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José Luiz Fiorin Margarida Petter (rganizadores) Africa no Brasil a formagio da lingua portuguesa editoracontexto i a Gari 208 Mapas Na Teli see edo dcios ds eo race ir Cott Eras Les) on aan 08 Vins Bote Revie Mapa Pere LaF ads Intraions de Culpa na Pub (CIP) (Cha Been do, ay Tae ialatem ape orp Margi Pee Jot Lai asin (ergeindre) = So Pls Cont, 2008. ISBN 978-85-7246382-1 1. Bel — Coil icant Light 2. Lnguager eae = Ba Poe, Marq I Brn jt Lae Thea adios amentice | Porat Bra aac ars Lingicin $91 Eorrona Cowrexro Diets lori aime Py Rus De Jo se, 520A da apt (05083450 So Palos. Pa (10 38325658 cxxeedoranten som be master cxabe Pride eprops. Oviedo aa de. * Lista de Iinguas Sumario Preficio .. Linguas afticanas'e portugues falado no Brasil Erin Born A inexisténcia de crioulo no Brasil FeswLonis Rovgl ‘A realizacio do sujeito em portugues do Brasil: deriva versus crioulizagio Niclas Quins As Iinguas vernécukis urbanas na Aftica: 0 caso do sheng... Berard Caron (0s voedboulos de origem africana na constituigso do portugués falado no Brasil 101 Enis Bonsai Palavras da Africa no Brasil de ontem ¢ de hoje... 145 Tenia Aim ¢ Marride Peer Estratégias de impessoalizagio no portugues brasileiro sw 175 merle Viti Nero ¢ Een Vit (Os organizadores 205 Os autores sn 207 Prefacio “E puipsio da imoginagio hie air mitos ues mits yar, judam a comprendet snes 0 rer que or frou do que ounivesoremero para ' qu foam invetadon® edo Basi, Disticn de colar “Todo sertimento nacional consrdi-se sobre origens, mits, inicio hersicos.Os mizos de origem da nag braileira, frjados no romantismo, como olque aparece, em O guarani, de Alencas, por eemplo, mostram que o povo brasileiro descende de ortugueseseindos. O nivo évempresuma cincidensi ppestor. Este dequeflamos pera com a unio da naturea com a cultura, ou sj ds valores americanos com os ceuropeus. O Bra seria asima sfatcse do velho ¢ do novo mundo. A nagio bras aparece, depois de um ditivio,em caja descrgfo se juntam os mitos das duas civlzages ‘constivutivas da naga brasileira, ode Noé eo de Tamandaré. O povobrasilico¢resultado dea fasio do sangue portiguéscom osangue tpi. Ease mito exclu o dementoaficano ta formagio da nacionalidade. fridio nfo constitu nenhur perigo 8 ordem vigente, fandada na escravidio dos negro. Por outro lado, iia de que ele no se adaptava a eseravidéoseivia para constiur o mico de um homem com espiico de iberdade € coragem, qualidades necessras para ser um dos hers fundadores No final do século XIX, aparccem as “teoras" do carter nacional brasileiro, cembasadas em douirinas rads, que buscam explicar 0 araso de nosso pals pela ‘existéncia em nossa formagio social de ragas “inferiores” e de mestigos. A teoria racista, tune-se a idéia da determinagio geogréfca, que explica 0 desenvolvimento ou nao de ‘um pals pelo ambiente sic. Mesmo aquelas obras que sio consideradasant-racita, como O mato, de Aluisio Azevedo, combatem o preconcsto contra © mulato, com base numa ida de branqueamento do Brasil. O mestigo no poderia ser etigmatizado porque estava aproximando-se do branco ¢ afastando-se do negfo. Com Gilberto Freyre, buscar deserever e cxplicar © Brasil por meio do proceeto de miscigenasf. mostrando que nosso pas se forma a partir da coneibuigao de portuguese, inios ¢ ficanos. A partic df, comesa-se a considerareuférica a mescla. A cultura brasileira passa a descrever-se como uma cultura da mistura, do sincretismo. 8 Aicane Brat ‘A maneira como a lingua portsgues foi vst: parece correrparalelamente a este breve sbogo sobre a explicago da formasiodo povo brasileiro, No Romantsmo,comesa- sea iscutira narareza da lingua filada no Brasil. O guaran, por exemplo, mostra, além da fundagéo da nacionalidade, 2 consttuiao da linge falada no Brasil Sua identidade é correlata i do homem brasileiro, cujaorigem 0 romance descreveu. Nio se trata do portugués tl como ¢falado em Portugal, mas de um poreugués modificado pela natureea brasileira A lingua falada no novo pais é um reflexo, ra sintae e no léxico das suavidades c asperezas da natureza da América. E uma fuséo também da cultura com a navureza. ‘Alencar nao preconiza que se fle rupi, mas esse portegués modifcado no Bras [No periodo das explicagéesracstas sobre a composi de nosso pov, preconiza- sea volta 20s cinones do falar lustano, o nico a gorar do prestigio da coreegio ¢ da cexisténcia. Os falares populares brasilciros sio vistos como erro, como fruto da ‘ignorancia eda incapacidade de bem pensar. Quando se comesa falar da contribuigéo de portugueses, de indios ¢ de negros na formacio da nacionalidade, princpia-se a cenfatizar a influéncia das inguas aficanas ¢ indigenas no porcugués brasileiro, As afirmagées de sew estatto crioulo ou semicrioulo parecem corresponder 20 petiodo de euforizagio da mesticager, do sincretismo, da mistura na cultura braileira ¢ na constituigio do povo brasileiro, Se na fundagio da Universidade de Sio Paulo ce criou uma citedra de Lingua “Tupi-Guarani ese os estudos de inguas indigenas difundiram-se pelo pais, a mesma coisa no econteceu com os estudos da Linglistica Africana, Pouguissimos pesquisadores dedicam-se, ainda hoje, aesse ramo do conhecimento. Muito do que sc falou sobre a infuéncia de