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Consagração a Nossa Senhora

São Luís de Montfort


Segundo o método de
São Luís de Montfort
1. Esquema geral da meditação
a) Por-se na presença de Deus, através de Nosso Senhor Jesus Cristo contemplado juntamente com
Nossa Senhora (durante o tempo da incarnação, no presépio, em Nazaré, no Templo, na via-crúcis, no
Calvário, etc.);
b) Suplicar a Nosso Senhor, através de Maria Santíssima, a graça própria do período: desprezo do
mundo, conhecimento próprio, de Nossa Senhora ou de Nosso Senhor;
c) Oferecer por essa intenção uma das orações determinadas por São Luís de Montfort;
d) Meditar (ato da inteligênciaè o que eu devo saber?) sobre as verdades propostas [escolhendo entre
os textos dispostos no cronograma; pode ser muito útil escolher os textos com antecedência, normalmente
no dia anterior, preparando a meditação].
e) Que deve conduzir à produção e explicitação de afetos (atos da vontadeè o que eu devo querer);
f) Formular resoluções práticas, precisas (determinadas na matéria, no tempo, no espaço, nas
circunstâncias, etc.) e em pequeno número, oferecendo-as a Nosso Senhor pelas mãos de Maria e
suplicando força para cumpri-las;
g) Oferecer nesta intenção alguma(s) outra(s) das orações determinadas por São Luís (os exercícios
remanescentes podem ser feitos em outro momento do dia).
2. Doze dias preliminares: Desapego do mundo
a) Texto introdutório do tema
(Estes textos podem servir de fio geral para as meditações, ou ser lido a cada dia, como uma espécie de
leitura espiritual).
Carta circular aos amigos da cruz (I, B).
“Não estareis vós, sem perceber, no caminho largo do mundo, que é o caminho da perdição?”.
Vós sabeis, mesmo, que há uma via que parece reta e segura ao homem e que conduz à morte?
Vós distinguis, de fato, entre a voz de Deus e da graça e a do mundo e da natureza?
Vós escutais realmente a voz de Deus, nosso bom Pai, que, depois de ter dado sua tríplice maldição a todos
os que seguem a concupiscência do mundo: “vae, vae, vae habitantibus in terra”, vos grita amorosamente,
estendendo-vos os braços: “Separamini, popule meus: separai-vos, meu povo escolhido, caros amigos da
cruz de meu filho; separai-vos dos mundanos malditos por minha Majestade, excomungados por meu filho e
condenados por meu Santo Espírito”.
Tomai cuidado de não vos sentar em sua cátedra empestada (cf. Sl. 1, 1 ss.); não permaneçais nas suas
assembléias, nem mesmo pareis nos seus caminhos.
Fugi do meio da grande e infame Babilônia; não escuteis mais que a voz, não sigais senão as pegadas de
meu filho bem-amado, que vos dei para ser vosso caminho, vossa verdade, vossa vida e vosso modelo,
“ipsum audite”.
Ouvireis vós esse amável Jesus que vos clama, carregando sua cruz: “Venite post me, vinde após mim;
aquele que me segue não anda em trevas; confidite, ego vici mundum, tende confiança, eu venci o mundo?”.
Eis (...) os dois partidos que se defrontam todos os dias: o de Jesus Cristo e o do mundo.
O de nosso amável Salvador está à direita, subindo, num caminho estreito e apertado, mais do que nunca,
devido à corrupção do mundo.
Esse bom Mestre vai à frente, caminhando com os pés descalços, a cabeça coroada de espinhos, o corpo

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todo ensangüentado e carregando uma pesada cruz; Ele não tem mais que um punhado de seguidores, mas
dos mais valentes, porque sua voz – tão suave – não se escuta no meio do tumulto do mundo ou não se tem
coragem de segui-Lo em sua pobreza, em suas dores, suas humilhações e suas outras cruzes, que é
preciso necessariamente carregar, no seu serviço, todos os dias da vida.
À esquerda está o partido do mundo ou do demônio, o qual é o mais numeroso, o mais magnífico e o mais
brilhante, pelo menos em aparência. Todas as pessoas importantes correm para ele, e todos se acotovelam,
embora os caminhos sejam largos e mais alargados do que nunca pela multidão que passa por eles, como
em torrentes; eles são forrados de flores, cercadas de prazeres e de jogos, cobertos de ouro e de prata.
b) Cronograma

