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O MODELO DE FEICOES MiNIMAS, OU DAS UNIDADES ELEMENTARES DE RELEVO: UM SUPORTE CARTOGRAFICO PARA MAPEAMENTOS GEOECOLOGICOS RAZOES TEORICASEDE APLICAGAODOMODELO_ Em 1989, durante o XIV Congresso Brasileito de Car- tografia foi apresentado um trabalho preliminar sobre a Car ta de Feigdes Minimas. Na época, embora seus conceitos bsicos jé estivessem estabelecidos faltava ainda o aprimo- ramento da téenica de fotointerpretagio, indispensével na elaboragao dos exemplos de aplicagio com os quais pude- ‘mos testar 0 modelo. Que reapresentamos agora, acrescido de um material cartogréfico que serviu para o teste de algu- mas das hipéteses iniciais de trabalho. © objetivo original do modelo de Feigées Minimas (Colangelo, 1989) foi produzir um instrumental cartogréfico aque servisse, 20 mesmo tempo, cincia de base eeigncia aplicada. A idéia central deste modelo é transformar um pe- aco de superficie de terreno, uma bacia de drenagem por ‘exemplo, mum equivalente onde toda a complexidade geo- ‘métrica apresentada pelas formas de relevo possa set redu- ‘ida a nove tipos bisicos, a partir dos quais é feito 0 levan- tamento morfomético, ou seja: morfometria controlada por ‘um suporte morfol6gico. A realizagio do objetivo apresentado acima foi ori ‘entada por trés premissas fundamentais: 1. uma andlise rmorfométrica do terreno (quanttativa) comandada pela ané- lise morfolégica (qualitativa); 2, andlise morfoldgica despo- Jada de elementos descritivos de natureza subjetiva, refe- rente a unidades de relevo cujas formas sejam as mais sim- ples do ponto de vista geométrico, quer dizer, irredutiveis ‘para uma determinada escala de abordagem; 3. obedecidas as premissas anteriores, elaboragdo de taxonomia -morfolégico-morfométrca do relevo universelmenteapicé- ‘vel, que viablize a andlise comparativa dos diversos siste- mas de relevo terrestres. ‘O modelo aqui apresentado foi inspirado por alguns conceitos ¢ definigdes apresentados por Hack e Goodlett (1960), Throet (1965) e Rube (1975), que constituem um pri- ‘meiro referencial te6rico a partir do qual desenvolvemos © modelo cartografico que passaremos a apresentar. Antonio Carlos Colangelo* ‘A geometria das formas do relevo, além de regular o comportamento da declividade e da orientagao das verten- tes, tem uma importante participagio no controle dos tipos eda dindmica dos fluxos hidricos superfiiais e sub-supe ciais. Isto implica a possibilidade de correlagdes com uma infinidade de outros fatores ¢ variaveis de naturezss as mais diversas, entre os quais se destacam aqueles ligados a co- bertura vegetal e solo. Considerando verdadeiras as afirmagées fetes no pardgrafo anterior, os limites das formas do relevo dever separar unidades sistémicas distintas também do ponto de vista geoecolégico, num nivel texondmico que & fingto da escala de abordagem adotada. Cumpre lembrar também que, ‘uma interpretagio correta dos resultades obtidos da aplice- glo deste método esté condicionada & observancia de al- guns parimetros fundamentais referentes & drea de estudo: ‘lima (zonal, regional, local) embasamento roctoso (litologia ¢ estrutura) ¢ formacSes supcrfciais (chivios, colivios ¢ alivios), Estamos convencidos que a simples sobreposigio ‘de uma carta de declividades ¢ uma carta de orientagies de vvertentes é pouco satisfatdria para a realizagao de uma ané- lise morfornétrica do relevo, cujo objetivo é fomecer elemen- tos de interpretagio compativeis & morfologia. Para esclare- cer esta afirmagdo énecessério, em primeiro lugar, verificar 0 ‘método de confecedo destes mapas. Por exemplo, a carta de eclividades convencional nfo se sjusta a geometria do re- levo, porque seu tracado obedece a referenciais topogrifi- cos (curvas-de-nivel) ¢ clinométricos (classes de decli- vidade) pré-estabelecidos. Por isto, nestes mapas, as ruptur ras de dective e/ou mudangas de forma do terreno geralmen- te nfo sio registradas, por nfo coincidirem com o tragado das curvas-de-nivel. Quando ocorre, a coineidéncia, & sem- pre parcial ¢ acidental, Portanto, o resultado & um mosaico (() Profesior do Departamento de Geogratia ca FFLCHIUSP. 