Iinguas afrcanas no portuguts brasileiro on sobre a quéstio da crioulizacio ou da semicrioulizagio nao estava fundado em sélidos conhecimentos das inguas dos esravos que foram trazidos para o Brasil. © primeiro catedrétco de Tupi-Guarani insistia em que a cadera dessa lingua deveria ser colocada no mesmo patamar em que se situam as de Grego ¢ de Latim. Por iso, ela néo se ‘ocuparia de ensinar, de modo pritico, a Kingua, 2s teria uma orientagio histérico- comparada, Nio interessa aqui discuiro acerto ou o erro dessa diretrz. O que importa € que se procurou dar 20 estudo das linguas indigenas um estacuro académico de nobrera, 0 que jamais foi concedido & investigagap das linguasafricanas. Ente lio que ora apresentamas ao publico procura apresentartrabalhos sobre a questio das relagses das linguasafficanas com o portugués brasileiro. Numa érea to carente de bibliografi, temos a certeza de que esta obra serd um importante subsidio para 0 conhecimento dessa questio. Os capiculas deste livro foram produzides por pesquisadores brasileiros € fanceses participantes do projeto financiado pela CAPES e pelo COFECUB, “A exricipacto das Yagi akicxaas na constiuicio do portugues brasileiro”. que tem ‘YOK dhieting identificar os evenmuais racns lingiiisicas que podem ser atribuidos 20 Fetaco 9 contato do portugués com as Lingus afficanas que aqui aportaram no periodo da ‘olonizagio. O lado brasil foi coordcnado pela Professora Margarida Peete, que disige, na Universidade de Sio Paulo, um aruante grupo de pesquisa em Lingistica ‘Afficana. O grupo de pesquitadores franceses, coordenado inicalmente pelo Profesor ‘Bernard Caron eatualente pla Profesora Martine Vanhove, pertence ao Laboratério “Linguagem, Linguas de Culnaras da Aftica Negra” (LACAN) do Centro Nacional de Pesquisa Cientfica (CNRS), de Paris ‘Nas culturas da Aftica negra, a palavra € dotada de encrgi vital, tem o poder de manipula fore. fote ce conecimento e, porisso, deve ser valrizada e manejada ‘com prudéncia, Para Hampaté Ba, eseritor, eendlogo © sibio afticano, que se ‘considerava “diplomado na grande Universidade da Palavra, ensinada & sombra dos baobés", €a solder do lago existence entre © homem e a sua palavra, mais forte nes sociedades mis, que confete valor a0 testemunho, 2 tradigio oral (itive génnale ide [Afique, 1986, 99). Foi esse modo de tansmissio da palavra que se reproduai tno Brasil, pelo contato vivenciado entre pessoas, falantes de linguas africanas, deposidrios de priticas soci e conhecimentos expecfics, fants de ours linguas Gadigenas © portuguesa, inicialmente), também portadores de experiéncias © conhecimentos proprio. As palavrasaffcanas que aqui se perpensaram nfo fazem pparee apenas de uma lista de lexemas, mas constituem, antes, uma maneira de Conceituar, de caegoriar 2 realidad, euja presenga pode ser observada até mesmo quando nenhuma forma ingsticaaffcana pode ser idendficada, Emilio Bonvini disaue, de mancira muito ampla, a quescfo da relagio entre linguasafricanas 0 poreugués:atualizao trabalho publicado na Langage, 130, dejunho de 1998,"Poreugeisdu Brési exlanguesafricaines,escritoem co-autoriacom Margarida ‘Perce, ¢acrescenta novos dados fiundamentatlos por documentos obtidos em pesquisa inédita,ao mesmo tempo em quereiteraposicfo cntrétia’ hipdeesede uma cioulizagio prévia do portugués brasileiro. Jean-Louis Rouge, 2 partir do eseudo da situagion linghstica de Sao Tomé, mestra por que o porrugués brasileiro nfo passou por uma fase ‘decrioulizagio nem pode ser considerado um semicrioulo, Nicolas Quint oferece mais cvidénciaslinglisticas paraesaincerperago por meio do estudo comparado da perda dlasdesintaciasmiimero-pesoaisdosverbosnuma trie delinguasromanicase das marcas depesoaedemimeronocroulecabo-verdiano, para evidenciarquearedugfo das marcas smorflégicas da flcio verbal eo aumento do preenchimento da pasgio de syeito po portugués brasileiro devem se aribuidos a uma deriva romfnica. Bernard Caron apresenca-nos a questo do surgimento de novas linguas urbanas na Africa, oriundas do contato de lingua aficanas ceuropéias,analisindo mais decdamenteo sheng, lingua urbana de Nairdbi, no Quinia. Em outro capitulo, Emilio Bonini, apoiado em farta docurnentasio histérica, analisa a apropriagio do Iéxio de origem africana pela lingua portuguesa ¢avaliaacontribuigio semntica,e no apenas lexical, delinguassficanae 10 Atfcano trast ro vocabulirio do porcugués brasileiro. Margarida Petter e Tania Alkmim estudam rminuciosamence a incorporacio de palaveas afrcanss atualmente em uso no portugués brasileiro, observando eu registro desde o séulo XIX, a0 mesmo:empoem que destacam aextabilidadee odinamismo desua utlizagio em contextosespecficos, Esmeralda Vilati ‘Negro e Evani Viotti examinam a sintaxe de algumas foreras de impessoalizacio urilizadasno portugués brasileiro contemporaneo, que possui uma estrutura semelhante Aenconcrada no quimbundo, fagua cuja auséncia de passva foi descrita desde o século XVII, para mostrar ques influéncias das linguasafricanas no portugues brasileiro na se dio, muitasveres, de maneira direa, mas por meio de processasamplos de incosporagio _ de eros pads lngiticos, Comoe porebe,umvast luce problemas equesies ue sjudacio a entender melhor aformagio do portugutsbrasleic. E