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‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) OpenEdition QV Journals Confins Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia 57 | 2022 Numero 57 Agroindustria canavieira e formagaAo territorial paulista: do engenho escravista a usina de acucar e alcool (1530-1930) ‘Sugarcane agribusiness and Sao Paulo territory: from the slave mills to the modern sugar an alcohol mill (1530- 1930) Agrorindustrie de la cane @ sucre et la formation terrtoriale paulista : Du moulin & esclaves & I'usine de canne 4 sucre ot alcool (1530-1930) Ropo.ro A. M. P! hitps:¢0i.org/10.4000/contin Résumés it of the sugar cane agroindustry and its relations with the ¢, from the installation of the Portuguese colonial company that characterizes the sector in the 20th century. Using Personnaliser :h, image production and edition, the article illustrates the it characterize those relationships, highlighting geopolitical, tid technical aspects. The exhibition is organized with a ses a slave and an industrial period, during which sugar patially, and conforms to the integrated agro-industrial and hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=IlwARSknGQMs_v¥drTeQylBIuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFwuc_sh2MhiS2FWO, wn ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) landowning model of the present. We then seek to distinguish transformations and permanencies, and to characterize the links between the commercial sugareane expansion and the constitution of the Sio Paulo territory, in their contexts and determinations, with the elaboration of a synthesis table. ’ agro-industrie de la canne a suere pauliste et ses relations avee 1a formation territoriale de 1’Etat de Sio Paolo, depuis I'installation de Tentreprise coloniale portugaise jusqu’4 I'alfirmation du modele d’usine qui caractérise le seeteur au long du XXe sidcle. Le travail est utilisé de recherche bibliographique et d images, rassemblement de données, 1a produetion et Iédition des figures, pour composer une illustration des mouvements productifs, ct spéciaux que caractérisent telles relations, mettant en évidence les aspects géopolitiques, économiques, institutionnels, territoriales et techniques. L’ exposition s’organise avec une proposition de périodisation, qui passe par une période esclave et industrielle, le long desquelles Ja production de canne a sucre évolue de maniére productive et spéciale, et se conforme le modéle fagro-industriel intégré et propriétaire foncier du présent. Cherche alors a distinguer transformations et permanences, et caractériser les liaisons entre I expansion de la canne & sucre commerciale et la constitution du territoire Pauliste, dans leurs contextes et détermination, ave] “Glaboration dun tableau récapitulatif. Entrées d’index Index de mots-clés : Agro-industrie de la canne & suere ; sucre ; moulins ; usines ; formation tervitoriale de état de Si0 Paulo Index by keywords: Sugarcane agroindustry; sugar; sugar mils Sio Paulo State territorial formation. Indice de palavras-chaves: Agroindistria canavieira; agéear; engenhos;usinas;formagio territorial paulista Texte intégral \ficher Pimage + Ao longo da historia, os movimentos de formagao territorial do atual estado de Sto Paulo relacionam-se com a formagéo da agroindtstria canavieira paulista, entendida aqui como longo processo que resulta no padrao produtivo e espacial apresentado pelo X. Considerando que as bases do modelo usineiro — nidade processadora industrial com 0 latifiindio cada de 1930, este trabalho realiza uma anélise s séculos da atividade canavieira comercial, partindo hos na baixada santista na década de 1530. 6 produzida uma ilustragéo do periodo, baseada na fica, coleta e organizagao de dados, pesquisa e e ‘togréficas. O material selecionado subsidia uma ferece destaque a aspectos geopoliticos, econémicos, 1s, tendo como fim 0 suporte ao exame da evolugio tria canavieira em sua associagdo com os movimentos ir os diversos aspectos enumerados e questdes fica combina o trabalho de gedgrafos, historiadores ipecialistas na evolugao canavieira paulista. periodizagao, a ser caracterizada no desenvolvimento Agiicar Eseravista”? e o “Agticar Industrial”, sendo o Vicentino” (1530-1600), e “Pequeno Ciclo do Acicar hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=IlwARSknGQMs_v¥drTeQylBIuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFwuc_sh2MhiS2FWO, an7 ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) Paulista” (1760-1860), e 0 segundo caracterizado como perfodo da “Primeira Modernizacao”, delimitado entre 1875 ¢ 1930. Aos diferentes periodos, correspondem diferentes expresses espaciais, relagdes sociais, contextos politicos e econdmicos, nacionais e internacionais, a serem descritas e analisadas ao lado dos caracteres que permanecem ao longo da historia. As observagGes finais buscam os tragos essenciais da relagio em exame, resultando em um quadro sintese. 