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UMA GEOPOLITICA PARAA PANAMAZONIA “A geopolitica é a poiltica aplicada aos espaces geograficos.” Carlos de Meira Mattos Generalate-Diviso R-t da Turma de 3 Jan 36, fex ox Cutsan dar Escola Militar do Realengo, de Leaderships and Bante School" (Ndpo- . les), da Excola de Comando ¢ Estado-Malor do Exército ¢ da Excola Su- perior de Guerra i entre as rumerosas funcbes exercidas destacam-ve ay de membro da EstadeMaiar da 1* Divisto de Infantaria Expestictomdrr (FEB), de Instrutor da Exéola de Comande ¢ Extado-Mator do Bxército, de Adida Militar na Bolivia, de Subehefe do Gabinete Militar da Presic cle da Republica e de Comandante da Destacamenta Brasiteivo na Forca Interantericana de Paz tFAIBRAS}. Autor de numerosos trabathos, principalmente sobre Geopafttica, restahtando-se “A Geopolitica ¢ as Projegdes de Poder” & "Projegdo Mundial do Brasil”, Sua tiitima funcde exercidé fol a de Vice-Direvar do Colégia In- teramericano de Defesa (CID) em Washington, Estades Unidos da América sul-americana edo, fora de duvida, os dols grandes oceanos que banham suas costas @ a espinha dorsal andina alteando-se rumo norte-sul, mais encostada ac Pacifico e dividindo as terras em duas enommes vertentes. Duas grandes bacias, a platina ea amazGnica, carraam estimulos ragionais Integradores: de interssses. Outro fator de import&ncia embora menor, 4 0 planalto Central Brasileiro, massa compacta de “divortium aquarum” das trés grandes bacias fiuviais sul-emericanas, A forma de presunto do continante com suas éreas mais largas circunserl- tas na zona tropical representa uma desvantagem climatica que atinge e maior parte do territ6rio brasileiro. Assim estruturado @ posicionado, o continente sul-amaricano, como base de grupos humanos, esté submetido as influéncias ¢ atragdes externas, levadas ¢ Oo s fatores geogréficos predeminantes que atuam na massa continental A Defess Nacional 5 i ai ae en te Uma Geopolitica para a Panamazinica trazidas pelos dois oceanos, a internas orlundas das forgas interiores geradas por sua prdpria continentalldade, que inspiram vocd¢des nas sociedades que dela parti- cipam. A hisiéria jé consagrou 4 voeagéa maritima dos fenicios @ britdnicas @ a vocagdo continental dos mongéis e germanos. Os geopoliticos ¢ estrategistas con- temporéneos véem nos Estados Unidos uma sociedads de voca¢do mista, continen- tal-maritima, face 4 combinagie da exceléncia da seu territorio batida pelas ondas dos dois malores oceanos do planeta, ¢ na Unido Sovidtica uma sociedade com vocagdo continental em virtude do mal posicionamento de suas costas, mas cujos governos, desde de Pedro ’O Grande” a Catarina | buscam insistentemente, através da aquisicéo de tecnologia adequada, plasrmar urna vocagao maritima nacional, A vocagao maritima ou continental cria interesses, inspiradores de politicas: @ de estratégias nacionais, Os briténicos, afinados com sua vocagdo, buscaram seu destin de grandeza transformando-se-numa pat8ncia naval eos germanos puseram 6m marcha uma doutrina de poder terrestra assentada na forga dos exércitos, Essas consideracSes preliminares abrem-nos o horizonte para tratar da AmazOnla sul-americana, imensa planicie de 7,0 milhGes de km?, pouco menor do que a Europa, na qual o Brasil ocupa 4,8 milhdes de km* au sejam, 69%, Convivem conosco nessa vast/ssima regido natural, a Venezuela, a Colémbia, o Peru, a Bolivia @ 6 Equador. Trata-se, pois, do condominio geogréfico de uma drea com idénticas caracteristicas geolégicas, biolégicas, zouldgicas e humanas, a ponto