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[KET Federico de Montefeltro, duque de Urbino (1422-1482) A B Este duque [Federico de Montefeltro], entre muitas coisas louvaveis, edificou um. paldcio no agreste e temivel lugar de Ur- bino, o mais belo detodaa Itélia, no dizer dos conhecedores. Dotou-o tao bem de tudo que nao parecia um palacio, mas uma cidade em forma de palicio, Encheu- -0 nao s6 daquelas coisas que se usam habitualmente, tal como vasos de prata, ricas tapecarias de ouro ede seda e outros mobilidrios de interiorsemelhantes, mas aindadeuma faustosa decoragao. juntou- -lhes uma infinidade de estétuas antigas demérmore e de bronze, as pinturas mais célebres e uma infinidade de instrumentos de miisica. Para lé ele nao queria nada que nao fosse rare excelente. Em seguida, com grandes despesas, reuniu um grande niimero de excelentes livros, os mais raros, gregos, latinos e hebreus: mandou-os re- vestit todos de ouro e de prata, conside- rando que ai residia a mais inestimavel pérola do seu vasto palacio. Taltasar Castiglione -@ Cortese, 1528 3.1 Distingao social e mecenato A ptosperidade material e 0 progresso do conhecimento durante 0 Renasci- mento fizeram-se acompanhar de curiosas atitudes socioculturais que tes- ‘temunham a crenca na superioridade do Homem e no poder do individuo. Salientemos a ostentacdo das elites cortesds e burguesas, a pritica do mecenato eo estatuto de prestigio dos intelectuais e artistas. 3.1.1 A ostentacao das elites cortesds e burguesas O tempo do Renascimento viu nascer uma atitude otimista de exaltacdo da vida, pouco habitual na Idade Média. A alegria pela existéncia foi natural mente mais vincada naqueles a quem a sorte sorria: as elites sociais, tam- bém apelidadas de cortesas, onde se misturavam nobres e burgueses em busca de ascensdo, Trata-se de uma situacéo particularmente notoria na Itélia, mercé da préspera situagdo econdmica das suas cidades-estado e da sua bem-sucedida burguesia de negécios. Rodeadas de luxo, conforto, beleza e sabedoria, as elites ostentavam vestes sumptuosas, ricos palacios e solares, consumiam requintadas igua- rias, investiam na aquisicao de obras de arte eno reforco das suas bibliote- cas. As elites se deveu a criagéo de famosas cortes, como a dos Médicis em a Pedro Berruguete, Retrato de Federico de Montefeltro, dugue de Urbina, e do seu = {ilo Guldebaldo, Se sabre 2 madeira, 76. é Avia ea obra de de Monte- © feluosioum eemplodevité- ra matt pessoal, tao apredado na Ila renascen- ‘sta, O duque de Utina no leven a sua nobreza 20 nas rmenia, mas a ume caeia politica conqustada pela fora das atm, © mesmo & det fruto do seu esfoo e saga dade, Homem eslaecio © apatorado pelos dsios, sobvessalu camo mecenas das artes bento dos sible, © que Ihe valu ser chamado de sluzda dian. Salo govern de Guiobaldo, cate de Ubinaconiewou 2 bath. Castiglione morale ou em O.artso,comside- rando-a um medelp de di Fidade. este Om EEE como estara mesanacasa de um senhor + Nao falar em voz demasiado alla, + Nao tirar o melhor pedago da travessa comum., +Nao dar estalidos com a lingua, + Nao palitar os dentes durante as refeicdes. + Nao limpar a boca 8 toalha, + Nao fazer rufdos inoportunos. Em Bugénio Garin = 0 Fomem. Renascentista, Lisboa, Ed. Presenga, 1991 [GEE 0 cortesio, um modelo de civilidade A B—Umhomem da corte Que 0 cortesio seja, além de nobre, homem de bem, isto 6, prudente, bom, corajaso, confiante, belo e elegante. Que sua principal eauténtica profissao sejaa das armas, que saiba todos os exercicios que convém a um militar. Que 0 perfeito homem de corte seja alegre, saiba jogar e dancar, que se mostre homem de espitito e sefa discreto. As letras que Deus revelou aos homens sao titeis ene- cessdrias A vida e & dignidade do homem. Que cortesao conhega nao 6 0 latim, mas também o grego por causa das numerosas e diversas coisas que estao