4 De maneira geral, o trabalho se abstém de discussdes coneeituais, apenas pontuando termos particulares do tema e do enfoque da pesquisa. Entretanto, sdo necessérias, de inicio, algumas definig6es: toma-se espago como “soma da paisagem (ou ainda melhor, da configuragao geogréfica) e da sociedade” (Santos, 2012, p. 12, grifos do autor), sendo as configuragies geogrificas (ou territoriais) “o conjunto dos sistemas naturais, herdados por uma determinada sociedade, e dos sistemas de engenharia, isto é, objetos técnicos ¢ culturais historicamente estabelecidos” (Santos, 2001, p. 248); territério como “espago onde se projetou um trabalho, seja energia ¢ informagio, e que, por consequéncia, revela relagdes marcadas pelo poder” (Raffestin, 1993, p. 143), & “resultado histérico da relagio de um grupo humano com o espago que o abriga” (Moraes, 2000, p. 18, 21); a formagao territorial é 0 equacionamento do territério enquanto entidade movente, e “objeto de anélise histérica retrospectiva, uma vez que busca uma génese de conjuntos espaciais contempordneos” (Moraes, 2005, p. 45, 2000, p. 21). Mesmo observando as unidades geomorfoldgicas apresentadas em Ross (2009), 6 relevo paulista sera referido, de maneira geral, segundo a divisao clfssica (Planalto Atlantico, Depressio Periférica Paulista e Planalto Ocidental Paulista), para efeito de simplificago. 1. Agucar escravista (1530-1860): fundamento econémico da consolidagao territorial 1.1 Produgao agucareira e formagao territorial do Brasil (1530-1650) 5 Cerca de 30 anos apés a chegada de Cabral ao litoral da Bahia, e dentro um quadro geopolitico no qual outras nagdes europeias alimentavam pretensées sobre as terras americanas, a Coroa portuguesa reconhece a necessidade de ativar a ocupacdo da costa atividade lucrativa que a justificasse e viabilizasse. © comercial adquirida nas ilhas do Atlantico, os d@ o sistema das capitanias hereitérias (e suas formas © do agéear, produto de grande valor comercial na ‘ra instrumento e necessidade para a instalago dos lavoura canavieira era a primeira opgio para os am a se investir por aqui, obrigados que eram a criar eas (Furtado, 2007, p. 27, Moraes, 2000, p. 297-9, ura da cana-de-agécar foi amplamente difundida no © invasor portugués em todos os povoados que arina, sendo que as mais importantes iniciativas de diretriz geopolitica lusitana de efetivar a posse da p.308). se estabelece como atividade de carater mercantil vecebendo dela capitais e técnicas, cuja esséncia é 0 reial ao mercado do velho continente (Furtado, 2007, adido como célula produtora que inclui propriedade into e forca de trabalho)é é a grande exploragao rural hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=IlwARSknGQMs_v¥drTeQylBIuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFwuc_sh2MhiS2FWO, an7 osio112023 22:53, ‘Agroindisra canavicira e formacéo teitoial paulsa: do engenho escravisia &usina de agicare doa! (1530-1930) que materializa essa empresa no territério brasileiro, combinando latifiindio, monocultura canavieira ¢ eseravidio (Prado Jinior, 1962, p.117). A montagem das estruturas produtivas consolidava o dominio da terra e concretizava a colonizagio, depois da conquista e da primeira instalagdo dos invasores’, e formava um territério dependente de ages externas, subordinado a uma estrutura hierérquica de lugares e sociedades, e sem existéncia auténoma, O povoamento desse espaco se faz, com fluxos migratérios forcados, aprisionamento e submissdo de populagdes indigenas e africanas a um ordenamento social violento, que segrega, exclui e impée barreiras raciais (Moraes, 2000, p. 265-277). 7 Acseravidao é fundamento e pré-requisito da economia colonial brasileira, “condigao de sobrevivéneia para o colono europeu na nova terra” (Furtado, 2007, p. 76). Ela tem inicio com a captura e sujeigio de indigenas, para depois se generalizar com os africanos trazidos sob correntes. Segundo Abdias do Nascimento, "Sem 0 escravo a estrutura econdmica do pals jamais teria existido. O afticano escravizado construis as fundagbes da nova sociedade com a flexdo e a quebra de sua espinha dorsal, quando ao mesmo tompo seu trabalho significou a propria cespinha dorsal daquela colénia” (Nascimento, 1978, p. 49) 5 0 trabalho que ergue as estruturas e realiza o conjunto da operagao produtiva, das tarefas mais simples as mais complexas, 6 quase todo feito por pessoas escravizadas. Os africanos, porém, teriam papel fundamental na formagao nacional como trabalhadores, como os principais povoadores do Brasil, como rebeldes que disputaram territérios com a Coroa, e como portadores das culturas que “deram o ethos fundamental da cultura brasileira” (Moura, 1992, p. 33, grifo do autor). 