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FEBYVTVFVTFSCVZTVIGTIVPGVP@ITFP@PISOTITOSCOOOOOO: I : qq 5 29 go 3 We. § OD 8 ae 8 ae: 26 Ig se ii : 5 wm hn 1 “Sg Ay AY —_— gq . oo qx — | , ag | [ ! De Estado Liberal ao Estado Social © Patno Bonavives & edigdo, 05.1996; 7 edigdo, 1° ‘iragem, 07.2001; 2 tiragem, 03.2004, ISBN 978-85-7420-826-8 OS CINQUENTA ANOS DESTA OBRA | - Dirgitos reseréados dest edigto por : “MALHEIROS EDITORES LTDA. Rua Paes de Araujo, 29 conju 171 ‘ CEP O653i-940-~ sid bade SP Tels (11) 3078-7205 Fax: (11) 3168-5495 URL: ware malheiroseditores.com.br e-mail: malheiroseditores@terra.com.br Composigao e editoracto eletrénica - Virtual Laser Editoragio Eletrénica Ltda, Capa Criaglo: Vania Liicia Amato, Arte: PC Editorial Lida, Impressono Brasil. Piel nb 38 DO ESTADO LIBERAL AO. ESTADO SOCIAL nha restaurar anogio de Estado, tio lacerada pelos excessos autori- tériosidas décadas.de.20 e 30. Taisexcesson perpetrados poridéo- ‘cpnfiscaram as liberdades do cidadao, convulsionaram 0 sociale politien e propiciaram 5 advento das ditadura Potitivado-comno principio’ regra dé um Estido de Direito re- construide:sobre os valores dat ° tado social despontou para concilide de forma:diiradoura'e'ésti a Sociedade-com otf tatlo,conformeiintentainios démonstrar:O°Es- tédo social de hoes portanto, achave dis démocracias’do fututo: % “PoRitdS Priméife MGido, Bose SeieahtaAli importa tudo se cfr iesSa'ltéenativas Estado sodal bi dititura. Sein do social nic hé demnodtiéia, e seh demnvicricia Hio hi legitinnid 5R8 Tiga flips js stificain cab 8 recdigaa dest obpa etl lidlne janis foi tao elevado. Sanaa preset sino ldtcidativa do cangter dé moderni- dade ds nohogritia Sai Fcia que seul tela desafiador ria tendo PAPE Gee poiticb este Secu aches r eniséio da Quinta edig’d, um Capituld'onde o que sumitriamente sobte i Revoliicko Francesa [é se diz’com muito mais igor'e propriedide’ Se'ndo, Eonfira'se Som a andlise feta A fer- menéutica das RevolugBes. Capitulo 1 DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ADVENTO DO ESTADO SOCIAL 1.0 problema da litendede edo Estado como problems de resistencia 20 abslutsmo,2.O diet natural di urguesia revolute: tem poe 0 "teretv estado". 3. Da constldapo do Estado liber comego de sux tranformagto. 4. A separa de podees, dogma do constticonlismo da prea fse (Locke Mortesquiew 5.0 Esta 4p teratdemoeritco, frto de wna cntradito doutindri. 6 Viertandte 0 penstmenio poltico alerze. 7. Critic ao liberals ¢ cadverto do Este soc. 1. O problema.da liberdade e do Estado como problema de resistincia ao absolutismo © problema da liberdade, para qua exata compreensio, deve set posto-em,confronto dialético com a realidade estatal, a fim de ue possamas conhecer-lhe o contesido hist6rico eos diferentes ma- {izes ideolégicos de que se hd reves, até aleangarmos, no mo- no Estado sosial,.as linhas mestras de sua caracterizacio na consciéncia ocidental contemporanea, : tema recothecidamente controverso, Sue agitou, de maneira profunda, o pensaménto:politice: da Idade Moderna, arlandove, através de.seu,estudo, a propria conquista da Para colocarmios'o problema da'liberdlade na estera do coristitu- cionalismo ocidental(iberl e social-democrdtce)€ indiepensdvel termos sempre em conta o Estado burgués de Direito, de qué nos fala 0 [DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Carl Schmitt, ou 0s conceitos histérico e racional-normativista da Constituisio, segundo o esquema ibérico de Garcia Pelayo. Na doutrina do liberalismo, o Estado foi sempre ofantasma que atemorizou'o individuo, O poder; de que néo pode prescindir 0 ordenamento estatal, aparece, de-inicio, na moderna teoria consti tucional como o maior inimigo da liberdade. Foi assim que o trataram os primeiros doutrind mo, a0 acentuarem, deliberadamente, essa antinomia. 'A Sociedade representava historicamente, e depois racio- nalmente, com Kant, a ambiéncia onde o homem frufa de plena liberdade. + O Estado e a soberania implicavam antitese, restringiam a liber- dade primitiva. 1H Gone d Basthiigho do jtiridico, cuidavamos pensadores do ditaite natural, pfiraipatinerite ostde sua variante racionalista, hhaver encontrado formulacio tebrica capaz desalvar, em parte, ali- berdade ilimitada de que o homem desfrutava na sociedade pré-es- tatal, ou dar a essa liberdade fungio preponderante, fazendo do Es- tudo sacanhado seevado individuo Com o advento do Estado, que nio é de modo algum um prius, mas, necessariamente, uma posteriori da convivéncia humana, se- gundo as teorias contidas na doutrina do direito nazural, importa- Va, primeiro que tudo, organizar a liberdadeno campo social ‘O individuo, titular de direitos inatos, exercé-losia na Socieda- de, que aparece como ordem positiva frente ao Estado, ou seja, frente ao negativum dessa liberdade, que, por isso mesmo, surde na teoria jusnaturalists rotleado de limitagBes, indispensiveis & garan- tia do cfrculo em que se projeta, soberana ¢ invioldvel, a majestade do individuo. ‘Decorrertte déssa posigio filoséfica, temos o Estilo gendarme de Kant,'9 Estado: guatda-noturno, que Lasalle tanto ridiculizava, de- missionérié de qualquet responsabilidade na promogio do'Bémi¢o- imum: Este $6 se aleanci quidrido os individuos sé eritregam livre e plena expansio de suas‘energias-criadoras, fora’de.qualder ebtor- Vodenaturéza estatal. eh ‘A Sociedade, por.suavvez, na teoriaidoliberalismo;se reduz & chamadapoeira atémicadéindividuos, ‘ate elausiila-Kantista, do espeito-mmeituo da liberdaite de cada ‘um, converte-se em dominio onde as aptid&es individuals con- ccxgfizam, aemargem de toda esbogo.de coaao estatal. do liberalis- 1 Varessunghehre pala. DASORIGENS DO LIBERALISMO AQ ESTADO SOCIAL 41 ‘© Estado 'manifestayse,.pois, como. criacio deliberada:e cons- ciente:da vantade dos:individuas que 6 consoante as. Goutrinas do contratualismno social: © * © compen aoe Sua existéncia seria, por. goaseqiéncia, teoricamente,revogével, sedeinasoede sat opal due sesthrec omen pie see sara Sociedade, a sealizagiode seus{fins. . 5 como-o Estada,o menepolizador de poder,o detentor da soberania, o depositdrio da coagioincondicionada, torna-se,.em de- terminnlos memonton slgs seine hence eae ene bili, sevaliagonfraaviador. * Dai o.zelo doutrindrio, da filosofia jugnaturalista ein criar uma “ec ip etnies poder ¢formil ilemnten see DoH See eet aeeee ae ponsabilidade do grande devprador,o implacavel Leviata,, 2. O direito natural da burguesia revoluciondria investe no poder o"terceiro estado” oe Foi assim ~ da oposigio hist6rica e secular, na Idade Mod entre liberdade do individuo e 9 abeolutisme do monarea —, que nase ptimeia nogio do E446 dé Direito, mediante um ditto de evolugdo tesriéa e decantacio conceitual, que se completa com a fi- losofia politica de Kant. ° Pistoome Estado é armadura de defesa e protecio da liberdade. Cuida- se, com esse prdenamento abstrato e métatisico, neutro e abstencio~ nista de Kant, de chegar a uma regra definitiva que consagre, na de- fesa da liberdade e dodireito, papel fundamental do Estado. ‘Sia ésséticla hé de esgotar-se nuishi riissfo de inteizo alhea- mentoe auséncia de'iniciativa social, Ease primeiro Estado -de Direto, com'seu formalismo supremo, que despira’o Estado'de substantividadlé ou conteddo, sem forga criadora, réflete & pugna da liberdade coxtra o despotismo na area continental eutopéia. _A pugha decidléie rid itBVintento de 1789, quando 0 direit natural dt bargusi voli investe wo oder teeing estado. Désde que 0 evolver politicdida Idade Modema tomou, segun- do Jellinek, 0 cardter irremediavelmente antinémico ja référido, 0 direito natural foia fortalezasde idéins onde procuraram aslo,tanto 08 doutrindrios da liberdade'como aside absolutismo, Seria, pois erréneo reconhecer na teoria jusnaturalistada Ida- de Média & Revolugio Francesa) ordem de idéiasyvotada exclusiva. ‘mented postulacio dos direitos do Homem. a DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL A burguesiarevolucionéria utlizouca para estritar os poderes da Coroa ¢ destruir 0 mundo de privilégios da feudalidade deca dente. E desse prélio saiu vitoriosa Daf porque'a pétspectiva hist6rica daqueles tempos nos mostra com mais evidéicia o prestigio da ideblogia que amparou 6s dir toenaturis do Homem perante oEstado'de que aquela outs, oriunda de um teblogo-como Bossuet ow unt filésofo como Habbes, apregoava’o direito natural do Estado, encamado na opressio da realeza absoluta.” rer Esta veio a ser, por conseguinte, a cambiante vencida. Enquan- to, pdis,-o Estadd eo absdlutismo sq estearam na doutrirta da mo- Hafquia divina,Yoi® diteito'naturals maisnecesséria e conservado~ ra‘das doiitriha’, conforme adsinalou, com rigorosa exacio critica, 0 jutista Kelsen: €m’andlise pertinente & evolucio conceitual'do jusnaturalismo. 