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Acidentes de Trabalho Com Profissionais de Saúde Durante A Pandemia Do COVID-19 Uma Questão Individual e Coletiva
Acidentes de Trabalho Com Profissionais de Saúde Durante A Pandemia Do COVID-19 Uma Questão Individual e Coletiva
A segurança de trabalho se baseia em medidas adotadas a fim de proteção aos profissionais, com ações de
prevenção que minimizem os acidentes de trabalho, de qualquer natureza. No Brasil, apesar de não se ter dados
tão confiáveis, visto que há omissão e subnotificação de casos, o número de acidentes de trabalho é alto. Os
profissionais de saúde, por exemplo, são uma categoria que possuem grande número desses acidentes, já que
estão em constante risco. Além disso, não há a possibilidade de que se mude o ambiente, principalmente durante
crises de epidemia e pandemia. Contudo, medidas são adotadas em todas as áreas, para que os acidentes de
trabalho sejam prevenidos. Com relação aos profissionais de saúde, tem-se a adoção de incontáveis protocolos
que reforçam o uso de EPIs, além da higiene respiratória e correta lavagem das mãos. No Brasil, ao caminhar
pela cronologia temporal, é possível que se encontre outras grandes pandemias, a maioria delas, atingem o trato
respiratório, como a atual COVID-19. Essa doença foi declarada uma pandemia pela OMS e no Brasil ainda não
atingiu seu pico, logo, para conter o avanço da doença foram implantadas diversas medidas sanitárias e de
controle, principalmente nas unidades de saúde. Além disso, essa doença, causada pelo vírus SARS-Cov2
apresenta baixa taxa de mortalidade, contudo uma elevada taxa de transmissibilidade. Assim, o número de casos
confirmados, e graves, podem levar a um colapso do sistema de saúde, o que confere a pandemia um aumento na
sua taxa de mortalidade. Isso é decorrente da interação entre a ausência de assistência médica com a
disseminação do vírus pelos profissionais de saúde contaminados e assintomáticos. A contaminação pelo vírus,
decorrente da atuação profissional na pandemia, confere ao profissional, um acidente de trabalho, que gera não
só prejuízos ao indivíduo, mas também ao coletivo. Logo, é necessário que se entenda o risco aumentado do
profissional de saúde ao trabalhar durante uma pandemia. O número de acidentes nos trabalho aumenta durante
uma pandemia e inverte a pirâmide acerca do tipo de acidente, sendo o mais comum nesses momentos os
contágios com fluidos e não os acidentes com perfurocortantes. Essa contaminação ocorre principalmente nas
Unidades de Terapia Intensiva e na linha de frente do atendimento, atingindo prioritariamente, auxiliares de
enfermagem, enfermeiros e médicos. A grande problemática é a não utilização de EPIs e a incorreta higienização
das mãos, de materiais e de locais em que há o contato com o vírus. Logo, os profissionais de saúde estão em
constante risco devido a demanda de serviços com alta periculosidade que ocorre durante uma pandemia,
causando complicações para eles próprios e para a sociedade como um todo, por serem muitas vezes
disseminadores da doença. À vista disso, esse artigo trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo
com abordagem quantitativa, que explora as informações e critica as medidas visando à melhoria dessas. Além
disso, foi feita uma pesquisa de bibliografia nas plataformas Public Medlines (Pubmed), Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Ovid,
Science Direct, Cochrane e Medlines utilizando os descritores “pandemics”, “acidentes, occupational” AND
“occupational diseases” e uma pesquisa de dados por meio da mídia e dos sites oficiais dos governos nacional e
internacional. Ademais, o objetivo desse artigo é analisar os riscos ocupacionais e a segurança do trabalho a que
estão expostos os profissionais de saúde em meio a epidemias e pandemias, além das consequências geradas pela
ineficácia de medidas adotadas.
INTRODUÇÃO
Maior
Eficiência Eliminação
• Eliminação do perigo
Substituição
• Substituição de perigo MEDIDAS DE
PROTEÇÃO
COLETIVA
Controles de Engenharia
• Isolar equipe de risco
Controles Adm.