Outros
Dia Semana Tema da meditação
exercícios
16
1. Fugir do pecado Mt, 5, 23; Mt 11, 12.
Sex
17 2. Cumprir os mandamentos Lc, 9, 23; Jo 14, 15-24; Mt
Sab 7, 21.
18 3. Temor de Deus Mt 25, 13; Lc 12, 4-5; Mt 7, 13-14; Mt
Dom 18, 9.
19
4. Fidelidade Mt 6, 24; Lc 9, 62; Lc 16, 10; Mt 7, 24.
Seg
20 5. Importância da oração Mc, 11, 24-25; Lc, 11; Lc 18,
Ter 1; Mt 26, 41; Mt 6, 5.
21
6. Conhecimento da Verdade Lc 5, 8-17. · Veni Creator
Qua DESAPEGO
· Ave Maris
22 DO MUNDO 7. Humildade e mansidão Mt 20, 26-27; Mt 5, 44; Mt 20,
Stella
Qui 16; Mt 5, 39-40; Lc 14, 11; Mt 18, 3; Mt 11, 29.
23 8. Paciência e caridade para com o próximo Mt 9 e 7,
Sex 1-2; Mt 18, 10; At 20, 35; Mt 5, 23-24.
24 9. Mortificação, Penitência e Sofrimento Lc, 9, 23; Mt,
Sab 6, 16; Lc, 15, 7.
25 10.Perseguição e incompreensão Mt 6, 5-10; Lc 6,
Dom 22-23; Jo 15, 18-19.
26 11. Desapego de tudo Mt 6, 19-20; Mc 10, 23; Lc 10,
Seg 18-25; Lc 6, 24; Lc 14, 26; Mt 19, 29; Mt 19, 21.
27 12. Confiança na Providência Mt 22, 11-28, Jo 6,
Ter 51-52, Lc 21, 17-18; Lc 10 e 12, 7; Jo 3, 17; Lc 12,
22-30.
3. Primeira semana: Conhecimento próprio
a) Texto introdutório do tema
(Estes textos podem servir de fio geral para as meditações, ou ser lido a cada dia, como uma espécie de
leitura espiritual).
São Luís de Montfort - TVD 228
Durante a primeira semana eles empregarão todas as suas orações e ações de piedade para pedir o
conhecimento de si mesmos e a contrição de seus pecados; e eles farão tudo em espírito de humildade.
São Luís de Montfort - TVD 78
Para esvaziar-nos de nós mesmos é preciso, primeiramente, conhecer bem, pela luz do Espírito Santo.
a) Nosso fundo mau;
b) Nossa incapacidade para todo o bem útil para a salvação;
c) Nossa fraqueza em todas as coisas;
d) Nossa inconstância em todo tempo;