escritas divina- mente nesta lingua. [..] que ele saiba escrever em verso € em prosa, particularmente a nossa lingua. Louvé-lo-ei também por saber varias linguas estrangeitas, prineipal- mente espanhol francés que estio muito divulgadas em Itélia, A sua cultura parecer-me-d insuficiente se nao tiver conhecimentos de miisica enao basta que saibaler a par- titura, deve ainda tocar vérios instruments. [..] H#éainda um aspeto que julgo de grande importincia: trata-se da arte do desenho e da pintura. [...] que o nosso homem de corte seja um perfeito cavaleiro de toda.asela: nastomeios, nos duelos, nas corridas, no langamento do dardo e da langa. (...] Convém também que saiba saltar, correr e nadar. Jean de Dinteville, embaixador do rede Frangana corte de Henrique Vill Talasse Cestigione = 0 Covsede, 1528 de nglaterrapormencr do quatro de Hoben, sEmbaiadoes,1533) et ™ conceitos . Florenga ou a dos duques de Urbino, que rivalizaram com as cortes de reis e Civifidade — Conjunto de formalidades que papas (os. 1e8 pautam a vida quotidiana e a convivenda Acorte ou, melhor, as cortes constituiram um circule privilegiado da Social, dentiiam-se com a etiqueta © as cultura e da sociabilidade renascentistas. Fomentaram a erudigao huma- boas maneias nista e os talentos artisticos, pelo que se converteram em focos de pode- Toso mecenate. Foram palo de animadas festas © tertulias. Nelas se destacou a figura do cortesao, considerado a imagem perfeita e ideal do homem do Renascimento (bo.). Deserito pelo escritor Baltasar Castiglione (1478-1529) na obra homé- ima, 0 cortesio apresentava-se como modelo de talentos fisicos e intelec- a Questoes tuais, de qualidades morais e boas maneiras. Deveria ser imediatamente. reconhecivel pelo seu porte e pela linguagem do seu corpo, revelados no 1 Dé quatro exemplos de ostentacao por modo como cavalgava, andava, gesticulava e dancava. A sua figura, em parte do duque de Urbino (D0C. 1A), suma, aproximar-se-la de uma auténtica obra de arte. 2 Identifique quatro competéncias ‘A vida quotidiana das elites cortesas, ou de quem aspirava a elas perten- a ee a cer, estava fortemente condicionada por exigentes regras de comportamento 3 Com que imagem quis o duque de social, Conhecidas por civilidade, essas regras instruiam sobre o modo como Urbino serrepresentad na gravura (00¢. 18)? Porque? 4 Porqueso0s DOCS. 2 3B representativos da civlidade renascentsta? se deveria comer, vestir, cumprimentar, falar, estar e, inclusive, sobre preceitos. de higiene pessoal owe. 2. A par do esclarecimento intelectual, da superiori- dade moral e, se possivel, da beleza da figura, damas e cavalheiros procura- vam sobressair pela delicadeza das maneiras. A sociabilidade renascentista ‘tornou-se bem mais polida e contida que nos tempos medievais. 3 [GEE © mecenato de Lourengo, 0 Magnifico A Lourengo[de Médico B gnc, paren da resco de Bendezo Gozo, 0 org des Mages, 1459, Lourengo [0 Magnifico] estimava todos aqueles que eram excelentes nas artes; protegia os letrados. [.. Lourengo deliciava-se, sobretudo, com a misica, a arquitetura e a poesia. Existem varios poemas que ele compés ou que enriqueceu com comentirios. Afim de que a juventude de Florenga se pudesse entregar as belas letras abriu, em Pisa [cidade sob o dominio de Florengal, um Studio [Academia] para onde chamou os homens mais instruidos que se en- contravam na Itélia. ‘Maquiavel (1489-1527) - Histérias forentinas, Livro VIIE 3.1.2 0 estatuto de prestigio dos intelectuais e artistas Falamos ha pouco do papel das cortes na promogao do mecenato. Distin- tos nobres e burgueses, eclesidsticos, monarcas e papas notabilizaram-se, durante o Renascimento, pelas encomendas que fizeram a intelectuais ¢ artistas, que acolhiam com generosidade. Solicitavam aos intelectuais manuscritos antigos, originais ou copiados, e obras literérias que exibiarn nas suas bibliotecas, Encarregavam