8 Demaneira geral, a atividade produtiva em si baseava-se em técnicas e equipamentos rudimentares e de baixa eficiéneia. Por muito tempo, foram usadas moendas de baixa capacidade de extragio do caldo, trago animal como forga motriz, e métodos primitivos nos processos finais de obtengdo de agticar. Dimensdes e condigées técnicas, entretanto, eram variadas, e engenhos maiores e mais avangados também eram encontrados, especialmente em Pernambuco. As préticas agricolas eram atrasadas em comparagio as téenicas camponesas europeias, ¢ 0 uso da terra era destrutivo & ndmade, ja que o solo era exaurido e novas areas eram abertas, geralmente com queimadas; 0 uso de madeira para combustivel e construgdo exigia a derrubada de florestas inteiras®. Mesmo em preeérias eondigdes, a produgdo no territério colonial sobe de 180.000 para 2.000.000 de arrobas entre 1570 € 1650 (Moraes, 2000, p. 332,336), produzidos por cerea de 400 engenhos, em geral localizados no Nordeste. Algumas destas estruturas estdo ilustradas na Figura 1, a seguir. Fiqura 1, Representacées do enaenho escravista, hitps:/ournals. openediton orglconfins!49878 focld=lwARSknGQMs_v¥drTeQylBluOybntW 1 aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhiS2FWO, anz ‘08/01/2028 22:53 " hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=IwARSknGQMs_v¥drTeQylBluOybntW1aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhiS2FWO, vous donne le a (1) Franz Post (1840); (2) J. M. Rugendas, (1836); (3) S. de Vries (1682) Fonte: Wikimedia Commons, Arquivo Nacional do Bras Por volta de 1650, a produgio brasileira se defronta com a concorréncia das Antilhas © a queda dos precos, ¢ as exportagées entram em acelerado declinio, Em seus tempos présperos, entretanto, a exploracio agucareira escravista deste ciclo produziu lucros monumentais, e foi a fundagdo econémica do proceso de formagao do territério colonial portugués em solo americano, Cultura e processamento da cana criaram niicleos ¢ zonas de povoamento ao longo da costa, dinamizou fluxos que articulavam estes e outros lugares” e, assim, sustentou o éxito portugués em controlar amplo setor do atual territério brasileiro, Ao mesmo tempo, a economia acucareira escravista se situa na origem de uma sociedade violenta, racista, desigual, predatéria e subordinada (Moraes, 2000, p. 338, 387, 401). 1.2 Agucar escravista e territorio de Sao Paulo: tempos dos engenhos (1530-1860) Os primeiros engenhos da col6nia teriam sido instalados a partir de 1532 em Sio ava ali o primeiro nécleo urbano da costa brasileira ). Prejudicados pelos solos impréprios, pelo restrito d® +e pela distancia até a Metrépole, os (pouco mais de em decadéncia ¢ seriam relegados a uma condigao de 9-10, Dé Carli, 1943 p. 9, Sampaio, 2015, p. 9. A fe indigenas — frequentemente destinados aos omam-se atividade de preferéncia dos colonizadores, 5 predatérias (as bandeiras) e fixagao em pontos do turtado, 2007, p. 76-7). Com isso, a vila de Sao Paulo \do o mais importante n6 dos caminhos ao interior, es predatrias (as bandeiras), e principal conexio ior, 1965, p. 60) XVIIL, entretanto, e especialmente com 0 Ciclo do aulo um momento de reativagao de fluxos comerciais, ortugués em consolidar seus dominios no interior do 31-2). Novas expedigées de caréter exploratério e avam o territério paulista e preparavam a investida +0 Estado incentivava a fixacio e a agricultura. Ao te utilise des cookies et ntrole sur ceux que vous souhaitez activer ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) siz ‘08/01/2028 22:53 hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=lwARSknGQMs_v¥drTeQylBiuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhiS2FWO, mesmo tempo, o cenério externo alimentava expectativas, com alta de precos - ocasionada especialmente pelas revoltas de eseravizados em colénias francesas" — ¢ ampliagio dos mercados com a industrializago europeia e as independéncias nas Américas. Esses fatores levam a uma nova ativagéo da cultura canavieira em solo paulista, em que Coroa ¢ elites locais se associam para implantar “serra acima” o modelo acueareiro escravista (Melo, 2009, p. 10). Os novos empreendimentos invadem e promovem o assentamento definitivo na Depressio Periférica Paulista, seguindo rios e caminhos antigos, ¢ motivando uma nova infraestrutura viéria ¢ portuéria para a comercializagéo do agéicar via Santos. ‘A produgio acucareira neste chamado “Pequeno Ciclo do Agicar Paulista” (delimitado entre 1760 e 1860 por Ellis Jtinior) concentrava-se em trés regides. As duas primeiras, com produgdo pouco volumosa ¢ relativamente efémera, sdo o litoral da antiga capitania, com destaque para as localidades de Sao Sebastiéo e Ubatuba, onde estavam os mais importantes e bem reputados engenhos de agicar e aguardente do final do século XVIII; e a “Area ao longo do caminho para o Rio de Janeiro”, na qual foram registrados diversos engenhos desde o final do século XVIII, mais significativamente em Guaratingueté, Jacarei e Lorena. Entretanto, em 1789 0 governo da provincia, buscando fortalecer 0 comércio em Santos, passa a restringir a distribuigdo via Rio de Janeiro, muito mais favordvel aos produtores dessas regises. Ali, o setor entra