Você está na página 1de 127

SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

ELETROTÉCNICA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO

ELETROTÉCNICA
© 2015. SENAI – Departamento Nacional

© 2015. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA

S491e

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Eletrotécnica / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

127 p. il. (Série Refrigeração e Climatização).

ISBN 978-85-7519-920-6
1. Eletrotécnica 2. Refrigeração I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série

CDU: 21.316

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações

Figura 1 -  Estrutura de um átomo de referência....................................................................................................16


Figura 2 -  Atração e repulsão entre as cargas.........................................................................................................17
Figura 3 -  Vista em camadas de um átomo..............................................................................................................17
Figura 4 -  Elétron livre.....................................................................................................................................................18
Figura 5 -  (a) Campo elétrico de carga negativa (b) campo elétrico de carga positiva...........................19
Figura 6 -  Diferença de potencial................................................................................................................................21
Figura 7 -  Movimento ordenado de elétrons..........................................................................................................22
Figura 8 -  Simbologia da resistência elétrica..........................................................................................................24
Figura 9 -  Círculo da Lei de Ohm..................................................................................................................................28
Figura 10 -  Circuito elétrico...........................................................................................................................................36
Figura 11 -  Circuito iluminação fechado...................................................................................................................36
Figura 12 -  Simbologia fonte de tensão constante...............................................................................................38
Figura 13 -  Tensão constante........................................................................................................................................38
Figura 14 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte constante...................................................39
Figura 15 -  Simbologia fonte de tensão variável...................................................................................................39
Figura 16 -  Tensão variável.............................................................................................................................................40
Figura 17 -  Simbologia fonte de tensão variável...................................................................................................41
Figura 18 -  Fonte de tensão alternada.......................................................................................................................41
Figura 19 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................42
Figura 20 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................42
Figura 21 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................43
Figura 22 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................43
Figura 23 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................44
Figura 24 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................44
Figura 25 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada....................................................45
Figura 26 -  Condutor com superfície de material isolante.................................................................................47
Figura 27 -  (a) Simbologia resistor fixo (b) simbologia resistor fixo (c) simbologia
resistor variável...........................................................................................................................................51
Figura 28 -  Resistor com seus respectivos anéis de cores..................................................................................51
Figura 29 -  Anéis de cores de um resistor................................................................................................................52
Figura 30 -  (a) Resistor fixo (b) resistor fixo SMD....................................................................................................54
Figura 31 -  Resistor variável...........................................................................................................................................54
Figura 32 -  Associação série de resistores................................................................................................................55
Figura 33 -  Associação paralela de resistores..........................................................................................................56
Figura 34 -  Associação mista de resistores...............................................................................................................58
Figura 35 -  Divisor de tensão........................................................................................................................................58
Figura 36 -  Divisor de corrente.....................................................................................................................................59
Figura 37 -  Disjuntor........................................................................................................................................................61
Figura 38 -  (a) Capacitor fixo (b) capacitor polarizado (c) capacitor variável...............................................62
Figura 39 -  Estrutura do capacitor...............................................................................................................................63
Figura 40 -  Tempo de carga do capacitor.................................................................................................................64
Figura 41 -  Tempo de descarga do capacitor..........................................................................................................65
Figura 42 -  (a) Capacitor poliéster (b) capacitor eletrolítico.............................................................................65
Figura 43 -  Capacitor variável.......................................................................................................................................66
Figura 44 -  Associação série de capacitores............................................................................................................66
Figura 45 -  Associação paralela de capacitores......................................................................................................67
Figura 46 -  Associação mista de capacitores...........................................................................................................67
Figura 47 -  (a) Defasagem angular em relação à origem (b) defasagem angular entre dois sinais....69
Figura 48 -  Defasagem angular entre corrente e tensão no capacitor..........................................................69
Figura 49 -  Indutor............................................................................................................................................................70
Figura 50 -  (a) Indutor (b) indutor com núcleo ferromagnético......................................................................71
Figura 51 -  Indutor............................................................................................................................................................72
Figura 52 -  Associação série de indutores................................................................................................................72
Figura 53 -  Associação paralela de indutores.........................................................................................................73
Figura 54 -  Associação paralela de indutores.........................................................................................................74
Figura 55 -  Defasagem angular entre corrente e tensão no indutor..............................................................75
Figura 56 -  Corrente e tensão em fase na carga resistiva...................................................................................76
Figura 57 -  Corrente adiantada em relação à tensão na carga capacitiva....................................................76
Figura 58 -  Corrente adiantada em relação à tensão na carga capacitiva....................................................77
Figura 59 -  Triângulo de potências.............................................................................................................................79
Figura 60 -  Triângulo de potências.............................................................................................................................80
Figura 61 -  Linhas de campo magnético..................................................................................................................84
Figura 62 -  Direção das linhas de campo magnético...........................................................................................85
Figura 63 -  Força magnética..........................................................................................................................................85
Figura 64 -  Vista superior do condutor .....................................................................................................................86
Figura 65 -  (a) Linhas de campo no sentido anti-horário (b) linhas de campo no sentido
horário............................................................................................................................................................86
Figura 66 -  Linhas de campo em uma bobina........................................................................................................87
Figura 67 -  Transformador..............................................................................................................................................89
Figura 68 -  Operação do transformador...................................................................................................................90
Figura 69 -  Motor elétrico...............................................................................................................................................91
Figura 70 -  Carcaça motor elétrico..............................................................................................................................92
Figura 71 -  Exemplo de estator de motor elétrico................................................................................................92
Figura 72 -  Exemplo de rotor de motor elétrico ...................................................................................................92
Figura 73 -  Detalhe de dispositivo de fechamento de bobina.........................................................................93
Figura 74 -  Instrumento de medida analógico.......................................................................................................98
Figura 75 -  Instrumento de medida digital..............................................................................................................98
Figura 76 -  Medindo corrente.......................................................................................................................................99
Figura 77 -  Medindo tensão....................................................................................................................................... 100
Figura 78 -  Mediando resistência............................................................................................................................. 101
Figura 79 -  Multímetro digital.................................................................................................................................... 101
Figura 80 -  Medindo resistência................................................................................................................................ 103
Figura 81 -  Rede Elétrica.............................................................................................................................................. 108
Figura 82 -  Rede Trifásica............................................................................................................................................. 109
Figura 83 -  Defasagem sistema trifásico................................................................................................................ 110
Figura 84 -  (a) Sistema estrela (b) sistema triângulo......................................................................................... 110
Figura 85 -  Sistema estrela.......................................................................................................................................... 111
Figura 86 -  Sistema triângulo..................................................................................................................................... 112
Figura 87 -  Bobinas do motor trifásico de 6 pontas.......................................................................................... 113
Figura 88 -  Motor trifásico em ligação estrela..................................................................................................... 113
Figura 89 -  Motor trifásico em ligação triãngulo................................................................................................ 114
Figura 90 -  Bobinas do motor trifásico com 12 pontas.................................................................................... 114
Figura 91 -  Ligação em dupla estrela...................................................................................................................... 115
Figura 92 -  Ligação em duplo triângulo................................................................................................................ 115
Figura 93 -  Rede monofásica..................................................................................................................................... 116

Quadro 1 - Múltiplos e submúltiplos...........................................................................................................................31


Quadro 2 - Cores dos resistores.....................................................................................................................................52
Quadro 3 - Cores de tolerâncias dos resistores........................................................................................................53

Tabela 1 - Fios AWG com conversão para medidas métricass............................................................................49


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Grandezas Elétricas........................................................................................................................................................15
2.1 Estrutura atômica ........................................................................................................................................16
2.2 Tensão elétrica..............................................................................................................................................19
2.3 Corrente elétrica...........................................................................................................................................22
2.4 Resistência elétrica......................................................................................................................................23
2.5 Potência elétrica...........................................................................................................................................25
2.6 Lei de Ohm.....................................................................................................................................................26
2.7 Múltiplos e submúltiplos..........................................................................................................................29

3 Circuitos elétricos...........................................................................................................................................................35
3.1 Elementos básicos formadores de um circuito elétrico.................................................................36
3.1.1 Fonte de alimentação...............................................................................................................37
3.1.2 Fonte de tensão constante ....................................................................................................37
3.1.3 Fonte de tensão variável ........................................................................................................39
3.1.4 Fonte de tensão alternada......................................................................................................40
3.2 Condutores e isolantes..............................................................................................................................47
3.3 Resistores........................................................................................................................................................50
3.3.1 Funcionamento..........................................................................................................................51
3.4 Capacitores.....................................................................................................................................................61
3.4.1 Funcionamento..........................................................................................................................62
3.5 Indutores.........................................................................................................................................................70
3.5.1 Funcionamento..........................................................................................................................71
3.6 Fator de potência.........................................................................................................................................75
3.7 Potência em corrente alternada ............................................................................................................79

4 Principios do eletromagnetismo...............................................................................................................................83
4.1 Magnetismo...................................................................................................................................................84
4.2 Aplicações do eletromagnetismo..........................................................................................................88
4.2.1 Transformador............................................................................................................................88
4.2.2 Motor elétrico..............................................................................................................................91
4.2.3 Relé..................................................................................................................................................93

5 Instrumentos de medida..............................................................................................................................................97
5.1 Tipos de Instrumentos de medida.........................................................................................................98
5.1.1 Amperímetro...............................................................................................................................99
5.1.2 Voltímetro.................................................................................................................................. 100
5.1.3 Ohmímetro................................................................................................................................ 101
5.1.4 Multímetro................................................................................................................................ 101
5.1.5 Capacímetro............................................................................................................................. 102
5.1.6 Fasímetro................................................................................................................................... 103
5.1.7 Insulation tester....................................................................................................................... 103

6 Rede Elétrica.................................................................................................................................................................. 107


6.1 Tipos de redes elétricas........................................................................................................................... 108
6.1.1 Rede trifásica ........................................................................................................................... 109
6.1.2 Rede monofásica..................................................................................................................... 116
6.2 O trabalho e o relacionamento interpessoal................................................................................. 117
6.3 Hierarquia nas relações de trabalho ................................................................................................. 118

Referências......................................................................................................................................................................... 121

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 123

Índice................................................................................................................................................................................... 125
Introdução

Seja bem-vindo à Unidade Curricular intitulada Eletrotécnica. Nesta unidade, você estudará
os fenômenos que cercam a eletricidade, as características das principais grandezas elétricas, o
funcionamento de alguns componentes eletrônicos, bem como os princípios dos transforma-
dores e motores elétricos, que são amplamente utilizados na indústria.
No capítulo 2, o foco são as grandezas elétricas que envolvem a eletricidade, como tensão,
corrente, resistência e potência elétrica. Já o capítulo 3 apresenta os elementos básicos que
compõem um circuito elétrico, como a fonte de alimentação, resistores, capacitores e induto-
res. Para compreender os princípios que sustentam o funcionamento dos transformadores e
motores elétricos, o capítulo 4 ressalta os conceitos que envolvem o eletromagnetismo.
Tanto a verificação quanto a aferição das grandezas elétricas envolvidas em um circuito
elétrico são essenciais para o trabalho do profissional da área de eletrotécnica. Por isso, no
capítulo 5 você estudará as aplicações e uso dos equipamentos de medidas elétricas. Já no
capítulo 6, você conhecerá as características de uma rede elétrica assim como a diferenciação
entre rede monofásica e trifásica.
Todos os conceitos apresentados nesta unidade curricular são de fundamental importância
para você, que está sendo inserido na área de eletroeletrônica. Esses conceitos auxiliarão na
identificação e caracterização do funcionamento dos sistemas de comandos elétricos, circuitos
eletrônicos de maneira que você possa atuar de forma preventiva, diagnosticando possíveis
falhas em sistemas de refrigeração e climatização.
A busca pelo saber é indispensável para o ser humano. Nunca deixe de alimentar sua von-
tade de aprender, seu crescimento pessoal e profissional, em essência, depende do conheci-
mento.
Bons estudos!
Grandezas Elétricas

A eletricidade é uma ciência que desperta grande interesse da humanidade, visto que mui-
tos de seus efeitos favorecem a sobrevivência das pessoas, possibilitando maior conforto de
vida e também segurança diária. Muitos de seus princípios foram estudados durante décadas
por diferentes cientistas, que estavam em busca de respostas que satisfizessem suas curiosida-
des. Graças aos avanços obtidos, foi possível encontrar muitas respostas para certos fenôme-
nos que, por muito tempo, ficaram obscuras.
Enquanto ciência, a eletricidade tem o objetivo de estudar o comportamento das cargas
elétricas compreendendo, assim, os fenômenos físicos inerentes a esses microscópicos corpos.
Mediante esses estudos, pôde-se observar uma grande evolução da eletrônica com a ela-
boração de dispositivos eletrônicos que agregam muita tecnologia. Os avanços tecnológicos
dos dispositivos eletrônicos que se inserem no nosso contexto a cada dia, proporcionam às
pessoas cada vez mais conforto e comodidade para a realização de tarefas diárias.
A eletrônica está presente em diversos campos de aplicação, um exemplo seriam os siste-
mas de telecomunicação como a televisão, eletrodomésticos, na medicina, entre outras. Con-
tudo, para compreender o funcionamento desses dispositivos eletrônicos, faz-se necessário,
primeiramente, ter conhecimento sobre os conceitos que envolvem a eletricidade, que são
suas grandezas elétricas.
Neste capítulo, você estudará os princípios sobre a eletricidade, como tensão, corrente,
resistência e potência elétrica. Esses e outros conceitos são de fundamental importância para
um sólido aprendizado desta unidade curricular.
Ao finalizar seus estudos, você estará apto a:
a) identificar as principais grandezas elétricas;
b) diferenciar as grandezas em um sistema elétrico;
c) determinar a relação entre as grandezas elétricas;
d) utilizar representações em múltiplos e submúltiplos para grandezas elétricas.
Siga em frente com motivação e entusiasmo para construir novos conhecimentos.
ELETROTÉCNICA
16

2.1 ESTRUTURA ATÔMICA

A eletricidade é o estudo do comportamento das cargas elétricas; desse modo, para que seja possível
compreendê-la, é imprescindível entender como está disposta sua estrutura atômica, que sustenta a ori-
gem da eletricidade.
De acordo com Wolski (2012), os corpos são, basicamente, formados por átomos, matéria muito peque-
na, que é constituída de outras partículas: os elétrons, prótons e nêutrons.

Elétron
Próton

Matheus Felipe Goeder (2015)


Nêutron

Figura 1 -  Estrutura de um átomo de referência


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

O átomo é composto de seu núcleo, onde estão os prótons e nêutrons, e pela eletrosfera, por onde se
distribuem os elétrons. O núcleo mantém seus prótons e nêutrons fixos. Entretanto, os elétrons giram em
torno dele em grande velocidade.
A carga elétrica do próton e do elétron tem módulo igual a:
q = 1,6 x 10-19 C [Coulomb]
Mas, seus sinais são opostos assim:
a) Elétron: carga elétrica negativa = - 1,6 x 10-19 C;
b) Próton: carga elétrica positiva = 1,6 x 10-19 C.
Já o nêutron é uma partícula que possui carga elétrica nula.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
17

Quando uma carga elétrica é colocada na presença de outra, uma força entre elas surge, podendo ser
de atração ou repulsão:
a) cargas de mesmo sinal se repelem;
b) cargas de sinais opostos se atraem.

Repulsão
Repulsão

Matheus Felipe Goeder (2015)


Atração
Figura 2 -  Atração e repulsão entre as cargas
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Nas palavras de Malvino (1997), esse efeito de atração entre próton e elétron é o que mantém o elétron
na região da eletrosfera.
Em geral, um átomo possui carga elétrica igual a zero, tornando-o uma partícula neutra, pois o número
de prótons é igual ao número de elétrons. Todavia, em função da quantidade de prótons ser igual ao de
elétrons, um átomo pode ganhar ou perder elétrons ou prótons.
Matheus Felipe Goeder (2015)

Camada de Valência
Figura 3 -  Vista em camadas de um átomo
Fonte: adaptado de Malvino (1997)
ELETROTÉCNICA
18

Na figura “Vista em camadas de um átomo”, há uma distribuição dos elétrons em camadas em torno da
parte central. Os elétrons que estão mais próximos ao núcleo possuem uma energia menor que aqueles
mais distantes. À medida que se afasta do núcleo, a atração entre elétron e núcleo vai diminuindo, e os
elétrons vão apresentando níveis maiores de energia.
A camada mais externa de um átomo é chamada de camada de valência, ou ainda, órbita de valência, e
os elétrons que se encontram nesta camada são conhecidos como elétrons de valência. Segundo Malvino
(1997), o elétron que se situa na camada de valência, por estar mais distante do núcleo, tem uma menor
força de atração da parte central do átomo atuando sobre ele. Nesta condição, quando este elétron ganha
uma energia adicional externa, que pode ser proveniente do aquecimento produzido pela temperatura
ambiente, ele pode pular desta camada de valência e tornar-se um elétron livre, podendo viajar pelo ma-
terial ao qual o átomo pertence. No entanto, este elétron não pode vagar pelo material sem pertencer a
algum átomo; dessa forma, ele logo ocupa um lugar em outro átomo vizinho.

Elétron
Matheus Felipe Goeder (2015)

Livre

Figura 4 -  Elétron livre


Fonte: adaptado de Malvino (1997)

O átomo, ao perder um elétron, torna-se eletricamente positivo, devido à quantidade de prótons


ser maior que a quantidade de elétrons; por isso, caracteriza-se como um íon positivo. Já o átomo em
equilíbrio, ao ganhar um elétron, torna-se eletricamente negativo, em função de possuir mais elétrons que
prótons, e é denominado, então, de íon negativo.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
19

2.2 TENSÃO ELÉTRICA

Tensão elétrica ou diferencial de potencial (ddp) – define-se como a força responsável pelo surgi-
mento da corrente elétrica. Desta forma, a tensão elétrica é a responsável por movimentar as cargas elétri-
cas em um condutor. Os dispositivos elétricos ligados em uma rede elétrica necessitam ser submetidos a
um nível de tensão para operar. Um exemplo clássico, são os motores elétricos, os quais requerem que um
determinado nível de tensão seja aplicado a eles, de modo que uma corrente elétrica circule pelo disposi-
tivo possibilitando se funcionamento.
As cargas elétricas apresentam uma característica de grande importância para a eletricidade, o campo
elétrico. Cargas elétricas criam, no espaço a sua volta, uma grandeza física que se denomina de campo
elétrico.
De acordo com Halliday (2009), pode-se definir o campo elétrico como sendo a região do espaço em
torno da carga elétrica, onde posto outra carga, ambas irão experimentar uma força atuante entre elas, que
pode ser de atração ou repulsão, conforme você já viu.

