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Dp oeum ento Priblemas Pilipiews € | Se Seciais Ohservades clo Alby do Planakfo Haconde MDG go oe tia L988 F Mariwel Viegas Guerreiro aga Nona INGROLUORT A ae Este texto 6 um oxtrato de un relatério proparaie por Joxge Dios, antroyblogo portugues e Seu assiatonte Hamel Viegas Guorreife, cn 1958, pera o Centre de Betudes Polfticos © Socidds da Junta co Investigagiio do Ulircuar, cm Lisboa. 0 relotério, iutitulade "Relatério da companha de 1958 Uogenbique © Angola)", epare acm Tisboa om meados de 1959, mimcografuio, o que faa pontar que v documento fosse reclmente de ciroulagio restrita, Recentenento, 2 imprensa portuguesa anu ais portugueses, Ligeiow & antropologia, fam xeoditar Jorge Dies, com 0 neios inteloeb— Aou-gue of intuite de fascr reviver un estilo de antropolegia apolitica, A obras a editor incluire os primcires trabalhds de Jorge Dias, ainda anton a Sua, vinda para af ox-coléaias. 4 Jntinio Jorge Dixs nascen no Porto, Portugal, no diz 31 de Julho de 1907» Formou~se em letra, © foi nomecdo como auciliar da lingua portuguesa viet universidniles, ineluindo as de Rested Munique o Berlin ne, tha; ¢ a de Compostela ¢ Nafrid na Espanha.Dararte a cua pormantneda ne Llonamhe, expcoiclizou-se om etrologia, e dowtorouce em filosofia pela Ubiversidade de Hunicue on 1944, conl wna tose sobre 0 carfoter etneléyico (Portugal). Voltou em 1947 ao Porto, ond ingressou, achVilarithe de Farn como direstor, mo xeoentencnte cristo Centro do_Estmdos de Etndlogia Poni: suler, ensinando tambén na Faculdade de Letras de Coimra. A publicagio de: sua tose, © a criagtio do Centro Einolégico que Dies dirigiu, marcaran de Tecto, un renascimento em -termos avadémicos da disciplina cientifica de eto logia tai como era concobida om Portugal, na al: a — cuer diser, o esindo Gus cheicias “tratigdes" locais, og usos e costumes, ¢ at lois da culture om Portugal. Bm 4956, Dist fol convidade polo Instituto Superior de Eotudos Ultra~ marinoz pera deslocar-fe a Lisboa © foi cnoarregue~de iniciar estudos antro~ poldgicos nagentiio colénias portuguesis. 0 Institute ecnfia-lhe o titulo de catedrético, ¢ oto onsinou etmografia ali ce, igualmente na Foouldade de Letras do'Lisbou. En 1957, grages principalmentc & influfacia de Dios, a etnologia foi progemaie fomeluente pola princira vel como.dicciplina ourriculur naguo- Oe Ja univorsidade, Bn 1962 oriou-se, sob a orientagto do proprio Diss, wn novo Centro Ge Betudos de sntropologia Cultural, @ quel absorveu o lluscu de Binologia do Ultrd faz em 1965 0 primeixo doutorcnonte en otnologia ei at's Jorge Di ‘ts. Faouldade de Tetras de Lisboa. 2 ren mais do que cem obres cients, Portngel, na 48 publicagies de Jorge Dias inclu: cas editadas om virios revictas tel como brochures ¢ livros. Esoreveu ohmas tebrices sobre 2 relagto entre etnologia on geral ¢ 03 extudos "foleléricost das trodigées ovein. Hn especial, 2 sua comnicagiio ao Congresio do Arnhci om 1955 foi consideride como uma contrituigko bastante importante pelas uni- vervidades burguosas, @ marcou definitivenente a sus curreira como entropiila, 0 profirsional ¢ acadénico. i . ai] 7 Anaioria dos seus cscritos, entretanto, trataran dos assuntos mmwis de Portugal, ¢ eho oxtes que constituen a basd Ws Fecsurgimento do intercose poles sues ideias, tal como acima referido, e que ostiio a sor recditalos. _& mis, obwa mais inportente 6, sem divida, o sou Mivro de quatre volwucs, © monumental cetudo sobre Os Mocondes de Hocambine (1964), em que colcbore- Pou a Sua Gsposa Margot Dias © Viegas Guerreiro, este Stine tombém aunicten~ te na claboragtio do texto quo aqui publicomos. Jinda octanos & enpera awn critica rigorday deste grande Livro ~ mals citedo do‘que Lido, na realidate — que até agora contima a ser aceite como quase_a finice oxcepgtio do sjulecne: to negativo goralucnle feito sobre a ontropologia colonial portumesas No noseo pequeno texto a seguir, podemos semtix quel o tipo do diivida que o lci~ tor mogenbicmo talves teria cm aceitar Dias como etnbélogo do nosso pats. IntGnio Jorge Dias faleceu om 5 de Fevereiredo 1973, om Lisboa com 2 Adade de 66 anqs. A divulgagio deste oxtracto 6 de grande ectualidrde. 