em decadéncia, ¢ beira a extingdo com a exitosa introdugao da cafeicultura (Petrone, 1968, p. 24-41, Dé Carli, 1943 p. 11, 17). ‘A terceira € mais importante regido produtora deste ciclo é designada por “Quadrilétero do Agitcar”, demarcado por Petrone (1968, p. 24) entre Sorocaba, Piracicaba, Mogi-Guagu ¢ Jundiai, sendo Itu e Campinas os polos da regio. Itu jé abrigava mais de 100 engenhos ainda no século XVIII; em 1854, eles somavam 164. Campinas teve desenvolvimento mais tardio, porém mais préspero que Itu, chegando a 93 engenhos de agticar e outros 93 de aguardente no ano de 1836, quando responde por uum tergo da produgéo da paulista (Petrone, 1968, p. 41-47). Outras localidades importantes do “quadrilétero” eram Piracicaba, Porto Feliz, Capivari e Mogi-Guagu (logo ao norte de Mogi-Mirim, onde a produgdo foi mais significativa e aleangou, em 1854, 0 mais alto volume de exportagdes do ciclo). Fora da regio, a manufatura era encontrada em “uma ou outra érea", como Itapetininga, Braganga ¢ artedores de Séo Paulo (Petrone, 1968, p. 47-53, 162). Figura 2, Localidades e regiées produtoras de agticar em Sao Paulo (1530-1860) elo (2008), VA (1972), Sdo Paulo (2014a). Elaborago: Rodolfo ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) en7 ‘08/01/2028 22:53 16 hitps:iournals. openediton.orgiconfins/49878 fick Como mostra a Figura 2'5, acima, o Quadrilétero do Agécar se projeta pela Depressio Periférica, primeiro por sua borda leste e entéo ao centro, com rios ¢ rotas do século XVIII concentrando empreendimentos em suas proximidades. O poligono respondia no periodo 1846-47 (ponto alto das exportagdes neste ciclo) por 88% do agiicar embarcado em Santos (cujo total era de 597.551 arrobas), e delimitava uma érea de cerca de 7.500 dos 250.000 kmz2 do atual estado de Sao Paulo, Deve-se notar que isso nao corresponde 8 totalidade da produgio do agiiear e mesmo de outros processados da cana (como aguardente, rapadura, melago) destinados ao mercado interno, Figura 3. Moagem de cana na Fazenda Cachoeira, Campinas, 1830 Bonedito Calito de Jesus. Acervo do Museu Paulista da Universidade de Sdo Paulo. Fonte: Wikimedia Commons Assim como nos primeiros séculos da colonizagio, a agdo produtive é realizada por bragos escravizados, no primeiro episédio em que pessoas de origem africana sio Tevadas em grandes niimeros para o interior de Sao Paulo. Desde o infcio do século XIX, a liberdade era colocada em pauta com resisténcia e organizagao de revoltas e levantes pelos escravizados em todas as areas canavieiras paulistas. Embora setores liberais j4 da elite se marcava pelo medo de uma smética da violéncia (Petrone, 1978, p. 119-124). Os d © ta” exploravam mais de 15.000 pessoas escravizadas teria até a proibigfo do trafico, em 1850 (Melo, 2009, econdmica” viria com novas ofensivas sobre terras e adeiro assalto ao interior. Vitimas de aldeamentos, mo Caingangues e Guaranis serio obrigados a ceder limentos (Tidei de Lima, 1978, p. 2-3). Posseiros, igGes de resisténcia, seréo expulsos de suas terras, ¢ s (Melo, 2009, p. 10). A cultura canavieira estabelecia » provocava alta nos pregos de terras (Ramos, 1999, p. \ardente voltada ao mercado interno tinha grande 3, segundo Dé Carli (1943), eram 458 engenhos de aardente em So Paulo. No campo, era comum a slantagbes; no processamento, atraso téenico era a ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) VAR3KNGOMS_vYdrTeQyI8hsOybntW/1aTHOFZDeXnnFvuc_sh2MhIS2FWO mmr ‘08/01/2028 22:53 a regra; no mercado, 0 agicar paulista era produto de baixa qualidade ¢ menor valor (Ramos, 1999, p. 50, Petrone, 1968, p. 42, 105, Dé Carli, 1943, p. 10). Por décadas, os capitais acumulados com o negécio canavieiro financiaram o desenvolvimento e a interiorizagio do café, que a partir de 1850 tomaria o protagonismo ~ e os espagos ~ da manufatura acucareira no territério paulista. Ao se expandir no século XIX, a eafeicultura encontrava nas localidades do Quadrilétero um espaco estruturado, com produgdo agricola escravista instalada, e conexdo por novas vvias e portos a0 mercado mundial (Sampaio, 2015, p. 524, Melo, 2009, p. 60). 2. Agucar industrial (1875-1930) engenhos centrais e usinas no estado do café ‘Na segunda metade do século XIX, a indiistria acucareira brasileira encontrava-se tecnicamente defasada, inserida num contexto concorrencial desfavoravel e de queda persistente dos pregos, ao que se somavam aos processos de extingao da escravidao e da primazia do café na disputa por terras. O engenho escravista colapsava, ameagando levar consigo a ordem social e econdmica do velho agticar (Ramos, 1999, p. 53). Pressionado pelos senhores de engenho das diversas regides produtoras do Brasil, o governo imperial da inicio a um processo de modernizagao baseado na importagao dos equipamentos, capitais e métodos organizados por nagGes concorrentes no modelo dos engenhos centrais em suas colonias. Com uma “farta distribuigdo de recursos e favores” (Dunham, 2011, p. 