E E

- + Matheus Felipe Goeder (2015)

(a) (b)
Figura 5 -  (a) Campo elétrico de carga negativa (b) Campo elétrico de carga positiva
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Como o campo elétrico é uma grandeza vetorial, o mesmo possui módulo de direção e sentido. Na
figura anterior (a), você visualiza o campo elétrico de uma carga negativa. Nela, o vetor campo elétrico
converge para a carga elétrica. Na figura (b), o campo elétrico diverge da carga.
A unidade a tensão é o volt (V) e representado pela letra V ou U. Já a unidade do campo elétrico é volt/
metro (V/m) e representado pela letra E.

SAIBA Para saber mais a respeito da tensão elétrica, consulte o capítulo 27 do livro
MAIS Fundamentos de física, volume 3, de David Halliday.
ELETROTÉCNICA
20

Quando se deseja conhecer a intensidade do campo elétrico de uma carga, a equação que segue pode
ser utilizada nesta determinação.

Onde:
E: Intensidade do campo elétrico [volt/metro];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância da carga ao ponto de medida [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
Com a equação anterior, pode-se determinar a intensidade do campo elétrico em qualquer ponto em
torno de uma carga elétrica pontual. Note que, à medida que a carga se distancia, o campo elétrico cai.

Quando o campo elétrico criado por uma carga elétrica está sob análise, é
FIQUE indispensável conhecer o meio em que a carga se encontra, pois ele influencia
ALERTA na intensidade desta grandeza. Para o vácuo, o valor da constante do meio vale
k=9x109 Nm²/C².

O campo elétrico tem papel importante sobre a força atuante entre duas cargas elétricas, sendo que
cargas de mesmo sinal se repelem e de sinais opostos se atraem. Conforme Halliday (2009), esta força atu-
ante sobre as cargas, independente se for atração ou repulsão, pode ser medida por intermédio da Lei de
Coulomb, expressa pela seguinte equação.

Onde:
F: Força atuante entre as cargas [Newton];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância entre as cargas [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
Note que, pela equação apresentada anteriormente, a força entre duas cargas quaisquer depende, em
essência, do meio no qual as partículas estão inseridas, do valor das cargas, e da distância entre elas.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
21

Desse modo, o campo elétrico criado por uma carga elétrica pontual, quando analisado adequadamen-
te, pode apresentar um conceito inerente à eletricidade, a força eletromotriz.

D.D.P
-
V1 V2

Paco Giordani Mora (2015)


Figura 6 -  Diferença de potencial
Fonte: adaptado de Halliday (2009)

Na figura “Diferença de potencial”, entre os pontos destacados, V1 e V2, há uma diferença de campo elé-
trico, possibilitando o movimento de uma carga elétrica se for colocada entre esses extremos. Assim, uma
força de natureza elétrica atuará sobre a partícula movimentando-a. Com base nesse princípio, pode-se
dizer que a região destacada apresenta uma força eletromotriz (fem) que pode movimentar cargas elétri-
cas, quando são submetidas a esta condição. Ao contrário do campo elétrico, no qual existe uma grandeza
vetorial, o potencial elétrico é uma grandeza do tipo escalar, pois possui apenas módulo, e seu valor pode
ser determinado por meio da equação:

Onde:
V: Potencial elétrico [volt];
q: Valor da carga elétrica [Coulomb];
r: Distância da carga ao ponto de medida [metro];
k: Constante do meio [Nm²/C²].
Como cada ponto na figura denominada “Diferença de potencial” representa valores de potencial em
pontos distintos do espaço, em relação à carga em questão, em uma análise mais detalhada, pode-se notar
que entre V1 e V2, há uma diferença de potencial (D.D.P).
ELETROTÉCNICA
22

Este termo, diferença de potencial, ou força eletromotriz, ou ainda tensão elétrica, como também é
chamada, representa uma força que tem a capacidade de movimentar cargas entre regiões do espaço de
um campo elétrico, devido a essa diferença de intensidade do campo. A unidade de medida da tensão
elétrica é o volt (V), representado pela letra V.
Para sustentar um movimento de elétrons, é necessário que se consiga manter, ao longo do condutor,
este movimento permanente. Para tal, pode-se produzir uma força eletromotriz mediante o uso de campo
magnético, efeito físico que você estudará mais adiante. Esse processo de geração de energia elétrica para
o movimento permanente dos elétrons pode ser obtido por meio dos geradores de energia elétrica.
Assim, em resumo, pode-se dizer que a tensão elétrica, ou diferença de potencial, ou ainda a força
eletromotriz, é a força responsável pela qual surge a corrente elétrica.

2.3 CORRENTE ELÉTRICA

Ao tornar-se livre, um elétron viaja pelo material em busca de outro átomo para ocupar um espaço na
camada de valência. Esse processo ocorre constantemente dentro do material. O movimento dos elétrons
aqui é aleatório; portanto, eles apresentam um movimento desordenado.
Conforme Wolski (2012), quando uma diferença de potencial é aplicada a um condutor, fornecendo
um movimento orientado a uma grande quantidade de elétrons, esse comportamento é denominado de
corrente elétrica.
Paco Giordani Mora (2015)

Corrente Elétrica
Movimento ordenado
de elétrons
Figura 7 -  Movimento ordenado de elétrons
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Pode-se, então, conceituar a corrente elétrica como sendo o fluxo ordenado dos elétrons em uma
direção. A unidade da corrente elétrica é o ampère (A), representada pela letra I.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
23

CASOS E RELATOS

Choque Elétrico
Durante uma aula de física, o jovem Fernando, de 14 anos, muito interessado na busca pelo
conhecimento, ao presenciar uma cena que seu amigo havia passado, ficou intrigado com o
fenômeno e foi em busca de respostas. Ao tocar sem querer em um condutor elétrico ligado a uma
máquina em funcionamento, seu amigo, Jonas, sentiu uma sensação desagradável.
Fernando, muito interessado nos conceitos físicos, questionou seu professor sobre o que havia
acontecido. O professor explicou rapidamente que aquela condição que Jonas havia passado era
um choque elétrico. Fernando, não satisfeito com a breve explicação do professor, foi em busca de
uma resposta mais completa com seu pai, o Sr. Francisco, que era formado em Engenharia Elétrica.
O pai de Fernando explicou que a sensação sentida no momento do choque elétrico é um fluxo de
elétrons atravessando seu corpo, ou seja, ele foi submetido a um movimento ordenado de cargas
elétricas. Satisfeito com o esclarecimento do pai, Fernando agradeceu e foi explicar ao amigo Jonas
o motivo do que ele havia sentido.
Após o ocorrido, Fernando e Jonas aprenderam que deveriam ter mais cuidado ao manusear con-
dutores elétricos de máquinas ligadas à rede elétrica.

2.4 RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Quando uma força eletromotriz é aplicada sobre um condutor, um fluxo de elétrons é observado por
meio do material. Porém, é possível controlar o fluxo dessas cargas pelo material? Alguns materiais têm a
capacidade de se opor à passagem da corrente elétrica submetida a eles; a essa característica dá-se o nome
de resistência elétrica. O fenômeno da resistência elétrica acontece porque ao movimentar-se dentro
do condutor, os elétrons acabam entrando em choque com a estrutura atômica do mesmo, dificultando,
assim, sua locomoção.
ELETROTÉCNICA
24

A unidade da resistência elétrica é o Ohm (Ω), representado pela letra R. A resistência elétrica pode ser
representada pela simbologia a seguir.

Julio Cesar Borchers (2015)


Figura 8 -  Simbologia da resistência elétrica
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

A intensidade da resistência elétrica depende do material que compõe o condutor. Assim, pode-se de-
terminar o valor desta grandeza, por meio da seguinte equação:

Onde:
R: Resistência elétrica do condutor - Ohm (Ω);
L: Comprimento do condutor - metro (m);
A: Área da secção transversal do condutor - metro quadrado (m2);
ρ: Resistividade do condutor – Ohm.metro (Ω.m);
Assim, pode-se notar que:
a) a resistência elétrica é dependente do tipo de material que compõe o condutor, ou seja, da resistivi-
dade;
b) quanto maior for o comprimento do condutor, maior será a resistência;
c) a resistência elétrica do material é inversamente proporcional à secção transversal do mesmo; sendo
assim, quanto maior for sua área, menor será sua resistência.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
25

2.5 POTÊNCIA ELÉTRICA

Quando uma carga elétrica é movimentada em um campo elétrico, observa-se que é realizado um tra-
balho durante o movimento, visto que, quando uma força desloca uma massa, este efeito é denominado
de trabalho, e, nesta condição, a força é a tensão elétrica, e a massa o elétron. Assim, é necessário um gasto
de energia para efetuar este deslocamento da partícula, e o efeito da força eletromotriz (tensão elétrica)
aplicada sobre a carga (corrente elétrica) é definido como potência elétrica, sendo então a energia gasta
para deslocar uma partícula entre dois pontos diferentes de um campo elétrico.
A unidade de medida da potência é dada em watt (W), e representada pela letra P.
A grandeza de potência elétrica pode ser definida mediante a equação que segue:

Onde:
P: Potência elétrica - watt (W);
V: Tensão elétrica - volt (V);
I: Corrente elétrica - ampère (A)
Ainda pode-se definir a potência devido a outras duas equações:

As duas equações anteriores relacionam a potência em função da resistência envolvida. Veja o exemplo.
Para determinar a potência sobre uma determinada resistência, sabendo que a tensão sobre ela equiva-
le a 35V, e a corrente que atravessa a mesma é igual a 0,4A, siga a equação.
Solução:

Nas palavras de Wolski (2012), quando elétrons atravessam uma resistência, eles se chocam com a estru-
tura atômica do material, liberando energia térmica produzida por essas colisões, o que pode ser notado
pelo aquecimento do material. Nesse processo, há uma conversão de energia elétrica em energia térmica
cujo fenômeno é conhecido como efeito joule, ou seja, calor.
ELETROTÉCNICA
26

Muitas aplicações fazem uso do efeito joule, como aquecedores, que tem como objetivo principal utili-
zar uma resistência elétrica com o intuito de gerar calor para aquecimento do local desejado. Outro exem-
plo clássico são os chuveiros elétricos. Eles utilizam uma resistência elétrica para aproveitar o calor gerado
por ela, devido ao efeito joule, para o aquecimento da água.
O consumo de energia que um dispositivo eletroeletrônico apresenta, e quanto ele gera de custo finan-
ceiro efetivo todo o mês em sua conta de energia, pode ser determinado. A potência elétrica consumida
por um período de tempo é a medida do consumo de energia elétrica, e sua unidade de medida é dada em
watt-segundo, ou joule. Desse modo, a energia gasta é definida mediante a potência elétrica consumida
durante o período de tempo do consumo, sendo determinada por:

Onde:
E: Energia gasta - joule (J);
P: Potência elétrica - watt (W);
∆t: Intervalo de tempo do consumo da potência - segundo (s).

2.6 LEI DE OHM

A corrente elétrica, que atravessa um condutor, depende da tensão elétrica aplicada sobre ele. Ao au-
mentar a tensão sobre o condutor, uma quantidade maior de elétrons irá se movimentar por meio dele, ou
ainda, se a tensão for reduzida, a quantidade de elétrons também será diminuída. Porém, como a resistên-
cia se opõe à passagem da corrente elétrica, à medida que ela é aumentada, o fluxo de corrente também
diminuirá. Com base nesse comportamento, é possível relacionar corrente, tensão e resistência elétrica?
O cientista George Simon Ohm realizou alguns experimentos com corrente, e descobriu uma relação
desta com a tensão e a resistência, estabelecendo então a denominada Lei de Ohm (WOLSKI, 2012). A lei
de Ohm determina que: a intensidade da corrente elétrica atravessando uma resistência é diretamente
proporcional à intensidade da força eletromotriz aplicada sobre esta resistência, e inversamente propor-
cional a esta resistência.
A equação referente à lei de Ohm é apresentada na sequência.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
27

Onde:
I: Intensidade da corrente elétrica - ampère (A);
V: Tensão elétrica aplicada sobre a resistência - volt (V);
R: Resistência elétrica – Ohm (Ω);

George Simon Ohm foi um físico e matemático que, por meio de alguns
experimentos com condutores elétricos, verificou que a resistência de um condutor
CURIOSI estava diretamente relacionada com o comprimento do condutor e inversamente
DADES proporcional à secção transversal do mesmo, ou seja, quanto maior o comprimento
do material, maior a resistência elétrica que este oferece, e quanto maior a área
da secção transversal, menor será a resistência do material. Com base em seus
experimentos, George Simon Ohm elaborou a conhecida Lei de Ohm.

Por meio dessa relação, foi possível notar que, ao aplicar um valor de tensão sobre uma resistência, ocor-
ria uma mudança na intensidade da corrente elétrica. À medida que a tensão sobre esta mesma resistência
estava crescendo, o valor da corrente crescia na mesma proporção. Se o valor da tensão era reduzido, a
corrente elétrica via resistência também diminuía.
Com a equação da Lei de Ohm pode-se também determinar o valor de uma resistência, quando se pos-
sui o valor da corrente elétrica e da tensão.

Ou ainda, encontrar a intensidade da tensão.

Note que, com algumas manipulações matemáticas, é possível obter uma das três grandezas elétricas
em questão, quando se possui duas delas.
ELETROTÉCNICA
28

Para facilitar a montagem das formulas acima estudadas pode-se utilizar o círculo das deduções abaixo:

V
I R

Andressa Vieira (2016)


Figura 9 -  Círculo da Lei de Ohm
Fonte: do Autor (2015)

Veja como é possível determinar o valor da corrente que está atravessando a resistência da figura a se-
guir, quando a mesma é submetida a uma força eletromotriz, tal como apresentado.

I=?
Felipe Moises da Silva Hintz (2015)
fem = 12V R = 55Ω

Para solucionar esse problema, você deve aplicar a lei de Ohm sobre a resistência de modo a determinar
a corrente que a atravessa, conforme segue.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
29

2.7 MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS

As grandezas elétricas, em sua grande maioria, apresentam valores difíceis de serem manipulados
quanto a sua magnitude. A tensão, corrente, resistência ou ainda potência, são grandezas que apresentam
valores que, muitas vezes, possuem intensidade muito superior à unidade, ou muito inferior. Este fato,
em muitas condições, dificulta algumas operações matemáticas. Para contornar esse problema, é possível
fazer uso dos múltiplos e submúltiplos, os quais são representações matemáticas em notação científica
na potência de dez e que auxiliam muito a apresentação de uma grandeza, facilitando assim a sua mani-
pulação.
No exemplo, que segue, é apresentado um valor para uma corrente elétrica qualquer em potência de
dez, que está representada dentro dos padrões de notação científica.

O numeral 1,7 representa o valor da corrente, enquanto x10-9, neste caso, a potência na base dez na
qual o valor numeral está sendo multiplicado. Assim, se fosse representá-lo em sua unidade, deveria pro-
ceder da seguinte forma:

Também, é possível manipular a notação científica deslocando a vírgula para a direita ou esquerda do
valor numeral, como apresentado no exemplo a seguir.
I = 1,7 x 10-9 = 1,7 x 10-9
I = 1,7 x 10-9 = 0,17 x 10-8
I = 1,7 x 10-9 = 0,017 x 10-7
I = 1,7 x 10-9 = 0,0017 x 10-6
I = 1,7 x 10-9 = 0,00017 x 10-5
I = 1,7 x 10-9 = 0,000017 x 10-4
I = 1,7 x 10-9 = 0,0000017 x 10-3
I = 1,7 x 10-9 = 0,00000017 x 10-2
I = 1,7 x 10-9 = 0,000000017 x 10-1
I = 1,7 x 10-9 = 0,0000000017 x 100 = 0,0000000017 [A] (Unidade)
ELETROTÉCNICA
30

Nesse caso, a vírgula foi deslocada para a esquerda, pois o valor da corrente na unidade é menor que o
representado em notação científica, sendo necessário este procedimento para encontrar o valor correto
da unidade.
Do mesmo modo, quando a grandeza apresenta intensidade muito grande, o procedimento para uso
da notação científica permanece igual. Analise, então, uma condição em que o valor para uma determina-
da tensão elétrica é:

Note que o valor para a tensão foi representado em potência na base dez com o expoente positivo,
diferente do exemplo anterior, em que o expoente era negativo. Assim, para colocar esta grandeza em sua
unidade, procede-se de acordo com a seguinte fórmula:

Ou ainda, pode-se determinar a unidade desta grandeza mediante o deslocamento da vírgula. Porém,
neste caso, como o expoente da potência de base dez é positivo, a vírgula deverá ser deslocada para a di-
reita, como pode ser visto no exemplo que segue.
V = 2 x 106 = 2,0 x 106
V = 2 x 106 = 20,0 x 105
V = 2 x 106 = 200,0 x 104
V = 2 x 106 = 2000,0 x 103
V = 2 x 106 = 20000,0 x 102
V = 2 x 106 = 200000,0 x 101
V = 2 x 106 = 2000000,0 x 100 = 2000000 [V] (Unidade)
A vírgula no caso anterior foi deslocada para a direita, uma vez que seu valor na unidade é maior que
o representado em notação científica, sendo necessário este procedimento para encontrar o valor da uni-
dade.
A utilização de grandezas elétricas dentro do padrão de notação científica pode ser representado por
prefixos, que facilitam a descrição e leitura da grandeza. O quadro a seguir apresenta os múltiplos e sub-
múltiplos mais usuais encontrados dentre as grandezas elétricas, e que são de grande ajuda durante a
análise de um sistema.
2 GRANDEZAS ELÉTRICAS
31

PREFIXO (SÍMBOLO) POTÊNCIA DE DEZ


Tera (T) 1012 Múltiplos
Giga (G) 10 9

Mega (M) 106


Kilo (K) 103
Mili (m) 10-3 Submúltiplos
Micro (u) 10 -6

Nano (n) 10-9


Pico (p) 10-12
Quadro 1 - Múltiplos e submúltiplos
Fonte: adaptado de Hayt & Buck (2003)