neces usificar uma deciso cmada neste vo, Foram sportuguesador sodos os nomes de linguas aficanas elas sempre aparecem grafadas em leas miniscule. recto que se expique ea revlusio. Hi uma "conven para a grafia dos nomes cbs" exabelecida pela Asociago Braiera de Antropologia em seunido ealiada em 1953 e publicada na Revue de Antopdagia (1954: 150-152), a eles eee aloe sted arene alee eee Og Brincipis fo que or nomes “bas” devem sr sempre eritos om nial maliscula, sendofieulttivo seu uzo quando forem tomados como adjetvos; eles, quer usados come substantivos quet como adjetves, no rerio leo de 2énero ede nim, a nao se ‘que sejam de origem portuguesa ou morficamente aporcugucsados. Em = lingua. Em segundo, quando sio adjeivos, sss pala padem flexors e ser escrits com iicial mindscul. Feta esas ress, hd vito: aspects a considera, As rade linglicas que embasam esas nornias so inconistentes. Por exemple, justices 0 fato de nto fer a fexio do pura, porque bia posbilidade de as palaves jd estarem no plural ou, ainda, de que a forma de plural nfo-exista.nas Iinguas indigenas coreespondents. © problema de ear ot nfo no plural nio tem o enor snide, poi quando uma alae se incorpoa a um outro idioma, ea adguire iro lugar, cabe aflrmar que a convengéo trata de nomes de povos e nio de nele uma configuracio fnica ¢ & essa que importa para o filante, Por exemplo, as palavras emprestadas do drabe pelo portugués, como afeice, cazem jd 0 artigo definido. No entanto, nio passa pela cabeca de ninguém dizer que diane desses vocdbulos nao se pode colocar o artigo definido do portugué:. Quanto ao fato de 0 plural nfo cxistir numa dads lingua nio significa que, quando uma palavra entra noutra lingua que tem essa xregori, ela ndo tenha que expressé-la quando parcicipa da conscrugio de uma frase. Caso contririo,teiamos uma agramaticalidade na lingua ue incorpora o vocibulo. © respeito as formas linguistics dos povos indigenas ndo permite desrespirar a6 outras linguse. Outroe dizem que nio se plurdizam os nomes erpwesindigenas gargs & Exverdate que esa etnias no ttm paises las constituern Prefacio 17 tum povo'e no apenas uma somatéia de pestous. Também ot poragust ¢ ot tslchor concn um povo spent dio, as normssertorifeas do ports trandam que nome depos ede lnguassgum gros com iil minis, Nowntunt, oes nat argumentcs mais ots ara ccever os nomet de ngus com inal ninsule prs exon os de cord com o sem da lingua portugues, Depoi de vrios anos deesudo dos fendmenos dicutivos © que2 “ Lingtistica de década de 50 desconhecia, © das exigéncias de uma linguagem politcamentecorreta,stbemosque discursomostaseudiretocseuaveso, Os manuais deredaciodos mais proscreverntermos claramence disriminatioseofensvos, como ‘riouo ou nego, para referee a um negro. No encanto, aio admitem iguslmente que se uizem expresses como afo-decendente ou cidadio depo neide, porque sabem aque ouso de exmos ecolhidos com excessivo euidado denota exatamente, pela tengo especial, uma atiude preconctituoss. © discursoacabe por revelaro que pretendia escondet, Nao € ima aide respetosagrafar com incial maidscula ou nfo flexionar tem gineto entero Atituderespeitosa tratar com absoluraigualdade, o que significa, a grafa de nomes de povosindigenas e fkcanos,eserever como se esrever todos os dlemaie, Naverdade, seh urn erm profundamente disriminatSrio 60 adjetvo ibs tno nome da convengio. Nao se usa riba para faer referencia a portuguese, fanceses, alemies, suecoseislandeses,Elesf0 povos. Por que ento os povosinigenas so tribos? Finalmente como muitas lingua filadas por esses povos ainda ndo so escritas, fo aportuguesar¢escrever & maneira de ingests ¢faneeses eno respeiat a8 formas Teas cans ou indgnss No ena, ara perm queer inceresado no estudo dessaslinguas poss reconhecet os nomes pelos quas lassi ideniicadas na literatura internacional, apresentamos anexa uma lista com as designagées correspondentes 3s formas que propomes em portugus, Em algumaslinguas bantas, dz-s que pensamento reside no corass,transica pela cabesae € reproduzido Ha fala Ext livo, sem perder otigorcientfico, precende revelar um sentimento de profundo rexpeito pelos povosaficanos pels suas linguas, cristalzagbes de suas manciras de ver 0 mundo. Por isso, pode-se dizer que hascet no coragio de um grupo de pesquisadores que nfo acredita cm superioridades © inferioridades de raas, de povos, de linguas, mas apenas em difeengas, com que se deve conviver, sem preconceits, sem discriminagbes, sem restentimentos, sem édios Esse grupo acedita ainda que o estudo do encontro do portugués com linguas, povos ¢ culturasafrcanas e indigenas é Fundamental para a compreensio do chamado poragues brasil. Or organizadores Lista de linguas Grupos lingitsticos, familias e inguasaftcanas ctados nos rabalhos, seguidos de designagdes encontradas na literatura africans ‘Adda (Alda) ‘cal (Aol) ‘Adamaua-ubanguian (Adamawa-bangia, ‘Adsmawsoubangusie) Afo-sdio (AoA) Aig (ALD Ale (Adin ‘Ardsico (Amati, Ambarique) Barbara (Bambar, Baral) Bano (Banta) Baul (Bee, Baoué) Beja Bed) Benubcongcles (Beaue-Conge) Beoom (Seon) Bet (Bee) Cain Kain) (Gamba (Kamba) (Gambari (Kembar) (Canioes (Kanal) (Candi (Kanu). Chica (Chae) Chadio/Chadano (Tehudiqu, Chai) (Clube casi (Ciuba-Kasa) Gaiem (Chdachas) Caiunds (Gin) (Chishungue (Nyungave, Cinyungue, ‘Ciayungwe, Tea, Tee, Yonge) Chin (Sin) Ghoambo (Fichoanbo) ‘Chécxe (Coke, Gil, Tsboowe, choke, Quioo, Koko, Shoko) Chona (Shor) CChusbo (Chuvabo, Chvabo, Gave) Gossan (Khoisan) (Conde (Koad) CCaniofnie (Kondafnian) Cosa Oho, iahos, Xen, Cafe) Cros River (Cosine) Ca Gow Guunbi (Kvambi) Gisians Rania) Gichiien (Couchiiqu, Cuhie) Deide Detid) Dé (Dend, Dendswe) Dinca Dink), Dis Gus, Diola, Dyas) Dolo (Dhol) ul (Doual, Dial. Dla) Eatide Exod) Eide Eid) fgue (5K) Eye (Eve) Fon Foo) Fule-Peul, Fulani Fuld, Fue) Gia (Chaya Ge (Gb Grails (Grids) Gus (Goa) Goee (Gute) Garage (Gourgat, Guage) Gurint (Geran, Grose) Hadas Haus, Hada) aoe (Hoes, Hann) Hero (Osjiereo, Ochikereo, Ocilell) Hindbil Hinds) Fncrbolo(YacHolo) Tio (ibio) Te Gab) Weide Hom onc 1 Go) tab te ay Imbangla bang) amare 14” Aticano Best Indembo (Néembe) Indo (Ne) Tndonge (Ndonga) Ingambal (Ngan) Tngaal Ngan) Ingbindi (Ngbandi, Nevandi, Monga, Bz) agua (Nau Inhambane (Tong, Bionga, "Tong Inhambane, Senge) Iscanto (seach) Iola foe (wey) Jscundide Jukunoid) Kn (kr) Lingo (Lo, Lingo, Lnoo, Lang) ico berere(Lbico Berber). ‘Lena/Luvale (Luv, Lvens, Chiu, ovale, Lule) Uogbare (Ligbar) Lak ly, lly fa) ‘ite (Dhl, La) Macas (Malbres, Omakes) Mat (Maki, Ma, Man-CBe) ‘Mande (Mande) ngbeco (Mangbera) Mania (Manin) Manjzco(Mandiaque, Manca) Mass (Masai Maan (Mans) Mscbini (Maxban) ‘Menocuraba (Monokaruba) Moore (Moore, Moss) Nhaneca (Nyanek) Niaja (yan) Nigerocongolesa (Nige-Congs) ‘lossuians (Nilo Saharan Nocki (ouch) [Nape (Nps, Nuva) upside Nopoid) upside (Napoi) Ochicuaniams (Ockwanyi) Ockigangels (Ochignngel) Observastes: Onético (Omore, Omocque) ende (Pade) Paside Pod) Quionge (Kenge) Quiaio tayo, Gayo) Quimburdo (Kimbunds, Mbundu) Quindongo (Kindonge) Qiniabenbs (Kisyabembs) Quisama (Kiana) (Quisengs (Kanga) Quisicongo (Kiskongs) Qaisolorgo (olong) (Qoisrnd (Kinsuna Qui Quizombo (Kombo) Ruandaends (Roanda-und) Saliepian (Slampens) Sendane Ganda, sandane, sani) Seoufo (Sout) Seow (Sestho) Songs! Sangha, Songay) Song (oney)| Soso (Sus, Sse) Sousa (Stho-Tevana) Sua qusuath Sai, Kiswail) SuounaNiamute (Sakata Nyame) “arate Tascoid) ‘Toque (Tie) ‘Teed (eta) Tipe (Tg) ‘Tiga gia) ‘Thee Cea) ‘Tosi Trocal) Tana Tovana, Sesvan) “Tusronga (Tors Ranga) “Tanepa [Treg] Uoloke Cole) Urabe (Uihobo) Uraands (Ursin) Zoguus Caghava) Zauma (Zara, Dyers, Dyaems, Djerms) 1. Manteve-se a gaia com & do nome do grupo linghlstico fr, para evtar qualquer confuse corn 0 adjetivo portugués cra 2. Mantiveram-se cin inglés as designacées Cresr-river © Grassfields, porque sio e ‘optrimos cj radu, Grzament dori Campos deve, nf aa 0 menot sencido em portugues. Linguas africanas e portugués falado no Brasil os nile Bonini O debate ‘A relacdo entre 0 portugués filado no Brasil e as linguas afticanas atraiu a scence dot ceulone po noes dee oink do velo XIX, Prieianente = 1 ela foi objeto de urn ressuposta, depois afirmada, em seguida matizada ou neg Tie bat, deserved, sored no éulo XX, em emo sa de “iu keja de “semicrioulizaao” ou aiida de “roaliagio”. Geralmente, is relat foi concebida uniirecionalment, indo das inguas frcanas para porruguts,encarando- 0 lingua portuguesa e, ademas, sab sas primeira quate exclusivamente em relagi lum angulo pejorative, como um fator posencialmente dasoso, suscevel de tazet prejuao dinegridade da lingua herdada desde a-Epoca dos descobrimentos no século XVI. Para compreender melhor esse debate, convém tragar seu histérco. E na segunda merade ds ue 0 problema das influéncias das inguas africans no portugés lado no Brasil lorernenseenunciado, Cabe a Nina Rodrigucs_ {G africanos no Brasil redgido cnire 1850 e 1905, mas publicado somente em 1932) co mérito de t-lo formulado de maneira precisa, mas também de co contextualizado ‘em relagio 20s trbalhos cientficos da época, particularmente of de Macedo Soares (1880-1886) e de Joao Ribeiro. Este tltimo, em seu Diciondrio gramarical 1897 vverbere Elemente nero, tnka-e jé exprimido a espeito do assunto: Sob 4 denominasio de Elemento Negro desigames toda esplcie de alteragbes produsidasnalingnager brasileira por ifluacia dis linguasafcamas pelos ccravos Tpeoduaidos no Bra. Essar ateagbes nfo so to superfciis como aiemam alguns txtdionys uo ent, so baxanteprofinda, 0x8 no que dere a vocab, ‘nas aloo sistema grata do idioma (1897 219). 16 Atica no os Rodrigues apsia-se esse texo, mas acentua mais nitidamente suas implicagBes: gan tm cs ps de gu ie a infatcada ings peso flr bl, quando mos nian «aga port ces ates Mens nea cade vc do que nas Consus sts sors de dz se deve bax 3 orgem de numero davon poplars braces do nul prada vel maple (932: 135) E conclu com um verdadero programma de pesquisa efetuar no Bras A solucto d poems lings no Bras ea, pois inversio ds termes cm qu gent oor vo pono ang. Ni eet once hapa 2frcana plo edo spond ds igus dor cos importa. Coan oc, tomo io quince. Tratiesem prima lugs desberquas foram cy ‘ean lads no Ble em segundo gan tenal conbctnnto dos moses suosiobre els elias ns Ac pian gue xara bro pou falado no Brasil (1932: 126). 