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e) Nossa indignidade de toda graça e
f) Nossa iniquidade em todo lugar.
O pecado de nosso primeiro pai nos estragou, amargou, inchou e corrompeu quase inteiramente, como o
fermento amarga, incha e corrompe a massa onde é posto.
Os pecados atuais que nós cometemos, sejam mortais, sejam veniais, ainda que perdoados, aumentaram
nossa concupiscência, nossa fraqueza, nossa inconstância e nossa corrupção e deixaram maus restos em
nossas almas.
(...) Nós somos naturalmente mais orgulhosos que os pavões, mais agarrados à terra que os sapos, mais
sujos que os bodes, mais invejosos que as serpentes, mais gulosos que os porcos, mais iracundos que os
tigres e mais preguiçosos que as tartarugas, mais fracos que juncos e mais inconstantes que os cata-ventos.
b) Santo Inácio de Loyola - Exercícios espirituais
Segundo exercício – Meditação dos pecados
(...) Trarei à memória todos os pecados da vida, considerando ano por ano, ou período por período. (((Para
isso será útil recordar três coisas: 1º) ver o lugar e a casa onde vivi; 2º) as relações que tive com outras
pessoas; 3º) a profissão que exerci.
(...) Ponderarei os pecados, considerando a fealdade e malícia que cada pecado mortal cometido tem em si,
ainda que não fosse proibido.
((...) Olharei bem quem sou eu, diminuindo-me por meio de comparações: 1º) Quem sou em comparação
com todos os homens? (2º) Quem são os homens em comparação com todos os anjos e santos do paraíso?
(3º) Que são todas as criaturas em comparação com Deus? E eu só, que posso ser? (4º) Considerarei toda
a minha corrupção e miséria do meu corpo. (5º) Ver-me-ei como uma chaga e tumor de onde saíram tantos
pecados e tantas maldades e veneno tão hediondo.
(...) Considerarei quem é Deus contra quem pequei, segundo os seus atributos, comparando-os com os seus
contrários em mim: a sua Sabedoria e a minha ignorância; a sua Onipotência, a minha fraqueza; a sua
Justiça, a minha iniquidade; a sua Bondade, a minha maldade.
(...) Terminarei com um colóquio de sua misericórdia, ponderando vem e dando graças a Deus Nosso
Senhor, porque me deu vida até agora, e proporei emenda para o futuro com a sua graça.
c) Cronograma
O propósito destas meditações é que conheçamos nossas más tendências não apenas de modo geral, como
comuns a todos os homens, mas de modo particular, naquilo que em que elas têm de próprio em nós, para
que conhecendo melhor, as odiemos e combatamos melhor, mas, sobretudo, para vejamos como somos
impotentes por nós mesmos para vencê-las.
Analisando com cuidado o conjunto de nossos pecados, podemos descobrir também a paixão dominante, ou
seja, o vício principal e mais profundo que determina a maior de nossos pecados particulares.
Como, no entanto, o homem só se move em vista de um bem, determinando essa tendência mais profunda
da alma, podemos procurar ver como essa “sede”, que ilusoriamente procura satisfazer com as criaturas
pode ser plenamente satisfeita em Deus, único bem a que devemos buscar.
Nem para vencer esse mal, nem para buscar com segurança e constância esse bem, temos luz na
inteligência nem força na vontade, sem a graça de Deus, que se obtém segura e facilmente por meio de
Maria.
28
Pecados: 1ª Infância
Qua
29
Pecados: Infância · Jaculatórias:
Qui
“Domine, ut videam”,
30
Pecados: Adolescência “Noverim me”. ·
Sex CONHECIMENTO
Ladainha do Espírito
31 PRÓPRIO
Pecados: Idade adulta Santo · Ave Maris
Sab
Stella · Ladainha de
01
Paixão dominante Nossa Senhora
Dom
02 Transposição da paixão dominante para o
Seg amor a Deus

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4. Segunda semana: Conhecimento de Nossa Senhora
a) Textos introdutórios do tema
São Luís de Montfort - TVD 258
(...) Como uma alma é feliz quando (...) está inteiramente possuída e governada pelo espírito de Maria, que
é um espírito.
Doce e forte
Zeloso e prudente
Humilde e corajoso
Puro e fecundo
Maria Fons
Olhando todos os adjetivos que São Luís dá, facilmente se chega à idéia de curso de água, de regato, de
fonte, porque:
Ø A água que corre é suave (nunca fere, sempre é agradável).
Ø Mas forte, e é difícil resistir ao seu ímpeto e não ser arrastado; não há praticamente obstáculo que o
ímpeto das águas não possa vencer, de imediato ou com o tempo;
Ø É humilde porque sempre procura o mais baixo,
Ø Mas é corajosa, porque se lança sem medo ao desconhecido, vai sempre além, sem se deter e não
descansa enquanto não encontra o Mar, mesmo se, às vezes, é preciso lançar-se em abismos, fazendo uma
linda cachoeira (a cachoeira é o heroísmo do rio);
Ø A água é também zelosa, porque procura diligentemente a passagem, porque “molha” tudo o que toca,
porque sempre se difunde (no sentido próprio de difusão, vai pegando por “osmose”; assim como o fogo que
pega em tudo o que toca, a água também; é verdade que algumas coisas são impermeáveis, molham por
fora, mas não molham por dentro, como outras são incombustíveis, mas a água sempre tenta... e sempre faz
algum efeito);
Ø E a água é também prudente: sempre procura o caminho fácil, o mais adequado, só vai pelo difícil
quando não há jeito; sempre exerce a prudência, que é buscar o meio adequado para chegar ao seu fim.
Ø A água é também pura, não apenas é pura em si mesma (sem cor, sem gosto, sem cheiro, sem sabor
è nada para os sentidos) como também purifica tudo, lava tudo, faz tudo ficar puro;
Ø E como é fecunda. Toda semente nasce, cresce e frutifica por causa da água; ela é o elemento
fecundante e fecundo por excelência;
Não é sem razão, portanto, que Nossa Senhora é chamada de fonte: “Maria fons”.
b) Textos próprios para as meditações
1) Doçura
“Vita, dulcedo et spes nostra, salve...”.
São Luís de Montfort - TVD 85
(...) ele é boa, ela é terna; não há nela nada de austero nem de rebarbativo, nada de sublime demais ou
brilhante demais; vendo-a, vemos nossa pura natureza. Ela não é o sol que, pela vivacidade de seus raios,
poderia cegar-nos por causa de nossa fraqueza, mas ela é bela e doce como a lua, que recebe sua luz do
sol e a tempera pra torná-la conforme a nossa debilidade.
Santo Afonso de Ligório – Glórias de Maria – O dulcis
Mas eu não falo aqui dessa doçura sensível, porque essa não se concede comumente a todos. Falo dessa
salutar doçura de conforto, de amor, de alegria, de confiança e de fortaleza que esse nome de Maria
ordinariamente dá àqueles que o pronunciam com devoção.
[...] Abrasado em amor, assim falava ternamente S. Bernardo a sua bondosa Mãe: Ó excelsa, ó bondosa e
veneranda Maria, como é o vosso nome tão cheio de doçura e de amabilidade. Ninguém o pode proferir sem
que se veja abrasado de amor para com Deus e para convosco.
2) Força
“Turris Davidica, Turris eburnea...”.
P. Justin de Mieckow – As litanias da Santíssima Virgem – Torre de Davi
Uma torre é um edifício elevado, dominando todos as construções ao redor e construída solidamente, na
qual, à aproximação do inimigo, os habitantes do campo e das cidades se refugiam, normalmente. [...] assim
a Bem-aventurada Virgem Maria é uma torre na Igreja, porque ela domina todos os que nasceram antes