3. Da consolidagao da Estado liberal ao comeco de sua transformacao, 1 Em suria, o primeito Estado juridico, guardito das liberdades individual, dleangou sua experimentagio histrica na Revolucio “Francesa. E tanto ele como a sociedade, qual a idearam os te6ricos desse mesmo embate, entendendo-a cofno uma soma de étomos, correspandert, seguindo alguns pehsadores, entre os quais Schmitt, tao soentne§ eoreep gto Derguecn da ordrh pote A burguesia, classe dominada, a principio e, em seguida, classe dominante, formulou os prineipios filos6ficos de sua revolta social. E, tanto antes como depois, nada mais fez do que generalizé-los doutrinariamente como ideais comuns a todos os componentes do corpo social. Mas, no momento em que se apodera do controle pol tico da sociedade, a burguesia j se no interessa em manter na pr tica a universalidade daqueles principios, como apandgio de todos ‘os homens.56 de maneira formal os sustenta, uma vez que no plano de apl 10 conservam, de fato, prineipins cons titutivos de wma ideologia de classe. Foi essa a contradicio.mais profunda na dialética do-Estado moderno. 5, que eAtio despertou para acons- Pbitcas Ali estava um Diretonovo, ni teoria politica, que mantinha:principios cuja validez indiscutivel transpunha'qualquet idade-histbrica e se situava fora de quaisquer limitagSes de polo, meridiano ou latitude, como sea razio humana DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 43 quisesse, mais uma vez, zombar da-critica subje ficamode Pascal ao prantearas verdades false"? S™8F8° A.escola do dirdito natural da burguesiaraconaliza o ana emer prt possivel.ignorar as. forcas elementares e ob: “que a na infra-estrutura do grupalismo humano, oheeceas que akan’ na saad Prttensiosaniente, da doitrind de uma classta doutrina ce ‘Dafo desedpero ed violéncid das‘obfe jue’ mais i tou ntadamente no stolo Dk tacts eee do juridico puro se evidenciaram inécuos, e de logicismo exagera. damente: abstrato, em face°de realidades socials imprevistss ¢ amps que rompiam os contomosde seu lineamento tradicional. ra 8 vida, por demais caprichosa, dilatada e rica de expre:- soe face els og Sites iced daly Wo de Proken ous ltt patedes nite a doutyina dy raflo.cuidava poder de wm, dai 6, abana deratica da participacao to. Stine nye aa tan meneame dt eds _ GDSptineipie ahi sldo piiteyoldemacritico CIES MSR pa te pidge Bee na lass, 80 govepg dle todas Classes, se agita, sobretudo, com invencivel,impeto, rumo eguesia en wae defendia 6 pri ii datepresentagio. Migserent faa mel at abo, emt rai por etocon -iat.Frangay tio radical stiamaturaigiot cof stitucio | a i anal a upsets ea oem ee oma yiteria jn Revolucto:Franesinspot seucardter presisg se Svolugfo da burguesialevared consumagiode ramet onde pant fReamastextes constitucionais,teiunfojtotal doliberalismo. Do li pfiie ansnas sido daermaraca sip sequensa ermostacia ts var aed = ih “ DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL ssentagfo e a soberania popular (08 quais significavam, jd, ‘© -homeny pisavacfirme'na estrada da democracia, e os seus combates haviam de prossegul, comoefetivamente proweguiram, determipandoa mudanga que.houve,,com 9 tempo, no sentido das Cartas Consttacionais, cada ver mais exigentes de conteido est- + yaler objetivamente as liberdades concretas e digni- eae eat Rumana. | 4, Albeparagao de poderes, dogma do constitucionalismo da primeira fase (Locke é Montesquieu) * Ojai bil Sid pina fase estava, ior conse gan peate wigrigns. Fostetultadog.dé seu formaliono © de se ee fddern numa tétnica fundamental, que resguarda os direitos da lberdade, compreendida esta, consoante i disseitos, conte libetdate dx burgiesia:?*! reves " ae rd indispensavvel para snanter o dominio do iedecpalit esp plsai iran confor vino, ap.estendlg dg. demais classes,” esia dano algum, sendo:muita gta quséncia d@ condighes ma- ue permutissersas massas Pes reotaeoue do suagio craesldtsebiicrier Gatea Rivne por Vid democratic, : hoda vontade’estatal/? 0% . Permitia, ademais, A burguesia falar ilusoriamente em Hgine de spits a Sade esi 6 Gireltos que’ ela proclamars,o+ qua, em sett cBtjtaite, echo js adeinalamios) séapresentavam, 0’ porto" Vista tebrico, vélidos para toda a comurudal@ ainath/embora,na realidadextinescer 1ero.deles wigéncia tiorsomente parcial, emproveito daxlasseuccfetivamentt ox podia fri: 79 vo.»1=» + Sg Rin? ive? POLE! como ete teenie funda: mental de protegio dos direitos da liberdadé. Ad’ gerial’ Montes- juieideverde'Sua’miaig atabatda-formulagao/riediante aquelé-teo, Hisigae tarto préstigio* ranjedui Hos auireds tempos do constitucis™ nalisina elagsicd) e ruehajeyeuleita jaa eons ideraveit retificagbes, ue the atingaram argent ceveramente cob fida pela moderna e avancada teoria politica do consttuconaisine Semoctdtice equal, todavia:nio lherecusayalimportincia ¢0 pap histéricoquedesempenhou. 7+ vebentt mt DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 45, Coma divisio de poderes vishumbraram o$ tebricos da‘primei raidade do constitucionalismo a solugdo finatelo problema delim tagio da soberania 2 A filosofia politica do. liberalismo, preconizada par ‘Locke, Montesquieu.e Kant, cuidaya,que, decompondo.a soberania na pluralidade dos podetes, salyariaa liberda. Fazia-se mister contrapor & onipoténcia do rei um sistema infa- livel de garantias, : a Essa doutrina é, como se vé,o termémetro das tendéncias an: tiabsolutistas? Segurido Gierke, 0 canstitucionalisme trouxelinicialy mente consigo, durante os combates a favar dos direitos do,pavo, © enfraquecimento ea desintegracio da doutrina da soberania> A teoria tripartida ‘comio,principio de organi; gio do Estado constitu. ‘uma contribuicio de Lockee Mon- tesquieu.' Este se apGia naquele e, equivocadamente, no que spo sera renlidade consttactonl wad wh Seadoonde oe her poae, res (Executive; Logislitive € Jidiciatio) estatiam inodelaf@aMne ge: parados e mutuamente contidos, de acordo com a idéia dé“duie “o poder detémo poder''(“e pouvoirarréte lépoavoirt) Sine 4 A divisao de poderes, por ser, rut est@hcia) técriy atdutdfadora dos direitosido individuo perante oorganismo estatal, ndoimp! 2. Todo tberlinnrnidonlat inepirnee prt cade chsticon& tendéncn menopolzadors da poder, tndncn gua trecenoeien acto estat. Dat segundo Labhol, “a, evesidade da cinco de tana ge de freed deatnids a parantaiburdadt oft propiedad ivy cota cia injustifichvia” (Gerhard Lethal “Lnate les formes de idesiooee, ‘Archies de Phsophe du Dro et de Secologi frie n 34/10). 3. lohan Albi und di Ena der ar gchen Se Sie Onn fe aioe caste i 5. Menage ip Ls an rir a garantlarcficazcontrs-ingertacns rbitisias noscaimpo da iberdade india dual” ("Lesprit du syatae de le adparation dex pouvoir consist A itoduiseye ‘éie compliquss de contrepeids macaniques dant le but et de fash pas oo are reulba: cd per cate aon getO Wud ‘iota eeinsl del ioe del shrahiecnatornl tore anne M Fopeseentnives somirant utyellemerk pardepalent ly Formation del volont argue, erat dana la pratique une garanveexhenee cone Eee ane een ey me 46 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL sariamente detgrminada forma de governo, e tanto podia Counpaddecerse como Estado democrdtico como, tumbérn, com a ‘monarquia constitucional. Era,em suma, técnica doliberalismo, muito mehés radical que Montesqiiieu, engendrow essa divisto apenas como ‘pfincipio de Iimitagio do-poder entre o mo- naretea representagio popular’ <<" a ‘A despeito das raias que the foram dourinaramente tragadas + Locke, o poder dos Fes no sai, em sia filosofia politica, or Lo per do sr os sei poli to dr incite tebrico Go libéralisind. 3°. G 4 < ® >, éabé aos teis da nova mo- Com ett lem do pode exdciive, cabs aoe eis da nova mo- No entantoeomoele mesmo confessa, pouco importa o nome, sea idéia for bem compreendida. - . MEE Teietelinte i sfeceeconm ns réncias papaisi'a Hobbes, ajunificagio pelo absolutismo-rio indivi- See EE eo caatnade scien HO mae eee dt eras ‘ DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 47 mente, tanto de fato como na doutrina, 0 poder absoluto dos reis perdet sua razio historia, Novo momento dialético adveio, por jiiéncia, com a con- tradiefo estabelecida entre o poder desnecessariamente abeoloo do monarca eos encatgos pe: 1s do pove oprimido. Em nome deste, ¢ apenas noiinalmente, reagit a nobreza da Inglaterra nas revolugées do século XVIL.E sua revolta gerou um fi- Vesofo. E esse flésofo é aquele de que ora nos ocupamos Mas John Locke, como dissemgs, no emerge inteiramente triunfante em sua obra de cérceament® do poder estatal. Onde ele nisis convenée, onde deus argumertos ostentam mais {Orga de persiiasio; Yaramente igualada por outro pensador, tao, sbitente na teoria dos direitos «liberdades individuals come diver ts oponiveis a sociedade politica *.. O.2élebre fitvro de Locke} Tratado sobre « Governe Civil, ficou lon- Be de alcangar os efeitos do Esprito das Les em materia de conterc _Sfodo poder. : Ein Locke, o poiler se limita pelo consentimento, pelo direito ‘natural; pela Virtude tios governantes, de maneira mais ou menos Lst6pica Em Montesquieu, sobretudo pela técnica de sua organiza: fo, deforma menos‘abstrata. . O publicista inglés ainda nao se capacitara daquele principio sé- Vi desperation elena tee segundo gual todo poder teride a corromper-se.e todos os que o possuem tendehi a ser levados, mais cedo. ou mais tarde, a abusar de seu em- Prego. ~ "Da doutrina de Locke er lum otimismo que ele ndo dissi- smiula, lspreceupagio que