30 ‘de manchas cujos limites topogréficos superior e inferior slo dados pelo tragado das curvas de nivel principsise, 0s limites laterais, por segmentos rtilineos perpendiculares is rmesmas, locados unicamente em fungo dos limites adotados ‘para as classes de declividades. Do ponto de vista da geo- rmettia das formas do terreno os limites das manchas tragadas na carta de declvidades convencional sio arbitririos. ‘No caso da carta de orientagdes de vertente ocomte 0 ‘mesmo problema. As manchas mapeadas obedecem simul- taneamente ao tragado das curvas-de-nivel ¢ as classes de orientagdes de vertente pré-estabelecidas, niio havendo pportanto vinculagZo direta com a geomettia das formas de relevo, quer dizer: “unidades geométricas de relevo”, Estas foram as razBes que me fizeram abandonar a idéia de uma ‘possivel interpretacto de resultados, a partirda sobreposigio das cartas convencionais morfolégicas, de declividades e de orientagées de vertentes. Sabemos que 2 validade dos resultados depende da adequagdo entre os objetivos ¢ a scala de abordagem do trabalho, por isto podemos afirmar ‘que: para escalas de detalhe (1:10.000 e maiores), ométodo de sobreposigdo no ¢ adequado quando o objetivo é inte _grar morfologia e morfometria do relevo, ou seja: gerar uma sintese morfolégico-morfométrica dorelevo, ‘A questdo acima ¢ fundamental, pois diferentes se- ‘ores de vertente podem apresentar médias de declividade lou orientagao equivalentes, apesar de serem superficies e terreno geometricamente muito distintas. Por exemplo, ‘um setor de alta vertente em frente de interflivio, ‘poli-con- ‘vexo" (convexo em planta e perfil) e outro de baixa vertente em fundo de anfitestr, “policéncavo" (eOncavo em planta ¢ perfil), potlem ser, ao mesmo tempo, “homoclinais” “homodirecionais”, entretanto sio totalmente distintos no que se refere: hidrodinémica de superficie; aos fatores microclimaticos; a0 jogo de predomindncia entre processos ‘exdgenos, fisicos e quimicos; aos tipos de formagdes super- ficiais e solos, especialmente no que se refere és varidveis| textura e estrutura; ¢, 8 composigo floristica da cobertura vegetal. Em conclusto, tais setores de vertente possuem “status” geoecol6gicos totalmente distintos, constiuindo neste caso, “ge6topos” antagdnicos. ‘Uma vez que os métodos aplicados as cartas com vencionais de declividades e orientagdes de vertentes se ‘ocupam unicamente do fator quantitative (morfometria) em. detrimento do fator qualitativo (morfologia), os resultados obtidos a partir destes mapas slo pouco significatives do pponto do vista geomorfol6gico. Estamos convencidos de ‘que a validade metodolégica de uma andlise morfométrica do relevo depende de sua vinculacdo a um referencial morfolégico consistente, ou seja, fundamentado na “geo- ‘metria elementar das formas de relevo” As andlises morfoldgicae morfomética deverto cons- tinirassim um sistema nico, eapaz de vibilizeruma inter- pretagio integrade de seus produtos, no s6 quando se trabalha uma bacia de drenagem ou um sistema de relevo {soladamente, mes também quando for necessfrio fazer um estado comparativo entre dois ou mais sistemas de relevo auaisquer, Quando falamos em “geometria elementar do relevo” nos referimos ao conceito de “unidade geométrica elemen- tar de relevo”, ou “feigo minima”, que constitui o suporte espacial sobre o qual se apdia o modelo de representagao do relevo que passaremos a deserever. OMODELODE“FEICOES MINIMAS” ‘A idéia central deste modelo éa de que toda a