os artistas de grandiosos projetos de arquitetura, de estatuas, tdmulos, retratos. Eram mecenas na verdadeira acego da palavra, procurando, com as obras que patrocinavam, deixar 0 seu nome imortalizaco ibe.4. Mas nao sé a vaidade pessoal movia os mecenas. Ao disputarem nas suas residéncias ecortes.a presenca de letrados, pintores, escultores e arqui- tetos, os mecenas expressavam, igualmente, o prestigio a consideracdo que o Renascimento sentia pelos seus intelectuais e artistas Porque simbolo da forca criadora do Homer que se eleva a perfeicao divina plas obras do espirito, intelectuais e artistas mereceram dignidades e posicdes cimeiras. Alguns receberam elogios sem fim, como Erasmo, cognominado de “principe das letras’, ou Leonardo da Vinci, qualificado de “acimiravel e celeste’ ou ainda Miguel Angelo, alvo de um verdadeiro culto apés a morte (os. 8). 4 ‘A familia Médicis, uma dinastia de mercadores- banqueiros, ‘fala Médlsdeveu asa fortuna aos negcls bancé- tio indstiaecomérn dal eased. De 14342 1494 mas tarde, de 151221608, 0s Mécics govemaram Flo- renga, patocnando o embeezamento da cade aravés da cansruio degre, palicis, esti, jadinseequ- partes cultura. est mh ™ conceitos Intelectual - Individuo que se dedica 3s «coisas do esplito:produgio itera, rfl 80 filosfica, No Renascimento, os intelee- ‘uss por excelénca foram os humanists. [BED A gloria dos artistas A A gloria dos artistas ultrapassouadoshomens de letras. [..] Leonardo foi o primeiro artistaa ‘gozar, na Europa do Renascimento, de tio es- plendoroso prestigio. Mas bem depressa outros astros se elevaram com brilho ainda mais in~ tenso. Rafael, principalmente a partir de 1515, passou em Roma e no resto da Peninsula por uma espécie de heréi, um semideus. Miguel Angelo foi oprimeito artista a quem foi dedicada ‘uma biografia em vida; o primeiro a receber, uma espécie de culto; o pi depois de mort meiro a tera honra de funerais oficiais, Jean Delumeau- A Civlizagdo do Renaseimento, vol IL. Bd. stampa, 1984 ‘Albrecht Diner, Autoretrato, lo sbre made, 1498, Deo maior spines alms do Renasciment,fio me atsa da arte europe a avtonepesntrse a> long cava. ses retotoimpesions-os pelo elsmo fond, ele opto do da eda pesonalade, Neste autores, pode ere et: cm 1458, pte esteretat, pari da minha peiimagens Tina 26anes. bret Dire. pret _ Questées 1 Faca uma breve pesquisa sobre a figura de Lourenco, o Magnifico, Que imagem nos transmite Lourengo no fresco de B. Gozzoli (DOC. 44)? 2 Identifique, no DOC. 48, tés exemplos de mecenato por parte de Lourenco, oMagnifico. 5 3 Escarecao titulo do DOC. 5(A gloria dos artistas), tendo presente os DOCS. 48, 5AeB. Cestatuto do artista, como ser criador que, orgulhosamente, assina as suas obras, 6, alids, uma invengao renascentista, jé que, na Idade Média, pintores, arquitetos e escultores nao se distinguiam de um qualquer e anénime arti- fice habilidoso (oes. 3.1.3 Portugal: o ambiente cultural da corte régia Nao to magnificente, porventura, quanto as cortes dos famosos Médicis, em Florenga, as dos papas Julio Ile Ledo X, em Roma, ou a do rei Francisco! de Franga, nem por isso a corte régia portuguesa deixau de sobressair no panorama da sociabilidade e da cultura renascentistas, Provam-no 0 mece- nato dos monarcas ou as sumptuosas festas realizadas por ocasiao de casa- mentos reais ou de embaixadas. No que se refere.a0 mecenato, quer D. Joao ll D. Manuel | ou o seu filho . Joe Ill nao se pouparam a despesas para acolher humanistas estrangei- ros, assim como para custear bolsas a estudantes portugueses na Italia, na Franca e nos Paises Baixos (ne 6. A D. Joao ll se deveu a fundagao do Colé- gio das Artes, em Coimbra, que se celebrizou pelos seus métodos atualiza- dos, pela qualidade do seu corpo docente e dos seus manuais, chegando a ser exigida a sua frequéncia para o posterior ingresso na Universidade, 45 