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dela, aqueles que nasceram na santidade e foram criados na justiça. Todos os culpados, todos os tristes,
todos os afligidos se refugiam nela, e por sua proteção são livres de toda espécie de inimigos.
A bem-aventurada Virgem é chamada torre por causa de sua elevação e por causa de sua força.
A elevação de Maria consiste em quatro virtudes:
· Na contemplação das coisas eternas,
· No acúmulo de méritos,
· Na força da qualidade interiores e
· No desprezo das coisas terrestres.
[...] A bem-aventurada Virgem é comparada a uma torre por causa de sua solidez. As torres são edifícios
sólidos, destinados à defesa de um campo, de uma região, de uma praça, de uma cidade, nas quais, quando
de um cerco, de um perigo, os soldados e todo o povo se refugiam para aí ficar em segurança. De lá eles
montam guarda e vigiam para todos os lados para impedir que o inimigo entre no campo ou na cidade.
Que torre mais forte, mas sólida, mais bela que a santíssima Virgem? Deus a fortificou de tal modo pela
graça que nunca ele a se afastou dele, nem por falavas, nem por ações, nem por pensamentos. Oh, que
torre fortíssima foi essa alma abençoada que o demônio não pode forçar por nenhuma fraude, nenhuma
sugestão. Ele não pode nunca ocupar uma só ameia dessa torre inexpugnável (...). É uma torre sólida,
fundada sobre a pedra firme de que fala São Paulo: “A pedra, era Jesus Cristo...”.
É uma torre imóvel, já que “Deus no meio dela não será movido”.
A bem-aventurada Virgem uma torre forte porque, tomando nossa defesa contra os inimigos inferiores, ela
desarma suas armadilhas, descobre seus estratagemas, enfraquece o seu poder, quebra a sua força, os põe
em fuga e impede-os de nos suplantar e nos vencer.
[...] Numa torre, os soldados montam guarda e velam de todos os lados a fim de que o inimigo não se
apodere da cidade ou da fortaleza. Velam na bem-aventurada Virgem, como numa torre muito alta, os que
estudam sua vida por uma freqüente meditação e seguem seus exemplos com uma piedade assídua.
Munidos assim, eles evitam todas as armadilhas, todos os estratagemas do inimigo e defendem
energicamente a cidade de suas almas contra o ataque do inimigo.
3) Zelo
“E naqueles dias, levantando-se, Maria foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá, e entrou
na casa de Zacarias e saudou Isabel...”.
Santo Afonso de Ligório – As virtudes de Maria
O amor a Deus e ao próximo nos é imposto pelo mesmo preceito. A razão e, diz Santo Tomás, que quem
ama a Deus ama a tudo que por Deus é amado. Santa Catarina de Gênova dia a Deus certo dia: Senhor,
quereis que ame o meu próximo, e não posso amar senão a Vós. Deus lhe respondeu: Quem me ama, ama
tudo quanto me é caro.
Ora, como nunca houve nem haverá jamais criatura mais abrasada que Maria, no amor a Deus, também não
houve nem haverá jamais criatura mais devotada que Ela a seu próximo.
Cornélio a Lapide, explicando um texto dos Cânticos, diz que o Verbo encarnado no seio de Maria encheu
de caridade a sua Mãe, para que Ela auxiliasse a quem se Lhe dirigisse.
Maria estava tão cheia de caridade quando vivia na terra, que socorria todos quantos necessitavam de seu
auxílio, mesmo sem Lho pedirem/ citemos como prova as bodas de Caná, onde pediu ao filho o milagre do
vinho, expondo-lhe a situação aflitiva da família. Oh! Qual não era a sua solicitude quando se tratava de
socorrer o próximo, por exemplo, quando foi à casa de Isabel para desempenhar um encargo de caridade.
Não nos podia dar melhor prova dessa grande caridade do que oferecendo seu Filho à morte por nossa
salvação.
E essa caridade de Maria para conosco, dis São Boaventura, não diminuiu no céu; pelo contrário, aumentou
muito.
4) Prudência
“Virgo Prudentissima...”.
“Maria, no entanto, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração”.
“Como se fará isso?”.
São Bernardo, Sermão sobre o “Missus est”, 9.
“Ela, ao ouvir isso, turbou-se [Maria] e pensava que saudação seria aquela”. [...].Turbou-se, mas não se
perturbou. Turbei-me, diz o profeta, e não falei, mas meditei os dias antigos e tive em minha mente os anos

