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Universidade Federal do Amazonas

Instituto de Ciências Exatas


Departamento de Fı́sica

Laboratório de Fı́sica Moderna 1 - Relatório 4:


Efeito Foto-Elétrico

Jéssie Mendonça de Queiroz - 21951527


Luı́s Felipe Marques Nunes - 21953412

Manaus
2022
1 Resumo
Neste trabalho fizemos um experimento em laboratório com a finalidade de, com base
na equação de Einstein para o Efeito Foto-Elétrico, encontrar a constante de Planck.
Palavras-chave: Luz; Planck; Elétron.

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2 Sumário
Contents
1 Resumo 2

2 Sumário 3

3 Introdução 4

4 Procedimento experimental 6
4.1 Materiais utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 Montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4.3 Resultados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

5 Considerações finais 11

6 Referências 12

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3 Introdução
Segundo [1], em 1887, Heinrich Hertz estava estudando a produção de descargas
elétricas entre duas superfı́cies de metal em potenciais diferentes. Ele observou que uma
faı́sca proveniente de uma superfı́cie gerava uma faı́sca secundária na outra. Como esta
era difı́cil de ser visualizada, Hertz construiu uma proteção sobre o sistema para evi-
tar a dispersão da luz. No entanto, isto causou uma diminuição da faı́sca secundária.
Na seqüência dos seus experimentos ele constatou que o fenômeno não era de natureza
eletrostática, pois não havia diferença se a proteção era feita de material condutor ou
isolante. Após uma série de experimentos, Hertz, confirmou o seu palpite de que a luz
poderia gerar faı́scas. Também chegou à conclusão que o fenômeno deveria ser devido
apenas à luz ultravioleta.
Em 1888, estimulado pelo trabalho de Hertz, Wilhelm Hallwachs mostrou que cor-
pos metálicos irradiados com luz ultravioleta adquiriam carga positiva. Para explicar o
fenômeno, Lenard e Wolf publicaram um artigo na Annalen der Physik, sugerindo que a
luz ultravioleta faria com que partı́culas do metal deixassem a superfı́cie do mesmo.
Segundo [2], a observação de Hertz chamou a atenção de J.J. Thomson, que concluiu
que a luz ultravioleta causava a emissão de cargas negativas pelo eletrodo, desta forma
restaurando a neutralidade elétrica do eletroscópio. Em 1899, Thomson demonstrou que
as cargas emitidas eram elétrons. A emissão de elétrons por uma substância devido à
incidência de luz em sua superfı́cie tornou-se conhecida como efeito fotoelétrico.

Imagem 1: Ilustração do arranjo experimental de Thomson

Os elétrons emitidos eram frequentemente chamados de fotoelétrons a fim de indicar


sua origem, mas eram idênticos, em todos os aspectos, a todos os outros elétrons.Essa
descoberta foi o evento-chave que abriu a porta para idéias novas.
Em 1903, Lenard estudou o efeito fotoelétrico utilizando como fonte luminosa um arco
de carbono. Variando a intensidade da luz por um fator 1000, provou que a energia dos
elétrons emitidos não apresentava a menor dependência da intensidade da luz. Em 1904,
Schweidler mostrou que a energia do elétron era proporcional à freqüência da luz.
Em 1905, Einstein publicou um artigo sobre a natureza da luz, para explicar os dados
de Lenard sobre o efeito fotoelétrico. Alguns anos antes, em 1900, o fı́sico alemão Max
Planck havia tentado entender em detalhes o espectro de corpo negro da luz emitida

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por um objeto incandescente, esse problema resistia a uma análise clássica e que Planck
encontrara um modo de calcular perfeitamente o espectro se incorporasse uma hipótese
pouco usual. Os átomos em um sólido vibram ao redor de uma posição de equilı́brio com
frequência f. A energia de um oscilador harmônico depende de sua amplitude e pode
assumir qualquer valor. A fim de deduzir o espectro corretamente, Planck teve de supor
que os átomos oscilantes não tivessem a liberdade de possuir qualquer valor de energia. A
energia dos átomos que vibrassem com uma frequência f tinha de assumir um dos valores
especı́ficos
E = 0, hf, 2hf, 3hf, ..., nhf
, onde h é uma constante, ou seja, as energias vibracionais seriam quantizadas. Planck
determinou o valor da constante h comparando seus cálculos com os resultados experi-
mentais. Atualmente ela é conhecida como a constante de Planck. Seu valor é:

h = 6, 6261x10−34 Js (1)

Einstein foi o primeiro a considerar seriamente a idéia de quantização de Planck. Ele


foi ainda mais longe e sugeriu que a própria radiação eletromagnética fosse quantizada,
ou seja, a luz não seria uma onda continua, e sim, incidiria em pequenos pacotes ou feixes
de energia. Einstein denominou cada pacote de energia de quantum de luz e postulou
que a energia de um quantum de luz é diretamente proporcional à frequência luminosa.
Dessa forma, cada quantum de luz possui uma energia igual a