EGIL] Mecenato na corte régia portuguesa ‘A Bolseiros da Coroa portuguesa em colégios de Pars A parr de: J da Siva Dias, 1969 ~ A Pltca Catal de Epoca de Boot ot ‘Também ao patrocinarem grandes obras arquiteténicas, levadas a cabo nos mosteiros da Batalha e dos Jerénimos, na Torre de Belém au no Convento de Cristo em Tomar, ou contratando artistas estrangeiros para a corte, con- ‘ribulram aqueles monarcas para a elevagao da arte e a gloria dos seus rei- aos (Oo. 6) Quanto as festas realizadas, ficou famosa a boda celebrada em Evora, em 1490, do principe D. Afonso, filho de D. Jodo Il, com a princesa D. Isabel, filha dos Reis Catélicos. Teve uma grandiosidace sem paralelo na histéria do reino. ‘O testemunho dos cronistas elucida-nos das atividades desportivas dos cor- tesdos; dos tecidos caros exibidos; dos touras int Leao X, em 1514. Pelas ruas de Roma desfilaram fidalgos e as ofertas ao Sumo Pontifice: 0 cavalo persa, a onca cacadora,o elefante indiano, as aves exéticas. Moedas de ouro eram, entretanto, lancadas ao povo a lembrar a riqueza e 0 poderio do soberano portugués. A festa renascentista constituiu, com efeito, um momento alto de encena- <0 do poder, 6 fos que se mandaram assar para o banquete popular; das estruturas cenograficas montadas, como uma nau e nove batéis movidos por mecanismos ocultos. Outro espetaculo deslumbrante foi a embaixada de D: Manuel | ao Papa B— Contratado de artistas Ordem de pagamento de . Catarina de ‘Anténio Moro, etrato de B. Catarina de Aus ‘na, lea sobre tabu 1522 Habitwad a conrtar humanists eartistas da Flndies a corte rg portuguesa aoe er 152, 0 flamiengs Ania Mor 3 quem incurbe de retatar is membros d fama rea como Dat sin de sti, eu maid Deal eo principe ede Do, prematuramente fale, _ Questées 1 Que objetivo tinha aCoroa portuguesa 20 atribuirbolsas em colégio de Paris (00C. 6)? 2 Porque eram contratados artistas ‘estrangeros (D0C. 68)? 3 Redija um pequeno texto (10linhas) vem que exemplifique formas de imecenato nas cortes renascentistas, 4. Destaque tésextratos do DOC. 7A nos _quais se considera o Homem como um serlive. 5 Mentifique, no texto: —uma consequénciapositva da liberdade do Hornem; — uma consequéncia negativa dessa liberdade. 1 Explique ocanceto de atropocentrismo ‘partir das paawas do humanist Pico O antropocentrismo renascent A B 0 Sumo Pai, Deus arquiteto, tinha construido este lugar do mundo [...]e pensou por iltimo eriaro homem, 1, colocando-o no meio do mundo, falou-lhe deste modo: «Nés nao te demos nem lugar preciso, nem forma que te seja prdpria, nem funcao particular, 6 Adao, para que, segundo os teus desejos ¢ discernimento, possas tomar o lugar, a forma e as funcoes que desejares [..]. Tu deci- dirds dos préprioslimites da tua natureza. Colocémos-te no centro do mundo para que dai possas observar facil- mente as coisas. Nao te fizemos nem celeste, nem terreno, nem imortal, nem mortal, para que, por teu livre arbitrio, como se fosseso criador do teu préprio madelo, tu possas escolher e modelar-te da forma que preferires. Poderés degenerar até aos seres que sao as bestas, poderis rege- nerar-teaté as realidades superiores que sao divinas, por decisio do teu animo.» O-sumaliberalidade deDeus pai, 6 sumaeadmiravel felicidade do homem! Ao qual é concedido obter o que deseja, ser aquilo que quer. Bg ela pe a in sere Div ee oe Mareen) ella Mirandola (1463-1484) Este humansaltalana dstinguu-scomo {rst so elingusta Camara "principe dos ruts, pla sua imensa sabedria e espe de toleran, tendo beneiado da prtecao de Lowen, oMagat. ours Z Conceitos Humanista* - fm sentido estite, ¢ 0 letrado profssonal,geralmente edesistco fou universitrio, que, nos séculos XV eX, 3.2 Os caminhos abertos pelos humanistas Conhecidos pelo nome de humanistas, os intelectuais do Renascimento sobressairam em diferentes ramos da producao literaria, como a poesia, a se esfrca por