Para melhor compreender os prefixos apresentados no quadro anterior, você deverá utilizar a grandeza
de resistência elétrica para tal representação.
R = 4 x 1012 Ω = 4 TΩ = 4000000000000 [Ω]
R = 4 x 109 Ω = 4 GΩ = 4000000000 [Ω]
R = 4 x 106 Ω = 4 MΩ = 4000000 [Ω]
R = 4 x 103 Ω = 4 KΩ = 4000 [Ω]
R = 4 x 100 Ω = 4 Ω = 4 [Ω]
R = 4 x 10-3 Ω = 4 mΩ = 0,004 [Ω]
R = 4 x 10-6 Ω = 4 uΩ = 0,000004 [Ω]
R = 4 x 10-9 Ω = 4 nΩ = 0,000000004 [Ω]
R = 4 x 10-12Ω = 4 pΩ = 0,000000000004 [Ω]
Acompanhe o exemplo e compreenda melhor. Para modificar a apresentação dos valores das grandezas
elétricas, a seguir, em notação científica para a unidade, a solução é:
1,5KV = 1,5 x 103 [V] = 1500 [V]
10MV = 10 x 106 [V] = 10000000 [V]
7uV = 7 x 10-6 [V] = 0,000007 [V]
0,02KA = 0,02 x 103 [A] = 20 [A]
0,001mA = 0,001 x 10-3 [A] = 0,000001[A]
67000000uA= 67000000 x 10-6 [A] = 67 [A]
ELETROTÉCNICA
32

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os principais conceitos inerentes à eletricidade, sendo eles a tensão,
corrente, potência e resistência elétrica. A tensão elétrica refere-se à força proveniente do surgi-
mento da corrente, sendo sua unidade o volt.
A corrente elétrica é entendida como sendo o movimento ordenado dos elétrons dentro de um
material. Para que seja possível o surgimento da corrente, o material deve ser submetido a uma
tensão. Já a potência elétrica é a relação da tensão elétrica sobre o material, e a corrente que
atravessa o mesmo. Para que haja o controle da corrente que circula em um material, pode-se fazer
uso de dispositivos que apresentam uma resistência à passagem da corrente.
No próximo capítulo, você estudará os circuitos elétricos.
Circuitos Elétricos

É comum você se deparar com o conceito de circuito elétrico. Mas, o que significa ao certo
este termo? Essas e outras questões você estudará neste capítulo, assim como os elementos
básicos formadores de um circuito elétrico, as diferenças entre materiais condutores e isolantes,
bem como as características e funcionalidades dos resistores, capacitores e indutores.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os principais componentes em circuitos elétricos;
b) classificar os materiais isolantes, condutores e resistores;
c) caracterizar as principais associações em circuitos elétricos;
d) determinar a resistência e capacitância equivalente de um circuito elétrico;
e) diferenciar o comportamento das grandezas elétricas em um circuito;
f ) identificar os efeitos de um curto-circuito e sobrecarga em um circuito;
g) realizar a montagem de circuitos elétricos básicos;
h) calcular a potência para circuitos de corrente alternada;
i) calcular o fator de potência para circuitos de corrente alternada.
ELETROTÉCNICA
36

3.1 ELEMENTOS BÁSICOS FORMADORES DE UM CIRCUITO ELÉTRICO

Circuito elétrico é um sistema de dispositivos elétricos que estão conectados uns aos outros, de modo
a permitir a circulação de uma corrente elétrica. Basicamente, um circuito elétrico deve ser composto por:
a) fonte de alimentação;
b) condutores;
c) carga.

Fonte de Carga

Matheus Felipe Goedert (2015)


Alimentação

Condutores
Figura 10 -  Circuito elétrico
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Os modos como os dispositivos podem estar agrupados em um circuito elétrico, são variados, depen-
dendo de cada aplicação.
O sistema de iluminação residencial é o exemplo mais prático de um circuito elétrico. Nele, pode-se
identificar a fonte de alimentação como sendo a rede elétrica disponível pela companhia de energia elé-
trica, os condutores como sendo os fios para conexão da rede elétrica até a lâmpada. Nesse exemplo, a
lâmpada representa a carga do circuito. Em um circuito elétrico, o termo “carga” se refere aos dispositivos
que consomem energia da fonte de alimentação. Como exemplo, a resistência elétrica é uma carga, bem
como as lâmpadas. Nesse contexto, o termo carga não significa a carga elétrica estudada no capítulo an-
terior, em um circuito elétrico; entende-se carga, aqui, como sendo aquele dispositivo que consome uma
determinada energia da fonte de alimentação. A figura que segue apresenta um circuito de iluminação.

Chave
Lâmpada
Fechada
Fonte
Matheus Felipe Goedert (2015)

Corrente
Figura 11 -  Circuito iluminação fechado
Fonte: adaptado de Wolski (2012)
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
37

Em um circuito elétrico, a corrente, sendo fornecida pela fonte de tensão, percorrerá o condutor e a lâm-
pada possibilitando, neste caso, o acionamento da lâmpada. A corrente elétrica, após atravessar a lâmpada,
retorna para a fonte de alimentação, mediante os condutores de retorno. Na condição anterior, a corrente
percorreu todos os dispositivos que formam o circuito elétrico, porque observa-se que o mesmo forneceu
um caminho fechado para a passagem da corrente.
Contudo, ao abrir a chave que até o momento estava fechada, provoca-se uma interrupção à passagem
da corrente neste circuito. Então, não há possibilidade de existir uma continuidade para o movimento dos
elétrons. Nessa condição, não há uma circulação de corrente pelos condutores, e por meio da lâmpada,
fazendo-a ser apagada.
Há diferentes modos de se conceber um circuito elétrico, entre eles, pode-se formar um conjunto com
dispositivos agrupados obtendo-se um circuito maior que o do exemplo anterior, aumentando, assim, sua
complexidade.

3.1.1 FONTE DE ALIMENTAÇÃO

É o dispositivo capaz de prover uma força eletromotriz ao circuito elétrico, ou tensão elétrica, de modo
a possibilitar a circulação de uma corrente elétrica, desde que haja uma continuidade do circuito em toda
sua extensão. Uma fonte de tensão pode ser do tipo:
a) constante;
b) variável;
c) alternada.

3.1.2 FONTE DE TENSÃO CONSTANTE

Uma fonte de tensão constante apresenta a mesma intensidade no decorrer do tempo, ou seja, possui
um valor constante para o nível de tensão durante todo instante.
ELETROTÉCNICA
38

Sua representação pode ser visualizada a seguir.

Matheus Felipe Goedert (2015)


-
Figura 12 -  Simbologia fonte de tensão constante
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

O comportamento deste tipo de fonte pode ser observado na seguinte figura:

V [V]

Vmax
Matheus Felipe Goedert (2015)

tempo [s]

Figura 13 -  Tensão constante


Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Como a diferença de potência neste tipo de fonte possui sempre o mesmo valor, e apresenta a mesma
direção, força, então, os elétrons a movimentarem-se sempre para a mesma direção e com a mesma força
que os impulsiona.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
39

Matheus Felipe Goedert (2015)


-

+
VF
Figura 14 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte constante
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Uma fonte de tensão contínua apresenta uma polaridade bem definida e, nesta condição, não pode ser
ligada ao circuito de forma invertida. Se ocorrer a inversão da fonte, dependendo do projeto, o circuito po-
derá ser danificado. Este tipo de fonte é muito utilizado em projetos de circuitos eletrônicos, que precisam
de uma fonte de tensão que tenha seu valor sempre constante.

3.1.3 FONTE DE TENSÃO VARIÁVEL

A fonte de tensão variável possibilita que a intensidade da tensão oferecida ao circuito possa ser ajusta-
da. Sua simbologia é apresentada a seguir.

+
-
Paco Giordani Moca (2015)

Figura 15 -  Simbologia fonte de tensão variável


Fonte: adaptado de Wolski (2012)
ELETROTÉCNICA
40

O comportamento desse tipo de fonte pode ser observado na figura que segue.

V [V]

Vmax

Paco Giordani Moca (2015)


tempo [s]

Figura 16 -  Tensão variável


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Em uma fonte de tensão variável, a intensidade da tensão oscila. Esta condição permite aos elétrons se
movimentarem sempre na mesma direção; no entanto, a força que os impulsiona varia na mesma propor-
ção.
Na figura “Tensão variável”, inicialmente a intensidade da fonte apresenta um valor menor, produzindo
também um movimento menor dos elétrons. Quando a fonte aumenta sua intensidade, nota-se que uma
quantidade maior de elétrons também se movimenta na mesma direção. Assim que a intensidade da fonte
volta a cair, a quantidade de elétrons se movimentando também diminui, porque a força que os movimen-
ta teve uma queda. Este processo demonstra como a corrente elétrica se comporta em decorrência da
oscilação da fonte de tensão variável.

3.1.4 FONTE DE TENSÃO ALTERNADA

A característica de uma fonte de tensão alternada é apresentar diferentes valores, durante o tempo que
está alimentando o circuito. Esse tipo de fonte alterna o sentido de movimento dos elétrons, ou seja, o
sentido de circulação da corrente elétrica.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
41

A simbologia de uma fonte de tensão alternada pode ser vista a seguir.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Figura 17 -  Simbologia fonte de tensão variável


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

O comportamento desse tipo de fonte pode ser observado na seguinte figura:

V [V]

+Vmax
Paco Giordani Moca (2015)

tempo [s]
-Vmax
Figura 18 -  Fonte de tensão alternada
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Uma fonte alternada força os elétrons a se movimentarem por um momento em um sentido, e em outro
momento, no sentido contrário. Esse fenômeno acontece, porque durante um tempo transcorrido a força
que movimenta os elétrons está em uma direção, e em outro, esta mesma força muda de direção. Tal com-
portamento ocorre periodicamente, ou seja, se repete de tempo em tempo.
ELETROTÉCNICA
42

Analisando a figura “Fonte de tensão alternada”, quando a intensidade da tensão encontra-se acima do
eixo do tempo [s], nota-se que ela possui uma tensão positiva; todavia, quando esta intensidade encontra-
-se abaixo do eixo do tempo [s], associa-se a uma tensão negativa. Esse efeito da tensão positiva ou nega-
tiva determina o sentido da força em uma direção ou em outra. Devido ao comportamento relatado, esta
fonte é denominada de alternada.
Em uma análise mais detalhada desse processo, conforme destacado nas próximas figuras, quando a
força eletromotriz está aumentando, nota-se alguns elétrons se deslocando em uma determinada direção.
Tal movimento é definido pela direção da força provocado pela fonte de tensão.

V [V]

+Vmax

Paco Giordani Moca (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 19 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Quando a intensidade da força eletromotriz, doravante fem, provocada pela fonte atinge seu valor má-
ximo, há um grande número de elétrons se deslocando, em função de uma maior força provocada pela
fonte de tensão.

V [V]

+Vmax
Paco Giordani Moca (2015)

-Vmax tempo [s]

Figura 20 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
43

Ao atingir seu valor máximo, a fonte de tensão começa a diminuir sua força eletromotriz, até um valor
de intensidade zero. Nesse momento, os elétrons não estão se deslocando, em virtude de não haver força
capaz de movimentá-los.

V [V]

+Vmax

Paco Giordani Moca (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 21 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

A força eletromotriz, então, inverte seu sentido, provocando um deslocamento nos elétrons contrário
ao anterior.

V [V]

+Vmax
Paco Giordani Moca (2015)

-Vmax tempo [s]

Figura 22 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)
ELETROTÉCNICA
44

Quando a intensidade aumenta no sentido contrário, um número de elétrons se desloca no mesmo


sentido da força, até chegar ao ponto máximo.

V [V]

+Vmax

Paco Giordani Moca (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 23 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

No seu valor máximo, a fonte de tensão volta a apresentar uma diminuição em sua intensidade, até
atingir um valor de intensidade zero novamente.

V [V]

+Vmax
Paco Giordani Moca (2015)

-Vmax tempo [s]

Figura 24 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
45

A fonte volta, então, a apresentar uma fem em outro sentido. Deste ponto em diante, o processo volta
a se repetir periodicamente.

V [V]

+Vmax

Paco Giordani Moca (2015)


-Vmax tempo [s]

Figura 25 -  Movimento de elétrons produzido por uma fonte alternada


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Esse processo de alternância no sentido da força pela fonte pode-se denominar como sendo uma mu-
dança constante na polaridade da mesma. Para tal comportamento, pode-se atribuir algumas característi-
cas ao sinal alternado. Conheça essas características na sequência.

CICLO E SEMICICLO
O processo realizado pela fonte a partir de um valor zero até um valor máximo, em seguida, retornando
novamente à zero é denominado de semiciclo. Mas, se continuar a crescer no sentido contrário e atingir o
valor máximo oposto e retornar novamente a zero é denominado de ciclo.
Um sinal alternado, gerado por uma fonte de tensão, também pode ser denominado como sinal senoi-
dal, pois apresenta as características senoidais.

PERÍODO E FREQUÊNCIA
O tempo para completar um ciclo é denominado de período, em outras palavras, o tempo que o sinal
leva para sair do seu valor zero, atingir um valor máximo positivo, retornar a zero, novamente atingir o valor
máximo negativo, e retornar a zero é denominado de período. A unidade do período é o segundo [s], e é
representado pela letra T.
Já, quantidade de ciclos completos por um sinal durante o tempo de 1 segundo é denominado de
frequência do sinal.
ELETROTÉCNICA
46

VALOR DE PICO
O valor de pico é a intensidade máxima que um sinal senoidal atinge. No entanto, ao verificar-se a dife-
rença entre o valor de pico positivo de um sinal, em relação ao pico negativo deste sinal, denomina-se de
valor de pico a pico, ou tensão de pico a pico.

VALOR EFICAZ
Quando uma diferença de potencial é imposta a uma determinada carga, uma energia é transferida
para esta carga. Imagine, neste caso, que a carga seja uma resistência elétrica. Se esta resistência for sub-
metida a uma força eletromotriz constante, poderá se perceber que certa energia foi entregue a carga, e
pode-se definir esta energia mediante a área que este sinal possui acima do eixo do tempo [s].
Em um sinal alternado, a média de energia também está relacionada à área do sinal em relação ao eixo
do tempo [s]. Assim, um sinal alternado com um valor de pico transfere a uma carga certa energia. A defi-
nição de valor eficaz, ou tensão eficaz, representa o valor que um sinal constante produz de efeito sobre a
carga, em termos de energia entregue, igualmente a um sinal alternado com determinado valor de pico. É
possível determinar o valor eficaz de um sinal com seu valor de pico, mediante a equação a seguir.

Onde:
Vef: Valor eficaz do sinal;
Vp: Valor de pico do sinal.
Lembrando apenas que, a relação anterior é aplicável a sinais senoidais. Como a rede elétrica de nossas
residências ou escritórios é alternada de forma senoidal, pode-se utilizar esta relação.

O valor de 220V, referente à tensão elétrica em algumas residências, refere-se ao valor


eficaz da grandeza. O valor máximo que a tensão atinge, ou seja, seu valor de pico é
FIQUE 311V. Para determinar esta intensidade máxima que a tensão alcança, deve-se utilizar
ALERTA a equação que relaciona a tensão eficaz e a tensão de pico. Nas condições cuja tensão
eficaz é diferente de 220V, deve-se utilizar na equação o novo valor de tensão eficaz e
determinar a tensão de pico. Em muitas aplicações, faz-se necessário o conhecimento
da tensão de pico do sinal; por este motivo é que sua determinação é importante.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
47

3.2 CONDUTORES E ISOLANTES

Os materiais que apresentam uma grande quantidade de elétrons livres são conhecidos como condu-
tores, porque permitem, com certa facilidade, a condução da corrente elétrica. Porém, aqueles materiais
que não possuem elétrons livres são denominados de isolantes, visto que não possibilitam uma condução
de corrente elétrica com facilidade.
Desse modo, os materiais condutores são os meios pelos quais os elétrons podem se deslocar em um
circuito elétrico. Todavia, um condutor não é formado apenas por seu material condutor, mas também por
materiais que possam de alguma forma garantir a proteção tanto do circuito elétrico como das pessoas
que o manipulam. Esses materiais são denominados de isolantes. Na figura que segue, você pode conhecer
um condutor, que possui em sua superfície um material isolante.