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eternos. Assim também Maria turbou-se e não falou, mas pensava que saudação seria aquela.
O ter-se turbado, foi pudor virginal; o não se ter perturbado, foi fortaleza; o haver calado e pensado foi
prudência. Pensava que saudação seria aquela.
Sabia essa Virgem prudente que muitas vezes Satanás se disfarça em anjo de luz; e, sendo humilde e
modesta, não esperava tal coisa de um anjo santo; por isso pensava entre si que saudação seria aquela.
5) Humildade
“Eis aqui a escrava do Senhor”
São João Eudes – O Magnificat
Quia respexit humilitatem ancillae suae
Lançou os olhos sobre a humildade da sua serva: qual é essa humildade de que fala a Bem-aventurada
Virgem? A esse respeito não são unânimes os pensamentos dos santos Doutores. Dizem alguns que, entre
todas as virtudes, a humildade é a única que não se contempla e não se conhece a si mesma; pois o que se
julga humilde é soberbo. Razão pela qual, ao dizer a Bem-aventurada Virgem que Deus olhou a sua
humildade, não se refere à virtude da humildade, mas à sua baixeza e abjeção.
“Há duas espécies de humildade, diz São Bernardo. A primeira é a filha de verdade, é fria e sem calor. A
segunda é filha da caridade, e nos abrasa. A primeira consiste no conhecimento, e a segunda na afeição.
Pela primeira, conhecemos que nada somos, e esse conhecimento, tomamo-lo de nós mesmo e de nossa
própria miséria e enfermidade. Pela segunda, calcamos aos pés a glória do mundo, e aprendemo-la dAquele
que se aniquilou a Si mesmo, e que fugiu quando O procuraram para elevá-lO à glória de realeza; e que, em
vez de fugir, ofereceu-Se voluntariamente quando O procuram para crucificá-lO e mergulhá-lO em um
abismo de opróbrios e ignomínias”.
Se perguntardes porque Deus considerou antes a humildade da Santíssima Virgem que a sua pureza e suas
outras virtudes, se todas nEla se achavam em grau elevadíssimo, responder-vos-á S. Alberto Magno, com
Santo Agostinho, que considerou antes a sua humildade, porque Lhe era mais agradável que sua pureza.
“A virgindade é muito louvável, diz São Bernardo, mas a humildade é necessária. Aquela é de conselho, esta
de mandamento. Podeis ser salvo sem a virgindade, mas sem a humildade não há salvação. Sem a
humildade de Maria, ouso dizer que não teria sido agradável a Deus a sua virgindade. Se Maria não fosse
humilde, o Espírito Santo não teria decido a Ela; e se não houvesse descido a Ela, Ela não seria Mãe de
Deus. Ela agradou a Deus pela virgindade, mas concebeu o Filho de deus pela humildade. Donde é
necessário concluir que foi a humildade que tornou sua virgindade agradável à divina Majestade”.
6) Coragem
“Regina martirum...”.
P. Justin de Mieckow – As litanias da Santíssima Virgem – Rainha dos Mártires
Há dois tipos de coragem. A primeira consiste em desprezar, por amor de Deus, as coisas que contrariam o
corpo. A segunda em empreender com uma grande coragem as coisas mais difíceis, segundo a definição de
Santo Ambrósio. A Santa Virgem, aos pés da cruz não desprezou todas as dores e não se imolou a si
mesma ao Pai ao mesmo tempo que seu Filho? Não cooperou ela com a nossa redenção? Quem a viu
abatida pela adversidade? Quem a viu alquebrada pelas dores? Quem a viu alegrar-se desmesuradamente
pela prosperidade?
A coragem da Virgem brilhou com o mais alto brilho: vendo seu Filho único, não um filho qualquer, mas
Deus e homem ao mesmo tempo, suspenso na cruz pelos pecados do mundo inteiro, ele suportou essa dor
essa dor tão viva com tanta força de alma que não fez nada de contrário a sua dignidade ou a sua razão,
nada que não indicasse a maior moderação ou a maior constância. Assim, nunca ele sofreu qualquer
desfalecimento (...).
Salomão nos Provérbios procurava com cuidado uma mulher magnânima, invencível, heróica, pois as
mulheres são, por natureza, fracas e covardes. “Quem encontrará, diz ele, uma mulher forte?” Maria foi essa
mulher verdadeiramente magnânima e forte que, vendo seu Filho único Tão caro e inocente, amarrado
diante dela, flagelado, suspenso na cruz, maltratado, vendo-os os maus porem sua carne em pedaços, não
se deixou de nenhum modo perturbar pela adversidade, ansiedade, cor nem foi agitada por nenhum
movimento de impaciência. “Maria, diz o santo evangelista, Mão de Jesus, se mantinha de pé junto da cruz
de seu filho”.
[...] Quem exprimirá dignamente essa força de alma da Virgem? Quem não ficará estupefacto vendo tanta
coragem? A experiência mostra que homens ilustres, ainda que dotados de uma grande força de alma,