5 io Confesando, entero, com toda a honetidade, sua fla de prepro para abordar esa segunda pare, cle limita sua contibuiio 20 invenctio das linguas africana fladas no Bras - No século XX, o debate sof uma sie de deslocamento temiicos, Num primsiro moment, pasiou-se do problema da “lingua bra” para o a lingua portugues”. Num segundo, abandonow-eo tema da “nfludncia affican’ a fim de concentarseno da “crioulizasf", Finalmente, por volta do fim do séeulo, sbrenudo 10 Brat, contetou se a exci de um proceso de croulagi cops se uma “deriva tazida da Europ’, cs por uma stung resltante de um emprege orl A lingua brasileira vs, o lingua portuguesa A problemdtica da relagio entre as linguas africanas e 0 portugués do Brasil (B), no século XX, colocou-se desde os anos 30. Desde o comeco, buscou-se evidenciat a participario daquelas na constituido da variance brasileira do portugues. Esse debate desenvolveu-seem dois planosindegendentes o lingistco eo ideol6gico, prolongando assim as preocupagées nascidas per ocasiéo da independéncia do Brasil em 1822. Tratave-se, na época, de marcar a diferenca entre 0 Brasil ¢ Portugal. A ideologia ‘acionalistaorientou entdo os estudas lingiisticos na direez0 da pesquisa dos elementos auréctones diferenciadores, engendrados pela presenga das linguas indigenase aficanas. Os intelectuais da nova nacio deveriam trabalhar na descoberta dessa especificidade ‘6,2 despeito do faro de que a maioria delesndo era lingllsta ou estava pouco preparada Para esa tarefa, seus trabalhos tiveram uma grande ressondncia nos meios académicos, [No que conceme as linguas afticanas, como jd se viu, podem-se distinguir dois ‘momentos, que correspondem a dois tipos de anise: 0 primeiro caracterizado pela afirmacio da influéncia africana no PB, eo segundo, pela hipdress da crioulizagso do ‘portugues do Brasil em. contato com as Kings afticanas. LUnguas atvcones @ portugues flace no Broa 17 Influéncia africana vs. criouliza¢Go ois textos, publicados em 1933, inauguram o debate. O primeira, A inflaéncia aficana no porcuguts do Bra, de Renata Mendonca, tags o itinerisio da origem, pbanta ou sudaness, dos afticanos ransplantadospara o Brasil eapresenta una exposicso sumésia da gramética das linguas africanas, assim como tm inventéio de palavras € de particularidades do portugues do Brasil que o autor considera de origem africana O segundo, O elemento afo-negro na lingua portguer, de Jacques Raimundo, segue o memo enema beards su cha nama pg mas eit sobre a as africanas, Com excegio de algamas diferengas de deralhes de suas exposicbes, ee dae ra pune dr apecs cerns 7B doe} influéncia das linguasafricanas, prinipalmente 0 quimbundo e 0 iorubé. "No final dos anos 30, a questio da denominagio da lingua nacional jé fora cata. A nova pala de educa, no dominio dng conse lingua ruguesa a denominagio da lingua falda no Brasil. Como nota Pinto, “dentre as eperetfndae da nova plea eduscionl de convernia de ese pls e privados, que no campo da lingua consistia na sustentagio da ortodoxia, porém mediante a renovagio das metas, dos métodos e dos processos,ressalta 0 esvaziamento definitivo, 20 fim do petiodo 20-45, da velha questio da lingua brailia” (1981: XOXXIN). A formacdo gramatical eliterdtia dos antigos defensores'da denomninagio Lingua brasileira, que frequentemente apelavarn para dados extalingisticos a fim de cexplicarfatos de lingua deu lugar &formasSo propriamente lingistic, que comesou ‘nos anes 30, Os tabalhos com carter cienifico produzidos pelos novos pesquisadores ‘sublinhavam a unidade culruralelingtsticaluso-braileira sendo a agua conecbida como o refleo € a expresso da cultura. Melo resume essa nova posigio: Aveda ¢ fcmen pera de noe cls ram ora aa Gee fee qo coma poral pol, dnd me ona masse de earpcidade «naa cur (bina plo auc) (1946: 29). esse novo contexto, omnava-se obsoleto insist sobre a diferengasresurantes das influéncias nio européias. O imporeante era fundar essa unidade lingUstica, cexpressa na fécmula wnidade na divenidade Silva Neto (1950), Melo (1946) e Blia (1940), eruditos de sélida formagao 5. fll6gica, rexaminam ain‘luéneiaaficana. Diminuem sua imporeincieincroduzem, \) no debate, a hipstese da croulizago, tema tratado pela primeira vez pelo porcugués ' Adolfo Coslho (188), que clasificou o PB com os criilos afro-poreugueses, definindo-os como dialetos do portugués europeu. Silva Neto (1950) sustenta que no Brasil houve somente falas afrcanos episédicos, crioulos ¢ semicrioulos, que eam apenas uma deformagio © uma 8 icono Bros! Simplificagto do poreugués Seu vstigios ass sf0 0s diners ruras Foi a ascenséo social do mestigo que transformou o pareuguéspadrio em idea linglitico e levou a0 desspareimento dos crioulose semictioulos. Melo (1946) desenvole um aspect apenas levementerocado por Sitva Net a iia cde que aquilo que presen aficana fir €somenteacelera as tendnciaslatentes 4a lingua portuguesa. Insprado pelo concrito de deriva de Sapir, Melo desquaifia os aspectoscroulzance que teriam um correla romnico ou pertenceram a uma fase arcaiadalingus,poiselesrefetiriam odesenvolvimentoouamanutenciodeumaspecto interior do portugués, independente de toda influgncia externa. Silvio Elia (1979: 142-147) esabelece uma oposio conceprual enctecioulo ¢ semicrioul, Este seria um esigiopreparatio para 0 crioulo, uma lingua mis, io feria havidocrioulos no Brasil, somentesemictioulos, ja carateitica era ser apenas uma simplificagSo