48, Ramos, 1999, p. 58), 0 governo atraiu investidores locais € 0 capital europeu (especialmente francés e britanico), este para financiar a instalagao de engenhos centrais ¢ fornecer técnicas ¢ maquinérios, muitas vezes de segunda méo. Esse capital, além de controlar sistemas financeiros, comerciais e de transporte, ser grande beneficidrio da distribuigao de recursos e, sem fiscalizagio, promoveu especulacao, irregularidades e fraudes (Meira, 2007, p. 68, Melo, 2009, p. 199). Enquanto unidade fabril, o engenho central unia os melhoramentos ténicos promovidos no século XIX e os avangos da Revolucio Industrial em uma fabrica de novas proporgdes (Ramos, 1999, p. 55). As novas unidades produziam agticar de melhor qualidade, em escala muito superior aos antigos engenhos, com maior rentabilidade (Meira, 2007, p. 60)". Enquanto modelo produtivo, a implantagdo do engenho central era, além de uma intervencao tecnologica, uma intervengdo social (Andrade, 1994, p. 37). A separagio das atividades agricolas das industriais era regra para 0 acesso a coneessiies. 9 ane romneria a tradicional verticalizagio do setor © a condigio de enho possuiam sobre o proceso. Usual no modelo d® oduziria uma divisio de tarefas e permitiria a sna modernizagio de apenas uma das etapas. Donos tal para o empreendimento industrial deveriam se seraviddo e a necessidade institucional de engendrar zenhos centrais eram proibidos de utilizar a mao-de- iduistria, 0 que criaria polos de assalariamento (Melo, (@ de trabalho era insuficiente e atraida pelo café, investissem na vinda dos imigrantes europeus'® - trabalhavam em nova relagGo, o colonato”, que viria ra nas proximas décadas. acicaba no século XIX Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) en7 ‘08/01/2028 22:53 Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) Autor desconhecido, Fonte: Prefeitura Municipal de Pracicaba 25 Os engenhos centrais paulistas foram inaugurados entre 1877 e 1884 em localidades. onde havia persistido o cultivo da cana: Porto Feliz, Piracicaba (Figura 4) e Capivari, no antigo Quadrilitero, e Lorena, no Vale do Paraiba. Todos foram alavancados com investimentos de fazendeiros, o que contrariava a orientago do programa, e trés foram desenvolvidos © montados pela francesa Brissoneau Fréres, sendo o piracicabano 0 maior e mais eficiente. A excegdo era 0 engenho Capivary, equipado ¢ brevemente controlado por empresas britdnicas (Meira, 2007, p. 92-104). Uma comparagio entre essas unidades fabris encontra-se no Quadro 1, a seguir. Quadro 1 — Composigao técnic: financeira dos engenhos centrals paulistas roto Fe Lorena can ‘opts Conta nssuio Cust inal apronmad ‘rote aienr () or Aeosecn 16070 rece ‘Moagem de anal) sar 208 MOL - Maguire Bessoneurites sssonau rites wsooaurees"*T Omen de wueysodoswtonin_NENOS [Ge caa, Fendores (ale, fawndos ale favndns. Seed} ental cin) ana aptalotas cane), aptaltas * Retere-se 20 valor total sobre o qual 6 governo garantia 0s juros. Como observacdo, am adicional, Porto Felz recebeu de imediato 10.000$000 concedidos pela Assembleia Provinclal para desobsirueso do rio Tels; © engenho de Lorena recebia recursos regularmente do governo; em Piracicaba, os invesidores recorreram a emprésimmosindivicuais para conclir a obra; em Capivar, howe cessdo de terras para a produpao (Metra, 2007, p. 98-108) Ce site utilise des cookie vous donne le ceux que vous souhaitez activer hitpsiour vi, 1948. eira que herda o espaco requalificado pela dinamica ovos sistemas e novos capitais, situando-se proxima a algumas préprias. Como o investimento acontece em ‘cana desde o pequeno ciclo, o engenho central no spansio territorial, mas de intensificagdo do uso de stecnologias, estruturas e escalas de produgio. rodelo desde a instalagao, como pregos em baixa, tmatéria prima (em quantidade e qualidade), escassez xperiéncia e capitais para a operacio industrial. Os 1 crise na década de 1880, e foram comprados ries Brésiliennes”, companhia francesa que liderou a ‘meira Repéblica'® (Ramos, 2002, p. 89). triedades da operagdo's, os engenhos centrais de Séo Tecnicamente, eram avangados para os padrées € qualidade superior. A separagéo entre Iavoura Je fato implementada, jé que grandes proprietérios ‘openedition orglconfins/49878 7focla=IWAR3knGOMs_vYdrTeQyI8huOybntW/1aTCHOFZDeXnnFvuc_sh2MhIS2FWO on7 ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) eram os prineipais acionistas das fébricas. Fundamentos do acacar brasileiro, a verticalizagio € 0 latiffindio resistiram; 0 salto téenico, porém, foi realizado, estabelecendo o novo patamar produtivo do setor. 