Ulkan (2015))

Figura 26 -  Condutor com superfície de material isolante


Fonte: Thinkstock (2015)

Um material condutor dispõe de um grande número de elétrons livres, permitindo a ele desempenhar
um papel importante na condução da corrente elétrica. Entretanto, será esta a única característica de um
condutor para o uso nas aplicações? Há outras grandezas elétricas envolvendo os condutores que podem
ser importantes, dependendo da aplicação a que o material será submetido, como a resistência elétrica
do condutor. Todo condutor, apesar de possuir uma ótima condição para a passagem da corrente elétrica,
também dispõe de certa resistência elétrica intrínseca, mesmo sendo pequena nesses materiais, ela existe.
Tal fenômeno é determinado pelo choque dos elétrons que estão em movimento, com a estrutura interna
do material. As colisões entre elétron e estrutura atômica do condutor provocam uma liberação de energia
térmica por parte do elétron. Essa energia pode ser percebida quando ocorre o aquecimento do condutor,
ou seja, durante o denominado efeito joule. Assim, a escolha adequada do material, no que se refere à
resistência, é fundamental para evitar perdas no circuito elétrico.
ELETROTÉCNICA
48

Outro fator que define a escolha do material a ser utilizado como condutor é o coeficiente de tempera-
tura, pois, nas palavras de Halliday (2009), quando um material condutor é submetido a variações de tem-
peratura, a sua resistividade sofre alterações, aumentando ou diminuindo o valor final desta grandeza. Um
aumento ou diminuição no valor final da resistividade depende do material de que o condutor é compos-
to. Essa mudança na resistividade de um condutor, mediante a variação da temperatura sobre o mesmo, é
denominada de coeficiente de temperatura.
O cobre e o alumínio são exemplos de materiais que aumentam sua resistência com o aumento da
temperatura. Esse fenômeno ocorre, porque ao aumentar a temperatura sobre o material, ocorrerá uma
maior vibração na estrutura interna do condutor. Então, esse processo acaba por apresentar um acréscimo
na dificuldade de movimentação das cargas elétricas, uma vez que os elétrons tendem a ter uma maior
possibilidade de choque com as partículas do material. Note que, quando o choque dos elétrons com a
estrutura do condutor aumenta, o efeito joule também aumenta.
A capacidade de corrente em um circuito elétrico também define o condutor que pode ser utilizado na
aplicação, uma vez que estes são os responsáveis em fornecer um meio para a passagem da corrente elé-
trica. Uma corrente, ao passar por um condutor, gera aquecimento no material. Esse aquecimento, quando
excessivo, poderá comprometer o isolante que protege o usuário do contato com o material, ou seja, a
capa isolante. A capacidade de condução que um condutor suporta depende do diâmetro do mesmo, ou
seja, da área da secção transversal. Para o dimensionamento correto desse parâmetro, pode-se fazer uso de
uma unidade de medida padronizada, denominada de American Wire Gauge - AWG. O AWG é representado
por uma tabela, e quanto maior for o numeral que antecede a sigla, menor será o diâmetro do condutor.
Por exemplo, um fio condutor 24AWG (0,20 mm2) possui um diâmetro maior que o condutor com especifi-
cação de 30AWG (0,051 mm2).
Observe na tabela seguinte, os valores da corrente permitida em cada um dos diâmetros, dos valores
exemplificados:

NÚMERO DIÂMETRO SECÇÃO NÚMERO DE ESPIRAIS RESISTÊNCIA CAPACIDADE


KG POR KM
AWG (mm) (mm2) POR CM (OHMS/KM) (A)
0000 11,86 107,2 0,158 319
000 10,40 85,3 0,197 240
0 8,252 53,48 0,317 150
1 7,348 42,41 375 1,40 120
2 6,544 33,63 295 1,50 96
3 5,827 26,67 237 1,63 78
4 5,189 21,15 188 0,80 60
5 4,621 16,77 149 1,01 48
6 4,115 13,30 118 1,27 38
7 3,665 10,55 94 1,70 30
8 3,264 8,36 74 2,03 24
9 2,906 6,63 58,9 2,56 19
10 2,588 5,26 46,8 3,23 15
11 2,305 4,17 32,1 4,07 12
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
49

NÚMERO DIÂMETRO SECÇÃO NÚMERO DE ESPIRAIS RESISTÊNCIA CAPACIDADE


KG POR KM
AWG (mm) (mm2) POR CM (OHMS/KM) (A)
12 2,053 3,31 29,4 5,13 9,5
13 1,828 2,63 23,3 6,49 7,5
14 1,628 2,08 5,6 18,5 8,17 6,0
15 1,450 1,65 6,4 14,70 10,3 4,8
16 1,291 1,31 7,2 11,6 12,9 3,7
17 1,150 1,04 8,4 9,26 16,34 3,2
18 1,024 0,82 9,2 7,3 20,73 2,5
19 0,9116 0,65 10,2 5,79 26,15 2,0
20 0,8118 0,52 11,6 4,61 32,69 1,6
21 0,7230 0,41 12,8 3,64 41,46 1,2
22 0,.6438 0,33 14,4 2,89 51,5 0,92
23 0,5733 0,26 16,0 2,29 56,4 0,73
24 0,5106 0,20 18,0 1,82 85,0 0,58
25 0,4547 0,16 20,0 1,44 106,2 0,46
26 0,4049 0,13 22,8 1,14 130,7 0,37
27 0,3606 0,10 25,6 0,91 170,0 0,29
28 0,3211 0,08 28,4 0,72 212,5 0,23
29 0,2859 0,064 32,4 0,57 265,6 0,18
30 0,2546 0,051 35,6 0,45 333,3 0,15
31 0,33.9 0,040 39,8 0,36 425,0 0,11
32 0,2019 0,032 44,5 0,28 531,2 0,09
33 0,1798 0,0254 56,0 0,23 669,3 0,072
34 0,1601 0,0201 56,0 0,18 845,8 0,057
35 0,1426 0,0159 62,3 0,14 1069,0 0,045
36 0,1270 0,0127 69,0 0,10 1338,0 0,036
37 0,1131 00100 78,0 0,089 1700,0 0,028
38 0,1007 0,0079 82,3 0,070 2152,0 0,022
39 0,0897 0,0063 97,5 0,056 2696,0 0,017
40 0,0799 0,0050 111,0 0,044 3400,0 0,14
41 00711 0,0040 126,8 0,035 4250,0 0,011
42 0,0633 0,0032 138,9 0,028 5312,0 0,009
43 0,0564 0,0025 156,4 0,022 6800,0 0,007
44 0,0503 0,0020 169,7 0,018 8500,0 0,005
Tabela 1 - Fios AWG com conversão para medidas métricas
Fonte: adaptada de http://www.if.ufrgs.br/~mittmann/tabela_de_fios.pdf

No padrão AWG, é possível determinar a corrente máxima permitida em um condutor com determina-
do diâmetro, sem que esta corrente possa gerar um aquecimento que comprometa o condutor e o circuito.
Já os isolantes são aqueles materiais que não possuem elétrons livres, condição esta que não permite a
condução de corrente elétrica com certa facilidade.
ELETROTÉCNICA
50

O objetivo principal de haver um material isolante em um circuito elétrico é garantir que a corrente elé-
trica não circule por certos caminhos. Um exemplo dessa aplicação são os condutores, que tem sua capa
fabricada com material isolante para impedir que o condutor entre em contato com outro evitando, assim,
o funcionamento indesejado do circuito elétrico. Ou, ainda, garantir uma proteção pessoal ao usuário do
sistema de modo que, se ele tocar o condutor quando uma corrente elétrica estiver atravessando-o, o mes-
mo não seja submetido a uma condição de choque elétrico.
Diversos são os materiais utilizados na fabricação de isolantes, dentre eles a borracha, o plástico, o pa-
pel, entre outros. Cada qual com suas características isolantes que favorecem aplicações específicas. Um
exemplo seria o papel, que é um material com baixa capacidade de isolação. Porém, a borracha é um
material muito utilizado como cobertura isolante dos condutores, por ser esta uma característica muito
acentuada deste material. Como aplicação da borracha, pode-se citar o uso nas luvas de alta tensão.
Apesar dos isolantes desempenharem um papel importante de oposição à passagem da corrente elétri-
ca, quando eles são submetidos a um alto valor de diferença de potencial, uma circulação de corrente é
observada por eles. Nessa condição, o material deixou de ser um isolante e passou a conduzir uma corrente
elétrica. Note que, a corrente que atravessou o material só foi possível em função do valor da tensão elé-
trica sobre o mesmo ter excedido os limites de isolação permitidos pelo material. Esse limite determinado
nos materiais é denominado de rigidez dielétrica. A rigidez dielétrica pode ser entendida como o valor
limite da diferença de potencial aplicada ao material, sem que ele seja danificado.
Nota-se, então, que a escolha de um cabo em uma aplicação não depende apenas de sua capacidade
de conduzir corrente elétrica, mas também das suas características isolantes.

3.3 RESISTORES

De acordo com Wolski (2012), o resistor é um componente eletrônico que possui como característica
central a oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, à resistência elétrica. Como aplicação principal
para o resistor, pode-se citar a limitação de corrente que circula por um circuito eletrônico.
Um resistor pode ser utilizado em diferentes circuitos eletrônicos, desde sistemas de baixa potência,
que operam com sinais elétricos de baixo valor, como também em conjuntos projetados para operar com
potências maiores.
A escolha adequada de um resistor depende da potência elétrica que será dissipada sobre o mesmo,
ou seja, sua capacidade de dissipar calor. Ao dimensionar um dispositivo destes em um projeto, a potência
que ele pode dissipar deve ser maior que a potência real dissipada no resistor quando estiver em uso no
circuito, do contrário, o componente será danificado.
A unidade de medida do resistor é o Ohm (Ω), representado pela letra R. E a simbologia utilizada para
um resistor é apresentada a seguir.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
51

(a) (b) (c)


Figura 27 -  (a) Simbologia resistor fixo (b) Simbologia resistor fixo (c) Simbologia resistor variável
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Entenda, a seguir, o funcionamento dos resistores.

3.3.1 FUNCIONAMENTO

Os resistores dispõem, em seu corpo, de um conjunto de anéis coloridos que representam o valor de sua
resistência. Cada anel possui um número associado a sua cor, de modo que a sequência da disposição da
cor desses anéis determina o valor da resistência do componente. A figura que segue apresenta a disposi-
ção dos anéis de cores em um resistor.

Xavier Perez (2015))

Figura 28 -  Resistor com seus respectivos anéis de cores


Fonte: Thinkstock (2015)

O valor do componente pode ser verificado com a leitura em sequência dos anéis no corpo do disposi-
tivo, conforme você observa a seguir.
ELETROTÉCNICA
52

1° Anel
2° Anel
3° Anel
4° Anel
Figura 29 -  Anéis de cores de um resistor
Fonte: do Autor (2015)

1° Anel: primeiro algarismo que representa o valor da resistência elétrica;


2° Anel: segundo algarismo que representa o valor da resistência elétrica;
3° Anel: fator que multiplica número formado pelos dois primeiros algarismos;
4° Anel: representa a tolerância do dispositivo.
Cada cor é associada a um determinado número.

VALORES NOMINAIS FATOR MULTIPLICADOR


Preto 0 x1
Marrom 1 x 10
Vermelho 2 x 100
Laranja 3 x 1000
Amarelo 4 x 10000
Verde 5 x 100000
Azul 6 x 1000000
Violeta 7
Cinza 8
Branco 9
Ouro x 0,1
Prata x 0,01
Quadro 2 - Cores dos resistores
Fonte: Adaptado de Wolski (2012)

Para a leitura do valor da resistência, pode-se adotar a seguinte sequência:


1° verificar no quadro o número referente à cor do primeiro anel;
2° verificar no quadro o número referente à cor do segundo anel;
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
53

3° fazer a multiplicação dos dois primeiros algarismos formados no passo 1 e passo 2, pelo fator de
multiplicação referente à cor do terceiro anel;
4° verificar no quadro a tolerância do componente mediante a cor do quarto anel.

TOLERÂNCIAS
Marrom ±1%
Vermelho ±2%
Ouro ±5%
Prata ±10%
Quadro 3 - Cores de tolerâncias dos resistores
Fonte: Adaptado de Wolski (2012)

Para facilitar a compreensão, acompanhe o exemplo.


Encontre o valor da resistência referente a um resistor com a seguinte sequência de cores:
1° Anel: Vermelho;
2° Anel: Vermelho;
3° Anel: Laranja;
4° Anel: Ouro.
Solução:
Para a solução desse problema, primeiro deve-se consultar no quadro o valor da cor referente a cada
anel.
Anel 1: Vermelho = 2;
Anel 2: Vermelho = 2;
Anel 3: Laranja = x 1000;
Anel 4: Ouro = +/- 5%.
Realizam-se, então, os passos citados anteriormente, o que resultará em:
Valor da resistência: 22 x 1000 = 22000Ω = 22KΩ;
Tolerância: +/- 5%.
O valor da resistência desse componente é 22KΩ, com tolerância de +/-5%. Nota-se também que, o valor
lido poderá apresentar uma variação de +/- 5%, em decorrência à tolerância determinada no componente.
Há casos em que o componente possui cinco ou seis anéis. Quando o valor da resistência for represen-
tado por cinco anéis, o terceiro anel passa a ser considerado como o terceiro algarismo que compõe o valor
da resistência elétrica, o quarto anel o fator multiplicado, e o quinto a tolerância do mesmo.
Já quando a representação for com seis anéis, os cinco primeiros comportam-se igualmente ao caso
anterior, porém o sexto anel traduz a precisão do resistor.
ELETROTÉCNICA
54

Existem diferentes tipos de resistores, podendo ser divididos em dois grupos:


a) Resistores fixos: não permitem alterar sua resistência elétrica;
b) Resistores variáveis: permitem alterar sua resistência elétrica

Figura 30 -  (a) Resistor fixo (b) Resistor fixo SMD


Fonte: Fonte: do Autor (2015)

Dentre os resistores fixos destaca-se o resistor composto de carbono e o resistor de fio enrolado. Já o
resistor SMD é um tipo de resistor fixo, porém, este não possui terminais dedicados para ser soldado dire-
tamente em uma Placa de Circuito Impresso (PCI).
Os resistores variáveis permitem que sua resistência elétrica seja alterada. A variação de sua resistência
pode ser realizada mediante um mecanismo externo, permitindo, assim, seu uso em circuitos que necessi-
tam da alteração da resistência do dispositivo durante seu uso.

Figura 31 -  Resistor variável


Fonte: do Autor (2015)

O potenciômetro, por exemplo, permite o controle do valor da resistência por meio de seu cabo ex-
terno. Com o trimpot1 é possível controlar o valor da resistência, porém, diferente do potenciômetro, não
possui cabo externo. Seu ajuste é feito diretamente em seu corpo. Já o foto-resistor possibilita que sua
resistência elétrica seja alterada mediante incidência de luz em sua superfície superior.

1 É um tipo de resistor variável que permite o controle da resistência elétrica ajustando-a diretamente em seu corpo. É um compo-
nente muito utilizado quando se necessita variar o valor da resistência e um circuito para o controle de outros dispositivos.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
55

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
No momento da elaboração de um circuito elétrico, em muitos casos, não é possível encontrar o valor
exato da resistência a ser utilizada no mesmo, pois apenas alguns valores comerciais são disponíveis. Desse
modo, como se deve proceder? Neste caso, é necessário fazer uso da técnica de associação de resistores. A
associação de resistores consiste em interligar os componentes com o objetivo de fazer com que o conjun-
to dos resistores possa produzir um efeito igual ao valor de um único resistor.
O valor de resistência elétrica obtida ao final da associação é denominado de resistência elétrica equi-
valente.

ASSOCIAÇÃO SÉRIE
Na associação série, os resistores estão conectados de forma serial, conforme destacado a seguir.

Paco Giordani Moca (2015)


A B
R1 R2 R3
Figura 32 -  Associação série de resistores
Fonte: adaptado de Halliday (2009)

Em uma associação série, o valor da resistência equivalente é dado mediante a soma do valor dos resis-
tores.

Veja o exemplo. Se você tiver que determinar o valor da resistência elétrica equivalente entre os pontos
A e B da associação série de resistores exemplificados a seguir, como poderia fazer?
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

A B
15Ω 15Ω 15Ω
ELETROTÉCNICA
56

Solução:

ASSOCIAÇÃO PARALELA
Na associação paralela, os resistores estão conectados paralelamente um ao outro, como salientado na
sequência.

R1 R2 R3

Paco Giordani Moca (2015)

B
Figura 33 -  Associação paralela de resistores
Fonte: adaptado de Halliday (2009)

Em uma associação paralela, o valor da resistência equivalente é encontrado mediante a seguinte equa-
ção.

Veja o exemplo: de que forma se pode determinar o valor da resistência elétrica equivalente entre os
pontos A e B da associação paralela de resistores a seguir?
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
57

10Ω 10Ω 10Ω

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


B

Solução:

1 1 1 1 1 1
eq eq
eq eq

É possível fazer uso de alguns macetes para determinar a resistência equivalente em uma associação
paralela, sendo eles:
a) associar resistores paralelos de dois em dois, de acordo com a equação a seguir:

b) a equivalência das associações de “n” resistores em paralelo, que apresentam o mesmo valor, pode
ser determinada da seguinte forma:

Onde:
N: Número de resistores presentes na associação.

ASSOCIAÇÃO MISTA
Na associação mista, os componentes estão conectados em série e paralelo no mesmo circuito, como
revela a figura que segue.
ELETROTÉCNICA
58

R2
A B

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


R1 R3

R4
Figura 34 -  Associação mista de resistores
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Em uma associação mista, o valor da resistência equivalente é determinado resolvendo-se as associa-


ções série e paralelo individualmente.

DIVISOR DE TENSÃO
O valor da tensão da fonte de alimentação em uma associação em série de resistores irá se distribuir
pelas resistências presentes neste tipo de associação. Nessa condição, a soma das quedas de tensões nos
resistores deste conjunto será igual à tensão da fonte, conforme sugere a figura a seguir.

10V 2,5V 2,5V

10Ω 2,5Ω 2,5Ω


Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

1A
+ -
15V
Figura 35 -  Divisor de tensão
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Na figura anterior, a corrente que circula pelo circuito foi produzida devido à tensão da fonte aplicada
sobre a resistência equivalente do circuito. Desse modo, pode-se determinar a intensidade desta corrente
aplicando a lei de Ohm sobre a resistência equivalente.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
59

Nesse caso, a tensão sobre cada resistor, quando somada, será igual à tensão da fonte. Essa condição
leva ao conceito de divisor de tensão, topologia em que um circuito eletrônico tem como finalidade divi-
dir a tensão sobre cada resistor presente em uma associação série. Com base no contexto anterior, pode-se
fazer duas observações importantes:
a) em uma associação de resistores em série, a tensão da fonte irá se distribuir pelas resistências asso-
ciadas, de acordo com o valor de cada resistor;
b) a corrente elétrica em uma associação série de resistores será a mesma em cada componente.

FIQUE O divisor de tensão não se aplica apenas aos resistores, mas sim a toda e qualquer
ALERTA carga resistiva que seja alimentada por uma fonte de tensão.

DIVISOR DE CORRENTE
A fonte de tensão que alimenta uma associação de resistências em paralelo fornecerá ao circuito uma
intensidade de corrente decorrente do valor da resistência equivalente; entretanto, neste tipo de associa-
ção, o valor da intensidade da corrente fornecida pela fonte irá se dividir pelas resistências associadas. Nes-
sa condição, podemos afirmar que a soma das correntes que atravessa cada resistor será igual à corrente
que sai da fonte, tal qual a figura a seguir sugere.

