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Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Instituto de Ciências Exatas - ICE


Departamento de Fı́sica - DF

Laboratório de Fı́sica Moderna I

Relatório 2
Lei de Stefan-Boltzmann

Sérgio Manuel Araújo Portilho Nº 21953906

Manaus, 22 de Abril de 2022

1
Sumário
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3
1.1 Lei de Stefan-Boltzmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Teoria e Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Objetivos 6

3 Parte Experimental 6
3.1 Material Necessário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.2 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

4 Resultados 9
4.1 Tratamento de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

5 Conclusão 16

6 Referências 17

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 Lei de Stefan-Boltzmann
Diferentemente dos dois processos de propagação de calor (condução e convecção), a
irradiação térmica não necessita de meio material para transmitir energia térmica. Dessa
forma, definimos irradiação térmica como sendo a propagação de calor na qual a energia
térmica é transmitida através de ondas eletromagnéticas.
Dentre a diversidade de ondas eletromagnéticas, os raios infravermelhos são os que apre-
sentam efeitos térmicos com maior intensidade. Esses raios, após serem irradiados, podem,
dependendo do meio material, continuar ou não se propagando. O exemplo mais prático da
aplicação da irradiação é a estufa de plantas.
Nas estufas, a luz radiante atravessa suas paredes de vidro transparente, sendo absorvida
pelos diversos corpos contidos em seu interior. Em seguida, a energia absorvida é emitida na
forma de raios infravermelhos que não conseguem atravessar o vidro. Dessa forma, o ambiente
interno mantém a temperatura interna mais elevada do que a temperatura externa.
Outro exemplo de irradiação em nosso cotidiano é o chamado efeito estufa. Esse fenômeno
ocorre pelo fato de o dióxido de carbono e o vapor d’água contidos na atmosfera agirem como
dificultadores da propagação dos raios infravermelhos. Com isso, a energia térmica emitida
pela Terra fica, em parte, retida na superfı́cie terrestre, provocando seu aquecimento. No
decorrer dos anos, esse efeito tem se intensificado, aumentando a temperatura média do
planeta.
Todos os corpos irradiam calor constantemente, perdendo energia. Os corpos sem energia
térmica própria precisam, então, absorver energia para depois emiti-la. Portanto, aquele que
mais absorve é também o que mais pode emitir.
O corpo hipotético, que é um absorvedor ideal e, logicamente, um emissor ideal, é deno-
minado corpo negro. Define-se poder emissivo (E) como a potência irradiada por unidade
de área. No Sistema Internacional de Unidades, conhecido como (SI), a unidade do poder
emissivo é dada em W/m2 (watt por metro quadrado).
Sendo assim, definimos a Lei de Stefan-Boltzmann da seguinte maneira: a energia radi-
ante total que emite um corpo negro por unidade de superfı́cie (E), é proporcional à quarta
potência da temperatura absoluta (T). Matematicamente, podemos expressar:

E = σT 4 (1)

onde σ (sigma)é a constante de proporcionalidade, cujo valor, no SI, é:

σ ≈ 5, 7 ∗ 10−8 W/m2 K 4 (2)

1.2 Teoria e Análise


Considere a radiância espectral RT (λ) para um corpo negro com uma área de superfı́cie
A. Podemos expressar a energia emitida por unidade de tempo e de área, à temperatura T
e comprimento de onda λ no intervalo dλ pela equação de Planck:

3
1 dE 2πc2 h
= RT (λ)dλ = 5 hc/λkT dλ (3)
A dt λ e −1
onde:
c = 3,00 * 108 m/s(velocidadedaluz)
h = 6,62 * 10−34 J.s(constantedeP lanck)
k = 1,381 * 10−23 JK −1 (constantedeBoltzmann)

Integrando a equação (2) sobre todo o espectro de comprimentos de onda, obtemos a


potência total irradiada à temperatura T (Lei de Stefan-Boltzmann):
Z ∞
P (T ) = A RT (λ)dλ = AσT 4 (4)
0

com:

σ = 2π 5 .k 4 /15c2 .h3 = 5, 67 ∗ 10−8 W.m−2 .K −4 (5)


A relação de proporcionalidade entre P(T) e T4 continua válida para os chamados corpos
“cinza”, cuja superfı́cie exibe um coeficiente de absorção ε, menor que um e independente
do comprimento de onda.
Para testar a validade da Lei de Stefan-Boltzmann medimos a radiação emitida pelo
filamento de uma lâmpada incandescente que se comporta muito proximamente a um corpo
“cinza”. Para uma distância fixa entre o filamento e a termopilha, o fluxo de energia ϕ que
a atinge é proporcional a P(T).