2 Pela perda de sua proposta essencial e pela ruina financeira que se abateu sobre a grande maioria dos empreendimentos, pode-se dizer que a proposta dos engenhos centrais tenha sido um completo fracasso. Mesmo que estabelecida e utilizada para denominar diversas unidades, a nomenclatura “engenho central” nunca correspondeu & realidade: este tratava-se de uma politica governamental baseada na separagao das atividades (lavoura e processamento), algo que nao se efetivou; mais correto, entio, seria referir-se aos engenhos centrais como usinas — estas que, combinando 0 novo € 0 velho (0 avango téenico e a persisténcia da integragdo), dao forma ao “modelo usineiro” que se consolida. Essa nova forma é caracterizada por Ramos: [12 usina era (e 6) um engenho grande, uma unidade que mantinha a caracteristica basica da produgéo acucareira dos tempos coloniais: a producao integrada, agricola e industrial, sob controle do mesmo proprietério. Tudo mudou para continuar exatamente igual, embora num outro patamar" (Ramos, 1998, p. 70). Figura 5. Usinas paulistas inauguradas entre 1875 e 1930 Fontes: Ramos (1999), Meira (2009), Siva (2020), Sie Paulo (20142), Elaboragio: Rodalfa A. M. Pelegrin 30 Notando, na Figura 5, que em vermelho esto os quatro engenhos centrais, a regio entra Porto Ralir # Piraricaha — dentro do antigo quadrilitero ~ concentra unidades 2s (em azul) e grande parte da produgéo. Os pontos d® intermediéria - mostram a répida migragio até o arapava. Novas unidades so vistas em abundancia ara ¢ Ribeirdo Preto e, exceto por Pirajui, todas as » do Rio Tieté. Note-se a coincidéncia entre a posigao is das ferrovias paulistas — ainda que nfo explicitado © Planalto Paulista também precede e coincide com a ‘resides produtoras. A observacao do mapa leva ao ido entre Porto Feliz, Tapiratiba, Igarapava e Pirajui, enhos centrais do perfodo, exceto pela unidade de tero” reine 30 fibricas espalhadas numa érea de srea de 20% do territério paulista usineiro do infcio do século XX € a Usina Santa ste, na Depressdo Periférica, A empresa é formada ais franceses e de uma familia latifundiéria, ja brica de alcool. A usina foi montada por técnicos hitps:/ournals.openediton orglconfins!49878 focld=lwARSknGQMs_v¥drTeQylBluOybntW1aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhIS2FWO, son7 osio112023 22:53, ‘Agroindisra canaviira e formacéo tertoial paulsia: do engenho escravisia usina de agicare decal (1530-1930) franceses, com equipamentos da mesma nacionalidade que chegavam pela ferrovia construfda pela empresa entre 1913 ¢ 1914 (Figura 6). Figura 6, Usina Santa Bérbara 1 Ca (1) Fabrica de Alcool Rehder, em 1900; (2) chegada de pegas para construso da usina; (8) construgie 60 barracéo principal (8) montagem da farica; (5) moradias dos trabalnadores; (6) 0 engenheiro francés Gilbert Lescuyer em canavial da usina; (7) plantio de cana-de-agucar, (8) vista geral da usina, Crédios: Gaensly, 1900 (1); autor desconnecido, 1913 (2, 3,4), Lascuyer, 1919 (5-7); Strazdin, 1940 (8), Fonte: Fundagéo Romi ~ CEDOC. 8 Aprodugao paulista de acticar foi de 36.363 sacas de 60 kg em 1895 para 398.590 em 1910, ¢ 1.278.742 sacas em 1930, fabrieadas em 23 usinas neste dltimo ano. Este grande crescimento foi possibilitado por uma série de fatores, a comegar pela economia do café, que desenvolveu 0 mercado interno, implementou sistemas de transporte & influenciou 0 funcionamento do estado. Quase todas as usinas do periodo foram fundadas por latifundidrios do café, interessados em diversificar a produgéo ou mudar de ramo, a quem se juntavam outros fazendeiros, capitais mercantis e estrangeiros?? (Ramos, 2002, p. 85). Os precos internos do agiicar, da aguardente e do élcool elevam- se substancialmente durante todo o periodo, sendo que o agticar tem desempenho superior aos outros produtos agricolas especialmente durante a Primeira Guerra ciava ainda de condigées naturais favordveis e de um d® Imarcos instteionas da repiblice,dedicava-se a0 - 0 estado desenvolvia uma estrutura de pesquisa ¢ | para o enfrentamento ao mosaico, doenga que asileiros entre 1922 ¢ 1925 (Dunham, 2011, p. 51), € anga tecnolégica pelas décadas a frente. Lider na ganha centralidade, recebendo érgios de pesquisa, € equipamentos, ¢ exemplificando a ascensio de omo colonas, acumularam capitais e entraram para 0 site util des cooki vous donne le contréle sui ceux que vous souhaitez ci s et cira, produgio paulista de aguardente e alcool foi té 1930 (Szmreesinyi; Veiga Filho, 1999, p. 77), € até apazes de fabricé-los (Ramos; Szmrecsinyi, 2002, p. uragio de unidade industrial composta por fabrica de de Aleool se afirmava como estratégia de recuperagao mo Estado que, além de prover recursos e favores, hitps:/ournals. openediton orgconfins!49878 focld=lwARSknGQMs_v¥drTeQylBluOybntW1aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhiS2FWO, wir ‘08/01/2028 22:53 8 8 Fa hitps:/ournals. openediton orglconfins!49878 focid=IwARSknGQMs_v¥drTeQyl6iuOybntW 1 aTCIHOFZDeXnaFvuc_sh2MhIS2FWO, promove os experimentos para uso do etanol como combustivel veicular®. Apesar da expressiva expansio, na chegada dos anos 1930 o estado de Sao Paulo ainda ocupava a quarta posiggo entre os produtores de agticar, se consideradas apenas as usinas (Ramos, 1999, p. 89). A hegemonia da produgao agucareira, porém, se