2,5A
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

+
5V 0,5A 10Ω 1A 5Ω 1A 5Ω
-

Figura 36 -  Divisor de corrente


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

A intensidade da corrente pode ser determinada aplicando-se a lei de Ohm sobre a resistência equiva-
lente.
ELETROTÉCNICA
60

Esse tipo de associação nos leva ao conceito do divisor de corrente, sendo que a referida topologia di-
vide a corrente total da fonte entre cada resistor presente na associação. Nota-se, ainda, que a corrente de
cada componente dependerá do valor de sua resistência. Assim, duas observações são importantes nesta
topologia:
a) em uma associação de resistores em paralelo, a corrente que sai da fonte irá se distribuir pelas re-
sistências associadas, de acordo com o valor de cada resistor;
b) a intensidade da tensão elétrica em uma associação paralela de resistores será a mesma em cada
componente.
O divisor de corrente não se aplica apenas aos resistores, mas sim a toda e qualquer carga resisti-
va que seja alimentada por uma fonte de tensão.

CURTO CIRCUITO
O resistor é um dos dispositivos limitantes da corrente elétrica em um circuito; sem ele, este controle
não é realizado. Você já se perguntou qual o comportamento de um sistema quando não há um dispositivo
que possa limitar a quantidade de cargas por intermédio dele? Quando não se dispõe de um componen-
te que consiga realizar o controle da corrente elétrica, uma quantidade muito grande de cargas elétricas
tenderá a sair de um lado da fonte (polo) em direção ao outro lado (polo), em um instante de tempo muito
pequeno. Desse modo, o condutor e outros dispositivos formadores do sistema não suportam a quantida-
de de cargas através deles, sendo danificados. Quando esse efeito ocorre, denomina-se de curto-circuito.
O curto-circuito é indesejado em função de danificar os componentes formadores do circuito elétrico.

SAIBA Para saber mais a respeito de curto-circuito, consulte o capítulo 1 do livro Eletrônica:
MAIS Volume 1, de Albert Paul Malvino (1997).

SOBRECARGA
Em estudos anteriores, você viu que a corrente elétrica em um circuito é determinada pela carga que a
fonte alimenta. Em geral, os sistemas elétricos possuem um limite de corrente elétrica que suportam. Tanto
a fonte de alimentação, os condutores, como também os dispositivos formadores do circuito elétrico não
devem ter seus limites de corrente excedidos, pois, do contrário, são danificados.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
61

Quando se coloca diversas cargas em paralelo em um circuito, a corrente que é exigida da fonte de ali-
mentação aumenta. Se o número de cargas em paralelo for aumentado, a intensidade da corrente também
irá aumentar, fazendo que a fonte forneça o valor requisitado. Contudo, há um limite que pode ser forneci-
do pela fonte, e quando este valor é excedido, denomina-se de sobrecarga na rede elétrica. O uso de uma
carga com valor muito baixo também pode provocar a sobrecarga, em razão da intensidade da corrente ser
proporcional à carga, podendo exceder o limite do circuito.
A sobrecarga é indesejada, uma vez que pode provocar queda na tensão fornecida pela fonte e aqueci-
mento dos condutores do circuito. Com o objetivo de prevenir o circuito de sobrecarga é importante usar
o disjuntor, um dispositivo de proteção em rede elétrica.

Nadanka (2015)

Figura 37 -  Disjuntor
Fonte: Thinkstock (2015)

O disjuntor, ao detectar que a corrente elétrica excedeu o limite especificado por ele, desarma, abrindo
o circuito para prevenir acidentes. Esse dispositivo, em geral, atua na sobrecarga e curto-circuito, evitando
assim que ocorram danos ao sistema e as pessoas.

3.4 CAPACITORES

O resistor é um dispositivo eletrônico que converte energia elétrica em energia térmica. Porém, quan-
do se necessita armazenar energia em um sistema, deve-se ponderar se há dispositivos que possibilitam
algum modo de armazenamento de energia. Para possibilitar o armazenamento da energia fornecida por
uma fonte de tensão a um circuito eletrônico, pode-se fazer uso do capacitor. Conforme Wolski (2012), o
capacitor tem como principal função, o armazenamento de energia mediante o acúmulo de cargas elétri-
cas em suas placas.
ELETROTÉCNICA
62

O acúmulo de energia no capacitor é possível, visto que a construção física do componente permite que
cargas elétricas sejam armazenadas em placas condutoras que estão conectadas aos terminais do compo-
nente. Esse fenômeno de armazenamento de energia por meio do acúmulo de cargas é denominado de
capacitância.
A unidade da capacitância é o Farad (F), representado pela letra C. Pode-se determinar a capacitância
de um dispositivo, no caso de um capacitor, mediante a seguinte equação.

Onde:
C: Capacitância - Farad (F);
Q: Quantidade da carga armazenada - Coulomb (C);
V: Tensão do capacitor - volt (V)
O comportamento do dispositivo em permitir que cargas elétricas sejam alocadas internamente em
suas placas garante uma diferença de potencial, disponível entre seus terminais. Desse modo, a capacitân-
cia é definida como uma relação entre a quantidade de cargas armazenadas no dispositivo, pela tensão
elétrica entre seus terminais. A simbologia do capacitor pode ser observada a seguir.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

(a) (b) (c)


Figura 38 -  (a) Capacitor fixo (b) Capacitor polarizado (c) Capacitor variável
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Esse componente tem uma grande utilidade na eletrônica. Dentre suas aplicações, pode-se citar o uso
em circuitos retificadores; neste caso, sua função é garantir a menor oscilação possível da tensão na saída
do circuito.
Também, muitas aplicações que fazem uso de um capacitor requerem que o valor do dispositivo permi-
ta a variação da capacitância. Então, o uso do capacitor variável é importante.

3.4.1 FUNCIONAMENTO

A estrutura básica de um capacitor pode ser observada na figura que segue.


3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
63

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


C
Figura 39 -  Estrutura do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

a) A: Dois terminais condutores;


b) B: Duas placas condutoras para o armazenamento das cargas elétricas;
c) C: Isolante entre as placas condutoras também conhecido como dielétrico.
Os terminais são os responsáveis por garantir a conexão do componente ao circuito elétrico. Nas placas
condutoras serão alojadas as cargas elétricas em sua estrutura interna; deste modo, quanto maior sua área,
maior será o armazenamento. Já o dielétrico é composto basicamente por um material isolante, seu obje-
tivo é fornecer um isolamento entre as duas placas que formam o capacitor. O material do dielétrico pode
ser formado pelo ar, borracha, vidro, mica, entre outros.
O modelo apresentado anteriormente, no qual as placas do capacitor estão paralelas entre si, notada-
mente, é denominado de capacitor de placas paralelas.
Para que o capacitor possa ter um acúmulo de cargas em suas placas, o mesmo deve ser submetido ao
fornecimento de uma energia, sendo esta energia provida por uma fonte de tensão. O capacitor possui
suas placas incialmente em equilíbrio, ou seja, o número de cargas positivas é igual às cargas negativas.
Quando se conecta seus terminais a uma fonte de tensão, cargas elétricas provenientes da fonte serão
transferidas para as placas do capacitor. Desse modo, todo processo faz com que o lado positivo da fonte
atraia as cargas negativas na placa conectada a seu terminal e acabe por repelir as cargas positivas nesta
placa. O processo inverso ocorre na outra placa. Depois de concluído o processo de transferência de cargas
da fonte para o componente, se o dispositivo for desconectado, nota-se que ele manterá cargas positivas
em uma placa e cargas negativas na outra. Assim, surge no capacitor uma diferença de potencial entre seus
terminais, em geral, com o mesmo valor da tensão da fonte de alimentação.
ELETROTÉCNICA
64

O tempo de carga do dispositivo pode ser controlado mediante o uso de um resistor em série com o ca-
pacitor. Essa disposição permite um controle sobre a transferência de cargas da fonte para o componente,
ou seja, limitando a corrente elétrica.
Como o tempo que o capacitor leva para ser carregado depende do resistor colocado em série com ele,
o processo de carga tem um comportamento conforme a curva a seguir, ou seja, exponencial.

Vc [v]

VF

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


tempo [s]
5RC
Figura 40 -  Tempo de carga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

O tempo necessário para que o capacitor seja carregado totalmente com o valor da tensão da fonte é
igual a cinco vezes o valor do capacitor multiplicado pelo resistor.

Para que o capacitor possa entrar em processo de descarga, é necessário apenas oferecer ao mesmo
um meio para que as placas fiquem em equilíbrio novamente, neste caso, interconectando os próprios
terminais do capacitor.
Durante a descarga do componente, o resistor novamente limitará o tempo que o dispositivo levará
para estar totalmente descarregado. Contudo, a curva é similar ao processo de carga, como apresentado
a seguir.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
65

Vc [v]

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


tempo [s]
5RC
Figura 41 -  Tempo de descarga do capacitor
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

A equação que determina o tempo de descarga é idêntica àquela utilizada para o processo de carga.

Pode-se encontrar variados tipos de capacitores, dentre eles:


a) Capacitores fixos: não permitem que o valor da capacitância seja alterado.

Figura 42 -  (a) Capacitor poliéster (b) Capacitor eletrolítico


Fonte: do Autor (2015)
ELETROTÉCNICA
66

b) Capacitores variáveis: esses capacitores possibilitam o ajuste da capacitância durante seu uso.

Figura 43 -  Capacitor variável


Fonte: do Autor (2015)

Note que uma diversidade de capacitores está disponível para uso e cada um possui uma característica
que lhe enquadra melhor em uma ou outra aplicação.

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
Quando não há um valor de capacitor que possa ser utilizado na aplicação desejada, pode-se fazer uso
da associação de capacitores com o objetivo de encontrar um capacitor equivalente para uso em um cir-
cuito elétrico. Há três tipos de associações possíveis. Veja na sequência.
a) Associação série: na associação série, os capacitores estão conectados de forma serial, tal qual res-
saltado a seguir.
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

A B

C1 C2 C3
Figura 44 -  Associação série de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Nesse tipo de associação, a capacitância equivalente é definida por:


3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
67

b) Associação paralela: na associação paralela, os capacitores estão conectados paralelamente uns


aos outros, como destacado a seguir.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


C1 C2 C3
B
Figura 45 -  Associação paralela de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Nesse tipo de associação, a capacitância equivalente é definida por:

Quando os capacitores estão associados de modo paralelo, note que o valor final da capacitância será
maior que em uma associação série.
c) Associação mista: uma associação mista é caracterizada quando capacitores são associados de
modo paralelo e série.
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

C2
A B
C3
C1
Figura 46 -  Associação mista de capacitores
Fonte: adaptado de Cruz (2014)
ELETROTÉCNICA
68

REATÂNCIA CAPACITIVA
Ao estudar o capacitor, você observou que este componente possui um material isolante entre suas
placas, garantindo assim que as cargas acumuladas em cada placa não passem para a outra placa. Desse
modo, em um circuito elétrico, quando uma fonte de tensão contínua alimenta um capacitor, será observa-
do que idealmente o dispositivo não permitirá que as cargas elétricas, ou seja, a corrente elétrica, consiga
fluir via dielétrico, parecendo-se, então, com uma chave aberta, ou seja, não circulará corrente elétrica pelo
mesmo.
Mas, e se o capacitor fosse alimentado por uma fonte de tensão alternada, o comportamento seria o
mesmo? Se uma fonte de tensão alternada alimenta um capacitor, outro comportamento é observado no
componente: surgirá neste dispositivo uma característica de oposição à passagem da corrente elétrica, ou
seja, algo similar à resistência elétrica. Será notado que o efeito da corrente em uma placa do capacitor apa-
recerá na outra placa. Este comportamento que o capacitor possui, quando é alimentado por uma fonte
de tensão alternada, é denominado de reatância capacitiva, ou seja, a reatância capacitiva é a capacidade
que este componente possui em se opor à passagem da corrente elétrica quando uma corrente elétrica
alternada o atravessa.

A característica de opor-se à corrente elétrica alternada que o capacitor possui


CURIOSI intriga algumas pessoas. Como isto é possível se há um isolante entre as placas do
DADES componente? A resposta está no fato de que a variação da corrente alternada em
uma das placas provoca uma variação das cargas da outra placa do capacitor.

Será que é possível medir qual a intensidade desta oposição que o capacitor apresenta nestas condi-
ções? Sim, é possível. Para determinar a reatância capacitiva, a equação que segue pode ser utilizada.

Onde:
XC: Reatância capacitiva - ohms (Ω);
f: Frequência do sinal aplicado ao capacitor - Hertz(Hz);
C: Capacitância do capacitor - Farad (F);
π: pi.
Por meio dessa equação, pode-se observar que, se a frequência do sinal aumentar, a reatância capa-
citiva diminui, mas se a frequência diminuir, a reatância capacitiva aumenta. Assim, quando a frequên-
cia é muito baixa, a reatância capacitiva se torna muito alta, e se a frequência é zero, o capacitor se parece
com uma chave aberta. Esse comportamento da reatância acaba por provocar uma defasagem angular
entre corrente e tensão no capacitor.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
69

O efeito da defasagem angular pode ser observado na figura seguinte.

Defasagem Angular
90º
Defasagem Angular
90º 0

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


t t

Figura 47 -  (a) Defasagem angular em relação à origem (b) Defasagem angular entre dois sinais
Fonte: adaptado de Wolski (2012)
(a) (b)

a) Defasagem angular: a defasagem angular determina quanto um sinal está deslocado em relação a
sua origem, ou ainda, pode relacionar quanto um sinal está deslocado em relação a outro sinal. Este
deslocamento é determinado em graus.
E a defasagem entre corrente e tensão no capacitor pode ser observada na figura que segue.

90º Corrente
0
Tensão

t
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Figura 48 -  Defasagem angular entre corrente e tensão no capacitor


Fonte: adaptado de Wolski (2012)
ELETROTÉCNICA
70

Quando a fonte alternada alimenta uma carga puramente capacitiva, ou seja, um capacitor, há uma
defasagem angular entre tensão e corrente em 90°, sendo que a corrente elétrica fica adiantada de 90°em
relação à tensão no capacitor.

3.5 INDUTORES

O capacitor é um dispositivo que permite o armazenamento de energia mediante o acúmulo de cargas


elétricas. Todavia, ele não é o único dispositivo que pode armazenar energia, o indutor é um componente
que armazena energia por meio do campo magnético, grandeza física que você estudará posteriormente.
O efeito de armazenar energia por meio do campo magnético é denominado de indutância.

Jirawat Jerdjamrat (2015)

Figura 49 -  Indutor
Fonte: Thinkstock (2015)

A unidade da indutância é dada em Henry (H), e representada pela letra L.


Esse componente é utilizado em uma vasta gama de circuitos, como fonte chaveada, filtro de linha, en-
tre outras aplicações. Basicamente, um fio condutor, quando acomodado em formato de espiral, apresenta
certa indutância. As características construtivas de um indutor podem variar dependendo da aplicação
para qual ele foi concebido, principalmente na questão do tipo de material utilizado em seu núcleo.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
71

A simbologia do indutor pode ser observada a seguir.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


(a) (b)
Figura 50 -  (a) Indutor (b) Indutor com núcleo ferromagnético
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

O valor da indutância de um dispositivo pode ser determinado mediante a equação que segue.

Onde:
L: Indutância (Henry);
VL: tensão induzida entre os terminais do dispositivo (volt);
∆i: variação da corrente (ampère);
∆t: período da variação da corrente (segundos).
A indutância que o dispositivo apresenta é uma relação da tensão induzida entre seus terminais pela
variação da corrente que o atravessa.

3.5.1 FUNCIONAMENTO

O indutor é um dispositivo concebido por algumas espiras, quando essas espiras são submetidas à
passagem de uma corrente elétrica alternada, uma energia de natureza magnética é armazenada entre
os terminais do componente. Essa energia pode ser medida, verificando-se a tensão elétrica entre seus
terminais.
ELETROTÉCNICA
72

O modelo básico de um indutor é um fio condutor enrolado em forma de espiral, conforme apresenta-
do a seguir.

Terminal Terminal

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Fio Enrolado
Figura 51 -  Indutor
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

O objetivo desse componente é o armazenamento de energia para uso posterior. Contudo, diferente do
capacitor, no qual o armazenamento de carga é para o uso em um momento futuro, a energia em um in-
dutor não pode ser armazenada por um período muito longo, pois necessita ser descarregada brevemente
em função desta energia ser produzida por uma variação da corrente que atravessa o dispositivo.

ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES
Quando não há um valor de indutor que possa ser utilizado na aplicação desejada, uma opção seria
associar indutores com o objetivo de encontrar um indutor equivalente para uso em um circuito elétrico.
Há três tipos de associações possíveis. Veja a seguir.
a) Associação série: na associação série, os indutores estão conectados de forma serial, tal qual salien-
tado na sequência.
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

A B
L1 L2 L3
Figura 52 -  Associação série de indutores
Fonte: adaptado de Cruz (2014)
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
73

Nesse tipo de associação, a indutância equivalente é definida por:

b) Associação paralela: na associação paralela, os indutores estão conectados paralelamente uns aos
outros, conforme destacado a seguir.

L1 L2 L3

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


B
Figura 53 -  Associação paralela de indutores
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Nesse tipo de associação, a indutância equivalente é definida por:

1 1 1 1 1
= + + + ⋯+ [𝐻𝐻]
𝐿𝐿𝑒𝑒𝑒𝑒 𝐿𝐿1 𝐿𝐿2 𝐿𝐿3 𝐿𝐿𝑁𝑁
ELETROTÉCNICA
74

c) Associação mista: uma associação mista é caracterizada quando indutores são associados de modo
paralelo e série.

L2

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


A L3 B
L1

Figura 54 -  Associação paralela de indutores


Fonte: adaptado de Cruz (2014)

REATÂNCIA INDUTIVA
O indutor é um dispositivo concebido por algumas espiras, quando essas espiras são submetidas à
passagem de uma corrente elétrica alternada, uma energia de natureza magnética é armazenada entre os
terminais do componente.
Mas, o que ocorre em um indutor quando uma tensão contínua é aplicada nele? Quando uma fonte de
tensão contínua alimenta um indutor, será observado que idealmente o dispositivo não oferece nenhuma
resistência à passagem da corrente elétrica, a não ser a própria resistência presente no condutor que forma
o componente. E quando o indutor é alimentado por uma fonte de tensão alternada, o comportamento
seria o mesmo do capacitor? Se uma fonte de tensão alternada alimenta um indutor, surgirá então nesse
dispositivo também uma característica de oposição à passagem da corrente elétrica, ou seja, algo similar
à resistência elétrica. Esse comportamento que o indutor apresenta quando é alimentado por uma fonte
de tensão alternada é denominado de reatância indutiva, ou seja, a reatância indutiva é a capacidade
que este componente possui em se opor à passagem da corrente elétrica quando uma corrente elétrica
alternada o atravessa.
Para determinar a reatância indutiva, a equação que segue pode ser utilizada.