quade ignora'a hakurend profuneeente negativa do poder. . Em Montesquieu 0 pessimismo dé ofacents a doutrina contra o Estado, na consideracio do proprio ordenamerto estate Bee Le, cke,era como se bastasse afirmar que o Homem tinha direitos para que’ Humanidade de imetliato os consagrasse, persuadida de sur Perioridade ‘dd Seu sistema de idéias e: dé governo coméo mais con- me comid Natureza e a razio dos homens. ” SAO essis torisideragoes prelimiratts indispersdveis para assi- ‘nalar lucidamente a largueza e a ingenuidade omaque Lake, libe- ral “tio cowicto; se“concilia airida com: esse tipc de -realeza, jd Sonstinitionalizada a nisi ‘ou seja, dotada de poderes i iuscida, que viesse a fal- podéres, a sua misao 8 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Esse poder estatal, assim amesquinhado. invalidado, quis 0 li- eran sas tade perl, sb completarae 0 ciclo login de sua primeira evolugio, da qual foram tiltimos expoentes Montes- quidweKantenos ese ou sie MT aioe aad why Alémnsde executivo;e Wo'federativos.a emibriondtia e algo tanto separagto de pases ata por okgconferinao mete ch tuma teregica exfera depeder ativa, a.queopenss dedicao Capitulo IV dove Tretiseaf Gig Government. + Locke legitima’a prerrogativa cm-nome do bem.cofum. Diz que "muitas coisas ha para as quais. lei no.prové meios.e:que-ne- cessatiamente devem fisar arcargo daquele.que detém.env’ suas ‘mos o poder executivo, para serem por ele ordenadas, na,medida em que a convenséncia ¢ a-bem publica o determinarem? ("Many things there are which the law can by no.means. provide for,-and those, must necessarily be, left ta,the discretion of him, that has the executive power in his hands to, be ordered. by him as the piablic good and advantage shall require”)? 1 interesge pablico representa, assim, a medida da.prerrogati- va, segunde, Locke. Numa sociedade.mais,simples, as lejs sto me: zhos nuimrosas é a agio dos principes au goyernantes, para preen- cher 08 espagos omissos nas prescrighgs leggis, necessariamente mais extensa e vigorosa, Mas essa acio Ado se confunde nunca com © atbitrio, peculiar'a0 absdlutismo. Onde a Voritade do pri Sita lisa tranig'essio ao bem piiblicg, perde ela a sua ls drain nessa safer FIR sto jaruo oe eu denoniina a prerrogativa. Sio atos de absolutism, Ey9, povo, que conferira ao’ seu réi aquela faculdade de atuar desembaracadamente na ausénicia da lei sareaté mesmo contra a lei" —, tendo em vista medidas pertinentes ‘a0 bem publico, retoma o poder, de que nunca se desfez em-cardter definitivo, e passa a limitira prerrogativa real, uma vez qui 6 prin- dipe, por sous ate, seaparfou do interessegeral i‘ Essa capacidade de limitacko’ da prerrogativa €'decisiva ha compreenoao do sistema lockiano da distr buigka de poderes. ‘A prerrogativa compée-se, por conseguinte, de todos os pode- res Femanscentes ou eventuats que-o pripsipe passa exercer — 4.-Tralaeof Clo goerment anit Cong Teter, 9.198 8, Até mexge coir le sim,o,que na apainga, #sumactenteetranhgy ‘bo abourday ps ue Locke expe sem hated, a0 resuri, num dos ‘is claro 9 ot Sct de prrrogativa. ise Locke: "A prevogativa nada th que a peraisato de pov act seus governants, no sls dale Yara ees, ok foe ds bem publi Tazerem varias cosas desu live algada e também algunas DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 49. 1uco importa que sejam eles-grandes ou pequenos, na dependén- Fi ratwralmente, de lacunas Vincaladas Lo volume da reese istente, maior ou menor conforme a complexidade do grupo so- desde que os empregue’eifi consondincia com o interesse pui- blico. Pots a'prerrogativa; para Locke, “nad mais é que o poder de fazer o bem publico, na auséricia da lel"(for prerogative is nothing but the power of doing public good without w rule”). A preivogativa lockiana Seiia,'s nosi0 ver, em suas conseqiién- cias mais favoréveis &'monarquia, quando muito, o absolutismo do bom rei; o-que 6 uina contcessao das mais largas e vantajosas ao,exer- cicio do poder real, iim degrau intermediario na evolucio para 6 li- beralismo antes que este chegue Montesquieu, a legitimagio, em, nome do'bem piblico, de ainpla e indeterminada esfera de compe- téhcia ao principe recém-saido do absolutismo. J4, a doutrina de Montesquieu, inspirada por um sentimento ra- dical de reagho ao absolutes nao pen cordescender com as (or mas mitigadas de limitacio,do poder, como, por exemplo, a monar- quia constitucional dos Estados europeus no perfodo imediatamen- jor as guerras napolednicas, 0s quais adotaram um consti- tucionalismo bastante timido e moderado, em que prevaleciam air da principios deautoridade, tradigao e pasado. Cartas réacionérias, como a da Restquragio francesa de.1814, ‘mal podiam encobrir o constrafigimento com que 6 absolutisrio ce- dia lugar As novas idéias ¢ a avareza‘com que o Estado contra-fevo- luciondrio acatava os direitos da liberdade conquistados pela bur- guesia ascendente. Montesquieu foi, incontestavelmente, um classico do liberalis- mo burgués. O que hé de mais alto na sua doutrina da separagio dos poderes, segundo o consenso dos melhores trstadistng,€ que rele a divisio ndo tem apenas caréter teSrico, comoem Locke, mas corresponde a uma distribuigio efetiva-e pritica de poder entre ti- tulares que se no confundem.” vezes contra s. disposic literal deli” ("prerogative can te nothing but the people's pening teres to do several things of ther own fre chlce where {he law was sen and tometines to, agains the diet leterof the lave, fr the public good” — ob.cit.p. 111). . 8.6. que-asnalamy por exenpl, Blunegll « Kas! Laren (este, em “Statspilosophie™,obra.em eolaboragio cam Gunther Holstein, no Handluch der Padosop Marniguee Berm 2/4, p78), Eucreve Bkntchl, a ee respeltor “Mais important ainda fo princio ds dase! sepragto desea tts poderes as pes tuo ergo aque haviam sido cometdes que ele o princi em prclanar om enerit «defend lom nome ds Uberdade plisca’ (Wistaigernock ar dst Frinaip der wuenschbaren Tensung deer dra Cewltsn in det Personen Set 50 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL 5.0 Estado liberal-democrético, fruto de uma contradicéo doutrindria ‘A circunstancia de algumas monarquias se compadecerem com determinadas formas de cerceamento do poder e tomarem a desig- ‘nagio histérica ce monarquiss consttucionas ~ que coresponde 2 abdicagi de seu caster absoltista ea uma ponderével conce ‘so do despotismo ao poder emergente da burguesia, como classe sécinl, vanguardern da soberania, que, segundo Schmitt, apenas omindlmente recai sobre o povo ~ traz ampla evidéncia daquilo que jé acéitidmos, ou seja, de que a idéia essencial do liberalismo go € a presenga do elemento populaf na formagio da vontade ss tata, nem tampouco a teoria igualitéria de que todos tém direi igual a essa participago ou que a liberdade é formalmente esse ireito. ‘A liberdidle que promana da teoria de Montesquieu é uma ne- pid a rome det Man iefitiria no peRsdmento dos filésofos liberais, igualdade procede das vertentes do- contratualismo de Rounsedarde seu alamuctspacto soil, em que oatormentad fie sofo de Genebra, vendo o Homem de sta época’acorrentado ator servidio do absolutismo, rodeado de ferros por toda a parte, coma dade de uro queantecedeuacoagioestatal!® © , A igualdade qual ele a conceittiou, nao contradiz.o prinefpio da soberata, como acontecenafSmula de Monteaquien ao cones rio, uma doutrina apologética do poder. chten deen se ane werent ert Ene SOutzendte tnd deen eefnung erin Namen der peltecen Frehlforder> Seite eerste pts lec i pS eee ce nae nie Gon neg cm art dap 5 a ee ppt as peso Fee eo et a a ee en mena bagi Gnd eee en re rk ee (Liars psu regis Cenc Senge Wipe Sephari opr ane Se eer et caesar oe SreLicmumspeom eatin eames cparsudled an elegans ee eae ep ge otacal qureseme alaetoa ise oe $line Desire iain onan Lei ee et cucanvcnan tee po Send teat ret pute ha ot tle eles eb anise a gos foutee coe a, SUS eee eer pepeateaes DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 51 Rosseau nio o teme, e, na filosofia politica que precede.o.mo- derno constitucionalismo, édos primeitos que resolutamerite force- jam por acometer de frente o poder da soberania sem o preconceito de ver.no poder a antitese necessériado dire Eo faz com pleno axito e brilho. Mas'a:teoria constitucional da Revolugio recolhe tanto as‘idéias dé Rousséauicomo as de Montes. quiew. E, por isso mesino, o que recolhé é uma contradicéo. Com efeito, 0 filésofo do:contrato social nas téve'a'preocupacio de con- ter a soberania mediante a dissociagio do poder decompondo-o em. esferas distintas eindependentes. » Transfére-o, intaéto, do rei ao povo! Essa transferéncia nio foi percebida por todos os intérpretes da déutrina politica, alguns dos quis, com demasiada superficialidade, viram nesse deslocamento da:autoridade mera translacio do absolutismo do rei para o povo, conservandosse,’assim-aberta 4 porta que conduzia aos regimes ja tolonté genéale do fil6sofo romantics e moralista, segundo s poterada tited de Del Velthio,encerra precisamente a singuléridad de tevestir o poder dé'eardter juridito, fundado no consentitnento, dando-se © contrato a transmutacko dos di- reitos naturais em direitos civis." Na sociedade estatal,’a libéttlad’primitiva, para sér parcial- mente recuperada, fez-se liberdade juridica. A organizacad' politi restitui aos individuos, através dia lei e da participagio ha elabor ‘glo da vontade estatal, os direitos que:estes Ihe haviam cometido, limitando a prépria liberdade, ao estatuirém as bases do contrato social. Se nko, vejamos o que a este-respeito nos diz Del Vecchio, ine terpretando, com exemplar corresio,'a controvertida doutrina de Rousseau: “Segundo Rousseau, urge concaber da seguinte maneira ‘2 contrato social: Faz-se mister queos individuos confiram momen- tanéaiente os seus difeltos ao Estado, o qual, em seguida, os resti- tui a todos, mudando-lhes os nomes;jé ndo se chamam direitos na- turais ¢ sim direitos civis. De tal modo que 0 ato, cumprindo-se igualmente piard'tddos, ninguéth bai privilegiado, e a igualdade fica desse modo preséivada. Aderiais, cada aad ‘conserve sua liberdas de; porqivanto's'idividdd se'toina Sidito unicamente em rélagto a0 Estado, quie 6a sintese is liberdadesindfviddais. Por essa espécie de novagao, ou de transformagio dos'direitos ‘naturais em direitos ci- is; tim os cidadios asseguradosipelo Estado, os direitosque pos- 11. Marcel Djvira, “La pensée de Giorgio Del Vecchio" Archies de Philesophie iu Dra et de Scifi, 19979. 