da lingua portuguesa, Como 0 porcuguts no intgrou stags das inguas africana, nfo softewinfluéncia dels; a stuacéo de eoncato no preduia Faso de cultura, qu seria ligads aos croulos, cla simplesmente provocou a assimilago de uma cultura por ours, 0 que estaraligado aes semicrioulon asso (1976, 1980) repropse a questo da infléncia em txmoslingiticos ¢ cultunis, parindo do principio de que 2 presenga maciga de flantes natvos de lnguas negrovafticanas na populaio brasicra da épeca da Colénia e do Império. devia ftalmente deixar tragos lingisicos. Ela admite uma influéncia africans no poreugués do Brasil, mas néo o considera um crioulo, pois © portgués do Brasil é desprovido de rags formas suscetveis de ser compatados 20s crioulos flados nas ancigas colénias ingles, francesa ¢ holandesas do Casibe. Mais reoentemente linglsas esrangetes os norte-americanos G. Guy (1981, 1989). Holm (1987), reavivaram o debate sobre a hipStese de criulizagso do PB. Guy (1981, 1985), eabalhando no quadro da teria varicionista,anaisou at diferengas exsventes entre 0 portugués popular do Brasil e © porcugués padrio, CConcluiu que eras disingesndo se devem a um evlucdo ingisica natural, mas mostram um proceso de crioulizagio que ceria ocorride no passado, deixando, ntteranto, tagos no presente. Suasconcluses baseiam-se em dados morfosintéticos, mais preisamente na variaio da concordincia de ndmero entre suit c verbo ¢ nace substantivo, ajetivo e decerminance Joha Holm (1987), apoiando sua andlise em dads comparativos de diferentes eit (ego enki) (of Frascts"ne.pas) E macodugchd, ainda se néo batizou nio. Fon ¢ ma ko duje a. Emécégibiha, ainda nio pariu nlo. Fon & ma ho jv a Emikim num ré hi, no tem nada, Fon ai ma fi mu ndé a (p. 189), ‘A austncia de conclusio ness estudo morfosinttico déixa uma interrogasgo, porque ele apresente o risco de induzir em erto 0 letor nfo avisado, deixando-o ‘eventualmente cret que hi coincidéncia entre a morfossintae da lngua gral de mira dde Costa Peixoro ea da lingua fon. Tal conclusio, nfo formulada expliciamente, mas parenvemente veiculada pela apresentacio dos dados, stiaseguramente inexata. Com efeito, desde 0 inicio ao longo de todo esse estudo, em particular no «caso espeifico dos “diddogos", coda a demonstracio pareee repousar numa ambighidade de fundo, Os cxemplos sio quase sstematicamente traduzidos, palavra por palavra, pparza lingua fon, na qual cada termo cada fase da lingua “mina” encontra, em face, seu correspondente em lingua fon. ‘emusic cm patalefo corre o risco de sgerit que hé ‘Winding ente as duaslinguss, tanto no nel de cada um dos sgnos quanto da Lirguos canes © portuguésfoioge no stax! 43 ctruturasintcica da frase. Ne tealidade, no se rata de uma verdadeira “uadusio” fo sentido habitual da paves, isto ¢ de ‘uma tentaiva de fazer que © que estava cnunciado numa lingua o sea tarbéen na outrs,tendendo & equivaléncia semntica ‘cexpressiva dos dois enunciados. Uma verdadeira traducio deve respeitara identidade sintitica de cada uma das duas Iingu%s em presenga. Aqui, temos ances uma “ransiveragio", gragas qual e fa caresponde, de uma mancira quase automatic, sscadasigno de ura lingua (1) um signo na outa (12). O resultado élingsticamente ‘surpreendente: as dias linguas,colocadas face a face, correspondem-s formalmente, com rarasexcegGes, tanto no nivel das palaves (signos lingiisticos) quanto da since. Na primeira fase da andlise, a uilidade desse procedimento ¢ inconcestvel, pois permite 20 leitor de hoje descobrit a divisso real da lingua “mina”, cuja linearidade torna 0 texto opaco, revelando'assim que, de fato, se Costa Peixoto pos em cvidéncia 0 léxico da lingua, cle ignorava completament: sua sintaxe subjacente. Entretanto, © texto aivim reconstquldo nio permite conchvir que hf coincidéncia sincitica entre 0 {fon falado hoje € 0 texco “mina” de Costa Peixoto. nundia-s entio uma questio de fundo:asintaxe do fon revelada por esse proce- dimento de “ransliteragio” coincide realmente coma sintaxe do fon falado no Benim? Pararesponderacssa questi, eaminemosinaisdeperto,entreosexemplosacima rads, aqueles que servram para iluraro 4° item "Forma negativa’(p: 189). "Analisando'a primira série, aquelacaracterizada pelo “ma (entre 0 sujcito ¢ 0 verbo)", pode-se logo afirmar que o emprego do morfema /mal néo corresponde & negagio de mesmo tipo atesads em for. Nos rs exemploscitidos,tata-se de frases do tipo assertivo. Ora, a negaco das frases assetivas em fon fz-se com o emprego do ‘morfema negativo /di e nio Imal. Além disso, 0 morfema &colocado depois do verbo 1041 no fim da frase ¢ do “entre 0 sufito ¢ 0 verbo". ‘A respeto disso, convém ir ao testo de B. Segurola (1963). Convém lembrar ‘que essa obra, reeditada em B. Segura e J. Rassnoux (2000), €0 texto de referéncia escolhido por Pessoa de Castro pate tratar‘da parte do “diciondrio” que comporta teftnos on (p. 69). Rapidamente, dat-nos-emas conta de que hi em fon duas formas de negasio, uma que emprega 0 moefema fie a outra, o morfema /mal: (morta lI depois de wn verbo ou 0 fn da fase indica a nega: E ele no entendea, cle ndo compreende”(p. 1. Esse tipo de negagdo aplicase aos enunciados assertivos € corresponde & verdadeira forma de base da negagio em lingua fon. 0 mores fal "ma, mb