E = hf (2)

onde h é a constante de Planck e f é a frequência da luz. Einstein enunciou três


postulados sobre os quanta de luz e suas interações com a matéria, e esses postulados
podem ser aplicados ao efeito fotoelétrico:

1. Um elétron que recém absorveu um quantum de luz possui

Eelétron = hf

. O elétron só pode escapar do metal, tornando-se um fotoelétron, se

Eelétron = hf ≥ ϕ

, onde ϕ é a função trabalho, ou energia necessária para que o elétron seja ejetado.
Em outras palavras, existe uma frequência de limiar

f0 = ϕh (3)

para a ejeção de fotoelétrons. Se f for menor que f0 , mesmo por uma pequena
diferençaa, nenhum elétron terá energia suficiente para escapar, independentemente
de quão intensa seja a iluminação. Todavia, mesmo uma luz fraca com f maior
que f0 transferirá energia suficiente para que alguns elétrons escapem, pois cada
quantum de luz transfere toda a sua energia para um único elétron.

2. Uma iluminação mais intensa transfere maior quantidade de quanta de luz para a
superfı́cie. Esses quanta ejetam um número maior de fotoelétrons e geram correntes
mais intensas, exatamente conforme observado.

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3. Há uma distribuição de energias cinéticas, pois diferentes fotoelétrons necessitam
de diferentes energias para escapar, mas a energia cinética máxima é

Kmax = Eelétron − ϕ = hf − ϕ (4)

Como já sabemos, o potencial de corte é diretamente proporcional a Kmax . A


teoria de Einstein previu que o potencial de corte está relacionado com a frequÊncia
luminosa através de
Kmax hf − ϕ
Vcorte = = (5)
e e
O potencial de corte não depende da intensidade da luz. Tanto iluminações fracas
quanto intensas apresentarão o mesmo potencial de corte. Se cada quantum de luz
transfere sua energia hf para apenas um elétron, esse elétron imediatamente adquire
energia para escapar. A corrente deve, então, ser instantânea, sem retardos.

Segundo [3], após a determinação da carga do elétron, Millikan, apesar de não acreditar
na idéia do fóton de luz, esclareceu de forma definitiva a equação linear (4) proposta por
Einstein e a utilizou para determinar de maneira precia e acurada a constante de Planck
em 1914. O valor encontrado por ele foi de

h = 6, 57x10−34 Js

relativamente perto do valor que já foi descrito anteriormente.


O objetivo deste relatório é encontrar o valor da constante de Planck através de um
gráfico linear e sua respectiva equação linear assim como Millikan o fez, o gráfico será do
Potencial de Corte X Frequência.

4 Procedimento experimental
4.1 Materiais utilizados
• Amplificador de medidas universal • Fotocélula, para h-det., com encaixe
• Base para banco de perfil óptico • Junta rosqueável para banco óptico
• Banco de perfil óptico l=60cm • Lâmpada de Hg 80W
• Cabo blindado, BNC, 1750mm • Lente montada f=100mm
• Cabo de Conexão, 32A, 50cm, azul • Multı́metro digital
• Cabo de Conexão, 32A, 50cm, verme- • Prendedore de lentes
lho • Rede de difração, 600 linhas/mm
• Fenda ajustável • Suporte de diafragma, ajustável
• Filtro colorido, 525nm • Suporte de Lâmpada E27
• Filtro colorido, 580nm • Suporte deslizante para banco óptico
• Fonte de alimentação para lâmpadas h=80mm
espectrais • Temporizador

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4.2 Montagem
A montagem foi feita conforme a imagem abaixo:

Figura 1: Montagem

Podemos observar em uma das extremidades do banco óptico a Lâmpada de vapor de


mercúrio, no outro a fotocélula.
Entre os dois extremos temos a rede de difração para abrir o espectro, tendo em vista
que a nossa lâmpada emite luz branca e não monocromática, uma fenda e uma lente para
focalizar na fotocélula somente uma cor por vez.

Figura 2: Fotocélula

A nossa fotocélula foi acoplado a um amplificador de medidas universal, para que


assim seja possı́vel observar o momento em que a fotocélula não ejeta mais elétrons da
superfı́cie metálica, ou seja, quando o multı́metro ligado no amplificador estabilizar.
Montado o equipamento, após a lâmpada de Hg esquentar, pudemos observar o espec-
tro das cores.

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Figura 2: Fotocélula iluminada

Então para cada cor do espectro observamos sua contra tensão, ou potencial de corte
V, que nos diz o momento em que o equipamento para de ejetar elétrons. Em especial
para as cores amarela e verde foi necessário utilizar um filtro para deixar somente essas
cores passarem, tendo em vista que havia uma superposição do espectro ultravioleta em
cima dessas cores.