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como César, Pompeu, Heitor, Aquiles, fraquejaram às vezes na adversidade. Não foi assim com a Virgem.
Ela permaneceu inabalável no meio das tropas cruéis dos algozes, no meio dos soldados romanos e dos
inimigos judeus; seu sexo, seu pudor virginal, nada a reteve em casa; a coorte de soldados não a
amedrontou; a amargura da dor não a fez desmaiar; o horrível espetáculo de seu filho na cruz não a
perturbou; tantas injúrias feitas a seu filho crucificado não a apavoraram e não a fizeram fugir. “Ela se
manteve de pé junto à cruz de Jesus”. Oh, que coragem notável da virgem! Oh, magnanimidade mais do que
heróica.
São Bernardo, 2º Sermão sobre Nossa Senhora, 5 ss.
E quem [a não ser Maria], buscava Salomão quando dizia: “A mulher forte, quem a encontrará?” Ele bem
conhecia, aquele homem sábio, a fraqueza desse sexo, seu corpo frágil, seu espírito inconstante.
Contudo, ele tinha lido que Deus prometera que aquele que vencera pela mulher seria, por sua vez, vencido
pela mulher, e ele via que isso era uma coisa muito conveniente. Assim, repleto de uma veemente
admiração, ele exclamava; “A mulher forte, quem a encontrará?”, o que queria dizer: se da mão de uma
mulher depende a salvação de todos nós, a restauração da inocência e a vitória sobre o inimigo, é preciso,
absolutamente, prevê-la forte, a que será capaz de uma tão grande obra.
Mas “essa mulher forte, quem a encontrará?” E, para mostrar bem que não procurava sem esperança,
acrescenta como profeta: “Seu preço nos vem de longe, das extremidades da terra”, o que quer dizer?
O valor dessa mulher não é qualquer coisa de vil, de insignificante ou de medíocre, ele não vem da terra,
mas do céu, nem sequer do céu próximo da terra, mas “seu ponto de partida é o mais alto dos céus”.
7) Pureza
“Virgo virginum, Mater castissima”.
São Bernardo, Sermão sobre o “Missus est”, 7.
(...) Oh virgem prudente! Oh virgem devota! Quem te ensinou que agradava a Deus a virgindade?
Que lei, que rito, que página do Velho Testamento manda, ou aconselha, ou exorta, a viver na carne
castamente e a viver vida de anjo na terra?
E onde tinhas lido, Virgem devota, que a sabedoria da carne é morte (NT) e não queirais contentar vossa
sensualidade, satisfazendo a seus apetites?
E onde tinhas lido das virgens que cantam um novo cântico que ninguém mais pode cantar, e que seguem o
cordeiro onde quer que ele vá (Apocalipse)?
E onde tinhas lido que são louvados os que se fizeram continentes por amor do reino de Deus? (Evangelho)
E onde tinhas lido “embora vivamos na carne nossa conduta não é carnal (São Paulo)? O que casa sua filha
faz bem, mas o que não casa faz melhor (São Paulo)? Onde tinhas ouvido? Quisera que todos vós
permanecêsseis como eu; é bom para o homem, se assim permanece como eu lhe aconselho (São Paulo)?
Quanto às virgens, não recebi preceito do Senhor, mas dou conselho (São Paulo)”.
Mas tu, Maria, não digo preceito, mas nem conselho, nem exemplo tinhas, mas a moção interior de Deus te
ensinava tudo, e seu Verbo vivo e eficaz, fazendo-se primeiro teu mestre que teu filho, instruiu tua mente
antes de vestir tua carne. Fazes voto, pois, de apresentar-te a Cristo virgem, sem saber que está reservado
para ti o ser mãe. Escolhes ser desprezada em Israel e incorrer na maldição da esterilidade, para agradar
àquele Senhor a cujos olhos fazes o mais perfeito, e olha como a maldição se transforma em bênção e a
esterilidade é premiada com a fecundidade.
8) Fecundidade
“Mater Christi...”.
São Bernardo, 1º Sermão sobre Nossa Senhora, 7 ss.
Há, porém, alguma coisa de ainda maior a admirar em Maria: a fecundidade junta à virgindade. Nunca se
ouvir dizer que alguma mulher fosse ao mesmo tempo mãe e virgem.
Mas se tu prestas atenção à de quem ela é mãe, até onde ira tua admiração por sua excelência
extraordinária? Não é de constatar que tu não podes admirar suficientemente?
A teu julgamento, ou antes, ao julgamento da Verdade, aquela que teve Deus por filho não deverá ser
“exaltada mais alto que todos os coros de anjos?“.
Deus, o Senhor dos anjos, não ousou Maria chamá-lo seu filho quando disse “Meu filho por que nos fizeste
isso?”.
Qual dos anjos o teria ousado? Basta-lhes, e eles consideram como grande, sendo espíritos por natureza,
servirem e serem chamados, por graça, de mensageiros, segundo o testemunho de Davi: “ele fez dos