deslocava para 0 Centro-Sul, em consonancia com o movimento do eixo econémico do Brasil. Observagées finais Em seus dois primeitos momentos, 0 Episédio Vicentino (1530-1600) e o Pequeno Ciclo do Agticar (1760-1860), o agiicar tem papel primordial no violento processo de formagdo € consolidagio do territério colonial, primeiro pelo litoral, depois pelo interior, respondendo a interesses econémicos ¢ geopoliticos portugueses. S40 tempos em que a instalagio dos empreendimentos mereantis canavieiros & sindnimo de latifiindio, de escravidao, de violéncia contra os povos indigenas e de dependéncia, Ainda que guardem diferencas, os dois ciclos, com fundamentos semelhantes, formam o periodo do agticar escravista em Sao Paulo (1530-1860). ‘Na Primeira Modemnizacdo (1875-1930), a cana-de-agticar avanga sobre o Planalto Paulista, incorporando novas terras, novas relagdes de trabalho e novas técnicas, e inaugurando o padrao usineiro do século XX. O impulso modernizador reforga a posigao dos grandes proprietérios e reafirma formas tradicionais do negécio, promovendo uma modernizagao conservadora — o usineiro que surge é, antes de tudo, um latifundiario, Agora, a cana é coadjuvante no movimento de expansdo territorial protagonizado pela economia cafeeira, que a ela entrega capitais, mercados € de engenharia. Por debilidades téenicas e financeiras da indkistria brasileira, 0 capital europeu em expansao financia, equipa e controla usinas e engenhos centrais. Em todas as etapas, a vocagdo latifundidria, a integracdo campo-indéstria, e a heterogeneidade produtiva permanecem como elementos estruturais do negécio canavieiro caipira. Seus movimentos territoriais se desenvolvem sob influéncia da conjuntura internacional, sob ago ostensiva do Estado, da Coroa Portuguesa Repiblica, € sob os determinantes da formagdo brasileira. Assim, nesta narrativa, elementos geopoliticos, econémicos, histéricos e geogréficos se combinam e se expressam no desenvolvimento da agroindiistria canavieira paulista, e em sua relago com 0 territério do atual estado de So Paulo. A colegéo desses tragos, de maneira esquemética, se organiza no Quadro 2, a seguir, com o qual se encerra este trabalho. istemas Quadro 2, Sintese da evolugao produtiva e espacial da agroindiistria canavieira paulista reenter site utilise des cook vous donne le contréle sui souhaitez s et ceux que vous ci lado (2007), S80 Paulo (20142, 2014b), Ross (2008), 1999), Comissdo Geagraphica e Geolégica (1910, 1923). ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) vonr ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) Bibliographie ANDRADE, M. C. de 0, Modernizagio e pobreza: a expansio da agroindstria canavieirae sew impacto ecologicoe social. Sio Paulo: Editora da Unesp, 1994. BNDES. Bioetanol de cana-de-ngiear: energia para o desenvolvimento sustentivel. Rio de Janeiro: Departamento de Divulgagéo do BNDES, 2008. BRANDAO, C. A. 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Ver Holanda (2014), e Bravil & Daniel (2008) 12 A principal delas, o Haiti, produzia em 1791.79 mil de agdear, enquanto a produgio brasileira totalizava cerea de 21 milt (Sampaio, 2015, p. 505). 13 Aparecem na figura localidades citadas em Petrone (1968, cap. 2) com registro de exportagio fem 1846 ou ao menos 10 engenhos agueareiros. O tragado das prineipais rotas é baseado em Schiavon, 2020. 14 Os principais concorrentes, de condigdes téenicas e competitivas superiores, eram Cuba e as coldnias francesas e inglesas no Caribe. O agiicar de beterraba, disponivel no inicio do séeulo XIX, era forte concorrente do agdcar da cana na Europa (Meira, 2007, p. 42-8). 15 © padrio téenico desta modernizagio teve inicialmente uma penetrago restrita no setor, ¢ no séeulo XX ainda operavam iniimeras engenhocas, bangués e “meias usinas”, cujos agtiear bruto © aguardente abasteciam o crescente mercado paulista (Dunham, 2011, p. 48, Ramos, 1999, p. 71, 79). O salto localizado de capital e tecnologia amplifieou diferengas téenicas entre unidades — a hheterogeneidade produtiva do setor. Comparados as fabricas das Antilhas, os chamados tengenhos eentrais brasileizos eram pequenos e poueo avangados. 16 A prefe indigenas, asiéticos e negros livres - neste caso, contava também o medo de uma revolta organizada (Meira, 2007, p. 63-4, 84). 17 Segundo Martins (1979, p. 19), 0 colonato se caracterizava pelo pagamento de um valor fixo pelo trato do cafezal, por outro pagamento relativo & produgio, e pela possibilidade de producio de alimentos para consumo proprio ¢ para comérvio, além da caracteristica familiar, ¢ ndo individual, do trabalho do colono. ia pelos imigrantes europeus se relacionava a0 preconceito dos fazendeiros contra 38 A empresa adquiriu os quatro engenhos centrais paulistas entre 1899 e 1901, além de dois em Campos, no Rio de Janeiro. Uma andlise detalhada e multidiseiplinar das operagées foi claborada por um engenheiro francés a eargo da companhia em 1909 (ver Picard, 1996). 