de destacados gedégrafos 8 considerarem indistinta, dé um pals @ outro, 6 néo ser na diferenciacio dos idiomas falados pelas habitantes. A posicdo brasileira nessa enorme calha fluvial ecologicamente uniforme é privilegiada. Possulmos 69% da drea, somos recipientes de todas as suas dquas eas levarmos ao respiradouro de um amplo delta no Oceano Atlaéntico, temos limites fronteirigos com todos os cendéminos menos o Equador. A topografia favorece ainda mais a nossa. posicdo; enquanto as amazénias venezuelana, colombiane, Peruana, boliviana @ aquatoriana 86 se comunicam com seus litorais, transpondo as alturas da cordilheria andina, todas essas terras vizinhas, entretanto, aleangam 0 delta do Grande Rio num movimento leve e continue de descida, sam contrariar a lei da gravidade, Gutta caracteristica comum a todas as seis amazdnieas naciongis, ¢ 0 isola- mento o-pauperismo. 0 desafia amaz6nico, onde o meio avassala 0 homem ainda nfo teve resposta adequada, Grandes escritores como Euclides da Cunha © o peruano Vargas Llosa sentiram o peso arrasador da natureza portentosa sobre o homem ali confinado, salpicado teimosamente a beira das 4guas imensas ¢ flarestas gigantescas, Euclides da Cunha, referindo-se & presanca do habitante nessas pai: gens desoladas de inundactes & selva que “o homem 6 ali um intruso imperti- nente”: Essa regido de ecologia uniforme, cuja superficie abrange territérios de seis nacionalidades, esté 4 aspera de um projeto dea desenvolvimento integredo. Deve ser tratade como a unidade geagrafica que. 4. Seus problemas merecem ser equacio- nades no ambito dessa unidade. Acreditamas que no passado, quando os instru- & A Defesa Nacional Uma Geopolitica para a Panamarénice mentos da tecnologia a servigo do progresse eram ainda precérios, fosse realmente uma ousadia querer-se tratar a Amazonia como um todo; seria agrandar as difloulda- des de um ambiente geogrifico j4 per si hostil 4 agde humanizadora. A solugdo de dividir para civilizar talvez fosse a mais aconselhavel buscando cada uma das necdes atrair os seus espacos amaz6nicos para a influéncia dos respectivos litorais no Pacifico ou no Atlantica. Mas, vencido o tempo até os nossos dias, conclui-se que essa solucdo divisionista da unidade geogréfica amazénica néo deu resultados, Continuam as amazénias venezuelana, colombiana, peruans, boliviana @ equateria- na, despovoadas, pobres e isoladas, representando o territério mais atrasado dos respectivos paises. A amazénia brasileira, em que pesem os esforcos ali concentra- dos nos Gltimes quinze anos, continua a ser a éraa de menos densidada populacio- nal — 2 hab./km* — @ menor PIB do nosso Pals. O realismo politico que deve ser a forca-motriz do-‘dasenvalvimenta modero estd a aconselhar que se instauire uma nova estratégia para o desenvolvimenta amazdnico, uma estratégia de panamaz6nia como jé se referiu © Professor Arthur Rels, que aprecie a 4rea como uma-unidade geogrdfica, procure interpretar os seus apelos geogréficos’ 6 planeje um esquema'de desenvolvimento regional. Seria um plano de desenvolvimento sécio-econdmico ragional & multinacional, Beneficiaria o todos os paises cond6minos da bacia, pois alargaria as fronteiras ecanémicas de todos, Cobrindo uma area equivalente a 2/5 partes da América do Sul, a paname- zénia esté a exigir uma atencdo especial de seus condéminos que a retire desse longo: periodo.de isolamento @ pauperisma num planeta que progride vertiginosa~ mente, Seria mesmo um desafio perigoso manter-se esse vazio demogréfico (1,6 habkm*}; em area de dimensées continentais, quando