ϕ ∝ P (T ) (6)
E como também é proporcional à f.e.m. Uth da termopilha, podemos estabelecer que:

Uth ∝ T 4 (7)
caso a termopilha esteja à temperatura de zero Kelvin. Mas como a termopilha está à
temperatura ambiente Ta ela também irradia segundo a lei T4 de modo que devemos escrever:

Uth ∝ (T 4 − Ta4 ) (8)


Nas circunstâncias da experiência, podemos desprezar T4a emcomparaçãoaT 4 de modo
que podemos esperar uma relação linear, de coeficiente “4”, quando representada a função
Uth (T) em escala di-logarı́timica.

LogUth = 4logT + const. (9)


A temperatura absoluta T = t + 273 do filamento de tungstênio pode ser calculada
pelas medidas de resistência R(t) do filamento (t é a temperatura em centı́grados). Para a
resistência de um filamento de tungstênio temos a seguinte relação:

R(t) = R0 (1 + αt + βt2 ) (10)

4
sendo R0 a resistência a 0 ºC e,

α = (4,82 * 10−3 )0 C
β = (6,76 * 10−7 )0 C

A resistência R0 pode ser calculada usando a relação:

R(ta )
R0 = (11)
1 + αta + βt2a
Resolvendo a equação (10) para temperatura T, chega-se a:
"s   #
1 R(t)
T = 273 + α2 + 4β −1 −α (12)
2β R0
Tanto Rta quanto R(t) são obtidas pela lei de Ohm, ou seja, pelas medidas de voltagem
e corrente através do filamento.

Figura 1: F.e.m termoelétrica da termopilha em função da temperatura absoluta do fila-


mento.

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2 Objetivos
De acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, a energia emitida por unidade de tempo e
por unidade de área por um corpo negro é proporcional à potência quatro da temperatura
absoluta do corpo. A Lei de Stefan-Boltzmann também é válida para os corpos conhecidos
como corpos “cinza”, cuja superfı́cie exibe um coeficiente de absorção menor que um e
independente do comprimento de onda. No experimento, o corpo “cinza” é representado
pelo filamento de uma lâmpada incandescente cuja emissão de energia é investigada em
função de sua temperatura.

3 Parte Experimental
3.1 Material Necessário
• Base barril - PASS;

• Distribuidor;

• Lâmpada de filamento;

• Suporte para lâmpada;

• Multı́metro digital;

• Cabo de conexão - 500mm (azul e vermelho);

• Banco de perfil óptico l = 60 cm;

• Base para banco de perfil óptico, ajustável;

• Suporte deslizante para banco de pr. Ópt., h30mm;

• Termopilha, tipo moll;

• Tubo blindado;

• Transformador;

• Amplificador de medidas universal;

• Resistor de carbono.

3.2 Procedimento Experimental


Foi montado inicialmente o circuito da Figura 3 para medida da resistência do filamento
à temperatura ambiente. Um resistor de 100 ohms é conectado em série com a lâmpada
para permitir um ajuste fino da corrente. Foi medida a queda de potencial V no filamento

6
para correntes de até 200 mA-DC, obtendo a resistência à temperatura ambiente. As inten-
sidades de corrente nessa faixa são suficientemente pequenas de modo a desprezar efeitos de
aquecimento.
Foi preparada a montagem experimental da Figura 2. O resistor de 100 ohms é retirado
do circuito. O filamento agora é alimentado por uma fonte de tensão VAC variável em série
com um amperı́metro que permita medidas de corrente alternada de até 6 A. O voltı́metro
é conectado aos terminais do filamento e a voltagem alternada é aumentada em intervalos
de 0,5 ou 1,0 volt até o limite de 8 Vac .

Figura 2: Montagem do Equipamento.

Figura 3: Circuito para a medida da resistência do filamento à temperatura ambiente.

Com a termopilha montada a uma distância de 30 cm do filamento aplica-se inicialmente


uma tensão de 1 Vac . Em seguida gira-se (com a base fixada) a termopilha para esquerda e
direita procurando o valor máximo para a f.e.m. termoelétrica. O eixo do filamento cilı́ndrico
deve estar perpendicular ao eixo do banco óptico. Como a f.e.m. termoelétrica é da ordem

7
de poucos milivolts, deve-se usar um amplificador para medidas mais acuradas. O fator de
amplificação deve estar na faixa de 102 ou 103 com o voltı́metro ligado ao amplificador na
escala de 1 ou 10 VDC . Antes de iniciar a leitura da f.e.m. termoelétrica deve-se ajustar um
“zero” apropriado. Isto pode ser feito afastando-se a lâmpada em seu suporte da frente da
termopilha por alguns minutos. O amplificador deve ser usado no modo LOW DRIFT (104
ohm) com uma constante de tempo de 1 s.
Após a lâmpada ser colocada de volta no trilho óptico podem ser tomados os dados, aguar-
dando sempre alguns minutos entre cada medida para que a termopilha alcance o equilı́brio.
Deve-se tomar cuidado para que nenhuma radiação de fundo prejudique as medidas.