inume- rivel variedade de formas de relevo encontradas na superfi- cie da Terra, por mais complexas que possam se apresentar, podem ser reduzidas a um pequeno nimero de tipos de for- ‘mas geometricamente simples, ou seja,irredutiveis -para a cescala de trabalho adotada. Por esta razio, “feighes mi ‘mas”, ou “formas elementares”, ou ainda, “unidades ele- mas geometricamente mais simples”, identificéveis em sensores remotos e cartas topogrificas. Estas unidades de- ‘vem apresentar érea mensurivel, segundo a escala adotada, sendo portanto, passiveis de representagdo cartogrifica na forma de implantagao zonal (manchas). Sabe-se que uma imagem das formas de relevo pode set apreendid da carta topogrifica pela interpretago do ‘ragado das suas curvas-de-nivel. Estas podem se apresen- tar retilineas ou eurvilineas, sendo que, neste tiltimo caso podetn referirse a concavidades on convexidades, confor- ‘meo referencial material considerado. As curvas-de-nivel ¢ sua equidistincia tm a dupla funedo de fomecer dados altimétricos e uma representarao bidimensional do relevo. A partir delas ¢possivel construiruma imagem tridimensional do relevo, tanto mais rica em detalhes quanto maior for a scala de representacio utilizada, Abrimos aqui um parEnteses para esclarecer uma questdo epistemologica de fundamental importancia: no pa- rigrafo anterior nio utilizamos a expressio “aproximacio & realidade do terreno” por ser nossa visio de cigncia fin- cionalista 0 que supe néo estarmos em busca de nenhuma realidade nem verdade que poderia estar escondida por de- tris de nosso objeto de estudo. Antes de mais nada, 0 que nos preocupa éa “cocréncia interna” ¢a “validade de apli- cago” (coeréncia externa) do modelo eriado a partir de tal ‘objeto, que enxergamos como produto de representacdo de um elemento (coisa) pertencente & natureza, 580 esclarecimento acima, vamos descrever ago- 12 as idéias fimdamentais que nortearam este trabalho. Na carta topogrifica, as inflexdes de um grupo de curvas-de- nivel nos fornecem uma idéia das formas do contomo do modelado visto de planta, enquanto o comportamento do cespagamento destas curvas nos dé uma indicagdo das for- ‘mas do perfil longitudinal das vertentes. Assim, uma ima- ‘gem tridimensional das formas do relevo pode ser restiuida € interpretada @ partir da combinacfo de duas linhas projetadas, uma para cada um dos planos ortogonais de planta perfil. A curva-de-nivel no é mais que uma seqiién- cia inintecrupta de trés tipos de formas geométricas elemen- tares, bidimensionais: convexa, retilinea e cGncava. Troeh (1965) apresentou equagdes tridimensionais para a classifi- ‘cago de superficies céncavas ¢ convexas, com base em 31 parimetros obtidos de cartas topograficas. Tais equagies, firma o autor, podem ser tteis na avaliaedo do escoamento| superficial desde que considerados 0 coeficiente de infltra- <0 ea precipitagao. O autor tinha por objetivo a construgo deum modelo hidrolégico-matemitico e, embora nto fizesse referéncia& cartografia do relevo, sugeria implicitamente a possibilidade de sua cartografaglo, j que seu modelo tinha sido fndamentado nas formas do relevo. Cumpre lembrar «que Troeh nio faz referéncia as formas que apresentam al- ‘gum tipo de reilineidade ineorporada, seja em peril e/ou planta, As “{eig6es minimas” podem também ser definidas como representagSes de unidades de relevo cujas proje- «Ges nos planos ortogonais de perfil planta exibem, em cada um deles, apenas uma das trés formas elementares an- teriormente referidas. Sendo assim, so nove as possiveis combinagdes destas formas. A figura 1 apresenta os nove tipos de unidades elementares de relevo e uma tabela indi- ceando as formas simples bidimensionais a elas associadas. Rube (1975) apresenta estes nove tipos geoméitricos basi- c0s ¢ suas relagdes com os fluxos de