egaso com empegei muito diveios mula ve refered pel paca "ne"; Gen correo com a paral "a inerogava: a efor paca ava 2°, ngav-nienogtva “acl ou"a és Ina.u6; ngasao empreada ambém em cers orgies suborinadas (Gnas impediment, vrs, ixeio, imag meso (9.342), 4A ~ Aiwcono bast Essa segunda forma de negacio aplica-se aos enunciados no assertivos (injuntivo-negaivos, intezogativos, incerrogative-negativos) Reencontram-se essas duas formas principais de negagio igualmente em umerosos textos orais publicados por Guédou (1985), linguista ¢ etnolingiista otiginério do Benim, falante nativo do fon (nascido na periferia de Abomey), que cescteveu uma importante e grandiosa obra: “Linguagem ¢ cultura entre os fon do Benin”. Bis és exemplos, dois da forma “assertiva” eo terceiro da “injuntivo-negativa’ 1 a) em posigo final: hab a bwe a Woctlpagaleaberaldinhera/nfol! “voct a pagou ° impos” x6 yf Kanliod og platalee/animal-abalo!algus/ nol! “plas no € uma tela do animal” ma. “injuntve negative’: ma fin dS xb maf wo me 6 Uinfolrecumbaslanas/alavalngs dele “ofa barulbo durance noes fla" ‘Diante dessas mikiplas formas de negagio atestadas no fon do Benitm, Costa Peixotoutilzs apenas duas formas, aprimeirararamente, a segunda com mais reqiiéncia: ‘ml dante do vetbo,contariamente a que aco no fon do Benim; Imai [ha ~ Bal, om emprege geerlzado,contaramente ao fo do Besim conde oemprego € resto, ‘Com base nesses dados, fica claro que a sintaxe de negasdo da lingua “mina” de (Costa Peixote nfo coincide com aque atestada na lingua fo. Elarambém nao coincide, ,eotesmeneflndo, com ads principales gh, confomeoquadro que segue Negasio Mina CPeicots) _EvelAja Ga Fon Gun feria aM mt mb ar men aoe Crtonso) _Cado.nio) (dont) Cfo) ato re rma night..d m6 mh BBS rept mdb tnighajo? mbt wD “nto die nfo! ‘nie para! ‘afo(0) dga! ‘no enka” imdgume bt str ym ‘nto me mac “ni me mace ée-se entio a questio de saber donde vem exatamente a construcio sintitica dda negasio da lingua “mina” de Costa Peixoto, assim como seu recurso quase’ isemitine 3 dupe nosagso. Cabe meemo perguntarse se esa dupla negacéo néo| eas umn “declate’ do pomygués loc da toca. Lngvesaticanos e poruguéstalado no Basl — 4& De outro lado, notar-se-4 a ausénca na lingua “mins” de alguns faossitdtico: que so caractersticos das linguas do grupo gb construgbes serials dos verbos, na quai cada verbo pode sr focalizado ou interogado; construgéesclivadas do predicado sintaxe de tipo aliendve para as partes do corpo: emprego de pronomes logoricos. # austncia esses tagossntticos permit afirmar laramenté que @ Magua “mina”, d ponto de vista sinttico, nfo coincide nem com lingua fin nem com qualquer out lingua do grupo gée Tmpressions-nos, efim, a auséncia de periodos complexos, com excesio dt ‘um caso de uina oragio condicional, Qual é entio, a verdadeira sincaxe da lingu: “mina” em relasfo a0 portuguésflado por Peixoto? Fsperando uma resposta a esas questSes, mantémos nossa hipétese inicia (GBonvini e Peres, 1998), a saber, que a lingua “mina” cortesponderia a um fala ‘eiculas nas acrescenrindo que, na verdade, ese dltimo se enconsrava numa fase ¢ iinigao (Manes, 1995: 22-27), so uma fase em quea lingua estvasubmedid 40 tiplice fendmeno de “adaptacio” (= reinterpretagio segundo um model GScangete), de Simpcario” (- diminuigio do riimero de maifesaées externa ddos mecanismos gramaticas e melhoria de seu rendimenso funcional) « de "educho (€ redugéo a 2er0 da complexidade do sistema linglistco), Ademais, ums lingua cor ‘yocasio supralocal, proveniente de Iinguas aficanas do grupo gbe (subfamiia cud forjada no Brai, paraulrapassar a dispersGo engendrada pela co-presenca de diverse falares tipologicamente semelhantes. Ela constitufa assim a mais pritica « lingiisicamente, « mais econémica solugio. Século XIX: plurlingtismo africano @ lingua portuguesa dos escravos negros (0 sécule XIX coincide com 2 dima fase do trfico negrero (Vianna Filly 1946: 78-91), cujas datas mais significaiva sio: 1815: proibigo do wifico negreit 0 norte do equador; 1826: convengio entre Braile Inglaerra para a exingio d comércio de escrvos na costa da Afica; 1831: proibigio do tifico de escravos pa «Brasil, por lei de 07/11; 1850: extingfo do téfico no Brasil, pela lei Euxébio « Queiroz, O trifco 20 norte do equados, ntenso desde o inicio do século, prossegut mesmo depois de 1815, mas de uma manera clandestina orientado principelmen para as regis situacas mais no interior. A decisio de 1815, porém, deslocando trifico “oficial” mais parao sul do equador, contribuiré basance para expandi-o pe além das zonas radicionais , sobrenudo, para intensifc-lo. Por conseqdéneis, nes primeira metade do século, 0 tifico conhecerd ium crescimento sem precedence. Toimenié a parr de 1840 que a campanha internacional contra a excravidio € vigilancia preventiva das éguas do Atlintico pela marina britinica conseguiss i | I 4% Asian Brest progtesivamente, neutalizar ¢ finamente,suprimir ess atividade que predominow durante txés séculos. Em 1836, Portugal proibiré o transporte de excravos por mar; cm 1854, vedaré a entrada na colénia (Angola) por via terrste, isto é, dos escravos provindor do império Lunda; € somnte em 1878 que aesravidio seréofcalmente abolida (Randle, 1968: 223-224), Essa