o grave problema das re- gides superpovoadas como Bangladesh, Indonésia e China, comeca a assumir foros de inquietacdo internacional, As provincias amazdnicas dos seis paises sul-americanos merecem uma politica de comunidade que lhes dé um impulso verdadeiro no sentido de seu desenvolvimento econdmico e social. Ndo serao nem a Europa nem os Estados Unidos que terlio que vir resolver este problema;-seremos nos, o8 donos do prable- ma, Unir-nos em termos de comunidade para impulsionar o desenvolvimento tegio- nal ndo.6 novidade nem fere a sensibilidade das soberanias nacionais, Estruturar 938a comunidade em termos de sua funcionalidade, igualmente serd repetir expe- riéncias j4 consagradas pelo éxito em Outras partes do mundo, A Europa ocidental, apés a 2" Guerra Mundial, assistiu ao sucesso de, pelo menos trés dessas experin- cias — 8 comunidade do carvaa e do ago, a Benelux ¢ 9 mercado comum europeu. Nem se dige que os paises europeus que se associaram através desses pactos regiondis renunciaram as suas respectivas seberanias, Ao contraria, aumentaram de poder, am conseqiiéncia do fortalecimento de suas economias @ dos beneficios sociais auferidos por suas populacées. Ademais. uma solucéo comunitéria para os problemas econémicos @ socials da panamazénia levaria a vantagem de permitir um equacionamento ‘ajustade 4 ecologia e as necessidades regionais, Seria uma solu- cio amazinica para problemas amazinicos. Seria uma tentativa de vertebrar a regifa come um todo ‘a nao como sactes secunddrias de areas maritimas do Atlntico ou do Pacifico. Os beneficios colhidos se difundiriam 4s dreas adjacentes A Defesa Nacional 7 Uma Geopolitics pare & Ponamardnica da bacia do Orenoco e das Guianas, onde axistem caréncias semelhantes as da bacia do Rio-Mar, Este, allds, ¢ 6 espirito da solugfo que vem sendo negoclada pelas chancelarias dos paises da tegido, sob a denominacéo de Pacto Amazdnico, Em nosso livro “A Geopolitica ¢ as Projagées do Poder’, referimo-nos aos estimulos do maio. fisico em que vive o homem que, segundo Toynbee, “inspiram, indicam rumos, despertam necessidades”. Todas as populates que habitaram ou habitam o planeta estivaram submetidas a esses estimulos do meio fisica envolvan- te; venceram as que foram capazes de respondé-los adequadamente, superando os obstéculos qué antepunham ao seu progresso e fracassaram as que nfo scuberam dar uma resposta adequada: Por menos realista que'se seja, seré impossivel deixar- s8e.de reconhacer que o meio fisico ou, em termos de poder, o territério, condiciona a vida dx sociedade que nela habita, Ouas Influéncias principais do meio geogréfico saltam logo a vista — a dos Matas &.dos continents, Os paises predominantamente marltimos devem buscar solugées para seus problemas na utilizagfo do mar. Os possuidores de imensas Greas interiores semente mostrar-se-8o aptos @ plena valorizacdo de seu territéria quando forem capazes de explorar essas massas continentais. Aqueles que combi- nam influéncias maritimas @ continentals hao de encontrar seu destino geopolitico na medida em que forem capazes de explorar a fundo ambos os apetos. Hé quem diga que os avangos da ciéncia eda tecnologia deram aos paises modemos instrumentos que minimizaram sua dependéhcia da geografia, antes qua- se tirénica, Outta coisa, entretanto, 6 o que-se vem ebservando no processo de desenvolvimento das nagdes nesses citimos 100 anos — progridem aquelas que se mostram capazes de aplicar @ moderna tecnologia, dominando e explorando suas potencislidades geograficas, Vejamos quais seriam o8 estimulos