos. Como exemplos, podemos citar as palavras da linguagem oral e da linguagem escrita (exceto quando imitam sons da natureza, como nas onomatopeias: bééé! Coach! Buuu!). Os simbolos, assim como os indices, ndo tém semelhanca com os seus referentes. Ou vocé acha que a palavra “cadeira” se parece com o objeto a que chamamos “cadeira”? E a palavra “pala- vra", se parece com qual objeto? Imagino que vocé deva_se perguntar novamente: e dai, em que & que esses icones, indices e simbolos podem me ajudar para entender a complexificacao das tecnologias e a simplificacao das linguagens? £ que esses signos constituem dois grandes tipos de cédigos. Os cédi- 0s analégicos e os cédigos digitais. Eles mesmos so signos analégi- cos e signos digitais 58 Teorias da Comunicagao & eS Os cédigos analagicos tém a ver com signos fisicos e mais complexos: desenhos, pinturas, gestos, palavras, entre outtos. Signos fisicos pre- cisam de suportes materiais para ser fixados e transportados. Coisas materiais so podem ser transportadas por meio de canais mecanicos: vocé leva uma carta a0 posto do correio; o correio envia a carta por autorével ou por avido ou por navio até 0 posto de correio do outro municipio e uma pessoa tera de levar até o seu parente. Ja 0 cédigo digital nao. Digital vem de digito, numeros de 0 a 9, mais letras. Com eles, foi possivel se chegar ao cédigo bindrio, que é o mais simples a que se reduziu a linguagem. Por exemplo, vocé pode com- binar com alguém que, se piscar 0 olho direito, est tudo certo. Essa piscada é um sinal positivo (1). Mas, se piscar 0 olho esquerdo, esta er- rado. A piscada com 0 olho esquerdo ¢ um sinal negativo (0). A piscada é um signo codificado para a comunicagao entre voce e outra pessoa Na midia eletrénica/digital atual (rédio, TV, telefone, computador, etc), em geral, as informages sao codificadas em cédigos bindrios digitais. Neles, todos os signos analogicos (desenhos, imagens, sons, etc.) s40 convertidos, traduzidos, interpretados pelos digitos 0 e 1, 0 que faci- lita € aumenta a capacidade de armazenar e transmitir informacoes. Assim, no celular sua voz é codificada em sinais por meio de um cédi- go binario. € transmitida em ondas eletromagnéticas pelo ar até uma antena que manda os sinais para outra antena até chegar ao aparelho telefonico do seu interlocutor e ser decodificada em questdo de se- gundos. Via satélite, entao, a transmissdo é mais rapida e precisa Entendeu por que a mensagem anda mais rapidamente nos aparelhos eletrénicos? Porque o fisico é transformado em virtual? Porque o me- cAnico é transformado em energia? A energia € um tipo de material muito mais fluido, leve e agil do que materiais mais densos como o papel, a pedra, a madeira, etc. Por isso se movimenta com muito mais velocidade em canais apropriados Nesse sentido, entdo, os signos analdgicos representam com maior viva- cidade e presenca nossos pensamentos, sentimentos e conhecimentos do que 0s cédigos digitais que so muito mais Ageis, eficazes e eficien- tes na producao e circulagao de informacées. Porém, exigem um siste- ma de transmiss4o dos sinais muito mais complex do que os signos analégicos. Exigern maquinas e sistemas de méquinas, especialmente. Unidade 2 - Comuricagioe linguagens 59 —_—= Suporte é0 materalouespago os ais signos so inscrts para express a indidual ade eos ‘rans inioragées, Exemplo & ‘papel para a escra, a tls para para a ate reste, o coro para 2 gestiulagio Filmes cela, 2000, EUA creo de Tatsem Singh = pense sobre a possbldade de uma pessoa enrarna mente de outa usando tecnologia recoctcagio Matix, 1988, EUA, deco de Andy Lary Wachowski ~ pense Sobre a cag derealdades vrais pls raducio de cidigos ‘analgicos em cbigos dias Masicas Kid Vii de Zece Bala Da Lama ‘a0 Caos, de hic Science Rede e-Tee Brasil 2.4 Linguagens e midias Agora que vocé ja sabe a diferenca entre linguagens verbais e ndo ver- bais e entre codigos analégicos e cédigos digitais, precisa ter nocao de como isso funciona nas midias. Ou melhor, precisa entender que di- ferentes midias usam diferentes cédigos e linguagens e com isso tém maior ou menor alcance com menor ou maior rapidez do que outras. Quanto mais répida e abrangente a midia, com mais intensidade e poder ela passa a figurar na sociedade, pois com ela se pode atingir (© maior numero de pessoas ao mesmo tempo. Para isso, contudo, as pessoas precisam ter acesso aos aparelhos receptores e decodificado- res, como TY, radio, telefone, computador. Mas ndo ¢ isso 0 mais importante de ser pensado agora, © mais im- portante & a questdo da significacdo nos contextos de uso dos signos Escrevi, antes, que 0s signos analégicos seriam mais vivos presentes que os digitais, no foi? E por que os digitais nao atraem? £ que quase nao aparecem, mas so necessarios para que as lingua- gens humanas possam alcancar multidées por meio das linguagens das maquinas. Os cédigos digitais sao os cédigos das maquinas. As maquinas emitem @ recebem sinais, codificam, decodificam e recodificam as linguagens humanas. Transformam 0 analégico em digital e vice-versa. Fazem do pesado leve e desmaterializam o material. 