superficie, agrupando- ‘os em fungio do que definiu por “grau de complexidade dos fluxos”. Entretanto, nfo apresenta uma integraeio destes| tipos de formas mum sistema taxonémico que incluisse a representagao cartogrifica do televo. ‘Figura 1: Ualdade Ydeal de Relevo e suas Componentes Flementores C¥= convexo; RET=retlines; CC= efincavo aie oa Ts Fomes 3 imzo | rent [Pane ‘i 1 [w|i 2 2 [ev | eer 4 3 cv cc a a RET. ow 8 : spear 6 RET. cc 4 7 [ee |e a Nour 9 [cece 32 ‘Orelevo continental & constituido por ums sucesso de elevagdes ¢ depressies que sto construidas tectoni- ccamente © esculpidas pela ago combinada de processos «erosivos vinculados tanto ao escoamento superficial fluviel linear) quanto ao escoamento interfluvial (em Iengol e/ou linear), excluidas aqui as dreas glaciais, as éreas desérticas es de atividade vulefnica intensa. No tempo geol6gico, foram as persstentes agdes erosivas, fisicas e quimicas, das ‘guas de superficie c subsuperficie sobre o arcabougolito- tecténico, as responséiveis pela esculturacdo de grande par- te de toda a variedade de formas de relevo presentes na atualidede. E claro, nio podemos esquecer das agdes etosivas do gelo continental, dos ventos e das 4guas oced- nicas, bem como aquelas vinouladas aos organismnos vivos etm geral eao homem em particular A aparente complexidade geométrica exibida pelo ‘modelado terrestre pode ser entendida como 0 produto da Justaposicao, com repetigao exaustiva, dos nove tipos de “unidades elementares de relevo” acima referidas, Portanto, é possivel através da identificagho e delimitago destes nove tipos, decompor toda a superficie do terreno em unidades ‘morfol6gicas, sobre as quais serio medidas a ren eas médi- as das declividades ¢ orientagbes das vertentes. A partir destes dados computados é possivel, por agrupamento das unidades elementares de mesmo tipo, recompor e represen- tarorelevo de uma dada érea através de um modeto corres- ‘pondente sua sintese estatistica, quer dizer: toda a aparen- te complexidade morfol6gica exibida pela superficie mapeada 6 reduzida aos nove tipos elementares de formas, mantida a ‘proporcionalidade em érea para cada tipo mapeado, ‘Assim, neste processo de modelizagio, o elevo de toda a dea mapeada pode ser reduzido a uma unidade a anfloga a um par antagénico “frente-de- io - anfiteatro” construido a partir dos resultados estatisticos referentes aos nove tipos de formas elementa- re, ou feigdes minimas. Hack e Goodlet (1960) estabeleceram relagdes entre as formas do relevo, a hidrodinémica de superficie, os pro- cessos erosivos © a composigio florstica na regido dos Apalaches Centrais, @ partir da definigfo de cineo tipos de formas: “nose” (ato dos interfivios), “side slope" (verten- tes laterais), “hollow” (fundo dos anfiteatros), “shanelway” (Curso de escoamento superficial concentrado) ¢“footslope” (Correspondente as éreas de transigio entre vertentes late- rais ¢ canal fluvial). © modelo apresentado pelos autores neste clissico artigo, seguramente um dos mais citados no que serefere Geomorfologia americana, foi um referencial ‘importante para este trabalho. FORMASELEMENTARESE HIDROLOGIADESUPERFICIE Considerando a escala de um perfil de vertente, a inimica dos fluxos hidricos superficiais é controlada fun- 45 ). Os critérios adotados na definigo das amplitudes de classe foram norteados: pelos valores de declividade encontrados na area de estudo; pelos limiares de declividade obtidos a partir de ensaios de campo sobre a resisténcie ao cisathamento; e, por alguns dos valores fixa- dos pela legislago vigente no pais, no que tange as ques ‘es de proteco ambiental. Quanto a orientagio das vertentes, foram adotadas oito classes (N,NE,E,SE,S,SW,WNW), mais uma referente aos casos onde unidades de relevo posicionadas no alto dos interfkivios ou nos fundos de vale, apresentam