ressusctar as linguas © as histéria, o teatro, a sétira a filosofia e a ret6rica. Em todos eles defenderam a letras (poesia, teatro hist, sofa ret- exceléncia do ser humano, que consideravam um ser bom e responsdvel, ca) da Anigudade (lissia, prourendo inclinado para o bem e para a perfeicéo, Transmitiram, portanto, 0 ideal do harmonizaro legado greco-romano com 05 antropocentrismo, to em voga no Renascimento. valores morals do cstianisma, de mado a Ao humanista florentino Pico della Mirandola coube.a redacio de uma das formar homens cultose virtuosos. mais belas paginas sobre a dignidade do Homem (oe.1#. Porque o tinico ser da Antropocentrismo” —Concegio segundo criagao dotado de Razao, o Homem era, para Pico, também Unico completa- a qual o Homem esté no centro do Universe, mente livre, ja que possuia capacidade de construiro seu destino e de escolher Sendo uma espécie de microcosmo, onde se a sua missdo. 0 livte-arbitrio superiorizava o Homem, funder harmoniosamenteo material orgd- ricoe cesta Comoo sermais pet 3.2. Valorizagio da Antiguidade Classica Cagio,o Homem define-se pelo seu poder ilmitado de descberta ede ransformago. Os humanistas alimentaram uma notvel paixdo pela Antiguidade ts. * Conca etna Admiraram os seus autores como Homero, Plato, Tucidides, Herédoto, Deméstenes, Virgilio, Horécio, Cicero, Séneca ou Tito Livio, em cujas obras consideravam estarem contidas as verdadeiras sabedoria e beleza. a [GID 4 paixao pela Antiguidade Acreditando que 0s copistas medievais tinham adulterado os textos e 0 pensamento dos classicos, os humanistas procuraram com avidez manus- critos antigos em bibliotecas e mosteiros. Para devidamente os compreen- derem e traduzirem, estudaram 0 grego - esquecido ha séculos ~ aperfeicoaram a lingua latina. Os humanistas foram grandes cultores do latim. Nele se correspondiam, elogiando-se mutuamente e expressando a sua confianga na dignidade do ser humano (9. ‘Ao mesmo tempo que divulgaram os classicos, os humanistas recupera- ram as Sagradas Escrituras. Os conhecimentos de grego permitiram-Ihes ler 0 Novo Testamento, do qual a Idade Média fizera uma traducao latina fa Vulgata) no isenta de erros. Para conhecerem o Antigo Testamento os humanistas aprenderam a lingua hebraica. Avontade de mergulhar nas fontes cléssicas e nas Sagradas Escrituras mostra-nos os humanistas como homens de grande rigor linguistico e exi- gencia ética Com os humanistas, efetivamente, as letras antigas renasce- ram, tal como as valores antropocéntricos perfilhados pelos cléssicos € a pureza da mensagem biblica. Lembramos que a descoberta da imprensa e a agao dos mecenas fornece- ram um particular impulso & expansdo da cultura antiga, As edigdes de autores classicos multiplicaram-se, efetivamente. Com elas se preencheram estantes de famosas bibliotecas, como as de Florenca e do Vaticano, funda- das por Lourengo de Médicis e pelo Papa Nicolau V, respetivamente os. 1. Censino, de igual modo, famentouio conhectmento da Antiguidadle x1. Colégio que se prezasse, deveria incluir, no seu curriculo, 0 estudo ry : asin J eo Rafael, 0 Parnso(pormenor resco no Palid do Vaticano, Stanza della Segnatura, 1511. Kate de uma elebrgio da Poesia aide abe paras humanktas porque ‘apaz dele Haren ao cme da ere. Pde verse, enzo tis, Homero Vago >) enivend hamanksarente coos pe-rnasceists Dante ()e Petara este 5 Da esquerda paraadirelta vise MarsiloFicino, istoforo Landine e Poiana (prmenar de un fresco de Ghitandai, 1485-90) [GRD A biblioteca do Vaticano a Uma grossa soma de dinheiro, que representava 0 “dinheito de S. Pedro’ foi enviada a sede aposté- lica, gragasao que o Papa Nicolau V [pontifice de 1447 a 1455] comegou aconstrucao de edificiose se pos & procura de livros latinos e gregos, sem nunca olhar ao prego. Reuntu muitos dos melhores copistas e po- -losa trabalhar permanentemente. Reuniuum grande ntimero de eru- dios ¢fez-Ihesescrever novos livros etraduzir outros que nao havia nas bibliotecas, oferecendo-Ihes largas recompensas [...]