03 moios intelect, ais portugueses queren epresentar Jorge Dies como éxemplo de wna prétion ax ‘tropelégica descomprometida com o sistema, a citncla social pura. Pois, 6 newte aspecto precisemente que nbs’ nic estamos de acordo e a ledtura dette texto poderA ser pastante elucidativa. Elo foi apresentade pouco antes do massacre~de Imeda, mm perfodo em oo nvcionalisuo Mogambicme no norte do Pats comegava a tomar format con eretas de expresso. no Wio 6 p: cite ix muito longo mare compreonder definitivaaonte que esta antropologia cpolftica, sorvia profmdsnente-os~intorcusos © objeoti~ vos ropresitivos do regime volonial fascista om Mogambicuc, parkiculamonte RB ma polfoie politica, a PIDI-OS. ee i Mas, © Imtéresge deote, gxbrasto de Jonge Dias oo site| teabén, om fornecer un poxto ad parvidargiaie G& ostudo dee Cooperatives Ligualénilu no Plenalto de Imeda, da atoria de usuf Adon © Junonaria Gontilis As tensGes observadas na campenha anteriom tenten a agruvar-se, 0 regressy do muitos indfgenas do Tengenica velo criar alguns problemas que, ombora a administragio procure -eliminar por une disciplina ri gida, nem por isso deixam de subsistir contribuinds para -cumentar~etensto. Un desses problemas 6 a répida transformagao do direits da Peopriedads rural. A terra gra inicislmente, - e ainda é hoje, em regides do’ Planalto menos povoadas (por dificuldade de obter4gua) ou nas baixas — pro pricdads cslectiva; oy melhor, os homens tinhem diFéfts ao seu usufruto, pois a tema era dos douses, Dcntro de uma dea muito vasta, tracicionalmente can siderada como territéric maconde, qualquer eldeia podia Pixar-se © cada vizirto tinha © dirsite ‘de"arrotear a terra que quisesse. Quando alguém obandonava uma terra ela voltave a néo' ser "de ninguém" @ qualquer cutro podia cultivé-la. $6 os frutos das érvores plantadas eran consiceratios pro~ pricdade daquele que plentara a érvore, desde que continuasse a viver perto @ viesse colher os frutos. ' Gam © aumento da populagis que se Véi~érificands nos Ultinos tompos, as terres do plenalto mais apreciadas pola proximidade de nuscentes teda, Muatide o Muicumbe, onde a densidade demogréfica comega a ser muito grande. A densidade co pllanalto 6 de 30 hebitantes por kn2, 0 que, ewrelagio & densidade das baixas que no Nairoto @ dd"4 habitente por km2 @ em Negowano ainda menor, © pela qualidade do solo si as do aul © sudeste entre b se pode considerar’elevaca. Embora néo postua’dados para caloular a densi~ datis dossa regido’ cb planalto, quem a tiver percorrido ‘mites vezes, como nés o fizemos, verifica que ela é bem superior ac.zesto cb planalto. Daqui resulta que a propriedace da terra se foi eos poucos toenando individual. Un camponts, depois de ter erroteacs varias machanbes, quanda precurava mato vingem para nova arrotcia 34 4 nfo enoohtrava e vol- tava bs primeiras-terras-que tinha cultivadss Nascea~entiio o costume de considerar vagos direitos Bqueles que primeiro as tinhem arroteado,e quanda algum homem casa e precisa da terra, tenha de pedir a parente seus para o deixaren utilizer “terras consicerades dees. : Ultimamente esta tendéncia vai-se vincanca mais, © os indivi- cuos que regressan do Tanganica e néo ttm'terras, aséicin para os direitos sucessOrios, cizendo quo esta cu aquela terra cra de stu tio, ou de sou pai, © qua, portanto, tm direita a eld. Até aqui sé exfstie heranga