19 Bim todo o pats, apenas 13 entre 87 unidades projetadas com as faclitagBes do programa funcionavam em 1891 (Ramos, 1999, p. 65-6). Melo (2009) cleneafatores dessefracasso; Ramos (1999) aponta para a resisténcia dos senhores de engenho, que, sob o risco de perderem a tradicional posigdo social, sabotavam e desvirtuavam a implementagio do programa. Precos bainos do agtcar, falta de experigncia e capital para @ operagio industrial, além dos mais favoraveis rendimentos do café em Sao Paulo, também contribuiam para a debilidade dos empreendimentos. 20 No periodo, a comercializagio (operada por nacionais ¢ estrangeiros) eo refine eoncentravam, 10s Iucros da eadeia, e comissérios de aciicar e de café passavam a figurar entre os proprietérios de jcultura, que vai coordenar politicas e promover pesquisas d® Apoonico de Campin © em Finca, 2 faa 'SP) e a Estagdo Experimental de Cana (Semreesdnyi; Veiga fam em 1922 com a Secretaria de Agricultura e a Escola 10 Instituto Nacional de Teenologia, no Rio de Janeiro. Em motor” ~ combustivel elaborado a partir do etanol ~ eram > do Nordeste (BNDES, 2008, p. 153, Dunham, 2011, p. 55, hitps:/ournals.openediton orgconfins!49878 focld=IwARSknGQMs_v¥drTeQylSiuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFwuc_sh2MhIS2FWO, ssi ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) Pitre Figura 1. Representagdes do engenho escravista (1) Franz Post (1640); (2) J. M. Rugendas, (1895); (3) S. de Vries (1882) nt 4 jpg gende Fichier imageijpeg, 464k ste Figura 2. Localidad «reldes produtoras de apdear om So Paulo Titre (1530-1860) Fontes: Petrone (1968), Schiavon (2020), Melo (2008), IAA (1972), S30 Paulo (2014a). Elaborado: Rodolfo A. M. Pelegrin, URL, _ "tPiljoumals.openedition org/confins/docannexe/image/49676\img- * 2png Fichier image/png, 939k Titre Figura 3. Moagem de cana na Fazenda Cachoeira, Campinas, 1830 Benedito Calixto de Jesus. Acervo do Museu Paulista da Universidade de Sao Paulo, Légende Crédits Fonte: Wikimedia Commons. Fichier image/jpeg, 368k Titre — Figura 4. O Engenho Central de Piracicaba no século XIX Fichier image/png, 2,4M. ‘Quadro 1 — Composigdo técnica e financeira dos engenhos centrais Titre paulistas * Refere-se ao valor total sobre o qual o governo garantia os juros. Como observacao, em acicional, Porto Feliz recebeu de imediato 10.000$000 concedidos pela Assembleia Provincial para desobstrug0 Légende do rio Tieté; 0 engenho de Lorena recebia recursos regularmente do governo; em Piracicaba, 0s investidores recorreram a empréstimos. individuais para concur a obra; em Capivari, houve cessao de terras para a producao (Meira, 2007, p. 98-106). Crédits Fontes: Meira, 2007, Ramos, 1999, Dé Cart, 1943, URL, _ htioumals.openedition.org/confinsidocannexe/mage/49878img- S.png Fichier image/png, 52k ‘Titre Figura 5. Usinas paulistas inauguradas entre 1875 e 1930 3s (1999), Meira (2009), Silva (2020), S80 Paulo (2014a), d®@ Rodolfo A. M. Pelegrin ‘openedition.orgiconfins/docannexelimage/49878/img- 2M va Santa Barbara » Alcool Rehder, em 1900; (2) chegada de pegas para 2 usina; (8) construgdo do barracao principal: (4) \fabrica; (5) moradias dos trabalhadores; (6) 0 engenheiro ‘A Lescuyer em canavial da usina; (7) plantio de cana-de- sta geral da usina, Créditos: Gaensly, 1900 (1); autor 2.1913 (2, 3, 4), Lescuyer, 1910 (5-7); Strazdin, 1940 (8) so Romi - CEDOC. ‘openedition.orgiconfins/docannexelimage/49878/img- 69 hitps:/ournals. openediton orgconfins!49878 focld=lwARSknGQMs_v¥drTeQylSiuOybntW1aTCIHOFZDeXnaFwuc_sh2MhIS2FWO, s6n7 ‘08/01/2028 22:53 ‘Agroindistria canavisia eformagao terval paulisla: do engenho escravista& usina de agicare lool (1530-1930) Quadro 2. Sintese da evolugao prodlutiva e espacial da agroindistria canavieira paulista Fontes: Moraes (2000), Petrone (1978), Furtado (2007), Sao Paulo Crédits (2014a, 2014b), Ross (2009), Szmrecsanyi; Veiga Filho (1999), Ramos Titre (1999), Comissao Geographica e Geolégica (1910, 1923) ‘URL. __http:/joumals.openedition.orgiconfins/docannexe/image/49878/img- URE song Fichier image/png, 95% Pour citer cet article Référence électronique Rodolfo A. M. Pelegrin, « Agroindiistria canavieira e formagao territorial paulista: do engenho escravista a usina de agdcar e alcool (1530-1930) », Confins [En ligne], $7 | 2022, mis en ligne le 28 décembre 2022, consulté le 09 janvier 2023. URL http:ournals.openedition.orglconfins/49878 ; DOI :https:/idoi.org/10.4000/confins.49878 Auteur Rodolfo A. M. Pelegrin Doutorando em Desenvolvimento Econémico (IE-Unicamp), rodotfo.pelegrin@gmail.com, ‘ORCID 0000-0002-6419-3791 Droits d'auteur Creative Commons - Attribution - Pas d'Utllsation Commerciale - Partage dans les Mémes Conditions 4.0 Intemational - CC BY-NC-SA4.0 hitps:licreativecommons.orgllicenses/by-ne-sa/4.0/ hitps:iournals. openediton.orgiconfins/49878 fick VAR3KNGOMS_vYdrTeQyI8h.OybntW/1aTCHOFZDeXnnFvuc_sh2MhIS2FWO win

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