60 & E claro que vocé, neste momento, nao precisa dominar as linguagens das maquinas. Mas precisa saber que as informacées esto disponiveis em certas midias com tanta qualidade sonora e visual gracas a essa recodificacao do analégico em digital. © que quero dizer € que a imagem que voce vé na TV ou no cinema no aparece tal qual como foi filmada. Ela é recortada, retocada, re- codificada, manipulada, produzida tecnologicamente e se transforma naquela maravilha que &. Com isso podemos ver coisas que nao exis- tem e ver de maneiras diferentes as mesmas coisas. we Voct pode conhecer um pouco das novastenoleias de tv digital, que esto sende traidas ara Brasil no enderego tleténiccsttpsimwrmmc.gov. brity_igitaltchtm> a endereo httplwiw megowbriindusao-digitall acoes-e-programas, voc pode ‘onhece as pola de indusio tigital do govern federal, lade 2-Comuricagioe linguagens 6 & Dependendo da midia e dos canais pelos quais os signos (imagens, palavras, sons, desenhos, fotografias) circulam, isto ¢, sao codifica- dos e recodificados, mais do que conduzidos, eles so modificados modifica 0 processo de comunicacao. Os canais e as midias ndo sao meros transportadores ou veiculos de informacées, pois modificam as informagées. As midias digitais simplificam ao maximo os signos para poder produzir o maximo de exatidao e de padrao estético. Assim, por exemplo, as Aguas poluidas de um rio podem aparecer limpidas e azuis na tela da TV ou do computador. Os dentes escurecidos pelo café aparecem brancos num comercial de creme dental, e assim por diante. As midias e seus cédigos criam outra realidade, que precisa ser interpretada, Essa interpretacdo, é importante lembrar, depende das condicées interpretativas do intérprete. 5 D Complemente a atividade que vocé realizou ao final da unida- de 1, na qual mapeou os espacos escolares: Rede e-Tee Brasil 1) [dentifique que equipamentos/canais e cédigos so usados em cada um dos espacos e momentos que vocé mapeou; 2) Relacione equipamentos/canais e cédigos aos tipos de comunicacao e aos possiveis efeitos para a educacao, que identificou naquela atividade, Sendo uma atividade complementar a anterior, o resultado esperado aqui é uma ampliacao do diagnéstico iniciado, com vistas a pensar e planejar a potencializacao do uso dos espacos, dos equipamentos e das linguagens na educagao escolar. 2.5 O fluxo semidtico da comunicacao Na primeira unidade, vocé teve contato com uma nogao cléssica, que continua sendo usada pelos profissionais da comunicacao para produ- zir e transmitir informacdes. Com aquela nocao, a comunicagao é entendida como um processo unilateral que consiste na transmissao de mensagens e se realiza num Circuito que vai da fonte ao destinatario. A fonte pode ser uma pes- soa, uma instituigéo ou uma empresa de comunicacao e o destinata- rio pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas, instituicdes ou mesmo uma multidao, 62 Teorias da Comunicagao & eS Nesse processo, supostamente, 0 cddigo é 0 mesmo para o emissor € para 0 receptor, de tal modo que os signos que circulam parecem ter significados precisos. A decodificagao pelo destinatario dos signos codificados pela fonte seria suficiente para o destinatario entender a mensagem. 0 circuito classico, nesse sentido, reduz a comunicacao & ‘transmissao de mensagens ¢ informacées. Se considerarmos as pessoas como emissoras e receptoras, 0 codigo. pode ser a linguagem escrita com seus signos e regras. Assim, por exemplo, se vocé conhece as palavras que eu escrevo e 0 modo como posso combiné-las, basta lé-las para entender. Contudo, 2 partir desta unidade, voce percebeu que, segundo a semidtica, as coisas ndo se passam bem assim, pois a compreensao de uma mensagem implica em recodificagao e interpretacdo. Para que alguém entenda efetiva- mente uma mensagem, tem de poder significé-la: interpreté-la Se o processo de interpretacao envolve decodificacao e recodificacao, quer dizer, se um signo depende de outro signo para ser interpretado, quer