de bans m— vels @ 0 herdeiro costumava ser o sobrinho materno co defunto,| A terra, ‘esse cra propriedade da mulher enquanto a trabalhava © nfo ce herdava. Agora surge © probiioma de saber se’ se herda a terra.por via materna ou avincular, ou se 6 por via paterna, como pretendem ‘alguns, que tendo-vivico em, regides co Tanganica onda prevellece © regime patrilinear, o julgen mais defensével., Este processo ton sico tio répico que néo of hd alguns que cul~ tivam sempre as mesnas terras, seguneo um sistema'de rotagae com um pousio tréengl, como até J ti4 quem tenha vendice proprievadss por 150000, coisa absolutanente inédite © qie implica numa total revolugés no regime de propric~ dacs. Isto n&o seria grave, porcue foi ‘prinal 0 caminho que as coisas tomaran na Gurvpa a partir do Neolitica ¢ através da prote-histéria, se nfo fosse a viva velocidade do processo, o!rdpido empobrécimento cos solos e as ideias vos dequcies que chegan do Tarigenica e falan a totlos nas procsas, do Sr, Mibrere, Segunda as informagbes de’ alguns indigonas a grende masse de individuos que tem regressado ultimamente do Tanganita-est® relacionada com sh do -sisal e sobretudo com @ politica dos salérios mfnims imosta pelo Sr, John Nitrere, Parece que mitas empresas em face das pretensdes resolveran despedir pessoal. Alids,.nés j4 pusomos esta hipstese no ano ‘anterior. Contuus, © Tanganica parece estar ultimaménte a fazer umasimtensa propaganda no nosso territério, espelhands milhares de-gravuras mostrando es vantagens que os sisaleiros oferccem: boas palhotas, boas camas com colchdes ©, por outro lato, apresentam @ tarefa diéria de um trabalho com une Pequena quantidade de sisal cortado. ¢ St Infelizmente einda nao nos foi possivel ir ao Tanganica, porque nGo se pode passar legalmente pele fronteira de jectmboa do Rovuma, étbora at‘ tivessenos todas as facilidades da parte do monhés que, no 06 nos puntian carro ‘do outro lado & dispusigao, como nos cambiever~o dinheiro necessério c ros davam uma carta de apresentagao, Mas como-soubemos ser um acto ilegal, perante as autoridades, n&o quizemos beneficier dessas facilidades clandes~ ; tinas @ nesta campanha munimo-nos de um visto no consulado ingles de Lourengo Narques @ dispusemos as coisas para ir a Palmae Quionga, a Pim de atravessar legalmente @ fronteira. Tivenos entéo a grande decepgio de saber que pociamos de facto atravessd~la quanto a formalidades legais, mac que praticamente nao ce podia atravessar o Rovuma sem grandes perdas, de, tempo © do dinheire, © que nos obrigou @ desistir e a arrepender de néo ter seguicd a via ilegal, ica possfvel para quem nfo cisounha ce muito tempo e co que afinal era a wito dinheire, Todavia, spesar dé nfo termos ido ao Tangarica, e de sf cont cerios 0 que se 14 passa através de trabalhadores rurais indigenas, note: que se estd a dar uma evolugo répida no sentidy de maior protesgéo cos opo~ rérios e rureis, fixendo salérios minimos, horas de trabalho, melhor an das ttn ef condigies de instalagia e elimento. For outro lade, easas met acompanhadas de propaganda mais ou ménos subversiva @ os indigenus mais con cientes da sua forga e dos seus direitos comegen a reclanar mais regalias, con Nos ditimos dias de Julho houve um movimento de protests em Dar-os~Salaam nds 2.000 indigenas Pizeran dononstragdes piiblicas. + Todos estas movinentos ten a sua repercunséo no nerte de Mogan bigue, ombora no se exteriorizem porque o indigena sabe perfeitemcnte que néo’porle, por enquanto, fazer qualquer movimento de protest. Contud, notenos este aro uma inguictapSo mor, uma meior necessidade do reagir’ contra a ri~ yilez ¢ -severidade' dos hossos metodos. Alguns portugueses dizem que se eles se sentissom bem ne Tanyenica néo regrescavem a aganbique. Isto mostra dessonhecor que 