216, «Paso Bonavidea, Dos Fis do Erde (Sintese das Princpis Doutinas Teele) pp 4243, 52 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL {am j& por natureza” (diz: Rousseau: “il faut concevoir le contrat Socal dela manidre suivante il est nécessaire que les individus conférent pour un instant leurs droits a I’Etat, lequel les redonne exit tous, en changeantfeur noms; ee seront plus 32, droits naturels, mais des droits.civils. De cette fagon, Iacte étant égalemen accompli partous, personne ne sere. privilépié: I égalité est done assuré. En outre, chacun conserve sa liberté, parce que! individu se rend sujet uniquement par rapport & Etat que est la synthise des libertés individuelles, Par cette, espéce.de novation, ou de transfor- mation des droits naturels en droits civils, les citoyens se sont assurés par I'Etat les droits qu’ils possédaint déja par nature”) ‘A contradigio, entre Rousseau ¢ Montesquieu — contradigio em@ua se etc Soutyina lbera-democritica do primeiro estado jase ~ assenta no fata de Roussenuhavererigido como dogma ' doytrina absoluta da saberania popular, com as caracteristicas es- Nea. Rilerabitdede, imprereritbiicade 5 indiviibliade, ue se coaduna tip bem, com 0 pensamento monista do poder, mas erent de en orn Tense abracavamia tese de que 0s poderes deveriam ser divididos. A ideologia revolucionéria da burguesia soube, porém, enco- brit 0 axpecto contraitério dos dois principios e, medians sua vinculagdo, construiu a engenhosa teoria do Estado liberal-de- mosritico. - Esse seria acometido, depois, jé-pela reacto conservadora da se cease da cl tet Cismo, f-pela insatisfaglovsocial do quarto estado, que percebia com ritidez o rumo divergente, contradit6rio e espoliativo em que evol- viam os dois principios, o demtocratico eo liberal; quando de sua aplicacio conereta As realidades sociaise politicas. Liberalismo e demoératia nem sempre coiincidiram e se conei- liaram em sua verdade conceitual, como nos d¢monstram as sébias refleides de Leibholz.”” j Jo ese trataista do dirsio priblico. alent, o encontro hisigrigo,do liberalismo com a dempcracia, como aconteceu na ela- Heo don printpies da Revelucho Francesa, norteada, pelo pen- samento de Rousseau, Voltaire e Montesquieu, “tem caréter contin- gente enko necessério ou inelutayel”. —_ Griticando os autores que admitem a democricia associeda a0 liberalismo, defende Leibholz a tese de que esses dois termos po- 12: Phiosophiedu Droit, pp206-107 13.0b.ctp.135.* DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 53. dem ter significagio e contetido opostos e que a sintese tradicional deve acolherse com rara reserva por traluzir aperas comunhao histérica de interesses nos combates travados contra o inimigo co- ‘mum, a saber, o Estado monarquicoautoritirio. Daf cariter liberal da democracia nioderna como decorréncia da tenaz oposicéo que boa parte da filosofia politica dos séculos XVIfe XVIII moveu contra o absoltisiio. Isso ndo exclui, todavia, segundo o professor de Goettiigen, a verdade de que “no curso. da histéria a democracia nao, se tenha aliado a elementos antiliberais, do mesmo passo que o proprio libe- ralismo aparece consorciado com a monarquia, sob a forma de mo- narquia constitucional”. Afirma, ainda, o inelito publi “A possibilidade de dissociar a:democracia do liberalismo se cinge, em tiltima anélise, & distingio dos valores fundamentais'so- bre os quais se baseiam. O valor essentcial que inspi ‘mo.nio’se volta para a comunidade, mas para a liberdade criado- ra do individuo dotado’ de -tazao. Partindo desse pento-de vista, havia o liberalismo desenvolvido um sistema metafisico completo, fundado na fé de que uma solugio racional total podia resulltar do livre concurso das opinides individuais em todos os dominios da “A importincia que tem o individuo para contetido de libera- lismo classico manifesta-se, com particular relevo, no fato.de que, originariamente, 0 valor da personalidade era concebido como ili: mitado e anterior ao Estadd. E sob esse aspecto que se introduz a doutrina liberal nas primeiras Constituigées escritas, as. Cart J americanas e francesas, cujas teses adquiriam, para a democracia li beral, o valor de uma profissio de fé religiosa e mistica, Nos Esta- dos Unidos, essa mentalidade fundada na crenga da personalidade soberana.e ilimitada do individuo, precedendo 0 Estado, se mante- ve até o fim do século XIX, gracas a atitude conservadora da Supre- Corte” ("La possibilité d’tine dissociation dé la démocfatie et du, libéralisme se ramérie, 'eidemniére analvse a la difference ‘des ‘Waleurs fondaméntales sur lesquelles ils! se“fondent'La valet essentielle que inspire le libéralisme n'est pas oriextée ‘versa communauté mais vers la liberté créatrice'de l'individu deué de raison, De ce point de vue,-le libéralisme avait bieoppé un systéme métaphysique complet, fondé sur la foi qu’une solution rationnelle totale pouvait résulter de la libre concurrence des opi- 14, Gerhard Laibhols bt, p.136, sat DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL nions individuelles dans tous les.domaines de la vie (..) Lim portance de l’individu pour le contenu: du libéralisme classique fpparat avec un rele particulier dans le fait qu’ Yoriging la Valeur de la personnalité était congue comme illimitée et précédant Etat, C'est sous cet aspect que la doctrine libérale s'est introduite dans les premigres Constitutions écrites, les Chartes américaines et frangaises, dont les théses acquéraiént, pour la democratie libgral la valeur d’une profession de foi religieuse et mystique. Aux Etat Unis, cet espfit'fondé éurla croyancea la personnalité souveraine et Impossible litter de individu précedant Eat, «est mainter, jusqu’a'la'finrdu XD sidele, gre a I'attitude conservatrice de la Cour Siipréme”):* Professa a mesma opiniso Luis Legaz y Lacambra, em seu estu- do Derecho y Libertad, quando lembra-que liberalismo e democracia sio,idéias.distintas, “embora tenham.andado juntas ¢ aparesam ambas comeiprodutas do sepirito mederno e consubstanciais coma realidadedo, stado oriundo da Revolucio”.* ‘Acreseditéssetratadlista’que foi Ortega y Gasset o prinieiro a enxergir-clato no theio-do'denso nevoeiro-que envolvia aqueles dois principios politicos, quando afirmou que o liberalismo era ‘uma idéia aristocratica que nada tinka que ver com a democraci E, mais adiante: “A relagio dialética ~ atragio e repulsio ~ de liberalismo edemocracia, ou, se se prefere, a tensio entreos valores de liberdade e igualdade, constitui a esséncia do drama politico de nossos dias”.” O erro dé Lacaibira, a0’fazer 0 ‘panegirico de Totqueville, 0 ariéochta libel, que ele compara a Caf Schmit, & labre tebrico do nacional-socialismo, tencido mas nao convencido, consiste em su- Ber due na Revolucto ‘democratic. fa teotia; & possivel. Naréalidade, porém, a vit cial, ficando no meio'do caminho a concretizagio da doutrina de- mocrdtica Exprimea Revolugdo Francesa o triunfo de uma.classee de uma ial. A ordem politica, rio entanto, saia daquele em- nova ordem.s bate ervolta.no,caos.¢ na contradigao das doutrinas que derruba- ram ancien.ségime, . Antes da Revolugéo tudo se explicava:pelo binémio absolutis- ‘mo-feudalidade;fruto deeontradicaojé superada. Depois da Revo- 1SiGethard Labhots abet pp: ASEIOR. 