. Gastou muito dinheiro a sustentar homens de letras e, quando morreu, o inven- tario mostrou que, depois de Pto- Jomeu, jamaisse tina juntado uma tal quantidade de livros. Vespasiano da Bisticl (1421-1498) ~ Vida dos Homens Iustres do Séeo XV [EE] Um professor do Renascimento Bea Vittrino da Felte, acompanhado de um dos filhos do marqués Ludovico Gonzaga, senhor de ‘Mantua (parmenor de um fesco de A. Mantegna, 1a), V. de etre dsingu se plas suas concesesrvalu dons: concliaa apt dos execs fas com 2s estudos humanists, conretizando 0 ieal sca euma‘inente sem cmp si Cueinnin (0 Papa SistoIVinveste ohumanistaBartolomeu Platina (4 esquerda e num plano inferior) como bibliote- ‘ito do Vaticano (pormencr de um resco de Mearm da Fi, 1477). Protto de huranstas ede atts a Sst V ‘deve ainatva da construc da famosa Capea Sstina, no Vaticano sti do Latim, do Grego, do Hebraico, da Literatura em prosa e em verso, da His- toria e da Filosofia antigas. Considerava-se serem estas reas de estudo fun- damentais para a formagao moral de um ser humano digno deste nome. Receberam, por isso, 0 nome de studia humanitatis ou *humanidades’, designacao por que ainda hoje so conhecidas. 3.2.2 Afirmagao das linguas nacionais e consciéncia da modernidade Para além da pesquisa, traducdo e divulgacdo dos textos classicos, os huma- nistas criaram obras onde imitavam os autores greco-latinos. Deixaram- -se influenciar pelo seu estilo, praticaram os mesmos géneros literérios (como a ode, a elegia, a epistola, a sétira, a epopeia, a tragédia, a histéria), seguiram teméticas afins, ecorreram a mitologia. Em Portugal, por exemplo, Luts de Camdes cantou, em Os Lusiadas, a gloria dos feitos heroicos portugueses oe 1, tal como, quinze séculos antes, Virgilio fizera, na Eneida, com 0 povo romano. Jé Anténio Ferreira, na Castro, reviveu o espirito ea forma da tragédia cléssica, Nas obras produzidas, Camdes e Ferreira cultivaram de forma eximia a lingua portuguesa, cuja dignidade defenderam. Pela Europa fora, verificou- -se um movimento de afirmacéo das linguas nacionais, que adquiriram regras gramaticais mais precisas, uniformidade ortagréfica e um vocabuld- rio mais rico e elegante. “9 EERE] Luis de Cases (copia de um retrato feito por Femnao [RY Consciéncia da modernidade Gomes, 1573-1576) Cada vez.que eu olho paraoshomens dehoje 05 comparo aos do pasado, considero com- pletamente absurda a opiniio daqueles que creem ndo poder louvar as proezas ea sabe- doria dos Antigos sem denegrir 0 seu préprio tempo, condenar os seus talentos, desvalorizar 05 seus homens ¢ deplorar o infortinio que 0s fez nascer num sécula tao despravido de honestidade, tio vazio de indistria eto. com- pletamente arredado do desenvolvimento das artes liberais'. Quamtoamim, orgulho-me por ter nascido num tempo que produziu uma tal quantidade de homens tao excelentes em toda a espécie de atividades, que bem podem ser comparados aos Antigos [..- ‘Alamanno Rinuccini (1426-1495), hummanista forentino 1 satesterabconpredam exude doo gandica, eine alec) edo quan (stm, gamer, atonoia misc Desde agus que candace cass mets quetamaxamo tone sini Luis de Cambes (1525-1580) presenta bem ideal renascentisa caja sabes consti ‘stud eno contact cm ound. Osseustaeraserudia, no que ta 2 lta ecto, permitiars-the o acesso 2 corte régia Desempenhou cargos no Impéro Portugués, onde levou uma 0 professor ideal, segundo ‘id aventura que he force uma asta mandir Pare alémdapsa ica, que ole ipoeeaigre brizosem Os lasiads Luis de Cares cutiou posialica eta. on nee ntaaae ‘Nao quero quesécleinventeefale, ‘quero que escute 0 seu discfpulo falar porseutumo |...