emanentes da drea panamazéhica, Uma costa maritima da carca de 1.500 km @ uma fronteira interior de 15.000, sendo 11.000 de lindas internacionais. O perimetro terrestre dez vezes malor que o peri- metro maritima dé a marca de continantalidade dessa regilio. A abordagem a Panamazénia se fez por trés frentes: a frente atlantica, a mals tradicional, seguindo a rota do grande rio, da foz para as nascentes; a frente do Planalto Central Brasileiro descendo as linhas secas que separam os grandes afluen- tes da margem direlta; foi a rota de Raposo Tavares ¢ outros bandeirantes; final- mente a frente fronteiriga balxendo das terras altas dos contrafortes andino e guiano no rumo dos formadores da margem esquerda. Dessas tris frentas de abordagem a imensa bacia amazénica, a frente atlantica vem sende explorada desde o principio da século XVIl quando Francisco Caldeira Castelo Branco fundou o Forte de Presépio em Belém (1616), que serviu de base logistica as bandeiras tluvisis que a partir desse momento passaram a penetrar na grande planicia. A mais protunda e:mais importante dessas expedigtes, considerada @ da descoberta portuguesa da Amaz6nia, foi a.de Pedro Teixeira, em 1637, que “com uma armada de quarenta @ sete canoas, mil @ duzentos indios ¢ mais de seiscentos soldados portugueses, o que contando com mulheres @ curu- a A Defesa Nacional Uma Geopolitic mins, fazia a expedic¢ao ascender a duas mile quinhentas almas, explorou a funda o grande rio, cheganda até a regido dos seus formadores através do Solimdes e Napo em direcio a Quito, 6 regressou a Belém apds dois anos”. Depois da brilhante faganha de Pedro Teixeira, varias iniclativas buscaram aprofundar a penetragfo colonizadora por essa via fluvial, Como marcos principais sucederam-se, no século passado, a elevagdo da comarca de Manaus 4 categoria de Provincia do Império, a criagéo palo Visconde de Maud da primeira empresa de mavegacde a vapor, a Companhia de Navegacio » Comércio, transferida para a “Amazon River’, o grande movimento imigratério de populagdes nordestinas para os seringais a partir da seca de 1877, atraidas pelo advento da era econdémica da borracha, o conflite acreano; neste século a construcdio da estrada de ferro Madei- fa—Mamoaré, aé tentativas de racionalizar a cultura da hévea, a chamada batalha da borracha durante-a 2° Guerra Mundial a, finalmenta, as medidas governamentais destinadas_a valorizagéo da Amaz6nia. A fase da penetracio apenas pela frente atlantica plantou na Amaz6nia brasileira, essencialmerite, dois pélos da progresso, dois pontos de apoio logistico para as operagdes futuras — Belém e Manaus, A partir dos anos 60 fei entendide que o esforgo colonizador pela via do rio terla que ser refor¢ado. Ativou-se a frente do planalto. Com a transferéncia da capital para Brasilia assentou-se no Planalto Central uma base logistica ¢ adminis- trativa. Tornou-se mais facil o desenvolvimento da nova estratégia de conquista da Amaz6nia pela via continental. Plantada a capital no espigdo-mestre, trata-se agora de procurar as grandas linhas secas e descer até encontrar a planicie imensa. A primeira descida foi a rota de Belém—Brasilia. Em seguida vein Cuia- bé-—Porta Velho—Manaus e, finalmente, a Cuiab4—Santarém. Os trés grandes divisores, separadores dos maiores rios amaz6nicos da margem. sul serviram de balisas para as grandes estradas longhtudinals — a Belém—Brasilia procurando a linha seca entre o Araguaia-Tocantins @ o Xingu, a Cuiab4—Porto Velho—Manaus seguindo inicialmente “divortium aquarum” entre 0 Tapajés-e o Madeira e, depois