Onde:
XL: Reatância indutiva - ohms (Ω);
f: Frequência do sinal aplicado ao indutor - Hertz(Hz);
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
75

L: Indutância do indutor - Henry (H);


π: pi.
Por meio dessa equação pode-se observar que, se a frequência do sinal aumentar, a reatância
indutiva aumenta, e se a frequência diminuir, a reatância indutiva diminui. Assim, quando a frequência
é muito alta, a reatância indutiva se torna muito alta, e se a frequência é zero, o indutor se parece com uma
chave fechada.
Tal comportamento da reatância acaba por provocar uma defasagem angular entre corrente e tensão
também no indutor. Essa defasagem pode ser observada na figura seguinte.

90º Corrente
0
Tensão

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Figura 55 -  Defasagem angular entre corrente e tensão no indutor


Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Quando a fonte alternada alimenta uma carga puramente indutiva, ou seja, um indutor, há uma defa-
sagem angular entre tensão e corrente em 90°, sendo que a corrente elétrica fica atrasada de 90°em
relação à tensão no indutor.

3.6 FATOR DE POTÊNCIA

Quando uma fonte de tensão alternada alimenta uma carga, dependendo do tipo de carga, apenas
uma parcela da energia fornecida a ela é aproveitada, sendo essa energia transformada em trabalho. Como
as cargas em um sistema podem ser do tipo resistiva ou reativa, e as reativas podem ser do tipo capacitiva
ou indutiva, então:
ELETROTÉCNICA
76

a) Carga resistiva: neste tipo de carga observa-se que a corrente e a tensão não apresentam qualquer
defasagem angular, ou seja, as duas grandezas estão em fase.

Tensão
Corrente

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Figura 56 -  Corrente e tensão em fase na carga resistiva
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

b) Carga reativa capacitiva: neste tipo de carga observa-se que há uma defasagem entre corrente e
tensão. Como é uma carga capacitiva, a corrente está adiantada em relação à tensão em 90°.

Tensão
Corrente

t
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Figura 57 -  Corrente adiantada em relação à tensão na carga capacitiva

Fonte: adaptado de Wolski (2012)


3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
77

c) Carga reativa indutiva: neste tipo de carga observa-se que há uma defasagem entre corrente e
tensão. Como é uma carga indutiva, a corrente está atrasada em relação à tensão em 90°.

Tensão
Corrente

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Figura 58 -  Corrente adiantada em relação à tensão na carga capacitiva
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

O ângulo de defasagem que existe entre tensão e corrente, mediante a carga presente, pode variar
entre 0° e 90°. Se a carga for puramente resistiva, esta defasagem será 0°, mas se a carga for puramente
reativa o ângulo será de 90°. No entanto, quando a carga é composta por uma parcela resistiva e outra
reativa, o ângulo de defasagem pode estar dentre o valor 0° e 90°. Essa composição de carga resistiva e
reativa determina o quanto a energia fornecida pela fonte é aproveitada, e a medida do aproveitamento
da energia fornecida a uma carga é definida como fator de potência. Assim, o fator de potência de um
sistema mostra como aquela potência consumida por ele é aproveitada.
Quando o fator de potência é analisado em um sistema, basicamente três tipos de potência podem ser
observados:
a) Potência ativa (P): refere-se à potência aproveitada para efetuar trabalho. Este tipo de potência é
medido em watts (W);
b) Potência reativa (Q): refere-se à potência que não realizou qualquer trabalho. Este tipo de potência
é medido em volt-ampère reativo (VAr).
c) Potência aparente (S): refere-se à potência total que a carga consome. Este tipo de potência é uma
soma complexa da potência ativa com a potência reativa, não sendo possível somá-las diretamente.
Ela é medida em volt-ampère (VA).
O fator de potência de um sistema pode então ser definido como a relação entre a potência ativa do
mesmo, com a potência aparente.
ELETROTÉCNICA
78

É importante notar que o fator de potência não possui uma unidade, ele é adimensional, podendo estar
compreendido entre 0 e 1.
Assim, quando o fator de potência é igual a 1, ocorre o máximo aproveitamento da potência consumida
pela carga; do contrário, quando ele apresenta um valor inferior a 1, uma parcela desta energia não está
sendo aproveitada de forma adequada. Veja o exemplo.
Para determinar o fator de potência de um sistema onde P=8KW e S=10KVA, a solução é: mediante o uso
da equação que define o fato de potência, então:

Nesse exemplo, o fator de potência não é igual a 1, ou seja, uma parcela desta potência total consumida
não está sendo aproveitada. Para melhorar o sistema quanto ao consumo de potência, utiliza-se a técnica
da correção do fator de potência, que tem o objetivo de aproximar o valor do fator de potência a 1.
Corrigir o fator de potência significa fazer com que a corrente e a tensão fiquem em fase. Quando o
fator de potência é inferior a 1 graças a uma carga indutiva, utiliza-se capacitores para corrigir o fator de
potência. Contudo, quando é inferior a 1 devido a uma carga capacitiva, utiliza-se indutores para corrigi-lo.

CASOS E RELATOS

Determinando o Fator de Potência


Henrique, um aluno do último ano do curso técnico em eletrotécnica, em seu primeiro dia de
estágio na empresa de seu amigo Vitor, foi requisitado para determinar o fator de potência de uma
máquina elétrica. Vitor forneceu a Henrique as informações de potência aparente do sistema, bem
como a informação de potência ativa. Henrique mediante à equação do fator de potência efetuou
os devidos cálculos e passou a Vitor o valor encontrado para o fator de potência daquela máquina.
Vitor rapidamente elogiou o rapaz por sua agilidade e pleno conhecimento no assunto, e fez outro
questionamento a ele, perguntando como deveria ser o procedimento para melhorar o fator de
potência daquela máquina. Henrique, como estava seguro de sua reposta, disse ao amigo que
como aquela máquina era, em sua essência, composta por uma carga indutiva, a solução para
melhorar o fator de potência da mesma seria utilizar capacitores.
Vitor ficou muito satisfeito com a resposta de Henrique e decidiu que no final daquele mês de
trabalho ele diria a Henrique que, se continuasse tão eficiente durante os próximos dois meses, ao
final do terceiro mês passaria de estagiário para funcionário celetista.
3 CIRCUITOS ELÉTRICOS
79

Conheça, na sequência, a potência em corrente alternada.

3.7 POTÊNCIA EM CORRENTE ALTERNADA

Você viu que, dependendo do tipo de carga que uma fonte alternada está alimentando, uma defasa-
gem aparece entre tensão e corrente. A composição da carga, ou seja, se ela é resistiva ou reativa (indutiva
ou capacitiva), determinará o aproveitamento da energia fornecida pela fonte, e que este aproveitamento
é dimensionado pelo fator de potência que o sistema apresenta.
Basicamente, três potências estão envolvidas em um sistema com alimentação alternada, conforme
visto anteriormente: potência ativa, potência reativa e potência aparente.
A relação entre essas potências pode ser descrita, de acordo com a figura a seguir.

Aparente
Reativa

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Ativa
Figura 59 -  Triângulo de potências
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Nesse modelo, que representa um triângulo retângulo, pode-se relacionar as três potências, conforme
a equação a seguir.

O ângulo entre S e P determina o ângulo de defasagem entre tensão e corrente causado pela carga
reativa presente no sistema.
ELETROTÉCNICA
80

S
Q

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


φ

P
Figura 60 -  Triângulo de potências
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Desse modo, pode-se determinar esta defasagem encontrando-se este ângulo e, para isso, utiliza-se a
seguinte relação.

Então, o valor encontrado nessa equação anterior é exatamente o valor do fator de potência estudado
anteriormente.

Entretanto, se for determinado o arco cosseno deste valor, determina-se então a defasagem entre ten-
são e corrente em um sistema alimentado com fonte alternada e carga reativa presente. Veja o exemplo:
Encontre o ângulo de defasagem entre tensão e corrente em um sistema que possui fator de potência
igual a 0,8.
Solução: Como o FP=0,8, então se calcula o arco cosseno deste valor para determinar o ângulo de de-
fasagem.

Obtendo-se qualquer uma das três potências e o ângulo de defasagem entre tensão e corrente, pode-se
determinar qualquer das outras potências do sistema.
RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os principais componentes formadores de um circuito elétrico, sendo
a fonte de alimentação, os condutores e as cargas. Uma fonte de alimentação é o dispositivo que
provê ao circuito uma diferença de potencial, de modo que seja possível circular uma corrente elé-
trica por ele. Todavia, para permitir uma conexão entre fonte de alimentação e carga são utilizados
os condutores, materiais responsáveis em guiar os elétrons da fonte até a carga. A carga, neste
contexto, refere-se ao conjunto de componentes que absorvem a energia fornecida pela fonte de
tensão.
Resistores são componentes eletrônicos que possuem como principal característica oposição à
passagem da corrente elétrica, ou seja, a resistência. Já os capacitores, são dispositivos eletrônicos
que permitem o armazenamento de energia, de modo que esta energia possa ser utilizada poste-
riormente no circuito. Os indutores são dispositivos que possibilitam armazenar energia mediante
o campo magnético.
O fator de potência refere-se ao modo como a energia fornecida pela fonte é aproveitada pela
carga. Quando o fator de potência é igual a 1, tem-se o máximo de aproveitamento.
No próximo capítulo, você conhecerá os princípios do eletromagnetismo.
Principios do Eletromagnetismo

Quando se iniciaram os estudos relacionados à eletricidade, as pessoas não compreendiam


ao certo os fenômenos que fazem parte desta ciência. Até a compreensão de seus efeitos, mui-
tos questionamentos foram feitos a seu respeito. No entanto, a eletricidade não foi o único
fenômeno que deixou lacunas na cabeça dos estudiosos.
O comportamento que alguns materiais apresentavam na presença de outros também era
algo sobre o qual não se tinha respostas. Tais materiais, quando colocados nas proximidades de
outro, eram submetidos a uma força atrativa ou repulsiva. Esse fenômeno pode ser encontrado
em alguns compostos naturais, ou ainda ser estimulado por meio de processos, os quais serão
estudados neste capítulo.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) compreender os princípios básicos que regem o eletromagnetismo;
b) identificar o princípio funcional de algumas máquinas elétricas.
ELETROTÉCNICA
84

4.1 MAGNETISMO

Há muito tempo, quando o efeito do magnetismo foi observado, notou-se que certos materiais quando
colocados próximos de outros eram submetidos a uma força atrativa ou repulsiva. Esse comportamento
não explicado até aquele momento motivou a busca por esclarecimentos a seu respeito. Mais tarde, foi
evidenciado que, o efeito era originado por uma energia que esses corpos carregavam. Segundo Halliday
(2009), esses materiais eram conhecidos como magnetitas, nome que deu origem então ao que é deno-
minado de magnetismo. O magnetismo pode ser entendido como uma força de atração ou repulsão que
age entre alguns corpos.
Algumas pedras possuem um magnetismo intrínseco, o que as faz atrair ou repelir alguns materiais.
Contudo, outros corpos, quando submetidos a um processo que se chama magnetização, passam a as-
sumir uma energia idêntica à encontrada na magnetita, o magnetismo. Quando este comportamento é
observado, denomina-se esses corpos de Ímãs Permanentes. Um ímã é um material que, de forma perma-
nente, apresenta uma energia de natureza magnética, sendo que esta é capaz de realizar uma força sobre
alguns objetos quando são submetidos a sua proximidade. Existe, aqui, uma força atrativa de um objeto
em relação ao outro. A energia magnética que um corpo possui em suas extremidades é denominada de
campo magnético.

Linhas do campo magnético


Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

N S

Figura 61 -  Linhas de campo magnético


Fonte: adaptado de Cruz (2014)

De acordo com Malvino (1997), o comportamento deste campo magnético pode ser descrito por meio
de suas linhas de campo, que sugerem a região em que o magnetismo está presente, bem como o com-
portamento que possui em torno do material. Uma barra de material provido de magnetismo apresenta
a direção de suas linhas do campo magnético, conforme sugere a figura “Linhas de campo magnético”,
interligando as extremidades da barra.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
85

As linhas de campo magnético possuem um caminho de tal modo que saem de uma das extremidades
da barra, designada de norte, e entram na extremidade oposta, denominada de sul.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


N S

Figura 62 -  Direção das linhas de campo magnético


Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Um ímã possui em suas extremidades um polo norte e outro polo sul. Entretanto,
CURIOSI quando um ímã é cortado ao meio, os polos não se separam, ou seja, em cada
DADES pedaço do ímã cortado, surge novamente um polo norte e outro polo sul. Portanto,
não é possível separar os polos de um ímã.

As linhas de campo não se tocam e não se cruzam. Desse modo, nota-se que este efeito conduz ao
surgimento de uma força de natureza magnética. Tal força pode ser de atração entre os materiais, ou de
repulsão, como salientado na figura a seguir.
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Repulsão Atração
N N N S

(a) (b)
Figura 63 -  Força magnética
Fonte: adaptado de Cruz (2014)

Todavia, o efeito físico do campo magnético não é algo exclusivo de pedras como a magnetita; este
fenômeno também é observado em condutores quando são submetidos a uma corrente elétrica.
ELETROTÉCNICA
86

Quando se produz um fluxo de elétrons por meio de um material, nota-se o surgimento de um campo
magnético, o qual possui suas linhas concêntricas ao condutor, conforme a figura que segue.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Linhas de
Campo Magnético

Figura 64 -  Vista superior do condutor


Fonte: adaptado de Cruz (2014)

A figura anterior apresenta um condutor submetido a uma corrente elétrica. O condutor encontra-se no
centro da figura, enquanto as linhas de campo produzidas pela corrente circundam o condutor.
Já, quando as cargas elétricas estão se movimentando dentro do condutor, há o surgimento de um
campo magnético em torno deste material. Então, será que existe um comportamento padrão das linhas
de campo quando este efeito ocorre?
Em uma análise mais detalhada, quando se observa o material de forma transversal, percebe-se que a
direção da rotação das linhas de campo depende da direção da corrente elétrica no condutor.

Corrente saindo Corrente entrando


Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

(a) (b)
Figura 65 -  (a) Linhas de campo no sentido anti-horário (b) Linhas de campo no sentido horário
Fonte: adaptado de Wolski (2007)
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
87

Na figura anterior, em (a), a corrente está saindo no plano da folha, produzindo um campo magnético
girando no sentido anti-horário; enquanto em (b), a corrente está entrando no plano da folha e, em conse-
quência, neste segundo caso, as linhas de campo magnético estão girando no sentido horário.
Mas, será que é possível determinar a intensidade do campo magnético criado por uma corrente elétri-
ca que atravessa um condutor? De acordo com Malvino (1997), quando um campo magnético é criado em
torno de um condutor, a intensidade da linha de campo a uma distância do condutor pode ser verificada
por meio da seguinte equação.

Onde:
B: Indução magnética - Tesla (T);
u: Permeabilidade magnética do meio – Henry/metro (H/m);
I: Intensidade da corrente elétrica - ampère (A);
π: Constante pi;
R: Distância do ponto de análise até o condutor - metros (m).
Note que, quanto maior a distância do ponto de análise até o condutor, menor será a intensidade da
linha de campo.
Não obstante, no caso de um condutor retilíneo ser acomodado como uma sequência de espiras, como
mostra a figura que segue, as linhas de campo descreverão outro caminho.
Matheus Felipe Goedert (2015)

Figura 66 -  Linhas de campo em uma bobina


Fonte: adaptado de Wolski (2007)
ELETROTÉCNICA
88

Com a configuração apresentada na figura “Linhas de campo em um bobina”, o modo como o condutor
foi submetido forma uma geometria denominada de bobina. Em tal condição, as linhas de campo são mais
próximas umas das outras no centro da bobina do que fora dela. Nota-se, então, que o campo magnético
nesta topologia é mais intenso dentro da estrutura.
No entanto, quando uma bobina é formada, de modo que seu comprimento seja longo, esta formação
é denominada de solenoide. Assim como na bobina, quando uma corrente elétrica atravessa o solenoide,
dentro dele surgirá um campo magnético com determinada intensidade, que dependerá da quantidade
de espiras que o conjunto possui, do material que compõe o núcleo do dispositivo e da intensidade da
corrente que o atravessa.
O solenoide é utilizado em diversas aplicações, como eletrodomésticos, circuitos eletrônicos, entre ou-
tras. Em geral, utiliza-se no solenoide um núcleo móvel, de modo que este possa ser atraído quando um
campo magnético é criado dentro do solenoide.

4.2 APLICAÇÕES DO ELETROMAGNETISMO

Os conceitos magnéticos estudados até aqui possuem inúmeras aplicações, algumas delas podem ser
observadas todos os dias, como o motor elétrico: uma máquina que tem seu princípio funcional condicio-
nado ao eletromagnetismo; ou, o transformador, que tem como princípio básico os efeitos apresentados
pelas linhas de campo, já vistas neste capítulo.
Conheça algumas dessas aplicações a seguir.

4.2.1 TRANSFORMADOR

Os mecanismos que permitem o funcionamento do transformador estão condicionados ao comporta-


mento das linhas de campo. Uma corrente elétrica em um condutor é capaz de criar um campo magnético;
porém, será que o oposto pode ser obtido, ou seja, um campo magnético gerar uma corrente elétrica? Sim,
é possível. Para que um campo magnético possa produzir uma corrente elétrica em um condutor, é neces-
sário que este campo tenha uma variação em relação ao condutor.
Com o intuito de compreender o fenômeno do surgimento de uma corrente elétrica em função da va-
riação do campo magnético, imagine um ímã sendo movimentado. Se for colocado um anel em formato de
espira no espaço próximo a este movimento, será observado que o movimento do campo magnético em
relação à espira é capaz de produzir nela uma corrente elétrica. Assim, quando uma corrente é produzida
por um campo magnético mediante este processo, determina-se que a corrente elétrica foi induzida por
tal campo e, no caso, a direção de movimento dos elétrons no condutor dependerá do sentido de movi-
mento do campo.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
89

Desta feita, pode-se concluir que:


a) corrente elétrica cria campo magnético;
b) campo magnético variável induz corrente elétrica.