8
4 Resultados
4.1 Tratamento de Dados
Dando inı́cio ao experimento, foi feito a coleta de dados. Foram tiradas imagens fo-
tográficas dos resultados obtidos a cada um volt a mais fornecido ao sistema. Nas imagens,
o multı́metro à esquerda mostra a voltagem, o multı́metro ao meio mostra a corrente elétrica,
e o multı́metro à direita mostra a radiância total emitida pela luz no aparato. Vale lembrar
que, as medidas fotografadas foram tiradas no dia 20 de março de 2020, para o experimento
de Stefan-Boltzmann, pelo aluno Thomás Silva Correa.

Figura 4: Sendo fornecido 1 (um) volt (V) ao sistema.

Figura 5: Sendo fornecido 2 (dois) volts (V) ao sistema.

9
Figura 6: Sendo fornecido 3 (três) volts (V) ao sistema.

Figura 7: Sendo fornecido 4 (quatro) volts (V) ao sistema.

10
Figura 8: Sendo fornecido 5 (cinco) volts (V) ao sistema.

Figura 9: Sendo fornecido 6 (seis) volts (V) ao sistema.

11
Figura 10: Sendo fornecido 7 (sete) volts (V) ao sistema.

Figura 11: Sendo fornecido 8 (oito) volts (V) ao sistema.

12
Como já temos os valores das voltagens e correntes, usamos a equação da Lei de Ohm
para obter os valores das resistividades, que é dada por:
V
R= (13)
I
Usando a saı́da de voltagem DC da fonte de tensão, uma corrente contı́nua de 100 mA e
de 200 mA foram aplicadas ao filamento em série com um resistor de 100 ohm. As voltagens
correspondentes lidas no voltı́metro foram de 16,5 mV e 33,0 mV respectivamente. Nota-
se que dobrando a corrente a voltagem também dobra. Isto mostra que a influência da
temperatura na resistência do filamento já é insignificante para os valores DC escolhidos.
Encontramos então a R(ta):
16, 5
R(ta) = = 0, 165Ω
100
33
R(ta) = = 0, 165Ω
100

Como agora obtemos o valor de R(ta), podemos encontrar o nosso R0 por meio da equação
(11), que é dada por:

R(ta )
R0 =
1 + αta + βt2a

Portanto, substituindo os valores na equação a cima conseguimos obter o nosso R0 , que


é equivalente à 0,1791Ω.
Para encontrar o valor de cada temperatura em Kelvin, foi utilizada a equação (12):

Os valores valores foram calculados no Excel e confirmados na calculadora cientı́fica.

Figura 12: Equação para o Tf inal montada no Excel.

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Montamos uma tabela com os resultados obtidos. Nela, consta os valores da voltagem
(V), corrente elétrica (A), R(Ω), Uth (mV) e temperatura (K).

Baseado na tabela 1, crı́amos o gráfico de Uth em função de T(K).

Figura 13: Gráfico de Uth x T(K).

Para encontrarmos a radiância total emitida pela luz no aparato em função da tempera-
tura, construı́mos um gráfico em escala logarı́tmica.

14
Figura 14: F.e.m termoelétrica da pilha em função da temperatura(K).

O valor encontrado na literatura para S é igual a 4. Comparando os valores, podemos


obter o erro relativo, que é igual à:

valormedido − valorreal
Er =
valorreal

(4, 57 − 4
Er =
4, 57)

Er = 0, 1247 ∗ 100% = 12, 5%

15
5 Conclusão
Através do experimento, foi possı́vel entender com mais clareza sobre a Lei de Stefan-
Boltzmann, ela nos diz que a energia radiante total que emite um corpo negro por unidade
de superfı́cie, é proporcional à quarta potência da temperatura absoluta.
Com base nos dados coletados, foi possı́vel encontrar o valor final de T, para cada R(T)
estipulado. O programa Excel foi utilizado para facilitar os cálculos.
Após os cálculos, foi montada uma tabela com os dados calculados e, por fim, foi cons-
truı́do o gráfico da radiância total emitida pela luz no aparato em função da temperatura.
Conseguimos obter valores bem próximos ao valor teórico para R0 = 0,1791 e o valor de S
encontrado foi de 4,57 + − 12,5%.
Desta forma, foi finalizado o experimento. Os resultados obtidos já eram esperados,
conforme visto no roteiro proposto para o experimento.

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6 Referências
[1] SILVA, D, C M. Lei de Stefan-Boltzmann. Disponı́vel em:
https://www.preparaenem.com/fisica/lei-stefan-boltzmann.htm. Acesso em: 31 JAN de
2022.

[2] SILVEIRA, M, F, D. Roteiro de Experimento. Instituto de Fı́sica - UFRJ. Acesso


em: 31 JAN 2022.

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