0 inti gene, coms Homan que @, esté prego eo seu torrio-natal, &s paisagens em que £2 criou © onde os ssus antepassades estiio enterrecos..Além disso, 0° indigena vive intimamente integrado num ambiente familiar que Ihe € extremamente core, t&o cary cus, quando as eutoridades querén apanhar #iguin culpach fugie> para © Tanganica, saben que’ ele se viré entreger se Ihe prenderem a mulher, & née ou @inda a sogra. Qutras vezes apanham-nos quando'eles, movidos ples seudades da mulher e dos filhos, vem a ocultas visité-los. Por outro lado, o indigena considerads portugues, vive no Tanganica como trabalhador. Nao possue ef direita S terra. Se leva a mulher esta pode, juntemente com ele, construir uma palhota e viver do que cle gerha, mas sto obrigadss @ comprar os géneros nas lojas, 0 que toma a vida mais cara. Quando, por qualquer rezéo, se desemprega néo pode aguentar-se muito tempo, porque née dispdem de~-reoursos para fazer face a uma crise e tem de regrosser. 6308 que se cistribalizan acabem por ficer defini tivamente, porque co desligem dos valores da sua cultura tradicional @ ficam coms elo- mentos sociais desgerrados, @ gravitar en toro da cultura onidental sem nela #2 integraron, Felizmente @ quase totalidace dos maconces esté integrada na cua cultura, Viosna os cristianizedos nfo estio om conflite com a sua cultura tra- Gicional, o.cue facilita espantosanente a nossa tarefa & nos pennitiria oxor cer uma facil acgio assililadora, se fossemos cepazes U's a saber e poder ori~ entar. Porém, os contactos com os portugueses séo praticamente nulos, Grande parte dos professores-catequistas nfo conhecem a nossa Lingua, non sequer sin simpatizentes conosco, 85 um, ou outro que, por circunstncias varias, con Viveresn com portugueses © fora da Provincia: soldados que estiveran on Goa e Hace, outros que visitaram a Netrépole om exposlSe's colonials, conserven um certo calor patriético! Veer inter-relag%o entre as diferentes Popylasiies do norte de provincia est& Longe A Lingua portuguesa; que Se devia ter tornado a lingua de te vir a-deconporhar tel papel, que sebe plenancnte a9 Guefli. ats as inscri- gBes que us vezos Fazen nes parvdes das casas, sla om sucili. 66 de donge « Aonge, uma crianga que ‘frequent uma das poucas escolas, onde os professores Sabon portugues, escreva uma od cutra palavra om portuguts na parede das cases. Apecar das tlissSes Holandesas estarem h& umas dezéias de ancs.no Planalte © de terem exereids uma inteligente @ hébil eogdo catequizadora, néio foi possivel encontrar una dnica mulher capaz de saber falar portugues para servir de in- térpvete & 12 Assiitente de Wissiio.” Os indigenes, ou sko poligiot: S, © entens dem-se falendo es ingyas uns dos outros, au-serven-se co suefli. O facto de ser o suatli a lingua de relagto entre as vérias populagiies tom 0 grande perigo dé ‘abrir una porta & propaganda vinda do “Tengani.ca © de associar as populagdes do Norte de Mogombique eo bloco suatli que se estende por uma vasta drea para o Norte do"AdVuma, separando-as das populagSes do centro e do sul de provincia, : < *No Planalto os rédjos sé rands, mas para o litoral viio-se multiplicands e'a propaganda c Cairo @ da Russia vlo-se fazondo sentir, Por enquanto esta propaganda dirige-se mais & ROWeETa e co Niassa, mas também nos véo stacants de vez em quance.’ Quando o Adninistrador dé Mueda construiu um aerédromo, as emissoras trogavan e dizian que nunca 14 pousaria * um aviao. A afinmag! fot desmontida com uma Festa inaugural do canpo, foita hé cerca de um eno, em que vein um ou mais avidee~jemtemente com autoridadcs civis, militares e religiosas. . No littoral os pequenos HMidios de ondas curtas com pilhas vao eumentanco, Embore néo heje nada que se compare ao ndémero de sparelhos oxi: tentes, a0 Gul co Save, o certo 6 que os poucos que hé ecrvem para difundis rotivios que sb porigoves para a nossa soberania. urd combater tel perigo seria ‘necessério que a Lingua portuguesa substituisse o suatlie so oryaniz se uma central receptora e emissora que tivesse por fungdo fazer outra pro- pagenda, ‘rebatends com argumertos as objecgdes Leventades. 