valores, de declividade tio baixos (0-5) que os condicionantes 'microctimaticos associados & orientagdo das vertentes (grat. de insolagio, ventos e chuva) séo irelevantes. As unide- des de relevo que apresentam estas caracteristcas foram ‘denominadas omnidirecionais. No caso das unidades de relevo multidirecionais (dos tipos 1,4,7 3.6.9 fg.3), quando estas apresentam am- plitude direcional superior 1,5 vezes a amplitude de clase (45 graus), devem ser subdivididas em unidades menores. Por exemplo, uma porgao de relevo referente 20 que Ab’Saber denominou demorro mamelonado, cujo aributo 1morfol6gico principal éapolicanvexidade (Prof. Libauit), ser representado na carta de feigdes minimas por um conjunto ‘de unidades adjacentes do tipo 1. O tragado dos limites late- rais € determinado neste easo apenas pelos limites das clas- ses de orientago das vertentes, no havendo ruptura soja de comportamento, seja de valor numérico da orientagZo. O que se em é uma variagto regular de orientago ao longo de ‘uma mesma unidade geomeétrica de relevo,suficientemente ampla para abarcar mais de uma classe de orientagdo. Na verdade os limites de classes das orientagSes de vertentes iro condicionar unicamente a subdivisfo de uma mesma sande unidade elementar de relevo. Cada unidade de relevo tragada na carta de feigies ‘minima aparece acompenhada de um eédigo mumérico de ‘us digitos: o primeiro pode assumir valores de 1 a9 corres pondentes aos tipos de formas elementares; 0 segundo di- silo indica a orientagao média, podendo assumir valores de 0.8, finalmente; o terceiro digito refere-se as classes de declividades de 1 a 9 as quais nos referimos acima. HORIZONTESDE APLICAGAOE, ‘LIMITACOESDOMODELO Por mais especificas que tenhiam sido as razBes teéri- cas e priticas responsiveis pela elaboragio do modelo de feigdes minimas, estamos certos de que ele pode ser titil ao s6 aos geomorfélogos, como também aos profissionais, das Cigncias da Terra em geral. Esta convicgdo é sustentada pela hipétese principal que levou & elaboragio do modelo e que tem por base a seguinte questi: existe um indice de correlagiio satisfatério entre o tipo de geometria do relevo e cs elementos componentes do meio fisico, considerada a scala de abordagem? Tal correlagdo estaria condicionada & dindmica e tipologia dos fluxos de energia e matéria, super- 39 ficisis ¢ subsuperficiais, os quais so reguledos, direta ou indiretamente, pelo comportamento das varidveis, topomorfoldgicas vinculadas & geomettia do relevo? Estamos, a principio, inclinados a responder positi- ‘vamente a estas questiles porgue a dinamica etipologia dos ‘luxos hiricos regula, em clevado gra adinamica¢ tipotogia dos processos fisicos e quimicos. A partir destas premises existe uma expectativa positiva sobre a existéncia de um indice de correlago satisfatério entre as unidades elemen- tares de relevo e a distribuicdo dos tipos: de formagées superflelais (elvis, cokivios e alivios); de arranjo dos ‘volumes pedolégicos, ¢; decobertura vegetal. Isto para citar alguns dos elementos principais, ou de primeira ordem, refe- rentes aos sistemas naturais. Em sintese, a carta de feigdes minimas é, 20 mesmo ‘tempo, um mapa: morfolégico, de declividades, de orienta- ‘elo das vertentes e da tipologia dos fluxos hicricos de su- pperficie, Por integrar varidveis de diversas narurezas num. referencial morfol6gico universal, estemos convencidos que esto instrumental pode ser aplicado nfo s6 4 Geomorfologia, como também 4 Pedologia, Geologia, Hidrologia, Biogcografia, Microclimatologia, Agronomia, Engenharia, Civil ¢ Florestal, Ecologia Arqueologia. muito grande o riimero de relagdes ¢ correlagdes que se pode procurar es- tabelecer entre os dados morfoldgico-morfométricos, espacializados na carta de feigbes minimas, e os diversos elementos que compiem 0 meio fisico