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espíritos seus mensageiros”.
Maria, por seu lado, que sabe que é sua mãe, dá com confiança esse nome de filho à Majestade que os
anjos servem com respeito. E deus não desdenha ser chamado daquilo que se dignou ser. Um pouco além,
com efeito, o evangelista ajunta: “E ele lhes era submisso”. Quem, e a quem? Deus a homens. Sim, Deus a
quem os anjos estão submetidos, a quem obedecem aos Principados e as Potestades, Deus era submisso a
Maria. E não apenas a Maria, mas também a José por causa de Maria. Admira uma e outra coisa, e escolhe
a que é mais admirável: ou o dulcíssimo abaixamento do filho, ou a sobreeminente dignidade da mãe. Dos
dois lados, é estupefaciente, dos dois lados maravilhoso: que Deus obedeça a uma mulher, eis uma
humildade sem exemplo; que uma mulher comande a Deus, eis uma sublimidade sem igual. Canta-se, em
honra das virgens, que ela “seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá”. De que glória se julgará digna, então,
aquela que caminha diante dEle?
Santo Agostinho – Comentário ao Salmo 84
A verdade nasceu da terra
“A verdade nasceu da terra e a Justiça inclinou-se do céu” (Sl 84, 12).
Cristo nasceu da mulher. “A verdade nasceu da terra”. O Filho de Deus procedeu da carne.
E o que é a Verdade? - O Filho de Deus!
E o que é a terra? - A carne!
Procura de onde nasceu Cristo e verás que a Verdade nasceu da terra. Mas a verdade que nasceu da terra
existia antes da terra e por ela forma feitos o céu e a terra.
Mas para que a Justiça olhasse do céu, isto é, para que os homens se justificassem pela graça divina, a
Verdade nasceu da Virgem Maria. Tudo a fim que pudesse oferecer o sacrifício em favor daqueles que
haviam de ser justificados: o sacrifício da paixão, o sacrifício da cruz.
c) Cronograma
03
Doce e forte
Ter
04
Zeloso e prudente
Qua · Ladainha do
05 Espírito Santo ·
Humilde
Qui Ave Maris Stella ·
CONHECIMENTO DE N. SRA.
06 Um rosário ou,
Corajoso
Sex pelo menos, um
07 terço.
Puro
Sab
08
Fecundo
Dom