|. Quesenao limite a pedir-Ihe conta das pala- vras da sua licdo, mas do sentido eda substancia, e que avalie dos progressos que ele tenha feito, nado pelotestemunhoda sua meméria, Rabelais e Montaigne, na Franca, Maquiavel na Italia, Luis de Camées em Portugal, Cervantes na Espanha, ou Shakespeare na Inglaterra, sio alguns dos humanistas que promoveram a gléria das linguas e literaturas nacionais durante o Renascimento. ‘Os humanistas tiveram, alids, consciéncia do seu valor literério e da inova- Bo civilizacional dos séculos XV e XVI. Orgulhararn-se e elogiaram as persona- lidades talentosas do seu tempo presente ta w. Esta consciéncia da -—-‘™aspelodasuavidal.., Quetudo modernidade levou os humanistas a entenderem 0 estudo dos classicos no —_Ttefagapassarpelapencira,enada ‘como um fim, mas antes como um instrumento formativo que possibilita a0. aloje na sua cabeca por simples individuo © desenvolvimento das suas capacidades intelectuais e morais € 0 autoridade e crédita; os principios aunilia a conhecer-se a si préprio e ao mundo, Ce ee cipios, nem os dos Estoicos' ou 3.2.3 Individualismo, racionalidade, espirito critico e utopia Epictirios', Que se Ihe proponha esta diversidade de jutzos: ele es- Valorizadores da exceléncia do ser humano (antropocentrismo}, os humanis- colhera, se puder; se nao, ficaré ‘tas consideravam que 0 individuo se distinguia e afirmava no mundo pelo uso. da Razao, A racionalidade deveria ser logo exercitada nos jovens pelos respe- ena tivos professores. Como afirma Montaigne, o mestre ideal seria aquele que “Monae ~ Ensaio, 1580 ensinasse 6 aluno a discemir, julgar, duvidar, inclusive, da autoridade dos clés- 1 Flosqupetaanoesoeoeoeiazina SiCOS ve. tec 50 [DD A critica social de Erasmo a Erasmo de Rotercéo (1469-1536), retrato de Hans Holbein, coven. B Que direi agora dos cortesaas? Nao hé nada de mais vil, servil eidiota do que amatoria dessa gente, que, apesar disso, pretende em toda a parte o primeiro ugar. [.-] Asua felicidade consiste em ter o direito de tratar orei por «meu senhor», em sabi ou trés palavras, em prodigalizar ttulos oficiais em quese fala de Serenidade, Majestade, Magnificéncia. ‘Tém sempre um sortiso na cara e adulam com sa- tisfacdo. Tais sio os talentos essenciais do nobre e do cortesio. ..| Dormematé ao meio-dia. Ao acordar, -Jo saudar com duas um padreco da casa, que esperava junto ao leito, avia-Lhes uma missa num instante, Mal acaba o al- mogo, chega a hora do jantar. Vem depots os dads, 0 xadrez, as adivinhos, os bobos, as mulheres, os divertimentos eas gracolas. Entretanto, uma ou duas refeigdes, até que voltam & mesa para a cela, a que se seguem abundantes libagées'. Fis como passam, sem qualquer risco de enfado, as horas, os dias, os meses, 05 anos, 0s séculos (... Erasmo Hlagio ca Lucu S11 1 betes. asm é consderado pai" dohamanismo cist que hamonizauolegad disso com as virudes do cstianismo, Pla vast coespondéncia qu too com principe & renascetista - Questies 1 Como &expressa, no DOC. 8,apaixio pela Antiguidade? 2 Deque tarefas foram os humanistas incumbidas pelos papas Nicolau V e Sisto (D0C. 108, B)? 3. Quem foi Vittrino da ele (00C, 117 Complement os dados da pg.49 com uma breve pesquisa. 4 Que génerosliterdros praticou Luis de ames (00C. 12)? 5. Para A. Rinuccinia superioridade dos ‘Antigos era absoluta (OC. 13)? ;_Eparaiontaigne (DOC. 14? 3 lustifigue. 6 Comparea opnido de Erasmo (DOC. 158) 5 comadeCastilione (DOC. 3A) acerca da £—figurada cortesio, hhumanistas europe, tomou-se um dstinto membro da “Tepibca das letras” Extremamente atentos a0 mundo que os rodeava, os humanistas procuraram torné-lo melhor ¢ mais perfeito. Fazendo uso da razdo e de um aguado esp- rito eritico, denunciaram comportamentos indignos ¢ imaginaram socieda- des ideais —as utopias. No Elogio da Loucura, Erasmo de Roterdao criticou 0 Papa e 0 clero cor- upto, abrindo caminho a reforma da Igreja. Mas também reis, cortesdos e mercadores nao escaparam a sua indignacao (oe). Profundamente