16.06, it, pp. 87-88, 17.0. ct, pp.87-89, DAS ORIGENS DO LIBERALISMO A TADO SOCIAL 55 luglio, advém outro binémio, com a e versi indria! democrace-burguesiou democracelibe ‘mos SM Antes, 0 politico (0 poder do rei) tinha ascendéncia sobre o. aon Ein eft Sor ea medina are sia p industralisme) que inicialmente controle dirige o politico (a clemoeraca),gerando uma das mas furiostscontradiges do sect Dissemos inicialmente porque, depois, 0 equilibrio se rom coma pugna ideolégica, qu reprimiu edesacreditouo antigo pre esforgo de fazer surdira liberdade humana resguardada em direitos e garantias. itos que se-dirigei parto'teor niaterial da mesma liberda- de, enriquecda, af, comas conquistas operadas na esfera social ¢ econdmica, e garantias que se orientant no sent rv ‘lho conctite formal deliverdade, "endo de reservar o sigbes doutrindrias entre os modernos socislogose jurisconsultos da iberdade? Qual ta do liberalism? Como foi possivel patsar do stad do soil? Eo Estado social um processo de decadénciaou de reno- ao desenvolvimento ulterior destee dos demais captulos for- cejaremos por dar resposta satisfatoria's esses quesitos fundamen tals. Voltemos, por enquanto, a Vierkande “ Pertence ele, embora nio 0 confesse declaradamente, hegeliano, Bo que se deduz de suas deia, Mas ao campo da dice ta, como um estranho nacionalista, muito lido em Marx, e que no desdenha desse mestre da economia politica algumas idéias bdsicas de organizacio da sociedade. __ Otinico merecimento que vislumbra Vierkandt no liberalismo & gjincontastivel fatodehaver reconhecdonrliberdadeo problema ‘essencial da ordem politica, tomando posigio Jo valor da seca orem pal Posigio a0 redor do valor di 60 DO'ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL, licistas brasileiros, como o Sr. J. P..Galvo de Souza, cuj oda acon ene 0.1, P Gate de Sour oe perisam de outra maneira a0 proclamarem a importincia suprema do tema vertente na cdnsideracio dos problemas politicos que afli- ‘gema atualidade social de. mundo" ; " Aparaie enti, a iberdade, em piimeira plano, Dieta, conceitué-la, defit-a, aplicé-la ~“eis o desespero dos constitucio- talstas, dos filgsofos poitices, dos socislogos, de todos os edricos do direito puiblico, : Pinto Ferreira, no magistral ensao sabre Lalk,26 6 anseio da esquerda, tanto quanto Gaivio 0 é da direita, em nosso pais, force- jahdo por déterminat orebntetido da-liberdade, estidando-a ora & luz do'principio da-autoridade e da répresentacio, bra em face dos sentimentsse aspiragdes que anima as grandés massasa uma luta contdient'surda‘e paderota Contras itjustigas socials eecondmi- casido'rntunide capitalists, 1 her 2 Ligrassemos, "sem cait’HO'Gxagérd dh génerslizatao, fazer ans Seats assert Bee Gee ‘do Ociderite é, Fincipalmente; a crise daliberdade.na sua conceituacio classica, Eriundn do beeline, e cade, perante beneves ramos que tor mouaevolugio social," ; ; Nolliberalismo, o valor da liberdade, segundo Vierkandt, cinge- se exaltagio do individuo.e de'sua personalidad, com a preconi- zada guséncia e desprezo da coagio estatal. ; Quarto menos palpével a presnen do std no to a ride mais larga ¢ generosa a esfera de liberdade out Indias” Calle ate faer ow deh de fazer © gue lhe aprouvesse. ‘| Paso qu iriporanaliberdade 0 todo como utlizkla, oque le fazer com ela, conforme nos diz Vierkandt. “"S6 tem valor a liberdade como condiclo prévia, como base de um procedimento ative rad, medlantg qual o Homem, semo estorvo de qualquer pressip estyanha,,¢ sém.0 encadeamento de ‘uma baixa paixdo, siga as sas prOprias aptidBes”? vio de Sous, em seu opssulo Audie Repptsentate no Ditto egret ene ope erasures a ade eee ore men ire Sra sé mas chanadas democracas popes € gordo fai democrecs oidentas eo sep meee ire ue ene Dato on Senate 2 cemoeete DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 61. Nao é pois, a liberdade do arbitrio. £, antes, a liberdade ética, de que tanto falam, desde Hegel, os publicistas alemaes Leva Vierkandt seu pensamento as iltimas conseqiiéncias 20 afirmar que seria correto o conceito de liberdade do liberalismo se ‘oshomens fdssem dotados de igual capacidade. Mas, como a igualdade a que se arrima o liberalismo é apenas formals encobterna realidad, sob sea manto de seoeaese mundo de desigualdades de fato ~ econdmicas, sociais, politicas e Pessosis —, termina “a apregoada liberdade, como Bistnarck jé 0 ; Rotarg, numa real liberdade de opriimir os fracos, restando aestes, afinal de contas, tio-comente a liberdade de morrer de fore" A I Grande Guerra Mundial, no juizo de Vierkandt, abriu os olhos de muitos pensadores da escola liberal para essa triste'e dolo~ rosa verdade. os Deslembrado estava, porém, o sociblogo de que, hi quiase wm século, fas doutrinas socialistas it6pica e cientifica, de Sant Simon. ¢ Mars, respectivamente, assinalaram na fase priméria do capifalis- mo (0 frucke Kapitalismus, de Sombart) a vis(vel e nua contradicao entre a liberdade do liberalismo e a escravidio social dos tra Estes morriam de fome e de opressio, ao passo que os mais respeitiveis tribunais do Ocidente assentavam as bases de'toda sua jurisprudéncia constitucional.na inocéncia e no lirismo daqueles formosos postulados de que "todos os homens sio iguais perante a lei.” Em conseqiléncia de tudo isso, a reagio que partiu da mentali- dade alemd eos set: i an _ Ro hegeliano-a Antigi de modema, acossada ora ireita como Vierkandt, ora por homens da esquerds, como Lash, corn rém,naidentidade de seu objetivo, qual seja,o.da completa super so do conceito cléssico transmitido A evolugao 201 mos séculos pela Revolucto Francesa, e que, no caminho do ocaso ¢ da decadéncia, vai sendo renovado, gragas 4 paciente sintese que se elabora como compromisso entreo presente o passada A sécializagio branda, cujo sopro vitaliza e regenera as Consti- tuigées moceras, sem, contudo, calear aos pés a persovalidace hee mana, 6a maxima prova de que caminhamos aceleradamente para aquele ideal, onde aos pequenos e desprotegidos nio se lhes dé spe nas, de coracio vazioe alma enduredida ¢ sotamne tbe nec que 24, Vierkandt, oct p10, @ DO ESTADO LIBERAL AO ESTADOSOCIAL Goethee Humboldt, duas penas do bom liberalismo ~ oliberalismo umano e cristio ~, tantas vezes escalpelaram na intuigio de.sua genialidade, ao prantearem a triste condiglo social do Homem mo- ero, economicamente oprimido,espiritualmente escravo. Nio padece diivida, pois, de'que a revolution by consent ea revo- lution by violence — respectivamente, a revolugio,pelo consentimen- to ea revolugio pela violencia, a que alude Harold Laski — sio as duas armas.da progressio,socialista no mundo. moderno; uma de cunho democratico, outra de feigio totalitéria, ambas, porém, ent penhadas em inclinar o.mundo para a esquerda, sobretudo depois Gas derrotas impostas & Reacio nas guerras do fascismo e do nacio~ ral-so¢ialismo.. . . Tanto.a filogofia politica da esquerda como a da direita chega- eo superagio da liberdade qual a con- Fidos hoje, como indispensaveis & prética da ver- ‘VA, por conseguinte, a esperanca de reprimir a rotacio idealista do progresso, a busea necesséria de uma lit edeuma demo- exacia esteada em postulados de justica social e econdmica.. liberalismo, de nossos dias, enquanto liberalismo realment cemocritico,jéznko poders.ser, como vimos,0 tradicional liberalis- mo da Revolugio Francesa,.mas este acrescido de todos os elemen- tos de reforma e humanismo com que se-enriquecem as conquistas coutrindrias da liberdade. Recompé-lo em nossos dias, temperé-lo com osingredientes da socializagdo-moderada, é fazélo ndo-apenas.juridico, na forma, mas ecéndmicove social, para que seja efétivamente um liberalisimo {ue contenha a identidaedo Bireto coma Justice 19, $2m.a consideracio dos fatores eco. Capitulo It O ESTADO'LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES . 1. AY queda! de wit ogii:!2 Ahepottia'e justifcagto histérica do Princo de eau de ples 9A gu fe ap ine ty Frncae chs de potens ome ever eons fater Vota epee ore eek reprint Ca prs talc do ter 4 frets res, com sire do Lagos luton), 8.0 Ernie cone dura deragie ott iene 10°C IIs ergs erent i, Pecado contcoratone Sn “enporind ps exact tinue spor 1A queda dewm dogma Esteio sagrado do liberalismo foi, por sem diivida, 0 do separagdodepoderes. Pe wo dogma ds Océlebresart, 16 da Detlaracio dos Direitos'do'Homem, na Songtulgt fanceas ede saenbro de TP eee wean a sociedad que nfo asseiurd a paranti« dos direiios nema se- parigiasde podereomto posautconetiuigio’, nem * Até ofile &se principio tonséiva né moderno Estado social sua \aloripdo'e'quaifs victibitadsthistorcas doutrindsas por que passod, ein ordetiva nflancarlhelatsobievivencia na esfora do cons {tucionalistho eontemporarieo, elsique'passatios a indagar, com a recapitulagatede influéneia politiarque'aleangou ras diversas fa Bes da’evoltigas ‘constituciondl oséoulo:XVII-aos nossos dias. Teve'o principio; incontestavelmente, na infancia do.ceinatitucio. nalismo:odeme seiimomento.de apogeu,como artigo de doutri- naiem que se.esteoua organizagio politica do novo Estado liberal- 6 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL democritico, amparado no triunfo doutrindrio que coroou a rebe- fifo das treze colonias americanas e a insurreigio libertadora da ‘burguesia-revoluciondtia de Franga, em fins do século XVII Esse principio — que nas origens de sua formulacto foi, tal~ vez 0 mais sesutor, magneizando os construtores da liberdade contempordnea e servindo de inspiragao e paradigma a todos os textos de Lei Fundaméntal, como garantia suprema contra as in- -vasdes do arbitrio nas esferas da liberdade politica — j4 ro ofere- ce, em nossos dias, o fascinio