5. Terceira semana: Conhecimento de Nosso Senhor


a) Texto introdutório do tema

São Luís de Montfort, ASE 154.


Ente todas as razões que nos podem excitar a amar Jesus Cristo, a Sabedoria incarnada, a mais poderosa,
em minha opinião, é a [quantidade de] dores que ele quis sofre para nos testemunhar seu amor.
“Há, diz São Bernardo, um motivo que ultrapassa a todos, que me toca mais sensivelmente e me incita a
mar Jesus Cristo: é, oh bom Jesus, o cálice de amargura que bebestes por nós, e a obra da nossa
redenção, que vos torna amável a nossos corações, pois esse soberano benefício e esse testemunho
incomparável de vosso amor adquire facilmente o nosso: ele nos atrai mais docemente, ele nos pede mais
justamente, ele nos incita mais fortemente e ele nos toca mais poderosamente: Hoc est quod nostram
devotionem et blandius allicit et justius exigit, et arctius stringet et afficit vehementius”.E a razão que ele dá
em poucas palavras: “porque este caro Salvador trabalhou muito e muito sofreu para conseguir resgatar-nos.

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Oh! quantas penas e angústias ele suportou!”.
Mas o que nos fará ver claramente esse amor infinito da Sabedoria por nós, são as circunstâncias que se
encontram em seu sofrimento...
(No cronograma parecem enumeradas as circunstâncias que São Luís menciona em seu texto. Para as
meditações podem se usar os textos dos próprios Evangelhos e também as profecias referentes à paixão –
fáceis de encontrar na Liturgia da Semana Santa, no Missal.).
b) Cronograma
09
A excelência daquele que sofre
Seg
A qualidade das pessoas por quem ele
10 Ter
sofre (os homens, eu). · Ladainha do
11 Quantidade e qualidade dos sofrimentos Espírito Santo ·
Qua (no corpo, na alma – solidão, traição, Ave Maris Stella
CONHECIMENTO DE N.SR.
12 desonra, piedade, etc - de amigos, de · Ladainha do
Qui inimigos, de gente baixa, de autoridades, Santo Nome de
13 de sua Mãe – por vê-la sofrer – de Seu Jesus
Sex Pai).
14 Amor aos homens manifestado durante o
Sab sofrimento
15
Dia da Consagração
Dom

No dia da Consagração a Nossa Senhora é fortemente recomendável que se esteja em estado de graça e,
sendo possível, que se comungue, recitando a consagração durante a ação de graças. São Luís sugere
também que se ofereça a Nossa Senhora um presente.

ORAÇÕES DIVERSAS:
As orações abaixo fazem parte da consagração e devem ser impressas para que se tenha o texto completo
da Consagração a Nossa Senhora.


Credo
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Pater Noster
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=oracoes&artigo=painosso&lang=bra


Ave Maria
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=oracoes&artigo=avemaria&lang=bra


Glória
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Salve Rainha
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=oracoes&artigo=salverainha&lang=bra


Veni Creator

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=diversas&artigo=hino_veni_creator&lang=bra


Ave Maris Stella
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=oracoes&artigo=ave_maris_stella&lang=bra


Ladainha do Espírito Santo

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Ladainha da Santíssima Virgem
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Ladainha do Sacratíssimo Coração de Jesus

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Ladaínha do Santíssimo Nome de Jesus

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Oração de Santo Agostinho

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Angelus
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Sub tuum praesidium
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Lembrai-vos
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Para citar este texto:

Montfort, São Luís de - "Consagração a Nossa Senhora"


MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=oracoes&subsecao=oracoes&artigo=consagracao_n_sra
Online, 11/09/2009 às 11:46h

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