4 disse no relatério enterior que era imensarente necosstrio fazer Filmes © cinemas embulantes que nostrassem um pouco'do que temos feito © servissen pare ecuear fife rf © brancas, pois infolizmente as brancos preciaan muito ce sore praparados para a tarefa que Ines cabe e que mites vezes ignore fle , Por enquante, 0s indigenes portugueses née ufia motives graves de inquietagaio, mas as coises hoje’ evoluem rapidamente, ¢ as seventes esto . Un Pégullo de Quionge: j4 esté preso em Lourengo Warqués © hé +uma cerka jnquietagho nas populagées qye nao se poce reprimir sd pela forge. Oovicmos procurar cria® um ombiente que nos fossa mais favorével, pois 96 assim a nossa permantncia sera duredeira, a) Iclanieno. Q islamisno ¢ outra forga invasora que insidiosamonte sc vei. introdszindo e ganhenda terreno, No Litoral, coma_j4 disse no relatério en- + Pelas terior, a sua difusto é assustadora, mas néo se limita 23 litora baixas co interior ele vei fazendo progressos lentos mas constantes.e Os préprios mecondes, que eran consideracos yefractérios oo islamismo, comegan a ceiler & sedugio da nova confissao. Muitos macondes de Pala, Nangado @ Nocimboa da Praia est&o hoje islemizatos. Was, mesmo no Planlate Maconde, esse reduto.inviolével, © ha.tanto tempo cob a vigilancia dos missionérios catélicos, comega a mostrar indicios de fraqueza. J& hoje se conhecem algumas aldoias onde entrou 0 islemismo e dias delas porto das MiscSes, Por sua vez, ho contro principal do Plenalto de Wueda, © islamicno ganha terreno. A mos~ quita j& é pequene para es necessidades e vao construir outra maior. ,Até ' agora o padre era o intérprete da Administragao,, Saide, ajeua‘hé muito no Planalto, mas agora veio um para se dedicar sé uo servigo da mesquita e da escola. Un grupo de ‘rapazes frequenta a escola fsléimica. 0 mais triste @ “3 verificar-se que de alguns indfgenas ‘que trabalharém conosco, o mais desemberagads em contas o mais répicb.em compreender o que querfams @ me obter informagSes ou conseguir que nos facilitassen o acesso a rituais amica muito secretos cra islamizado e tinha ido ‘eprender numa escola i Jonge de Wueda, por nfo haver escola portuguesa. E certo que dois’ gnos’ chs nossosintérpretes, que eran Profes~ sores nes Missdes, sebiem bastante portugi@s, n3o sé falado como escrito e granatical, pois tinham frequentado uma escola das iissées onde um tinha Feito o equivelente aa 22 ano do 1iceu e outro tinha mesmo frequentado o 32 ono. Was se 0 conhectinento da Iingua nos dave vantegem, cram por outro Jadé pessoas dificeis, pouco conhecedoras da cultiiré naconde, @ um dol cheio de complexos’n inibigtes, que em parte advén de seren considerados inciigenss epesar das suas habilitegtes/ liter&rias. E fatal que homens mais instrutéos do que muitos, portugueses da provincia, mas relegados para.um pleno social inferior pela! facto de serew-indigenas, toa do cor extronanente equilibrados psicologicamente para nfo so sontirem frustrados © reagirem como tal. Além disso, o sau salério mensal de 180300 ven certa~ mente agravar o sentimento ce frustregao. Ora se pensermos que o ensine ecté entregue ‘a homeng qua vive nesta situesze,-a-que; se mostren algum recorhecimento © sinpatia por aqueles que os formarem e instruiran, esse sontimento vai para 06 missionGrios holandeses @ no pera o nosso pove com quem nunca conviverem, © sé conhecem através dos livrus’que os padres holendeses utilizarem para lhes ministrer a