das primeiras idades do corstitu- cionalismo ocidental. Representou seu papel hist6rico. O constitucionalismo demo- critico tem por ele a mais justa e irresgatavel divida de gratidao. Merece, com efeito, a homenagem e 0 reconhecimento dos que, na doiitrina politica, consigramt su luta aos ideais devliberdade ¢ de- ‘mocracia, Ajudot a implantar na consciéncia ocidental o sentien * {9 valorativo dos direitos e garantias individuais, de qué foi, no ‘combate aos déspotas do absolutismo, a arma mais eficaz. ‘Quando cuidamos dever'abandoné-lo no museu da Teoria do Estado queremos, com isso, evitar apenas que seja ele, em nossos dias, a contradigio dos direitos sociais, a c¥ja concretizacio se opie, de certo modo, como técnica dificultosa e obstrucionista, au tantico tropeso, de que inteligentemente se poderiam socorrer 03 conservadores mais perspicazes e renitentes da burguesia, aqueles que ainda stipdem possivel tolher e retardar 0 progresso das insti- {uigdes no rumo da social-democracia. Pretender conservéc descabidas para a atuali Jado de tantas outras razdes que militam em prol desse nosso ponto de vista, afiguram-se-nos nio menos judiciosas aquelas que 0 sabio jurisconsulto patricio Afonso Arinos de Melo Franco aduziu em Vertente, a saber, oda separacio de poderes. Se no, vejamos: "Nao hé nenhuma vantagem para nés, juristas democraticos, em dedicar 0 mesmo esforgo que 08 hossos anteces- sores despenderam para construir e justficar a teoria dos direitos ¢ garantias individuais. Eles-constituem um pressuposto.no funcio- Ramento da democracia e, se diminuiu a énfase com que a sua teo~ ria 6 exposta pelos autores, aumentau, gragas a0 aprimoramento da téenica, principalmente judicidria, aiseguranga da sua defesa na vida prética”. : I *B depois: “Se a nossa interpretacio esti democratica considera adquiridos os prece ta, a ciéncia jurfdica 8 essenciais do indivi- rng da questao, que, bem meditada, esti no fundo do princfpio ‘© ESTADO LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES 65, ualismo juridico, mas concorda, também, em que, umavez pre- servados esses valores Discos, necesario que o Dialtowe atorce por colocar agora, nas suas cogitagies, 0,social antes:do-humano. Esta colocagio corresponde, afinal, a mais uma defesa dosdireitos individuais e, portanto, da prépria témnica democréticn”») sad Sparagio de poderés como vimos, énica em dediio/su- jeits a gradual suiperagio; imposta por requisites novos devequill- Ca re ee ee er mento jé‘afo aisenta’em razBes preponderantes de formalismio na protegio“de direitos-individuais,-cbnforme o teor cléssico dé sua Slaboragio iniviale fisialidade precipuatdo velho liberalisino: Desde que ‘feel idm entrow a evolver no seritidd do enriquecimento de seu contetido, para deixar de ser forita ¢ $e con- Verte mt substincaabrangerd® paulatinaente nova ras da realidade social, notddamentte as de teor édonémito, pasioi aquiele Principio a tet interedse securldéri, por hiver deixado de'Zorres- Gio déinocratica, na qual fato- deseo téotia polities do século XVIL fo- megaram-dé interferir-na'estrubirs da-sociedade, modifitada’ por relages imprevistas de cardter social eeconmico, A recuperacio de tais relagies havia, pois, de estender-se, ne- , cessitia'é Bradativaniente, ao ordenaméits politico e impili-the f rumos de estruturagio qué nu gio que a ideologia das primeiras' Cats hio scortinava: nem. fazia efetivas, por minguar-lhe-justamente o seid tact acta ee > principio teria que aderir, num processo adaptativo, o qual, é& brig, importa porsveis alteragoes de natureza essencial, Toda andlise que se fizer das Constituigdes que tiveram seu ber- ge ¢ sua génese na profunda transformagio politica a.que assisti- mos, apés6 ultimo conflito mundial, ha de.evidenciar, & saciedade, que © principio implicitamente acolhido na Constituigio Federal istorica divisio de poderes, 6, em nossos dias, principio atenuado, ‘em franca decadéncla doutrindria. prasiplo menace, Data coloarmos emtela de debate acertza de verirmes te sma que.denota, com clarezazo.sentido. peculiar em queevalveu © Cconstiticionalisme moderno, quelnlo segue a rota do indjvidualis, ‘mo tradicional, ayorecido # amparada pela seperacHo slassca,mas -enivereda pelos.caminhos do sgrial, visande,nao apenas a afiancar 1. Afonso Arins de Melo Franco, Estudos de Ditele Gonsttucional pp. 156/157. 66 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL a0 Homem os seus direitos fundashentais perante o Estado (princt- io liberal), has, sobretudo, a resguardar a participacio daquele na rmigo da'vontade’ deste (principio democritico), de modo a idlizit’8'appatelho eétatal para uma democracia efetiva, onde os poderes piiblicds estejam capacitados a proporcionar ao individuo somacada ver maisamplade favores concretos. | Serfvem vio todo esforgo que busar otra diretriz pve uch ° tes do constitucionalismo moderno, respeitan- {euodistema sn uese apna tecica de trib ete pce No centanto, essa oscilagio. politica’ para a igui jue em, nosso século ¢, sobretuda, osilagia de.cunho social e econémico, |antinomia perante a liberdade classica, que o século Sonseguinte, ao antigo principio liberal, ora em de~ ies de que inigalimente se revesti. Em al- Jarecets ruglemente.imolado. Foi isso ¢ pio, aparece ,rudemente: i evant stag, justas e amargas refle- Be pradederrucie wjeologes dotsedo liberal-democrdtico eda ‘unésta repercussio que esse fato teria alcancado no dominio daliterdade humana, 2 tinnortdncia e justifizagia higtériea do principio da separacao depoderes ..., re Cabs pritinliidemeite,o exame da doutrina da divisio de po- eres, sua orighif ¢jlltificagio, ” Quanto a6 derradéiro dspecto — 0 de sua justificagéo -, chi- dames imprescidveisalgumas reflexes, vito que noses tse nfo despreza nem menoscaba 6 principio em aprego,-reconhecendo-Ihe toda finpoririahistrin que teve ea conveniénca que spre” séritou em ‘determihado'mornento dos embates travados pela sofia politica do século‘XVIIL; com sua vocagéo profundamente ot ties ¢'racionalizadora; dé'ahtagénisnio avs lacos da autoridade eda wadigios 1 ; “Coni'efeito, vivia-se wma época de revolta, em que a ideclogia cocneetena ede ean Precisava-sé-sepultarnos:éspiritos'aIdade Média, 0 corporati- vismojisfetidalidade'e seus privilégios; o absolutismo do rei ¢é sua contradigiotoinaliberdate moderna — oc Dilifade elorganicisiig sdeial de outros tempos nas vastasanti- teas qué haveriam de eifipréstat Feigao mécaticista &'sociedade e redutiro corpo social a uma poeira de &tomos, refletida nos exage- 708 da teoriaiitiividualista. : O ESTADO LIBERAL E ASEPARAGAO DE PODERES 67. As idéias da Reforma e da Renascenga, reinterpretando a Anti- {Bidnde clisica am desacordo com Aristéales « Pati, para fare r, no direito natural laicizado, as bases politicas do Estado libe- ral-democrético, alcancavam agora sua projecio indisputavel sobre ‘ consciéncia politica de todo um séeulo. Langadas estavam, pois, io terreno ecorémico, politico, social e floséfco, as bases da grande renovagio. Bites plodinina corn trauma revolucionério de 1789, quando ascende ao poder o tereeiro estado, a burguesia, constituida depois que o comércio e a indus. tria, no século das conquistas e navegagbes, entraram a romper 0 acanhado espaco da corporacio medieval, de estreitissimas rela. ses de producio, para ganhar os mares, assinalando, por esse 9, passagem dla economia urbana para a economia nacional, com todos o8 efeitos de universalizacio de mercados e dilatacio erescente dos interesses econémicos. A burguesia triunfante, ao soar ésse ensejo historico, enfeixava todas os poderes ae jatfcavn socaiments come mow sane ~minador comum de todas as classes, por cua liberdade — uma li berdade que, de modo concreto, s6\a ela'aproveitava em grande Parte ~ havia tergado armas como despotismo vencido. Como se vé, o titulo de representagio da liberdade fora usurpa- do pela burguesia Em verdade, o que ela representava era uma liberdade de cu- nnho politico, que se compadecia harmoniosamente com os seus in- teresses de classe social preponderante e com a ordem de relagdes secondmicas que sustentava, como forca vanguardeira da Revolu- sao Industrial incipiente. Nato havia de custar muito & critica pés-revoluciondria das pri- meiras décadas do século passado resuynir todos os erros, lacunas € imperfeigées daquele conceito de liberdade, seu normativismo va- Zio'e os inumerdveis claros que apresentava, declarando-o, por con. seguinte, inoperante para prover as necessidades e reivindicagSes sociais das classes desfavorecidas, maiqrmente aquelas que com. punham os escuros quadros da miséria urbana e proletaria nas mi- nas efabricas da chamada Revolugio Industrial. 3. A burguesia e o triunfo do liberalismo na Revolucao Francesa Quem participava essencialmente na formagio da vontade es- tatal em face d¢ novo Estado liberal-democratico? A burguesia, sem duivida, a cuja sombra, em nome do payo, se ocultavamn inte- resses parcelados da classe dominant. 