situagdo, na verdade, contribuiu para centuat no Brasil um plusilingiismo alficano de que diversos documentes dio testemunho, Plurlinguismo africano aontoda Aticc Austal © primeiro testemunho ¢ dado por Adrien Balbi (1826: 224-226), que senciona “um feliz acaso, (depois de) conhecer Maurice Rugendss,ocorrido hi pouco ro Bra. podemos preencheralgumas das imensaslacunas que existem na linglistica da Aftica Austral”. £ preciso nfo eiquecer que, nessa época, Bleek no tha ainda tascido e que grande parte da Arcs Ausra continuava“terta incognita", sobrerudo, no plano lingistico, Daf o interes particular de suas reflexses: 1M, Rugenda trea sida de ines mumerossacanos que oabomindvl coms dees tna tnda todos ot anos ps xt impéso do Novo Mundo. fle ‘Gmueguu, por exe meio. ober uma grande quancdade de noes tio curions quanto importance sobre os cones eas lings dese infizs habia da ABs, Fle lamenti, porém, a pede de ceros documentos: “E realmente lamentével aque, tendo desaparecido uma pare desses manuserios, M. Rugendas nfo possa dar- ‘hos 0§ vocabulérios molua, mina, eaganje e outros que ele tinha recolhido...” E ineressantenotar 0 emprego dos termos mina ecaranje para designar, de fato, grandes grupos lingisticos. E ainda acrescenar: “Deveros, no entanto, a sua amabilidade o Imassanja, 0 choambo € o matibini que no 0 sio menos por-causa da posicso que ecupam as nagées que falam essislinguas. Segundo M. Rugendas, os massanjas vivern no interior do Congo, preciamente no norte de Benguca. Os choambos © os :matibanis vive na costa de Mogambique" [Ne celidade, na obra de Babi, as aguas 0 designadas pelos nomes dos povos que as falam, as tés iltimas correspondem provavelmente € respectivarnente 0 imbangala (H. 30) em Angola, 20 chuabo (P. 30) e a um falar songa (inhambane) (6. 60). Ee fz um quadro comparativo de 26 palavas dessas tuts linguas seguinido a orrografia portuguese", o qual Ihe permite estabelecer que “o choambo ¢ 0 matibani pertencem 3 familia cafe, enquan:o 0 massanja deve ser classificado com of idiomas da familia congoles” ‘Chegados este ponto, que nos sja permitido fair uma aproximagio’& guisa de [purtntese, Como j foi dito. grataos dados lingistcos reco junto aos eseavos africanos por Dias, no Bras, no steulo XVI, foi elaborada a primeira gramatica Lingua cticanas e ponuguéé falado no Bros siswemiticadalingua quimbundo,apprimeiratambémamostrarainadequagiodomodel latino dos “casos” para nterpretar as lasses nominais. Gragas a0 mesmo tipo de dado ‘mas desta vezcoletados noséculo XIX, naaurora mesmado csabelecimentodalingiitic comparada pelos irméos Schlegel (1808 e 1818), uma mini-expeciéncia comparativ permitiaa A. Bali classifica es lingutsaftcanas do tipo ban, alguns decénios ants dos grandes trabalhos de W. H. I, Bleek E por um método anlogo que, inte e cine fanos mais carde, S. Koelle (1854) escreverd Polglortaafficana com base em dade recolhidos junto a antigosescravos em Frectown, em Serra Leoa, no qual eleestabelece! uma cstificagio geotipoldgica de cerca de 300 lingua aftcanas Plufingtismo officanong Bahia ‘Q plurilingtismo afticano no Brasil 56 seréefetivamente atestado no final d século XIX, gragas ao stemunho de Nina Rodrigues. Sua demonstragio fo concebic ‘como uma respostaconcreta ao apelo urgente ancado em 1879 por Silvio Romero ps se fazerem trabalhos consagrados “a estado das linguas das lige afrcanas”, que ctado textualmente poc Nina Rodrigues (1977 {1890-1905}: 16-17): “Apressem-se« ‘especialisias, visto que os pobres mogambiques, benguelas, monjoos, congos,cabinds caganges... vio morrendo, O melhor enseo, pode-sedizeestpassandocoma benéfi cextingio do eifico”, E ness estado de esprito que Nina Rodrigues empreende s. levantamento lingistico e etnogrfico junto 208 afticanos que viviam, na €poca, cidade de Salvador. Seu tstemunho era ainda mais importante, porque, a partir « segunda metade do século XIX, uma mudanca profunda operava-se na Bahia. Con ‘escreve Vianna Filho (1946), na seqiiéncia do desenvolvimento da cultura do café, ‘nalav-s no pas, uma nova modalidide do wfc... Er 0 exo econémico pals quese deoczva para o sul Ecom de i também o nero, qu bavi fio a quesa Dore e agora seguia par eniquecr 0 sul. Com ele niiav-se também a mudanga cent politico do pl Foi uma época de desconcentragio econdmica, durante « qual: “a Bat despovoava-sedecscravos.Em 1815 teria 300.000. im 1874 nao seria maisde 173.63 (.90-91).Ea luz deste duplo contest, extingio da excravatur e desconcentasio, qu necesiriostuar os dados geolinglsticos reclhidos por Nina Rodrigus. les referer-se a seis lingua, atestadasseja em documentos escitas, sea sot forma oral em palvrasrecolhidas diresamente junto aaffcanos nda vivs na épo *nag® ou iorubd; jeje, Eu ou ewe; haus: kanéri (lingua dos bors); tapa, nif napé; lingua dos negros gurinces, grunci’. N. Rodrigues observa, no entanto, que “ss linguas africanas faladas no Bre soficram pata logo grande alteragbes, é com a aprendizagem do portugués por pa dosescravos coma da lingua ficana adotada como linguagerl pelosnegrosaclimac Gu ladinos = 0 ecravos negros que jé conheciam alingua os usos¢ costumes do pal “{p.122). “Destare, 20 desembarcar no Brasil, o negro novo ( recém-chegado)

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