instruco necesséria pera viren @ ser professores das Missdes, devemos campreender a frequeza en que assenta 0 nosso sistema formative das populegdes nativas neste regiao. Os muguimanos ttm também dado mais solenidade &s suas fustas tradicionais, Assist a véries, uma das quais xealizada na loja de um monhé dls n@cionalidade portuguesa © Fiquel’ adniraco com a habilidsde que eles ‘On pare atrair os indiganas.mais categorizedss ao seu culto. Toda @ gente sabe © como 0 africano em geral gosta da pompa;: da cor, da nisica e da danga, © @ isto que lhe oferecem os monhés. O_recinto des lojas co China e.do Tatde trans rmeran~se em templos, cobertos de esteiras novas, onde 08 crentes entrar descalgus depois dé lavarem 08 pés. LA dentro, todos os. participantes epareciam envoltos em panos brancos, ou com cabaias, cintos de prata na c nita, fez vermelho na cabega. Outros com a cabege velada por uma espécie de véu, como por exemple o velho Saide, que estava quase irreco~ nhocivell-na sua pomposa eleg@ncia. Ao fundo, junto B parece numa mesa " | coberta de pana branco havia objectos de culto. A iluminag%o intenea dava 20 local um certo ar de acolhimento, que fazia esquecer que tudo iste se passava numa loja,de compra e@ vende, No balcdo, o proprietério queimara perfumes crientais, e todos ali dentro sé sentiam elevados numa atmosfera Ge grande espectativa. Depois os cAnticos, os movimentos de carpa e o ban~ quote Final foram intensificanda esse gronde sentimento de jdbile interior to grate a un grande némero dp peocoas Tudo isto, como digo, hé-de vir a atrair cada vez mais indi o maconde tem na carne depo: alto, mais eria:< is cultos e de forms genas, §8 nao fosse esto que c que é um . de animais que melhor.se coo ple versio 0 ce Pricanos ma \seamuitcis. Mas mesno os al; como + +sejem 08 enfermeir:s do hospitel, ¢ at nas lojas Was monhés que encontran ambiente para conversar . um pouco e tomar ume chavena de cha ou café, E Wit {I} Se \ e'pelas conversas que tive com eles sei ben como esto bem informados eb oc _discutem es novidades trazidas pela inprensa ou ouvidas na radio, ‘gue vai por Africa e pelo-Mundo. Estes homens, "qoe7Julgo seronm cicadsos portugueses pela lei, também nfo tem'outros contectos com os partugueses que'ndo gejam os que resultem dgs suas prmfiseSes; porém um pouco de con~ vivio Bo exiete;’ esse convivio cue liga as hanens cos iagos afectives © 08 irmana pela participagio da mesma cultura. Porém,-cono € isto possivel 89 quace n&o exicten portugueses re Planaltc, além dos funcionarios adminis trativos, funcionérios da Sagal, © um ou outro que @ nevessidade trouxe com maior ou menor permanéncia e esses, senda ta poucos, sé convivem entre mut ce Fortanto 0 isladena, meano quando réo converte, 6 un fod du / atrecgéa dos elementos efricanos mais evoluidos © ao mesma tempo um centre de difuso de ideias que nen sempre nos slo favoréveis, Se no vamos co ‘icanos que ainda nos s&o-afsctes oferecendo-lhe encontro de todos os aft um certo apoio e provanco a nossa sinceridade de prapésito de considerer sportuguesds aqueles que se podem tornar cidadéos portugueses, atrainds-os / om vez de os desprezar, poccnmos‘ter a certeze de que dentro em pouco de< Zo das nossas fileiras,— i ~ -Pelo que se'vé hoje en, Africa, a grande fogueira das reivindi~ cagtes @ das aspiragdes & autonomia alastra assustacoranente. A disciplina ida © severe pode.manteressas populagdes tranquilas durante mais ou menos tempo, mas no podemos assim assegurar a-cua-fidelidade future. Nao me cabe a mim, simples etndlogs, dizer como 6 que cles podem ser resolvicos, mas néio devo ccultar que c descontentenento aumenta e que este nfo é sé uma consccutneia de ideclagias-difundidas pela propaganda cubversiva.

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