de cruzer o Madeira, 0 espigho entre aste.e o Acre-Purus, bifurcando uma. perna para o Rio Branco, no Acre. Esta fase de penetracao pela frente continental do planalto, ainda hoje, am plano desenvolvimento, vai fincando noves pélos de articu- lapéo do espago amaaénico antre os quais se destacam Porto Velho, Santaram, Marabé Rio Branco no Acre. Uma grande rocada, a Transamaz6nica, une transver- salmente essas trés lengitudinais, permitindo melhor articulacdéo do sistema, A mais atraseda das frentes de penetracdo 6 8 formada pelo enorme arco fronteirica que vai dos limites de Roraima até os limites da Rondénia, envotvendo nossas lindes com a Venezuela, Colmbia, Peru @ norte da Bolivia. Ai néo hd um sistema de estradas; os cursos navegévels teréa ainda que servir de principal meio de articulagéo, Os pentos de apoio, centros ecumenizadores salpicados na imensi- dBo dos vazios, precisaréo ser estimulados ou criados. A Perimetral Norte, margi- nando a fronteira de Macapé até Cruzeiro do Sul, no Acre, seré o-eixo articulador indispensavel desse imenso arco lindeira; pana que sua construgSo tenha sido suspensa por motivos orgamentérios. A Datesa Nacional 9 Uma Geopolitics para & Panamazénica No territérie de Roraima, Boa Vista surge camo uma estrala de primeira grandeza, concentrando-se em Manaus por via terrestre e por via mista rio-estrada, ligando-se com as localidades da Lethen na Repdblica da Guiana Sante Helena da Venezuela, Esse iriéngulo Goa Vista-Lethen-Santa Helene deverd ter seu progresso incentivado pelos tras palses, transformando-se numa drea frontelri¢a de intercim- bio, um verdadeira polo de dimensdes internacionals, com as localidades apolando- 8@ mutuamente, irradiando desenvolvimento econdémico e social as regides adja- centes. O outra pdlo internacional seria a'érea fronteiriga do rio SolimBes, onde se confrontam, @ pequena distancia, as localidades brasileiras de Tabatinga, Benjamim Constante Atalala, a-colombiana Leticia ¢ a peruana Ramon Castilla; a distdncia, encontra-se Iquitos, 8 capital do departamento de Loreto. Essa 6 uma regido que dasfruta de condigdes multo favordyeis para se transformar num extraordindério. palo. multinacional integrado, propulsor da vitalidade regional; @ via fluvial ampla e livre une Manaus a Iquitos; bem aparelhada com uma frota fluvial moderna essa hd de ser uma fronteira: de intarcdmbio e de propulsia de desenvalvimenta. No extreme sul desse arco fronteiri¢o forma-se, em torno de Porto Velho, outra érea-pdlo internacional englobando as localidades de Guajara-Mirim @ Rio Branco no Brasil, Riberalia e Cobija na Bolivia. Articula-se essa drea por via terrestre com Cuiabé, Manaus, por via fluvial com Manaus, Belém, Trinidad, capital do departamento do Beni na Balivia. As trés 4reas-pdélo internacional acima destacadas deveriam ser objeto particular de acordos internacionais especiais entre os palses deles participantes a fim de que se integrassem numa comunidade acondmica perfeita que as permitisse servir de contro irradiador de progresso regional, Deveriam receber absolute priori- dade nos projetos nacionais de transportes, de telecomunicagéies @ de incentives econdmicos para produgio, de sorte a viram constituir-sa nas pontas-de-langa da frente fronteirica de abordagam da panamazénia. Cremos ter esbogado uma geopalitica para o desenvolvimento da panama- z6nia. Na primeira parte analisamos as dimeansées dascomunais dessa regido natu- ral onde os problemas impressionam palo gigantismo das superficies, das Aguas e das florestas, ante 8 rarefagdo @ a pobreza da