terrestre. Estamos convencidos também de que este instrumental pode servir de base para a cartografia geoecoldgica de detalhe. Em contrapartida 4s vantagens acima referidas, 0 modelo ainda encontra alguns obstéculos de ordem ‘peracional a serem vencidos para que possa ser sistemati- camente utilizedo na pesquisa aplicada. A elaboracao da “carta de feigdes minimas” ¢ ainda artesanal, o que implica star 0 bom resultado do mapeamento subordinado, em gran- de parte, is habilidades de fotointerpretagao do executor. Por maior que seja sua eficdcia ele estard sempre sujeito as limitagBes humanas no que conceme zo trabalho repetitivo e sistematico. Esperamos, para um futuro préximo, que estes mapas possam ser tragados por computador. Evans (1980) presenta dois mapas elaborados por computador, referen- tes. bacia de Ferro na Calabria - Italia: um representando as convexidades e concavidades em perfil, 0 outro as, convexidades em planta, ambos construfdos a pari de uma legenda onde figuram seis classes de valores do indice de 40 convexidade (variagdo angular/100 metros). A forma de re- presentagio cartogréfica adotada foi a variaglo do valor ‘visual da imagem utilizando uma malha de pontos onde figu- ram caracteres referentes as classes adotadas. Para se ter uma idéia do volume de trabalho necessé- rio pare elaboragdo de uma carta de feigBes minimas, basta dizer que na maior bacia aqui estudada, com 4,52 Km? de rea, foram mapeadas 1174 unidades elementares de relevo. Isto fo feito sobre uma base artografica&escala de 1:10,000, sendo que em ceda unidade mapeada foram registrados da- dos sobre o tipo de forma, a orientagio, a dectividade ¢ a cextenséo em érca da unidacic (em UAs, unidades de area, 1 ua 2500m2) . Considerando que uma carta topogréfica na escala de 1:10.000 deve cobriruma drea de aproximadamente 29,4 Km2, uma carta de feigbes minimas com mesnta érea de abrangéncia deve apresentar, mantidas as proporgdes, cer ‘ca de 7800 unidades de relevo, Claro que, esta estimativa serd valida para éreas de estudo sob condigSes lito-estratu- ras ecliméticas semelhantes. Para fazer uma sintese estatistica morfoldgico- ‘morfoméiriea de uma rea com cerca de 30Km2, seriam ne- cessirios lgumas centenas de milhares de céleules. O que, na verdade nfo implica nenum problema operacional adici- ‘onal. O maior obstaculoa ser vencido para a producao siste- stica deste instrumental refere-se aos procedimentos de confecgio do mapa, ainda artesanais, os qusis demanda am grande dispéndio de tempo e pessoal especialmente tei- nado, caso fosse necessirio mapear uma grande dea, Tais dificuldades poderdo ser vencidas quando um sistema digi tal for capaz de tragar os mapas de feigGes minimas, ainda que por um processo semi-controtado. ABSTRACT ‘The chart of minimal features is a special tool destined to offer data about declvity and aspect of slopes, associate with, {geomet unity forms of the relief, in each kind of “suzficlal formation”. This was possible with the building of the “minimal “features model” snd its use in tho relief cartography, The resultis a representative manzal analog mosaic of those features unites defined init, which are differentiate in function of the terrain geometry and kind of water surface flow associate. ‘This chart will may be usefull for the earth seience professionals and ecologists, In this work was used both sir photo interpretation (scale 1:25.000), with field control, ana topografice ‘map (seale 1:10.000).. BIBLIOGRAFIA COLANGELO, A. C. -1989- Carta de Feigdes Minimas, XIV Congresso Brasileiro de Cartografia, Gramado - RS, p 375- 380. COLANGELO, A.C. -1990- Movimentos de Massa e Evolugio Geomorfoldgien das Vertentes Marginals no Lago de Barragem do Paraibuna-SP, Dissertagio de Mestrado, FPLCH-USP, 92 p. 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