• Mudança no modo de trabalho
MEDIDAS DE
EPI's PROTEÇÃO
• Utilização de EPI's INDIVIDUAL
Menor
Eficiência
METODOLOGIA
93,90%
100%
90%
80% 66,50%
70% 50,70%
60%
50% 35,70% 36,90%
40%
30%
20%
10%
0%
Jaleco Máscara Óculos Gorro Higienização
Cirúrgica das mãos
Fonte: BAKKE; ARAÚJO, 2010
Outros
83%
Outros
89%
Quanto ao Brasil, os dados estão abaixo da média mundial, contudo também são
superestimados, visto que não há testes suficientes para que sejam aplicados a todos os
profissionais afastados. De acordo com o Ministério da Saúde, até dia 13 de maio 113
médicos morreram vítimas da doença. É uma média de aproximadamente dois profissionais
por dia, desde o primeiro óbito registrado.
Com a finalidade de notificar o Código Brasileiro de Ocupações (CBO), o e-SUS
Notifica possui uma variável que identifica se a pessoa contaminada é um profissional de
saúde ou não. De acordo com o Boletim Epidemiológico Especial nº 16, do Ministério da
Saúde, uma consulta nesse banco nacional, feita no dia 13 de maio de 2020, mostra que há
199.768 profissionais de saúde registrados no e-SUS com suspeita de terem se contaminado
com a COVID-19. Dentre esse número, 31.790 casos foram confirmados, 53.677 descartados
e 114.301 continuam em investigação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
A tabela 1 traz as categorias de profissionais que apresentam o registro
supracitado. A maior incidência é referente aos Técnicos ou Auxiliares de enfermagem,
correspondendo a 34,2%, seguidos do Enfermeiro, com 16,9% e do Médico, com 13,3%
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
310.087
350.000
300.000 233.037 239.627
250.000
200.000
150.000
100.000 31.790 40.961 29.282
50.000
0
Brasil Espanha Itália
15.214
16000
14000
12000
10000 7.180
8000 4.905 5.558
6000
4000 1681
2000
0
Profissionais de Saúde
Dentre os equipamentos de proteção que estão em falta e podem ser contabilizados nas
ocorrências estão: a máscara N95 ou PFF2, as luvas, o gorro, o óculos ou Face Shield, o
capote impermeável e outros itens que os profissionais de saúde julgarem necessários para os
procedimentos e adequado à denúncia. Entre esses itens, das três mil e setecentas e noventa e
nove denúncias, feitas até 26 de junho, a maior incidência foi em relação às máscaras,
representando 85%, conforme gráfico 7 (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2020).
100% 85%
60% 42%
33%
40% 25% 24%
20%
0%
Tal fato pode ser explicado tanto pela corrida por este material por parte da
população em geral no início da pandemia, quanto pela alta demanda não suprida pela
produtividade do item. Ademais, este EPI precisa ser descartado a cada 2 horas ou após algum
procedimento e, é de uso constante por parte de todos os profissionais de saúde, além dos
pacientes contaminados, em momentos específicos.
Além da máscara, itens como óculos de proteção e o capote também apresentam
números alarmantes, com 66% e 65% respectivamente. Tais itens encontram-se indisponíveis
pela questão demanda-produtividade, já que são restritos ao uso hospitalar-ambulatorial.
Além do apresentado, outros equipamentos, com menor incidência de falta, também são
significativos. Dentre eles estão o gorro, álcool gel 70% e luvas, com 42%, 33% e 25%
respectivamente (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2020).
Logo, apesar de todos os protocolos de segurança de trabalho e de diretrizes de
prevenção contra as doenças virais com transmissão por fluidos respiratórios, tendo como
exemplo a COVID-19, os ambientes de trabalho da área da saúde, não tem condições de dar
suporte para que essa segurança estabelecidas nos protocolos durante uma pandemia sejam
rigorosamente cumpridos. Dessa forma, os números de acidentes por trabalho apresentam
elevados índices, o que traz consequências não só para o indivíduo, mas também para o
coletivo, vez que pode aumentar a incidência da doença e reduzir a capacidade de
atendimento.