68 BO ESTADO LIBERAL AO.ESTADO SOCIAL litico, foram, sobretudo, as de liberd: Ua, rdercque seen eta num sentido de apli- “burguesia precisave da literdade,re-0. Estado liberal-demo~ critic, assentad naquele frmialismayjuridica que ent Kant chegae sua-fermulacdo mais acabada,-era,ums Estado, destituido, conteiido, neutralizado, parastodo ats de intervencso:que pudesse. Gmbaracar a livre iniciativa material e espiritua}.do.individuo, 0 {qual como soberang, cingira a Corpade todas as retponsabilidades sociais. eee " Ease rel, quese ideologiaydo, século.XLX comesaria.depois aces: tron verse Smith m incomparsvel sro, que © coloearay tambdm, comoveixa de gravitagao de outro sistema, fo menos fur damental ~ econdmieo. 9 1 we yin eb : ia; com o ling tifvetris dé sexiness come ngs i i mocritico, erguide pelo constitucionalismo pés-revoluciondrio, o principio liberal trunfara indiscutivelmente sobre.o principio de- nna Como.jé’assinalamos, recolherse-nele'menos a doutrint de Rovseaja puede Montesquieu.d.uma soberaria una antepoesea soberaria parcelada ou pluralizada dos poderes que se dividers. sma de garantir oindividuo, de rodes-lo de protecio.con- wa Bet Sage mar mig ni rl © nagatioum de que emanam.as piores ameagas aq vasto circulo dos direitos individuais, que a.Revolugio havia erigido em dogma de Vitorioso evangelho'palitico, ; ‘Assim se explica a origeni do célebie principio da divisio de poderes? me Cabe aqui, sem diivida, mengio dos filésofos qué Ihe deram fundamentacio tebrica, antes que o vissémos aplicado’por viarevo- lucionira. Yes en ids cd aoe ae GE iter ede a OESTADO.LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES 69 Mas essa divisio néo se prende apenas a uma racionalizagio doutrinéria,.a maneira do que.fez Montesquieu para a Franc, quando elaborou as bases tééricas do principio, a saber, em obser- Jagbes colhidas na vide consttuciona ingles, sem embargo de a critica dos tratadistas haver subseqiientemente comprovado 6 en- gano do inclito fil6sof6 liberal, enigano que, segundo certo autér, foi *o mais fecindo” dé que hé noticia na historia das idéias politicas da Humanidide, porhaver permitido o advento do constituciona- jismo democritico.” Dizemos critica dos tratadistas, fnas houve excegSes. E,algumas abalizad{ssizsas, como a do insigne constitucionalista alemgo Carl Schmitt. Acha este que Montesquieu iio se ilidira po exame da realidade inglesa. Torcera-a deliberadamente. Mas no da as razes que o convencemiNo entanto, supomos encontré-las no fato de que Montesquiets sabia’ perfeitamente qui ali, outro era o sentido das instituig6es, outro 0 Seu organismo juridico, outra a mentalidade ', que se criara. Tratava-se de sistema esteado ent tradigdes qué eval. viam comlentidio, mas seguranca; sempre significavam ofortale- cimento progressivo daliberdade. : A lglaterra, com os seus barées e sua ndbreza nunca ofuicada, rio abolira de stibito a Idade Média eo feudalismo, que desapare- ceram mediante transicio vagarosa eretardada. O rei jamais pudera abater a aristocracia e sujeité-| r0 dominio, como no Continente, onde o monarca, dep truir a supremacia feudal dos fidalgos, se colocara ostensivamente em contraposigio as classes nao privilegiadas. Em verdade, 02 bardes feudais, como assinala proficientemente Laboulaye,‘se aliaram, nas ilhas britinicas, ao povo, para combater as pretenses do absolutismo real, precisamente ao contrério do 3. A meso tese sobre o equvoco de Montesquieu é professada por Mickine ‘Guetzévtch, contre lena o Prof Orlando Bitar. Nas conferenias do Unt iri. do: Epis das eis (1948), diz Gueavitch que Inglatera € pare Montesquieu ume ulpia semuthante ts de Pati, Morus ¢Caztpanela. \Lembre-ande Bites, ariado em Bagehot, que de 17293 1731, époce da vista eMonfsquleu«Inglotere, 0 pas ise incline para o regia dp gabinete com [Senate parlanents do “grto-vint” Sir Robert Walpole. © meso Montage ‘hesitate e sua ddvidatranaparece noe tos tecios do clebre Capo 6 do Livro Xl, sobre + Constitute da fnghters, quando eicreve! "No me-conpete ‘eaminar 50s ingles agora defrtam ou ago desta Uberdade. Bastrane ner ‘Que ela 6 eetabelcida por suas leis, «eu no busco ours coisa sendo isa” ("Ce ‘est point & moi examiner si les Anglols foulsontacuellement de ete Sberé fu non. fl me sult de dze gull st abl par Tours lo, ete ren-chershe pas davantage"). . 4 Ell ss Limits, p22. 70 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL ue se deu na Europa, onde o rei tetia pactuads com as'classes po- ilares para everter a independénia, «liberdade e 0 poderio da obreza, liquidando-a politicariente:"” la atoerect “ Entre’ #ei'@ © povo'jd tdo medéava, la atistocracia fetes gee peel fle midds ie pants nc ato profundo que se formou entre o rei eo povo, depois de abate: posts wdeperdancie Itica da riobreza, deu'a'revo- lugio Jiberal-demoerAtiea’elrdptia felgho intelramente distinta da- quela qué ccorreu na lighter. a ‘tambérv’a liberdade, tanto quanto.o agit PS mplosiee femauctdidas reivindicagSes ing ito seculo. XVI que, inptauiarai, definitivamente 0 sistema liber buscayama bige teGrica desuas aspiracbes, «Foranvenconttécla'a0 engendrarem a técnica da.divisio de po- deres, pois a unidade do poder, se abertamert ‘como na Inglaterra, por parte da aristocracia, implicaria, no Continente, sua remogig da monarca para 5 povo. " Queriam, assim, evitar que © poder recaisse no povo. Estabe- lecida a antinomia sober do seio deste destaca-se uma classe! a burgtiesia: Esta pretends’ escatar 0 poder, amparando-se iriinertte na técnica separatista. , ‘a separagio de poderes ter-se-ia a vit6ria do principio de- smocriticn, chm 9 exper mi arte Rousseau, Montesquieu advo- gava o principio liberal, abragava a solucfo intermediéria, relati- ist que, dem lado, aftstava o despotism do ete, deouto.nio entregava o poder ao povo: Essé principio seria aleancado Saediucma xpos, que waropltnris« decaktada bere ie sglesa para as paragens Continentals, | ‘Nie discutimos se Montesquieu queria o poder para os fidalgos decadentes ou para a burguesia ascendente, O que asseveramos, ¢ ‘io padece-dilvida, € que sua:teoria se prestou admiravelmente ‘bem a6 prograina da cldsié ale iti governar politicamente a Euro- pa no século XIX, e:qué faria, com tanto éxito, a Revolugio France- 5a, consorciando aos seus ideais-os dademocracia, numa alianga — aliberal-democracia ~ que muitds tedricos ho considerado hibri- dae costeadisri * Montesquieu interpretou precéncebidamente a Constituigéo in- lesa, para servir aos fins da Fevolugfo incipiente, ao descontenta- mento que lavrara contra as monarquias opressoras de diritodivino. ~ até entio encobertos na ferioméhologia'da(Natureza, O ESTADO LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES 71 A reformacio consciente, cujos.motives Schmitt nio explica, deve ter decorrido das razbes a que anteriormente aludimos, res- peitantes a posiglo ideolégica de Montesquieu, colocado entre 0 ab- solutismo mondrquico e a democracia pura e simples, e que o cor verteuno maior teérico do liberalismo. O prinefpio nio be piende a uiki raciorilizagio doutrindria, re- petimos, porquanto a Inglaterra, com a sua sébia, fo poli- tica, de cunho organicista e tradicional, jé fizera medrar o embrido daquela’idéia; do mesmo passo ‘que filésofos sociais, como Locke, dela se fizeram paladinose precursdres: "> * Tratava-se, indubitavlinerite, da’ viva e palpitanteno normativismo constitu. volugio Francesa, que se afirmaria mais I subseqiientea Re- 4.A separagio de poderes como técnica de limitacao do poder ~ __ De outro lado, a vitbria da’ciéncia; que descert ndia as es- perancas € 0 otimismo dé filésofos raciortélistas. Cuidavam eles aver transposto assim 0 pértico'de-tima'eri'que prométia a0 Ho- mem a solugio do caso social. A implacivel investida que se fez contra as antigas instituicdes, destrufdas nos alicerces, pedlia que ao desinioronamento das velhas idéias sucedesse a reconstrugio da realidade social, nomeadamente em seu aipécto politico Eo pensamento daquela idade conflagiada cuidou dese modo levar a cabo, com pleno, éxito, a reconstituigio da autoridade, em bases completamente novas, que dessem a0 individuo, com a Carta de seus direitos fundamentais, ideologia.furidada em valores rigi dose absolutos. Odireito natural, no que tange a ordem politica, chegara.ao seu ponto culminante de florescimento, exercendo sobre a consciéneia dos reformadores europeus do século XVILl prestigio raramente al- cancado por outras doutrinas. Supunha-se estar de posse da chave do destino social, encami- nhado a felicitacao do género hurmano. Antes, porém, que arealidade tontradissesse aquele majestoso sistema deidéias ou pusesse abtixo aquele-ésbogo otimista de orga nizagio social, em queazazio humana anunciava; no.plano tebrico, a obra de perfectibilidaderdas instituigSes, tudo levava a. crerine triunfo dos esquemas de técnica constitucional do liberalismo. . > n DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Um desses esquemas foi o da divisio de poderes, que tinha como objeto precipuo servir de escudo aos difeitos da iberdade, Sem embargo de sua compreensio rigotosamente doutrindria con- duzir ao enfraquecimento do Estado, & dissolugio de seu con: dada a evidente mutilacto aque se expurha o principio bisico da soberania, uma de cujas qaracteristicas, segundo