habitante. Recordamos a impressio trazida por Euclides da Cunha apés sua permanéncia de um ano nessas paragens como chete da comissao demarcadora de nossa fronteira.com 0 Peru, no.sio Purus, quando © grande escritor, intérprete das: foreas teldrices de nosso. territarig, as designou por "paraiso perdido’, G enfoque panamerdnica que responda @ realidade geogrifica da regio, hd de ser aquele que englobe a érea como uma Unidade ecoldgica, que dimensione © todo em termos de necessidades-e solucdes. O problema do estatuto politico internadional, capaz de tracuzir essa visdo regionalista, ndo precisaré ser, desde 6 inicio, um instrumento multinacional, Isto talvez retardasse © processa da criaclo 10 ‘A Dates Nacional das dreas-pdlos de fronteiras, pela necessidade de harmonizar uma multiplicidade de interesses que serlam vélidos num local mas n&éo em outro, ou, no afa de se encontrar um denominador comum através de tratado multinacional, talvez se che- gasse a um estatuto muito genérico, que nao servisse para estimular a criagho & 0 progresso dessas 4reas-pdlo. Melhor seria ir-se fazendo acordos bilaterais ou trilate- rais conforme 8 necessidade de cada base de desenvolvimento. O exemplo des éreas fronteirigas dasenvolvidas e j4 Integradas na regio sul — Santana do Livra- mento — Rivera (Urugual), Uruguaiana — Los Libres (Argentina), revelou de sobejo que & mais eficaz o acordo bilateral entre os paises interessados em cada uma, do que iniclar-se por um protocalo multinacional. As agées desbravadoras partidas da frente atlantica e do planalto central criaram pélos cuja articulagdéo continental vertebraré parte da imensa planicie ama- z6nica, Como jd vimes, Belém, Manaus, Santarém, Marabé, Porto Velho, Rio Bran- co, Boa Vista sfo bases de. apoio administrative « de suporte logistico para sua vertebracdo, A articulapge dessa com @ outra parte mais atrasada de desenvolvi- mento, representada pela larga frente constituida pelo arco franteirico vird depender do impulso que os palses diretamente Interessados sejam capazes de imprimir aa fortalecimento dessas. 4reas-pdlo. que j4 existem em embrifo: falta-lhes estrutura politica ¢ apolo econdémico para que estas se transformem em centros propulsores de progresse regional, irradiando beneficios de desenvolvimento em circulos cada vez maiores a interliganda-se com o8 outres pélos de dentro ede fora da panamazo- nia. Aplicar-se-ia ao processo desenvolvimentista panamazénico a “teoria da polari- za¢Ao econémica” do Professor Francois Parroux, que, segundo quer nos parecer, 6 5 mais indicada ao planejamento de desenvolvimento de vastas regides desabitadas, A conexio dos pdélos ¢ das dreas-pélo das trés frentes de abordagem panamaz6nica — atldntica, do planalto central 8 do arca fronteirigo — por meio de DADOS ESTATISTICOS SOBRE A PANAMAZONICA PULACAG: Bee (unk aa 41000 hab Brasil Batlvis Pen Equacior Caléenbia Venezuela TOTAIS A Défess Nacional av Ume Geopolitica para » Panamazdnica navegago fluvial adequada, astradas @ telecamunicagSes — constituiria a infra-es- trutura basica para que chegquem 48 mesmas os beneficios do progresso social © econémico, @ condigie sine gua non para que toda a imensa planicie-desatio se agilize, deixando-se para 0 passado a lenda da Inecumenidade amaz6nica BIBLIOGRAFIA REIS, Arthur Cezar Ferreira — A Amazénia @ » Coblea interactional, Rio 1973. 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E SUA AETCULAGA ICOM 0 SISTEMA DE TRANSPRATES TENRESTES SUL ~AERI CAND ‘A Datesa Nacional 13

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