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MIMS RIED SS) NO ta 7 O1nLldVvd O CONCEITO DE SENSORIAMENTO REMOTO 1.1 © QUE £E SENSORIAMENTO REMOTO? A definigdo de sensoriamento remoto (SR) esta sujeita a diferentes interpreta- ges, De acordo com 0 volume I do Manual de Sensoriamento Remoto (Simonettis Ulaby, 1983), bem como em Elachi e Zyl (2006), SR é definido como a aquisicdo de informacao sobre alguma propriedade de um objeto ou fenémeno sem contato fisico com ele. A informacao sobre um alvo seria obtida pela detecgdo e medida de mudangas que 0 objeto impée sobre o meio circundante, seja ele eletromagnético, aciistico ou potencial. Os mesmos autores dizem, entretanto, que o termo sensoria- mento remoto é costumeiramente usado em conexdo com técnicas eletromagnéticas de aquisicao de informagao. Schowengerdt (2007) considera SR como “a medida das propriedades de um objeto na superficie da Terra usando dados adquiridos por meio de aeronaves € satélites”. Slater (1980) vai pela mesma linha, sendo um pouco mais restritivo. Segundo esse autor, SR € 0 conjunto de atividades utilizadas para a aquisicao de informagées relativas aos recursos naturais da Terra, ou ao seu meio ambiente, obtidas pela andlise da energia cletromagnética refletida, emitida ou retroespalhada pelos alvos, coletada por meio > 16 Principios fisicos de sensoriamento Femotg de sensores instalados a bordo de plataformas em altitude, tais como balées, foguetes, avides ou satélites. De qualquer modo, quando nos referimos ao SR, estamos tentandg nos referir 4 obtengdo de informagao a distancia, em contraste as medidas in sity, Para a grande maioria de nossas aplicagdes, vamos nos restringir a0s dados coletados por meio de satélites orbitais (SR orbital), ou seja, sensores instalados 4 bordo de satélites. Considerando que os primeiros satélites para observacao da Terra foram langados pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) no comego dos anos de 1960, podemos definir o real nascimento e desenvolvimento do SR moderno nesse periodo. A grande vantagem do SR orbital é a possibilidade de coleta de dados de grandes Areas em pouco tempo, com grande repetitividade e a um custo relativamente baixo Para 0 usudrio (nao estamos incluindo aqui os custos de construgao, lancamento € operacao dos sistemas de satélites). 1.2 AS APLICAGOES DO SENSORIAMENTO REMOTO 2.1 © sensoriamento remoto ambiental Em geral, as aplicagdes de SR estudadas nos capitulos a seguir so genericamente denominadas ambientais. Como exemplo dessas areas de aplicagées, temos: Monitoramento atmosférico: temperatura, precipitacgao, distribuicdo e tipos de nuvens, velocidade do vento, concentracao de gases, tais como vapor d’4gua, didxido de carbono, ozénio etc. Monitoramento da superficie de terra (land applications): geologia, geografia, agronomia, limnologia, florestas, cobertura e ocupaco da terra etc. Monitoramento dos oceanos: temperatura da superficie do mar (TSM), topografia da superficie (correntes oceanicas, marés), cor do oceano (poluicao, sedimentos concentragao de clorofila, produtividade primaria etc.) e rugosidade da superficie (ventos de superficie, ondas, poluicao por dleo, frentes oceanicas etc.). Monitoramento da criosfera terrestre: gelo e neve depositados nas regides polares ¢ icebergs também sao estudados por satélites. O conceito de sensoriamento remoto 1.2.2 O sensoriamento remoto militar Grande parte das aplicagdes de SR para fins militares é focada na deteccdo € classificagao de alvos e no mapeamento de terrenos e instalagdes. Em geral, os da- dos orbitais (coletados por satélites) ou de sensores aerotransportados (coletados por avides) usados para aplicagdes militares sio considerados como classificados (nao disponiveis para terceiros) e de alta resolugao espacial. Como definido por Simonetti et al. (1983) e Jensen (2009), em termos bastante gerais e simples, consi- dera-se como resolug4o espacial de um sistema sensor a menor separa¢ao espacial angular ou linear entre dois objetos que podem ser detectados. Um detalhamento mais aprofundado sobre o conceito de resolugao espacial pode ser encontrado em Forshaw et al. (1983) e Townshend (1980). Como uma imagem digital é constituida por pixels, costuma-se associar 0 tamanho do pixel com a resolucao da imagem. Entretanto, essa definigao da a impressao de que somente podemos resolver objetos de tamanho maior, ou igual ao tamanho do pixel, o que nem sempre é verdade. Exemplos de alvos menores que o tamanho do pixel, que sao visiveis devido ao seu alto contraste com pixels vizinhos, sio mostrados por Schowengerdt (2007). O caso inverso pode ocorrer para uma imagem de radar de abertura sintética. Devido ao processo de geracio da imagem, a resolucao espacial associada a uma imagem de radar é, por vezes, 0 dobro do tamanho do pixel. 