Quando um condutor está sendo atravessado por uma corrente elétrica constante,
este efeito é capaz de fazer surgir no condutor um campo magnético. Contudo,
se outro condutor for fixado próximo a este primeiro, uma corrente elétrica não
FIQUE será induzida no segundo. Para que haja indução de corrente, devido ao campo
ALERTA magnético, é necessário que ocorra uma variação deste campo magnético e o
condutor que será induzido. No caso em questão, a corrente que está atravessando
o condutor precisará apresentar uma variação de sua intensidade à medida que o
tempo passa.

Esse efeito da indução de uma corrente elétrica é o que possibilita o funcionamento do transformador.
Um transformador é um dispositivo que tem como finalidade elevar ou diminuir o nível de tensão de uma
rede elétrica.

Enrolamento Enrolamento Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Primário Secundário

Núcleo
Figura 67 -  Transformador
Fonte: adaptado de Prazeres (2010)

O transformador basicamente é composto por:


a) Enrolamento primário: bobina que, ao ser percorrida por uma corrente elétrica alternada, criará um
campo magnético variável dentro dela;
b) Núcleo: material que possibilita concentrar as linhas de campo magnético criadas pelo enrolamento
primário e guiá-las até o enrolamento secundário;
ELETROTÉCNICA
90

Enrolamento secundário: bobina que produzirá uma tensão elétrica também alternada entre seus ter-
minais, quando o campo magnético guiado pelo núcleo atravessá-la.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Carga

Figura 68 -  Operação do transformador


Fonte: adaptado de Prazeres (2010)

Conforme palavras de Fitzgerald et al. (1975), a corrente produzida pela fonte de tensão sobre o enrola-
mento primário criará linhas de campo magnético que serão acopladas ao núcleo do dispositivo. As linhas
serão, então, conduzidas pelo núcleo até encontrar o enrolamento secundário. Ao atravessar o núcleo, as
linhas variáveis do campo magnético produzirão uma tensão elétrica também alternada aos terminais do
enrolamento secundário, de modo que essa tensão tenha a capacidade de produzir uma corrente por in-
termédio da carga conectada à bobina secundária do transformador.
A tensão elétrica aplicada sobre o enrolamento primário poderá ser elevada ou reduzida no enrolamen-
to secundário. A intensidade dessa grandeza dependerá da quantidade de espiras que compõem o enro-
lamento primário e secundário. Desse modo, pode-se determinar seu valor mediante a equação seguinte.

Onde:
V1: Tensão elétrica sobre o enrolamento primário - volt (V);
V2: Tensão elétrica sobre o enrolamento secundário - volt (V);
N1: Número de espiras do enrolamento primário;
N2: Número de espiras do enrolamento secundário.
Pode-se ainda relacionar a quantidade de espiras de cada enrolamento com a corrente que o atravessa.
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
91

Onde:
I1: Corrente elétrica no enrolamento primário - volt (V);
I2: Corrente elétrica no enrolamento secundário - volt (V).

SAIBA Para saber mais a respeito de transformadores, consulte o capítulo 13 do livro


MAIS Máquinas Elétricas e Transformadores de Kosow, publicado em 1996.

4.2.2 MOTOR ELÉTRICO

De acordo com Kosow (1996), o motor elétrico é um equipamento que, quando ocorre tensão elétrica
aplicada aos seus terminais de entrada, converte esta energia, de natureza elétrica, em energia mecânica,
que é o movimento de seu eixo denominado como rotor.
As aplicações dos motores são inúmeras: na indústria para o funcionamento das máquinas em geral,
nos edifícios para a movimentação dos elevadores, entre outras utilizações.
Podsolnukh (2015)

Figura 69 -  Motor elétrico


Fonte: Thinkstock (2015)

O motor de indução, também denominado de motor assíncrono, é um dos mais utilizados na indústria,
pois associa robustez e baixo custo. Este tipo de motor é utilizado em rede elétrica alternada, sendo com-
posto basicamente pelos componentes listados a seguir.
ELETROTÉCNICA
92

a) Carcaça: é a estrutura externa que, em geral, sustenta o motor de indução.

Yury Minaev (2015)


Figura 70 -  Carcaça motor elétrico
Fonte: Thinkstock (2015)

b) Estator: é a parte fixa do motor assíncrono, que fica acoplada à carcaça.


Oleksandr Kostiuchenko (2015)

Figura 71 -  Exemplo de estator de motor elétrico


Fonte: Thinkstock (2015)

c) Rotor: é a parte móvel que compõe o motor.


Petar Ishmeriev (2015)

Figura 72 -  Exemplo de rotor de motor elétrico


Fonte: Thinkstock (2015)
4 PRINCIPIOS DO ELETROMAGNETISMO
93

O princípio básico de funcionamento do motor é aplicar uma tensão alternada nos seus terminais de
entrada, ou seja, o estator. Este, por sua vez, criará um campo magnético internamente ao dispositivo, que
possibilitará o movimento do rotor, seu eixo central.

4.2.3 RELÉ

O relé é um dispositivo composto por uma bobina, que possui uma parte móvel em seu núcleo. Quan-
do uma corrente atravessa a bobina, esta parte móvel movimenta-se devido ao surgimento de um campo
magnético dentro da bobina. Em geral, é dito que o relé é um dispositivo eletromecânico, porque, por meio
de uma corrente elétrica percorrendo o dispositivo, é possível movimentar um eixo mecânico central. Este
eixo móvel pode ser capaz de abrir ou fechar um contato mecânico.

Dispositivo de fechamento

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

Figura 73 -  Detalhe de dispositivo de fechamento de bobina


Fonte: Thinkstock (2015)

Na figura “Detalhe de dispositivo de fechamento de bobina”, note que há uma parte móvel interna a
bobina, sendo possível por intermédio dela, abrir ou fechar um contato mecânico.
ELETROTÉCNICA
94

CASOS E RELATOS

Utilizando um Transformador
Joana, uma mulher de 26 anos, comprou um liquidificador em uma loja próxima de sua casa. Ao
ligar o eletrodoméstico em sua residência, observou que o equipamento foi danificado. Levou,
então, o liquidificador a uma assistência técnica para o técnico verificar o defeito ocorrido. Foi veri-
ficado que o problema era a ligação na tensão errada. O eletrodoméstico era preparado para 110V
eficaz, porém, a tensão da rede elétrica na casa de Joana é 220V eficaz, o que o levou a queima.
O técnico solucionou o problema e informou à Joana que ela adquirisse um transformador. Joana
perguntou ao técnico o motivo pelo qual ela deveria comprar este equipamento. O técnico respon-
deu que o transformador é um dispositivo que consegue elevar ou diminuir o nível de tensão de
uma rede elétrica, e que neste caso ele seria utilizado com objetivo de reduzir a tensão de sua rede
elétrica de 220V eficaz para 110V eficaz, de modo que fosse possível ligar o liquidificador em sua
casa.
Joana adquiriu o transformador, de acordo com orientação do técnico, e não teve mais problemas
ao usar seu liquidificador.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os conceitos e características do campo magnético, bem como o
comportamento do campo magnético quando criado por uma corrente elétrica. Quando uma cor-
rente é submetida a um condutor, linhas de campo concêntricas surgirão em torno do condutor.
No entanto, se o condutor for moldado em forma de algumas espiras, surgirá um campo magné-
tico mais intenso no interior desta topologia, quando comparado com sua região externa.
A grandeza de campo magnético tem algumas utilidades em dispositivos elétricos. O transfor-
mador, por exemplo, é um equipamento que opera com base no comportamento das linhas de
campo. O motor elétrico é outro dispositivo largamente utilizado, e que seu princípio funcional
está condicionado ao campo magnético.
Instrumentos de Medida

Na concepção de um circuito eletrônico, a determinação das grandezas elétricas é vital para


que se possa dimensionar corretamente todos os componentes a serem utilizados. Todavia,
quando em funcionamento, é essencial que se possa verificar o valor da intensidade dessas
grandezas, uma vez que desta forma é possível identificar um eventual erro funcional, bem
como a solução do mesmo.
Neste capítulo, você estudará os instrumentos utilizados a fim de realizar uma medida de
tensão, corrente, resistência e potência elétrica. Ao finalizar seus estudos neste capítulo você
estará apto a:
a) utilizar os instrumentos básicos de medidas de elétricas;
b) dimensionar e selecionar as escalas de medidas corretamente.
ELETROTÉCNICA
98

5.1 TIPOS DE INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Na medida de grandezas elétricas, se utiliza instrumentos dedicados com esse fim. Os instrumentos
são do tipo analógico ou digital. É mais comum o uso de equipamentos digitais, uma vez que o uso desses
dispositivos se expandiu vertiginosamente e o custo tornou-se mais acessível, somado à facilidade para
interpretação de grandezas.

Janka Dharmasena (2015)


Figura 74 -  Instrumento de medida analógico
Fonte: Thinkstock (2015)

Os instrumentos analógicos possuem um ponteiro que determina a intensidade da grandeza que está
sendo medida.
Veremeev (2015)

Figura 75 -  Instrumento de medida digital


Fonte: Thinkstock (2015)

Já os instrumentos digitais dispõem de um visor numérico que apresenta o valor da grandeza medida.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
99

5.1.1 AMPERÍMETRO

É um instrumento que se destina à medida de corrente elétrica. Ele deve ser alocado no circuito de
modo que fique em série com a carga na qual se deseja identificar a intensidade da corrente elétrica, pois
em um circuito série a corrente é a mesma.

Amperímetro
R R
A

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


VF
Figura 76 -  Medindo corrente
Fonte: adaptado de Halliday (2009)

Algo importante que deve ser observado é que, para o equipamento não interferir na medida em que
está sendo realizada, sua resistência interna deve ser a menor possível. A resistência interna de um am-
perímetro ideal é igual a zero.

FIQUE Quando um amperímetro é utilizado com objetivo de medir corrente elétrica, é


ALERTA necessário abrir o circuito de maneira a inserir o instrumento de medida.
ELETROTÉCNICA
100

5.1.2 VOLTÍMETRO

O voltímetro é o instrumento utilizado com a função de medir tensão elétrica. Esse equipamento deve
ser alocado em paralelo com a carga na qual se deseja identificar a intensidade da tensão elétrica, uma vez
que em um circuito paralelo a tensão é a mesma.

Voltímetro

R R

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


+ -
VF
Figura 77 -  Medindo tensão
Fonte: adaptado de Halliday (2009)

Para que o equipamento não interfira na medida, que está sendo realizada, sua resistência interna
deve ser alta.

SAIBA Com o intuito de saber mais a respeito do amperímetro e do voltímetro, consulte o


capítulo 27 do livro Fundamentos de Física - volume 3, de David Halliday, publicado
MAIS em 2009.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
101

5.1.3 OHMÍMETRO

Com o ohmímetro é possível medir o valor da resistência elétrica. Para se efetuar a leitura desta grande-
za, o equipamento deve ser alocado em paralelo com a resistência que se deseja medir.

Bernarda Sv (2015)
Figura 78 -  Mediando resistência
Fonte: Thinkstock (2015)

É importante observar que, este instrumento foi concebido com vistas a medir a resistência elétrica,
assim ele não pode ser utilizado em medidas quando a resistência estiver ligada a uma fonte de tensão,
sendo necessário desligar o circuito em funcionamento e retirar a resistência do mesmo para efetuar a
medida, do contrário o equipamento será danificado.

5.1.4 MULTÍMETRO

O multímetro foi concebido para evitar que sejam utilizados diversos instrumentos no momento de
verificar diferentes grandezas elétricas. Esse equipamento possibilita realizar a leitura de tensão, corrente,
resistência, entre outras medidas elétricas.
Sergoua (2015)

Figura 79 -  Multímetro digital


Fonte: Thinkstock (2015)
ELETROTÉCNICA
102

O multímetro dispõe de um seletor, com o objetivo de configurar o instrumento de forma a funcionar


como leitor da grandeza desejada. O modo como o equipamento é alocado no circuito deve seguir cada
topologia estudada anteriormente para a medida da grandeza elétrica, da seguinte forma:
a) para medir corrente, o multímetro deve ser colocado em série;
b) para ler tensão, ele deve ser alocado em paralelo;
c) para medir resistência, ele deve ser colocado em paralelo com o componente.
Esse instrumento é muito útil, porque permite, com um único equipamento, realizar a medida de dife-
rentes grandezas elétricas.

Dependendo do tipo de multímetro pode-se realizar outras medidas que não sejam
CURIOSI apenas tensão, corrente e resistência elétrica. Alguns podem oferecer a medida
DADES de capacitância, continuidade entre os extremos de um condutor, entre outras
possibilidades. No entanto, essas facilidades dependem do multímetro utilizado.

5.1.5 CAPACÍMETRO

Esse equipamento mede o valor da capacitância. Para utilizá-lo na medida, deve-se alocá-lo em paralelo
com a capacitância que se deseja medir.
Igualmente ao ohmímetro, o capacímetro não pode ser utilizado em medidas quando a capacitância
estiver ligada a uma fonte de tensão. Também, quando utilizar um capacímetro, deve ser retirada a capaci-
tância do circuito antes de efetuar sua medida, de maneira que os demais componentes não comprome-
tam o valor correto a ser lido.
5 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
103

WATTÍMETRO
O wattímetro mede a grandeza da potência elétrica ativa de um sistema. Para efetuar essa leitura, o
instrumento obtém a medida de tensão e corrente, e então determina a grandeza da potência.

wattímetro
R
W

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


+
VF
-
Figura 80 -  Medindo resistência
Fonte: adaptado de Wolski (2012)

Duas entradas são dispostas no equipamento, uma para efetuar a leitura da tensão e outra a leitura da
corrente.

5.1.6 FASÍMETRO

O fasímetro é um instrumento de medida com a função de verificar o fator de potência. Em geral, o fasí-
metro verifica a relação entre a potência ativa e a potência aparente do sistema.

5.1.7 INSULATION TESTER

Muitos equipamentos, quando em uso durante um longo período, apresentam deficiências funcionais
podendo ser ocasionadas por uma baixa isolação nas partes da máquina. Para evitar problemas funcionais
devido à isolação em muitos equipamentos, a medida de isolação em algumas partes pode se fazer neces-
sária. Um exemplo clássico é a aplicação em motores elétricos.
A leitura de isolação deve ser feita com o uso do insulation tester, equipamento dedicado à medida de
isolamento.
ELETROTÉCNICA
104

CASOS E RELATOS

Utilizando corretamente o instrumento de medida


Eduardo, um aluno novo no curso técnico em eletrotécnica, entusiasmado com os conceitos que
acabara de conhecer, adquiriu um multímetro para uso próprio. Em função da pouca experiên-
cia que ainda possuía, configurou o equipamento para medir corrente elétrica e colocou o instru-
mento em uma tomada da rede elétrica de sua residência. Contudo, este ato fez o multímetro ser
danificado imediatamente, dando um belo susto em Eduardo.
Eduardo, então, questionou seu professor sobre o ocorrido; o mesmo alertou o aluno de que ele
havia cometido um grande erro, e que ele ainda poderia ter se machucado, pois o equipamento,
quando configurado para extrair a medida de corrente elétrica, possui uma resistência interna
quase zero. Com isso, ao ajustá-lo para medir corrente e colocá-lo na tomada, ele provocou um
curto-circuito na tomada em questão.
Preocupado com a atitude do aluno, o professor orientou-o de que, na dúvida sobre a manipulação
de qualquer instrumento, deve-se procurar um profissional experiente.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você conheceu os instrumentos básicos de medida. Um equipamento de medida


é fundamental na verificação das grandezas após a implementação de um projeto, bem como na
busca e solução de um erro funcional no mesmo. Dentre os instrumentos básicos destacam-se o
Ohmímetro, que é utilizado na medição de resistência elétrica; o voltímetro, empregado na me-
dida de tensão elétrica; e o amperímetro, cujo encargo é medir a corrente elétrica.
O uso correto de cada instrumento é muito importante tanto para evitar que ocorra uma medida
errada quanto para que o instrumento não seja danificado.
O multímetro é um equipamento de medida que permite a realização de diferentes grandezas
elétricas, desde que seja configurado corretamente para realizar a medida desejada.
Rede Elétrica

Neste capítulo, você estudará as redes elétricas, como as redes monofásica e trifásica, ten-
são de linha e de fase, bem como as demais características da rede elétrica.
Para ser possível o uso de equipamentos eletrônicos, faz-se necessário que a energia elé-
trica disponibilizada nas residências apresente valores adequados aos dispositivos. A entrega
dessa energia, após sua geração, é realizada transportando-a por meio dos condutores da rede
de energia elétrica, e disponibilizando-a a indústrias, comércios e residências.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar as principais características das redes e ramais elétricos;
b) identificar os principais tipos de ligações elétricas aplicadas às redes trifásicas;
c) calcular tensões e correntes de fase e linha para redes trifásicas.
ELETROTÉCNICA
108

6.1 TIPOS DE REDES ELÉTRICAS

Entre as geradoras de energia elétrica e seus pontos consumidores estão as subestações, responsáveis
por adequar o nível da tensão elétrica mediante o uso de transformadores. As redes de baixa tensão são
as responsáveis por oferecer a energia aos pontos consumidores por meio dos ramais de ligação. Após os
ramais de ligação encontram-se os ramais de entrada, que compreendem os fios e acessórios de responsa-
bilidade do consumidor. E, por fim, o ramal interno da unidade consumidora, que é composto pelos fios e
acessórios internos a unidade consumidora.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Alta Tensão Baixa Tensão Residências

Figura 81 -  Rede Elétrica


Fonte: adaptado de Prazeres (2010)

Para possibilitar a transmissão de energia das geradoras até as residências são utilizados condutores
elétricos, que transportam uma tensão alternada. Cada condutor responsável por esta transmissão é de-
nominado de fase. Dependendo da quantidade de condutores fase que a rede possui, ela receberá uma
denominação para facilitar sua a identificação.
As redes que possuem apenas um condutor fase são chamadas de redes monofásicas. Aquelas que
apresentam duas fases em sua composição são denominadas de redes bifásicas. Já as que são formadas
por três condutores fase são redes trifásicas. As redes trifásicas são muito utilizadas na indústria e na dis-
tribuição de energia por apresentarem algumas vantagens em relação às redes monofásicas.
De acordo com Prazeres (2010), a energia gerada nas usinas e transportada via condutores da rede elé-
trica até as residências não apresenta os valores adequados nos quais os dispositivos (equipamentos do-
mésticos) estão aptos a operar. Com intuito de possibilitar a adequação dos níveis de tensão provenientes
das geradoras, o uso de transformadores se faz necessário, visto que estes possuem a finalidade de abaixar
(reduzir) o nível de tensão da rede de alta tensão, de modo a prover, para as residências, valores adequados
aos níveis funcionais dos equipamentos.
6 REDE ELÉTRICA
109

6.1.1 REDE TRIFÁSICA

A principal característica de uma rede trifásica está no fato dela possuir três condutores do tipo fase e
um condutor neutro, sendo que cada condutor fase pode apresentar uma tensão de 127V ou 220V eficaz,
e a frequência do sinal em cada fase da rede pode ser de 50Hz ou 60Hz. Em geral, no Brasil a frequência é
60Hz.