4.3 Resultados obtidos


Após fazer as medidas para cada cor do espectro, dispusemos os resultados obtidos na
tabela abaixo:

Tabela 1: Potencial de corte para cada cor

Cor λ(nm) ν ∗ 1014 (Hz) V(v)


Amarelo 565 5,3 0,14
Verde 500 6,0 0,21
Azul 440 6,8 0,57
Violeta 380 7,9 0,67
Ultravioleta 315 8,1 0,74

Com os dados da tabela, plotamos um gráfico do potencial de corte pela frequência:

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Gráfico 1: Potencial de corte pela frequência

Comparando a equação dada pelo gráfico y = 2∗1015 x−1, 0356 com a equação descrita
νh ϕ
por Einstein V0 = + . Podemos através da declividade do gráfico multiplicada por e
e e
encontrar a constante de Planck. Sendo assim:

h = (2, 2018 ∗ 10−15 )x(1, 602 ∗ 10−19 ) = 3, 5273 ∗ 10−34 Js (6)


O valor tabelado para a constante de planck é de h = 6, 6261 ∗ 10−34 Js. Sendo assim,
podemos calcular seu erro absoluto ea , que se dá pela diferença entre o valor tabelado vt
e o valor medido vm :
ea = valort − valorm
ea = 6, 6261 ∗ 10−34 − 3, 5273 ∗ 10−34 = 3, 0988 ∗ 10−34 Js
E o erro relativo er , dado pelo quociente ente o er e o vt :

3, 0988 ∗ 10−34
er = ≈ 0, 4677 = 46, 77%
6, 6261 ∗ 10−34
Observamos então, que o valor está muito distante do esperado, um erro de quase
50%.
Então, em busca de resultados melhores, o professor solicitou que fizéssemos o mesmo
tratamento para outros dados pré coletaos, os valores estão dispostos na tabela a seguir:

Tabela 2: Potencial de corte para cada cor (tabela do lab)

Cor λ(nm) ν ∗ 1014 (Hz) V(v)


Amarelo 567,01 5,26 0,032
Verde 546,07 5,47 0,078
Azul 435,83 6,86 0,640
Violeta 398,30 7,50 0,850
Ultravioleta 365,01 8,19 1,010

Então plotamos o respectivo gráfico.

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Gráfico 2: Potencial de corte pela frequência

Utilizando o mesmo método para encontrar a constante de Planck, agora obtivemos o


valor de:

h = (3, 4973 ∗ 10−15 )x(1, 602 ∗ 10−19 ) = 5, 6027 ∗ 10−34 Js (7)


Calculamos também para estes dados o erro absoluto ea e o relativo er

ea = valort − valorm

ea = 6, 6261 ∗ 10−34 − 5, 6027 ∗ 10−34 = 1, 0234 ∗ 10−34 Js


E o erro relativo, dado pelo quociente ente o er e o vt :

1, 0234 ∗ 10−34
er = ≈ 0, 1544 = 15, 44%
6, 6261 ∗ 10−34
Que ainda que relativamente distante, foi um valor bem mais aproximado do esperado.

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5 Considerações finais
Apesar de os dados coletados por nós em laboratório terem destoado bastante do
esperado, ainda foi possı́vel observar o comportamento linear do gráfico do potencial de
corte pela frequência e o cálculo para encontrar a constante de Planck.
A diferença gritante entre os valores se deu por mau desempenho dos equipamentos,
talvez devido ao tempo fora de uso durante a pandemia tenha os deixado um pouco
”imprecisos”, tendo em vista que o segundo cálculo foi feito com dados coletados antes
da pandemia e foi bem mais preciso.

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6 Referências
[1] A descoberta do Efeito Fotoelétrico. UFRGS. Disponı́vel em: https://www.if.ufrgs.br/tex/
fis142/fismod/mod03/m s01.html. Acesso em: 05 de fevereiro de 2022.
[2] EISBERG, Robert; RESNICK, Robert (1979). Fı́sica Quantica. Rio de Janeiro:
Elsevier. ISBN 85-700-1309-4
[3]CARUSO, F.; OGURI, V. Fı́sica Moderna: Origens Clássicas e Fundamentos Quânticos.
1ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
[4] SILVEIRA, M, F, D. Roteiro de Experimento. Instituto de Fı́sica - UFRJ. Acesso
em: 30 de agosto de 2022.
[5] RODRUIGES, C. C. Efeito Fotoelétrico. Instituto de Fı́sica - UNICAMP. Disponı́vel
em: https://sites.ifi.unicamp.br/urbano/files/2017/12/G3R5EfFotoel.pdf. Acesso em: 30
de agosto de 2022.

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