1.2.3 Os componentes do sensoriamento remoto A Figura 1.1 mostra esquematicamente como se processa a aquisi¢ao de infor- magdo sobre um alvo (geralmente, mas nao sempre, na superficie da Terra) por meio da técnica de SR. Os seguintes aspectos devem ser levados em conta: a) As caracteristicas da energia que incide sobre 0 alvo, quando proveniente de uma fonte tal qual o Sol, ou mesmo de uma antena de um sensor ativo como um radar, ou da energia que 0 proprio alvo emite (como nas aplicagées de infravermelho termal [IVT]). Ai devemos levar em conta, por exemplo, a distribuicdo espectral, a intensidade e a polarizacao da radiagao. b) As caracteristicas do meio em que essa energia se propaga (a atmosfera, ou coluna d’agua para aplicagdes oceanograficas ¢ limnol6gicas), isto é, as propriedades de absorgao, espalhamento e emissao. _~ 20 Principios fisicos de sensoriamento remo 1.2.5 © espectro da radiasdo eletromagnética A energia eletromagnética usada no SR, seja ela proveniente do Sol ou emitida pelos alvos, ou em pulsos por uma antena de radar, é normalmente dividida em regides ou faixas espectrais, em termos de frequéncia ou comprimentos de onda. A Figura 1.2 mostra as principais faixas espectrais que compdem 0 espectro eletromagnético, Frequéncia Comprimento de onda (Hertz). . (m) 1074 Raios césmicos —14 2 10 10' ” 10 1074 e 10-12 Picémetro 10 10-2 1079 10 Exa-hertz 10" ae Angstrom 10" 107? Nanémetro, nm 10-8 us 10-7 Penta-hertz 10% el 10" 10- Micrémetro, um 1013 10-§ Tera-hertz 10% or lla on 10-3 Milimetro, mm 1074 10-2 Centimetro, em -1 Giga-hertz 10° me 108 1 Metro, m 107, ae Mega-hertz 10° us 105 103 Quilémetro, km 104 104 7 ; 105 Quilo-hertz 10 - 102 ps 10 10 10° Hertz 1 Figura 1.2— Espectro eletromagnético. Fonte: NAWCWPNS, 1999, O conceito de sensoriamento remoto 21 Um hertz (1 Hz) corresponde a uma oscilagao completa por segundo. Assim, temos: 1 quilo-hertz (KHz) = 1 x 10° ciclos por segundo, ou oscilagdes por segundo 1 mega-hertz (MHz) = 1 x 10° ciclos por segundo 1 giga-hertz (GHz) = 1 x 10° ciclos por segundo 1 tera-hertz (THz) = 1 x 10” ciclos por segundo 1 micron (um) = 1 x 10~ m (ou seja, 1/1.000 de 1 mm) 1 nanémetro (nm) = 1 x 10° m (1 milionésimo de 1 mm) A Figura 1.3 mostra o espectro eletromagnético com um foco especial para a regiao do visivel. Radiagéo Ondas Rai Gama RaiosX uv wv Radar FM TV curtas AM 10 10% 107 gp 10 ag 107 10? 10* “7 ~~ _ Comprimento de onda (m) ‘Comprimento de onda (nm) Figura 1.3 Faisas espectrais com foco na faixa visvel do espedtro, Embora haja diferenga entre algumas publicagdes sobre os limites das varias faixas espectrais, podemos tomar a Tabela 1.1 como referéncia. A tabela detalha as subfaixas geralmente utilizadas no infravermelho (IV). Em algumas publicacées, tal como mostrado na Tabela 1.1, assume-se a faixa de micro-ondas estendendo-se de 1 mm a 30 cm. Esta definicao é, por exemplo, encontrada em Campbell e Wynne (2011). Entretanto, em varios outros textos a faixa espectral de micro-ondas é descrita como de 1 mm a 1 m (Schowengerdt, 2007). A Figura 1.4, adaptada de Richards (2009), apresenta a disposigao das 22 Principios fisicos de sensoriamento remot bandas normalmente usadas no SR de micro-ondas e os respectivos sistemas de satélite que as usam. Aos sistemas de radares imageadores na banda X, pode. mos, ainda, indicar, em complementagao a Figura 1.4, os satélites TerraSAR-X ¢ COSMO-Skymed. ‘Tabela 1.1 — Faixas espectrais com as subdivisées no IV. T Faixas do espectro Subfaixas do IV eletromagnético L Raios-X 0,3 -300 A NIR/IVP 0,74-1 pm Ultravioleta 300 A-0,4 pm SWIR/IVOC 1-3 um Visivel 0,4 - 0,7 pm MWIR/IVOM 3-Spm Iv 0,7 pm - 1 mm LWIR/TVOL 8-14 pm VLWIR/TVOML 14-1000 pm Micro-ondas 1mm-30cm —— Radio 10 cm-3 Km NIR (Near Infrared) ou IVP (infravermelho préximo) SWIR (Short Wave Infrared) ou IVOC (infravermelho de ondas curtas) MWIR (Mid Wave Infrared) ou IVOM (infravermelho de ondas médias) LWIR (Long Wave Infrared) ou IVOL (infravermelho de ondas longas) VLWIR (Very Long Wave Infrared) ou IVOML (infravermelho de ondas muito longas) O conceito de sensoriamento remoto 23 Comprients de onda jemi Freese GHZ 1 — 7 ! 66.7 cm | 120m 8.7m 3.14om [450MHz |! | 2.38 GHz 5.3 GHz 9.7 GHz JPL AIRSAR Magellan ERS-1,2 X-SAR Radarsat-1,2 | EnvisatasakR 3 15 1 075em }-—____, sIRC 10, 20 30 40GHz | |__sPLAIRSAR SS 23.5em 1 23.6 cm i Ke. 4.28 GHz 4.27 GHz 125 Seasat ‘LOS PALSAR SIR-A 2.16 em SIRB 13.9 GHz} sic POLSCAT JPL AIRSAR 6 4 3 24 mm JERS-1.2 50 75 = 100 125 GHz —————} RY 5075 14 Figura 1.4 Bandas e satélites usados no SR de micro-ondas. Fonte: Richards (2009).

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