dizer que a mensagem é modificada ao ser interpretada em outro cédigo, como foi dito na secao anterior. O significado da mensagem, portanto, nao é algo que se recebe pelo contato com os signos. Os signos sozinhos nao significam, lembra! E preciso interpretar os signos para que se chegue a um significado, que no est no signo, mas na interpretacao ou significado produzida pelo intérprete por meio do interpretante: outro(s) signo(s). Embora os signos nao signifiquem por si mesmos, as suas qualidades, sua forma de aparecer e seu pertencimento a um cédigo estabelecem limites para a interpretacdo. Nao se pode fazer a mesma interpretacdo de signos cujas naturezas sao diferentes. O significado a que o intérprete pode chegar, na interpretacao, con- tudo, pode ser diferente do que 0 emissor dos signos teria criado na codificacao da mensagem Nesse sentido, diferentemente do circuito clssico que é fechado, 0 fluxo semidtico da comunicacao € aberto, As mensagens transfor- mam-se ao serem codificadas, decodificadas e recodificadas. A fonte € origem de informagoes e mensagens porque as recodiica, as inter- Unidade 2 - Comuricagioe linguagens 6 preta e emite para outros destinatarios. Aqui a fonte & também des- tinatério e 0 destinatério é fonte, Por exemplo, o que vocé est lendo so signos que emiti, Vocé € o(a) destinatario(a) que, ao interpretar ‘0 que esctevo e ao dizer o que entendeu para outras pessoas, estard sendo fonte de informacao para as aquelas pessoas. As informac6es nao ficam num movimento linear nem circular, mas se dispersam em maltiplas informac6es conforme vao sendo decodifica- das e recodificadas: interpretadas. \Vocé pode concluir disso que, se as midias modificam as informacées ao recodificarem os signos, entdo nao sdo neutras na transmissao de mensagens e no proceso comunicativo. Que as midias nao sejam neutras quer dizer que escolnem determinados signos para provocar determinados efeitos de sentido nos seus destinatarios, isto é, condi- cionam a interpretacdo. Por as midias ndo serem neutras no processo comunicativo é preciso que as mensagens midiaticas sejam recebidas e interpretadas critica- mente na escola, com vocé veré na unidade 5 ‘Agora que vocé ja ampliou suas possibilidades de interpreta- BD 30, ampliou seu horizonte de significacao dos signos e jé sabe Rede e-Tee Brasil que estes precisam ser codificados e que podem ser recod cados; sabe que funcionam em uma linguagem, tome aquela redacao que fez no pratique da secdo 2.1, para planejar, junto com um ou mais professores da escola, uma atividade com alunos, qual seja, que te- nham acesso 4 nocao de signo que vocé construiu no pratique da secao 2.1 e facam uma interpretacao na linguagem que for mais conveniente a eles. Se for com professor(es) de lingua portuguesa, pode ser uma re- dagao. Se for com professor(es) de artes, pode ser por desenho, pintura ou qualquer género das artes visuais, se for no laboratério de informa tica, pode ser uma apresentacao de slides ou um video. Se nao for possivel planejar a atividade com professor(es) e alunos, faga-a com seu tutor e convide alguns colegas da escola e do curso para interpretarem a palavra signo com base nos signos que vocé usou. Com essa atividade vocé estara experimentando a passagem de infor- magao de um tipo (palavras escritas, graficos, desenhos) a outro de sig- 64 Teorias da Comunicagao & nos e exercitando, ao mesmo tempo, sua criatividade e a criatividade dos alunos e dos colegas, além de ampliar as condicées de interpreta cdo. Deverd perceber como a sua mensagem original, que ja foi uma interpretagao de outras fontes, poderd ser interpretada de diferentes maneiras, por meio de outros interpretantes, de outros signos e codigos. Como resultado, vocé pode organizar, junto com os professor(es) ou com os colegas, um painel para que a comunidade escolar possa visua- lizar 0 processo, 0 que pode contribuir para fazer circular conhecimen- tos na escola, RESUMO ‘ho investiga, experimentare refleir sobre o sentido das linguagens na comunicacéo, os principais conceitos e contextos estudados, na unidade 2, foram: - semidtica & a teoria geral dos signos que os estuda quanto a natu- reza, funcionamento ¢ efeitos que produzem; a semidtica estuda as Tinguagens. ignos sao os elementos da inguagem em torno dos quais ¢ possi- vela significagao, Sao constituidos por uma parte material, chamada ignificante; referem-se & outra coisa (objetos, ide valores); remetem a outros signos na mente dle um intérprete (con-

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