CONCLUSÃO
Durante os anos, o mundo, e o Brasil, passaram por diversas pandemias, cada uma
com uma taxa de mortalidade e transmissibilidade características. Nesse momento, vive-se
outra, a do SARS-Cov-2, que causa a Covid-19, considerada pela OMS como pandemia no
dia 11 de março de 2020. A doença pode causar uma síndrome respiratória aguda grave, além
de possuir números alarmantes. Várias medidas sanitárias estão sendo tomadas para controle
dos casos, principalmente nos ambientes de saúde.
Assim, há a necessidade de proteção dos pacientes e principalmente dos
profissionais de saúde, que estão em constante contato com possíveis transmissores, se
tornando em um grupo com alto índice de vulnerabilidade, susceptíveis à contaminação
enquanto cumprem as suas atividades laborais, caracterizando acidentes de trabalho.
A segurança do trabalho existe em todas as áreas de prestação de serviço,
incluindo o da saúde, e são medidas individuais e coletiva que visam minimizar os riscos de
acidente no trabalho. No caso dos profissionais de saúde vários são estes riscos e em situações
de epidemia e pandemia há um aumento expressivo no número de casos. Os principais
indivíduos atingidos são os que se apresentam na linha de entrada, como enfermeiros e
médicos, que atendem os pacientes e ficam em contato com a situação de risco por um tempo
maior.
Tal contato, por muitas vezes, se dá de maneira inadequada, sem a utilização dos
equipamentos de segurança individual/coletivo que protegem os profissionais contra esses
acidentes de trabalho. Isso ocorre tanto pela insuficiência de material, quanto pelo
desconhecimento da patologia do paciente, o que permite ao profissional que o atenda sem as
proteções específicas para esse manejo.
Durante as situações de epidemia/pandemia, há uma modificação no perfil dos
acidentes de trabalho dos profissionais de saúde. Essa alteração se dá com a sobreposição dos
acidentes com perfuro-cortantes, por acidentes por contato com fluidos corporais. Aquele,
com maior incidência em tempos normais, e este em períodos de epidemia/pandemia. Desse
modo, é de extrema importância o uso de EPIs por parte dos profissionais de saúde, a fim de
se evitar a contaminação e a disseminação.
Contudo, esses materiais de proteção se tornam artigos raros e de difíceis acesso,
graças ao aumento expressivo da demanda, que não é acompanhada da oferta. O que aumenta
ainda mais o risco de acidente de trabalho para os profissionais de saúde. Para se evitar tais
acidentes, as medidas preventivas que visam esse grupo, devem ser postas em prática, com
rapidez e eficiência. Alguns passos devem ter tomados, como controlar a fonte precocemente,
por meio da triagem e isolamento do paciente suspeito; utilizar as precauções-padrão nos
pacientes, qual seja a sua patologia; promover a higienização das mãos e respiratória; e, por
fim, utilizar os equipamentos de proteção individual e coletiva.
Logo, para que haja uma diminuição nesses contágios, deve-se disponibilizar mais
EPIs para as unidades de saúde, além de seguir os protocolos impostos. Os principais
elementos para a proteção do profissional de saúde no controle da pandemia são a máscara N
95, luvas, gorro, óculos, capote impermeável e álcool em gel. Desse modo, a segurança do
trabalho protege não só os profissionais de saúde, mas também toda a população, vez que é a
ferramenta mais importante para a segurança da saúde populacional em casos de pandemia.
A prevenção de um acidente de trabalho com os profissionais de saúde, evita a
contaminação desses indivíduos e de outros tantos, já que o profissional passa a ser um
veículo disseminante do vírus. Além disso, ao evitar o contágio e proteger esses profissionais,
tem-se um controle maior dos casos, o que não sobrecarregaria o serviço de saúde com o
aumento da demanda e nem tampouco incorreria em diminuição da mão-de-obra.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Faltam EPIs em todo o país. Disponível em: <
https://amb.org.br/epi/> Acesso em: 26 de jun. de 2020.
ROSSETO, E. V.; LUNA, E. J. A. Aspectos clínicos dos casos de influenza A (H1N1) pdm09
notificados durante a pandemia no Brasil, 2009-2. Einstein, v. 13, n. 2, p. 177-182, 2015.