Rousseau, era a indivisibilidade. No entanto, 0 anseio de proteger eficazmente a liberdade leva- vva ao esquecimento dessa contradiglo, sem que se suspeitasse se- quer da necessidade de retificar 0 principio, com as corregbes que the foram feitas, posteriormente, em ordem a atenuar o rigor de suas conchis6es. ~ ‘A ligio dos povos que padecerain os abusos do absolutismo ex ica, por conseguinte, a elaboracio daquela técnica sedutora que perou, por mais de século, no constitucionalismo clissico. Deverio$ entendé-la, pois; cori arfna'de’qiié se valet’ doutri- ‘na para combater sistemas tradicionais de opressio politica. Visceralmente antagénico a concentracao.do poder, foi, portan- to; pringipig fecundo de.que se serviy para a protecéo da liberdade Pree alisme modernn-ao fur, cpm Estado juridio 0 sverno da lei, endo 0 governo dos homens, ou seja, a government of, ot a government of men, corforme assevero judiciosamen- ' ja historica, ihsignie Johiv Adams, dissertando actred da Constithigac'aniericana,, ° ‘Mas nunca se deve perder de vista que o afamado principio se gerou também na idéia peculiar ao liberalismo de limitagéo mAxi- ma dos fins do Estado. ‘O absolistismo iluministd dilatara a teleologia éstatal, eo libera lismo da primeira fase, que'se lhe segue; introduzira na teoria pol ica idéias que sto precisarienté o reverso do die pédia 0 Estado po- licial, de cunho mercantilista. . Kant sucede a Wolff, Aa Alemanha, assim como Montesqui pai do liberalismo contivental, sucedera, em Frana, 20s te fo abiolutismo, que enicdrmavam a sSBerahia no monarca de to divino. Com 6 modem Estado social éresceram, porém, 0s fins do Es- tado. > vt Ora, 9 prinipio de Mantesquies, tomo vimos, ompadesia-se coma dithinuicko, eno come alargamento, daqueles fins. ‘Daf outro motivo para determinir orrecuo necessirioyse no 0 abandono aque se acha exposto, na doutrina politica denossos dias, © mencionado principio, notadamente depois que as recessidades © ESTADO LIBERAL E ASEPARAGAO DE PODERES 73, do mundo modemo impuseram ao poder estatal a ampliacéo de SCostingeo aumento continuo da ents de suas responsablidades 5. Os percalzos da separagdo £ possivel ir mais longe e, em abono da teoria de Montesquieu, afirmar-que o principio evolveu, no.campp do constitucionalismo, de aplicagio empirica e de interpretacio assinaladamente restrita, | para conceituacio aprimorada, em que os poderes, como aspectos diversos da soberania, se manifestam em/angulos distintos, aban- donando-se, dai, expressées improprias.e antiquadas, quais sejam serrate « dito, aybstidas por outas mais corvetas,« ber, distingao, coordenagio’e colaboragao, Hitratadistas ¢expasitores que preferem, ao termo poder, ter ‘mo furgao;;Essas-emtendas.& doutrina sio fundamentais ¢, esclare cem.que os; poderes-caminham. para ina integracfo, compativel coma larguissima esfera.da.acio.estatal, a.qual progressivamente be entendy como acrtacimorde novas responsabilidadessagals-« econémicgs, que pardem sua configuracao juridica meramente tar tear e formalsta para se converteremem elementos materials ¢ consubstanciais do conceito dé Estado. A tendancia para a vinculaglo, asin deres atesta.que,.no modemo Estado. inlo temeo poder. Houve época, porém, na filosofia politica, em que havia da par tedostesrsboa ploocupagio dominahtederefretlaerepriniler Viacse rele, ‘cor indissimalével aeege. elemento-exclusiva- mente negativo; o inimigo mortal da liberdade humana, o princfpio dle todos se malefcis e anos hordem sociale hexistdncia livre do” individuo na sociedade. Compreende-se essa tendéncia como reagio extrema aos ex< sos do. teolutism. me fe ee E foi isso talveznecessério a que se fundasse o respeito & perso- nalidade humana, tornando-a juridicamente intangivel. Sob esse \specto, no ha por que reprovar os resultados posit is na rndividualista ere ostivte de doutet Mas ela foi indiscutivelmente perigosa,para.a defesa da mesma personalidade dohomem, quando,caiu na contradi¢io e naantitese de determinar, de um ‘ado antravectinente, .do,Estado, no velho esquema da liberal-democraci ‘outro, a hipertrofia do Esta- do, no moderno esquema totalitério, ou seja, na ideologia dos que a colaboragig dos po- ico e democriticn, jd se ” ‘DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL buscavam resposta para-o-desnivel eo desencontro entre a realidar de sotial, mais poderota ¢ dortinadora, ¢a realidade jurfdica, mais fraca e sem contetido, de feigdo normativista, logicista e abstrate, que rodeava e ccultava, na sociedade burguesa, um mundo interno de contradigées, em plena fermentacio. * ‘Avreagio a favor do poder, com o'seu cuinho antideniocratico e toialitério, 96 poderis'ser vitoriosamenté acometida caso se evacu- asse para avigoraraestrutura do novo Estado democrtico, de teor social tio vasto, aqua posiclo anterior, de manifesto antagonismo a0 prinefpio da soberania, isto dos que dividem intransigente- mente o podertem esferas quase incomunics\ Nio foi ser tainio ie Miguel Reale, esctevendo a respeito de Hauriou e sua doutrina do Direito, afirmou, com inteira procedén- cig; que “Haurioii pertencéaquela familia de juristas que sabe queo piorinimigo do Dirtito é quele que fecha os olhos para o problema do potler’"é dquuéle que julga ter salvo @igualdade e'a liberdade co- locarido poder emtint plano’ seeundirio de subservigncia as re- dosihtitos das relagies humanas"* grad espontaneainente Bieta Ora, outra coisa néo fizeram os teéticos do'liberalismo; do aelte libéralismus, de que nos fala Nawiiasky, na primeira idade do Estado juridico da burguesia, senio “fechar os olhos” aquele problema e deixar que a sociedade; na.composigio de suas forcas dinamicas, contradissessey ce iniotlo: cada véz-mais veemente e ameacador, 0 : fenhuma parte do Rayo, nem ne- imprescritivel. Pertenice a Nagao: ape the ou avibeseae ne 0 acercicio” (ila Souvee ienable“etvimprescriptble. Elle té est une, indivisible, . (ent -& la Nation: aucune: section ‘du ‘Peuple; ni aucun ividu, ne peuts'enattribuerllexercice”)." 2! ~ ‘Chega Jellixtek, por conseguinte,Aiconclusio de’que nio deve- ‘mos falar em divisio de poderes, pois'6 poder iio $e divide subje- tiyamente, nem mesmo comozatividads, 9 que.se.divide-é 0 objeto do poder, ao qual se dirigea.atividade esta ;#Quando mut, he divisdo de competéncias; nurtea, porémn diviséo.de poderes. 10. Madison, in Fedeist XLVIL/272 apd G line, ob. it p 500 11.08, dt, pp. 500501. ' 12.0b. ci, p. 503. 13.0b., Na pédia: Metternich’‘encontrar/:na-ciéncia: juridica, aliados muis:devotostiern adeptos minis atdorosos:da’téoria restauradora do que aqueles filésofos e jurisconsultos intélectialmente nutridos nogeacionarismoda Santa Aliangsy2!)-*:. » Tinhava burguesia vitotiosa, como.arma idedlégica de combate, em que assentava o seu prédominie'sotiatde classe, interpretacdo ‘mecanicista da Sociedade, esteada nos postulados da razio. | quelembrasse aidade tadoan€ O ESTADO LIBERAL E'ASEPARAGAO DE PODERES 83 ea’ ideologia reacionria da nobreza decadente fundava, por sua ‘vez, 0 organicismo, como. réplica que se propunha a invalidar as Scgrmpamee wige geen eels Combatia-se, portanto, a f6rmula abusiva com que os regicidas da flosofia politica, a proleespiritual da Encilopadin, ace, navam para.a palavra liberdade, fomentando o reyelucionarismo ro seio dos povos e despertando as massas adormecidas para a par~ tcipagio politica mediante o exercicio do direito de voto. ‘Apelava Savigny para as tradigBgs alemas. Em seu livro de 1814 dephramse-nos, jo» germes de uma teoriaorganitista da Socie Sua visio genial do Direito nos familiar®2iva com idéias que va- sos ver mais tarde amplamente expoatase debatidas por figsofor adistas, cujas raizes mer ‘na mesma inspiragio de pos- fuladosquea escola historic Pissfo depo Omovimento de codificacio foi o pretexto para a grande arre- _emetida ideolégica, Rompemese as hostlidades, ena lagica © com. patta argumehtacio do sabio ha passagens que patenteiam o apre- Seen que eletinhao prircipioorganicista, Se nio;'vejamos, compulsando-the o livto'afamado, Depois de referirse a uma “conexio orginica do Direito com aesséncia eo ca- rater do.povo", diz Savigny, mais adiante, em.uma de suas compa- rages para'atestar'o cardter funcional do Direito, 0 principio de qué cle impilica-uma relagio dindmica: “Em todo ser orgartico, e as- sim também.no Estado, repousa a satide no equilibrio das partes com o todo, que a cada um.concede.o direito que the cabe” ("In jedem organischen Wesen, also auch im State, beruht, die Gesundheit darauf, dass beides, das Ganze und jeder Theil, in Gleihgenehe see, dass edem sein Recht widerfahre”)." sobretudo na.conclusio de sua dbra, depois de percuciente wrtse da sofregidto codifcadora de aus Uposs goa Savoy declaradamente se confessa o organicista do ireit. | a7, Best esa jdologineo slang com ot pretendiaretaura 40 i a gS ts oo tiddowalatsat preverotecen Sinierpinene sh u op de cd Sa dt sie ana omitcom ool tn i lay sa SRO Ta tee Sica mre tag coy me Se ea sede pol cua cde pre ads cov eae piss ac pidionstoe eeesac anemia mains setae 18. Vom Br raver at rate Reisen 9.25,

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