R (fase)
220V

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


220V S (fase)
127V 220V
127V T (fase)
127V
N (neutro)

Figura 82 -  Rede Trifásica


Fonte: adaptado de Kosow (1996)

Algumas informações a respeito da rede trifásica podem ser obtidas na figura “Rede trifásica”. Como
aqui, a tensão presente em cada condutor é de 127V, verifica-se que a tensão entre o condutor neutro e
qualquer uma das três fases é 127V. Tal tipo de medida de tensão entre o neutro e uma fase da rede é deno-
minado de tensão de fase. A corrente que atravessa esta fase é chamada de corrente de fase. No entanto,
quando a medida de tensão é realizada entre dois condutores fase, denomina-se este tipo de medida de
tensão de linha e a corrente que atravessa a linha é chamada de corrente de linha. No exemplo da figura
“Rede trifásica”, como a tensão em cada fase é 127V, em uma medida entre dois condutores fase (tensão de
linha), o valor obtido é 220V, conforme será estudo mais adiante.

Quando se realiza a medida de tensão em uma rede elétrica deve-se estar atento
à característica da medida realizada. Ao utilizar um multímetro para ler a tensão
FIQUE em uma rede, observe que o valor da tensão é do tipo eficaz, sendo o valor de pico
ALERTA desta grandeza maior. Se ao medir a tensão em uma rede elétrica o multímetro
apresentar o valor de 220V, este é o valor eficaz da grandeza, e seu valor de pico é
311V.
ELETROTÉCNICA
110

A tensão que cada condutor fase apresenta em uma rede trifásica possui algumas características impor-
tantes. Segundo Fitzgerald et al. (1975), em um sistema trifásico nota-se que as fontes de tensão possuem
suas amplitudes iguais, mas são deslocadas por ângulos de fase de 120°. Essas características podem ser
observadas na figura que segue. Devido a esse comportamento é que a tensão entre duas fases em uma
rede elétrica não apresenta exatamente o valor do dobro da tensão entre uma fase e o neutro.

V [V] R
S
T

tempo [s]

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


120º 120º 120º
Figura 83 -  Defasagem Sistema Trifásico
Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)

Cada fase, neste tipo de rede, possui uma identificação que é designada pelas letras R, S e T.
Assim, um sistema trifásico é formado por fontes que basicamente podem compor dois modos de liga-
ção, sendo a ligação estrela (Y) ou a ligação triângulo (∆), como evidenciado na figura a seguir.

R
R
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

N
S

T
(a) T
(b)
Figura 84 -  (a) Sistema Estrela (b) Sistema Triângulo
Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)
6 REDE ELÉTRICA
111

No modo de ligação do tipo estrela, três terminais, um de cada fonte, são interconectados para compor
o terminal de neutro. Nesse caso, quando uma medida é realizada entre o terminal neutro e uma das fases,
obtém-se então a tensão de fase; porém, quando a medida é extraída entre duas fases desta topologia,
tem-se então a tensão de linha. Algo importante a ser notado na ligação estrela é que a tensão de linha e
a tensão de fase apresentam valores diferentes, mas a corrente de linha e a corrente de fase possuem o
mesmo valor.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


S

N
Tensão de Linha
Tensão de Fase
T
(a)
Figura 85 -  Sistema Estrela
Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)

Desse modo, na ligação estrela (Y) o valor da tensão e corrente pode ser determinado segundo as equa-
ções que seguem.

Onde:
VF: Tensão de fase - volt (V);
VL: Tensão de linha - volt (V);
IF: Corrente de fase - ampère (A);
IL: Corrente de linha - ampère (A).
No modo de ligação triângulo (∆), dois terminais, um de cada fonte, são conectados de tal forma que
permitem dispor três conexões ao sistema.
ELETROTÉCNICA
112

Nesta topologia, se uma medida for realizada entre duas conexões, ou seja, duas fases, a tensão de li-
nha e a tensão de fase apresentam o mesmo valor, mas a corrente de linha e a corrente de fase possuem
valores diferentes.

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


Tensão de Fase Tensão de Linha

Figura 86 -  Sistema Triângulo


Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)

Desse modo, na ligação triângulo (∆) o valor da tensão e corrente pode ser determinado conforme as
equações na sequência.

Onde:
VF: Tensão de fase - volt (V);
VL: Tensão de linha - volt (V);
IF: Corrente de fase - ampère (A);
IL: Corrente de linha - ampère (A).

SAIBA Para saber mais a respeito da ligação estrela e da ligação triângulo em um sistema
MAIS trifásico, consulte o apêndice A do livro Máquinas Elétricas de A. E. Fitzgerald et al.

Quando cargas são ligadas a uma rede trifásica, alguns modos de conexão são possíveis, sendo eles:
a) Ligação estrela;
b) Ligação triângulo;
c) Ligação dupla estrela;
d) Ligação duplo triângulo.
Os motores elétricos trifásicos são um exemplo disso.
6 REDE ELÉTRICA
113

Esses motores, em especial os que possuem seis pontos de conexão, podem ser configurados de tal
modo que seja possível ligá-los tanto em uma tensão ou em outra, ou seja, duas tensões diferentes.

1 2 3

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


4 5 6
Figura 87 -  Bobinas do motor trifásico de 6 pontas
Fonte: adaptado de Kosow (1996)

Quando a bobina de um motor trifásico é ligada no modo estrela, três terminais, um de cada bobina do
motor, são interconectados, sendo as outras pontas ligadas as três fases da rede elétrica.

1 2 3
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

4 5 6
Figura 88 -  Motor trifásico em ligação estrela
Fonte: adaptado de Kosow (1996)
ELETROTÉCNICA
114

No caso da bobina de um motor trifásico ligada no modo triângulo, os terminais são interligados de dois
em dois, sendo cada conexão ligada a cada fase da rede elétrica.

1 2 3

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


4 5 6

Figura 89 -  Motor trifásico em ligação triãngulo


Fonte: adaptado de Kosow (1996)

A ligação dupla estrela e duplo triângulo satisfaz a necessidade de motores com 12 pontas de conexão,
ou seja, seis bobinas.

1 2 3

4 5 6

7 8 9
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

10 11 12
Figura 90 -  Bobinas do motor trifásico com 12 pontas
Fonte: adaptado de Kosow (1996)
6 REDE ELÉTRICA
115

A seguir, é possível observar a ligação de dupla estrela nos motores trifásicos com 12 pontas.

1 7

4 10

5 12

Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)


11 6

9
2
8 3
Figura 91 -  Ligação em dupla estrela
Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)

Já a ligação de duplo triângulo é apresentada na sequência.

5 12

11 6

2 9
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

8 3
7 10

1 4
Figura 92 -  Ligação em duplo triângulo
Fonte: adaptado de Fitzgerald et al. (1975)

Você estudará, ainda, os conceitos de uma rede monofásica, bem como suas diferenças em relação a
uma rede trifásica.
ELETROTÉCNICA
116

CASOS E RELATOS

Ligando um Motor Trifásico


João, um aluno do primeiro ano do curso de eletrotécnica, iniciou seu estágio em uma empresa
que faz instalações de motores elétricos. Em seu primeiro dia, seu superior imediato, Marcos, pediu
a João que fizesse a ligação de um motor trifásico no modo triângulo. João executou a tarefa e,
após concluí-la com algumas inseguranças, solicitou a Marcos que vistoriasse as ligações que ele
havia feito no motor, antes que ele ligasse o motor.
Marcos, ao conferir as ligações do motor que João havia feito, verificou que o rapaz tinha executa-
do a tarefa de forma correta, ou seja, interconectando de dois em dois, os terminais das bobinas do
motor. João, então, satisfeito com o resultado, deu a partida no motor de forma adequada.

6.1.2 REDE MONOFÁSICA

Uma rede monofásica pode ser obtida compondo-se apenas uma das fases do sistema trifásico e o
condutor neutro. Desse modo, a tensão que uma rede monofásica apresenta é o valor da tensão de fase.
Também, na rede monofásica, a frequência do sinal, pode ser de 50Hz ou 60Hz, sendo que no Brasil a fre-
quência é 60Hz, conforme você já estudou.
Felipe Moisés da Silva Hintz (2015)

{
(fase)
127V
(neutro)
Figura 93 -  Rede monofásica
Fonte: adaptado de Kosow (1996)

Na figura “Rede monofásica”, a tensão de fase é 127V, então a tensão desta rede possui o mesmo valor.
Em geral, este tipo de rede é muito utilizado em residências.
De modo geral, o sistema trifásico apresenta algumas vantagens em relação a um sistema monofásico,
sendo elas:
6 REDE ELÉTRICA
117

a) uma melhor distribuição das cargas em cada fase diminuindo, assim, variações devido ao uso exces-
sivo de carga em apenas uma das fases;
b) o tamanho dos motores trifásicos é menor que os monofásicos, quando comparados na mesma
potência;
c) melhor rendimento quando utilizado com motores trifásicos;
d) menor custo de geração e transmissão.

Quando se deseja fazer ligações de cargas de baixa potência, por exemplo, lâmpadas
CURIOSI e pequenos motores, a rede monofásica satisfaz a necessidade. Entretanto,
quando a potência exigida pelo circuito requer níveis mais elevados, o uso de uma
DADES rede trifásica se faz importante, porque ela é capaz de uma melhor distribuição
das cargas quando comparada à rede monofásica. Nesse contexto, a análise da
concessionária de energia é indispensável para definição do sistema a ser instalado.

6.2 O TRABALHO E O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

Além dos conhecimentos técnicos, o futuro profissional da área de eletrotécnica deverá focar seus es-
forços em desenvolver habilidades básicas de relacionamento interpessoal, as quais envolvem qualidades
como ética, respeito, cordialidade, disciplina, empatia, responsabilidade, comunicação e cooperação.
Além disso, você pode observar que em qualquer instituição de trabalho, seja de prestação de serviços
ou de produção, mesmo sendo uma microempresa, existe uma estrutura hierárquica entre seus integran-
tes. Esta estrutura, denominada organograma funcional, representa como os cargos e setores estão dis-
tribuídos em uma corporação. É fundamental que esta estrutura seja respeitada de forma que todos no
ambiente de trabalho possam ter bom relacionamento interpessoal.
Nesse contexto, outro fator importante é o alinhamento entre as habilidades básicas de relacionamento
interpessoal e o organograma funcional como aspectos norteadores da conduta profissional.
Independente do cargo que um profissional ocupa em uma empresa, uma boa comunicação com os
colegas, embasada em educação e respeito, sempre resultará em um bom relacionamento com todos.
Você deve lembrar-se, também, de que o trabalho executado de forma responsável e honesta não so-
mente fornece a qualquer profissional a credibilidade para fidelizar seu cliente, mas, acima de tudo, serve
como propaganda positiva para recomendações a novos clientes.
Então, para que você possa ganhar o respeito das pessoas, deverá sempre proceder com ética profissio-
nal e respeito a seu cliente. Lembre-se, ainda, da sua responsabilidade socioambiental na preservação do
meio ambiente, e uso correto dos recursos colocados à sua disposição para execução do trabalho previsto.
ELETROTÉCNICA
118

6.3 HIERARQUIA NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Você pode identificar que os cargos de chefia costumam representar o topo da hierarquia dentro das
empresas. Uma boa estrutura hierárquica adotada dentro das corporações empresariais privadas ou ins-
tituições públicas, auxilia na organização, distribuição e controle de atividades entre os colaboradores e
funcionários, fato que pode cooperar para o sucesso do negócio ou serviço.
Pode-se observar que muitos colaboradores ou funcionários têm em alguns momentos dificuldades em
lidar com essa hierarquia no ambiente de trabalho. Portando para que isso não permaneça, é conveniente
que todos vejam neste sistema de divisão funcional, possibilidades de adquirir qualidade no desempenho
profissional. A divisão de atribuições (tarefas) permite a coordenação efetiva das ações e, consequente-
mente, o aprimoramento da execução do serviço.
É neste momento que a postura correta do líder é o que motiva todos os integrantes da equipe na pro-
cura de bons resultados. Desta maneira, sua postura tem papel fundamental, não só para as tomadas de
decisões, como também na relação cotidiana entre todos os integrantes.

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você estudou os conceitos inerentes a uma rede elétrica. A energia gerada não apre-
senta valores adequados para uso nos equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos. Assim, com intuito
de possibilitar o uso nesses equipamentos, é necessário uma adequação no nível de tensão. Inicialmen-
te, o transformador é o responsável em reduzir o nível de tensão para uso nos dispositivos.
Todos os condutores que apresentam um nível de tensão são denominados de fase, a quantidade de
fases que um sistema possui o caracteriza. Um sistema com uma fase é conhecido como sistema mono-
fásico; com duas fases, bifásico; e os que apresentam três fases são denominados de sistemas trifásicos.
Um sistema trifásico apresenta algumas vantagens sobre os demais, como custos menores para geração
e transmissão. Cabe ressaltar que os motores trifásicos são menores que monofásicos, quando compara-
dos na mesma potência.
Em uma ligação estrela, a tensão de linha e a tensão de fase apresentam diferentes valores, contudo, a
corrente de linha e a corrente de fase tem o mesmo valor. Já em uma ligação triângulo, a tensão de linha e
a tensão de fase apresentam o mesmo valor; no entanto, a corrente de linha e a corrente de fase possuem
valores diferentes.
REFERÊNCIAS

CRUZ, E. C. A. Circuitos elétricos: análise em corrente contínua e alternada. São Paulo (SP): Érica,
2014. 176 p. (Eixos)
FITZGERALD, A. E. et al. Máquinas elétricas. São Paulo: McGraw-Hill, 1975.
HALLIDAY, D. Fundamentos de física. Vol. 3: eletromagnetismo. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
HAYT, W. H.; BUCK, J. R. Eletromagnetismo. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
KOSOW, I. L. Máquinas elétricas e transformadores. 13.ed. São Paulo: Globo, 1996.
MALVINO, A. P. Eletrônica. Vol. 1, 4. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1997.
PRAZERES, R. A. dos. Redes de distribuição de energia elétrica e subestação. Curitiba: Base
Editorial, 2010.
WOLSKI, B. Eletricidade básica. Curitiba: Base Editorial, 2012.
______ . Curso técnico em eletrotécnica. Módulo 2, livro 8: Eletromagnetismo. Curitiba: Base
Editorial, 2007.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

FÁBIO IGNÁCIO DA ROSA


Engenheiro eletricista (Habilitação em Telemática) graduado pela Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL) em 2008. Pós-graduado em Redes Corporativas: Gerência, Segurança e
Convergência IP, pelo SENAI/SC em Florianópolis, em 2009. Atua no SENAI/SC em São José como
coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial oferecido em parceria com
a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
ÍNDICE

C
Capacitor 6, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 72, 74, 125
Condutores 9, 23, 27, 35, 36, 37, 47, 50, 60, 61, 63, 81, 85, 107, 108, 109, 118, 125
Corrente elétrica 9, 19, 22, 23, 25, 26, 27, 29, 32, 36, 37, 40, 47, 48, 49, 50, 59, 60, 61, 64, 68, 70, 71,
74, 75, 81, 85, 86, 87, 88, 89, 91, 93, 94, 99, 104, 125

F
Fonte de alimentação 9, 13, 36, 37, 58, 60, 61, 63, 81, 125

I
Isolantes 9, 35, 47, 49, 50, 125

M
Magnetismo 9, 84, 125
Motor elétrico 6, 9, 88, 91, 92, 94, 125
Multímetro 6, 9, 101, 102, 104, 109

P
Potência elétrica 9, 13, 15, 25, 26, 32, 50, 97, 103

R
Rede elétrica 7, 10, 13, 19, 23, 36, 46, 61, 89, 91, 94, 104, 107, 108, 109, 110, 113, 114, 118
Resistência elétrica 9, 5, 23, 24, 26, 27, 31, 32, 36, 46, 47, 50, 52, 53, 54, 55, 56, 68, 74, 101, 102,
104
Resistor 5, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 59, 60, 61, 64

T
Tensão elétrica 9, 19, 22, 25, 26, 27, 30, 32, 37, 46, 50, 60, 62, 71, 90, 91, 100, 104, 108
Transformador 6, 9, 88, 89, 90, 94, 118
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Waldemir Amaro
Gerente

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Mauricio Cappra Pauletti


Diretor Técnico

Cleberson Silva
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Fábio Ignácio da Rosa


Elaboração

Adair Teixeira
Revisão Técnica

Karine Marie Arasaki


Morgana Machado Tezza
Coordenação do Projeto

Magrit Dorotea Döding


Design Educacional

Denise de Mesquita Corrêa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Felipe Moisés da Silva Hintz


Matheus Felipe Goedert
Paco Giordani Moca
Andressa Vieira
Fotografia e Tratamento de Imagens

Thinkstock
Banco de imagens

Joaquim Venâncio Lourenço Ribeiro


Robson Ventura de Oliveira
Mauro Airoldi
Comitê Técnico de Avaliação
Ana Cristina de Borba
Ellen Cristina Ferreira
Patricia Marcilio
Diagramação

Denise de Mesquita Corrêa


Normalização

Taciana dos Santos Rocha Zacchi


CRB – 14.1230
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Você também pode gostar