crente, Erasmo procurou recuperar os valores de humildade, caridade, fraternidade e tolerancla do cristianismo primitivo, conciliando-os com os cléssicos, que considerava exemplos de verdade e de virtude. Acritica social conduziu, frequentemente, 8 construcao de utopias. Mui- tas obras literérias do Renascimento perspetivaram mundos de perfeigao e harmonia, onde se praticava um novo ideal de vida centrado nos valores humanos, Aponta-se, como exemplo, a Utopia, de Thomas More, que nos fala de um mundo ideal, racionalizado, com paz espiritual, igualdade, frater- nidade e tolerancia’ “Canute do. Ad ig 16 (oe Adil conic regia ma scao Ade nape tein) [GED Imitacao e superacao da Antiguidade APrimavera,timpera sobre madeira, 1482 APrimaveo, cena poiadapaaa casa de campo de um aia dos Ml, vaca opoétic rein da deusa Venus, qu aparece ao cena, ordenando apd que a todos contagie cain ohne, | Geta vento Zé prepara-se para rapt mnt lr (Fi) que transforma na usa Fora (Primaver, a qual surg espelhando cravias, miostiseanémonasNaparte esque ass Grogs (leva, Abundnca, Beleza dancam, enquanto a deus Mera, com um basta, empuraas nuvens par que Primavera sj etma, Desalentar que as figuras femininasreproduzem ideal de eleza da goca: so altas, longline eastentam uma tee muito branca cabelas ours, a ‘5 a tank Conceitos 3.3 A reinvengao das formas artisticas - imitagao e superagdo dos modelos da Antiguidade Glassicismo" ~ Tendéncia esti carace- rst do Renascimenta que considera 0s A par do florescimento da produgéo literérla, proporcionado pelo movi —_valoesdsicoslatinosegregos (nas artes mento humanista, o Renascimento assistiu a uma auténtica revolugao no raliteratra) como models amitar, campo daarte. Naturalismo~ Terie atte festa € Anova estética irradiou da Italia’ e, tal como 0 Humanismo, apresentou- stétca que valoriza a observacio eat ‘oda iatureza, -se marcada pelo classicismo (ee. #). Se.os humanistas procuravam avida- mente manuscritos, os artistas deleitavam-se com as estétuas e os monumentos descobertos pelas escavagoes arqueolégicas levadas a cabo em Roma, Papas e outros mecenas colecionavam pecas antigas, que vene- *Canciaesrtuarte ravam come reliquias. Imitar as formas e as tematicas classics tornou-se Corrente entre os artistas renascentistas, que, na arte greco-romana, viam 0 exemplo da harmonia, proporcao e suprema beleza. Porém, a admira¢ao pelos classicos jamais conduziu a uma imitacao ser- vil, Assim como os humanistas tiveram consciéneia dos seus talentos e se 1 eddie de oe dnaraadr do ree atsta do eraser drat ochamaQvtret (420-18) anv, se papel ude 3 msds aps ete 1500-15, Venera lie equ emote de rena ania alan, 56 Com dois mestres se abragard ele [o pintor]: de cada um dos quais, quem quer que se aparta, erra: 0 primeiro serd 0 préprio.e santo vivo e natural das coisas. Convém a saber: trasla- dard pintura pelo natural, que Deus e a Natureza com grande invengio criaram |... O segundo mestre, por onde aprender deve, ¢ 0 segundo a abra- arse, serdi com a mua discreta e mut formosa e magnénima Antiguidade, aqual delouvarnunca sevei satisfeto, Com esta se aconselharé em todasas cousas; esta imitars em mui antigas novidades egalantariasjamais munca Vistas imaginadas, nem feitassenao entao, Dali aprendaa grandeza ese- veridade da invengdo; dalia simetria e prudentissima proporcao de cada parte e membro das suas obras; dali a perfei¢ao e decoro, dando a cada cousa o que seu é. Dali aprendaare- partir e a eleger e a fugir de mostrar tudo-confusamente. Prancisco de ensafsta (1517-1 jolanda artista pksticn 1984) ~ Da Pitre Antipas - Questées 1 Identifique os dois mestres que, segundo F de Holanda, dever ‘orienta pintor(DOC. 168). _ 2 Oqueaaprende opintor com esses dois mestres (DOC. 168)? 3 Qual desses mestres influenciou Botticelli (DOC. 16A)? ETidano (DOC. 16C)?Justifique. Tidiano, Francesco Maria della Rovere, éleo sobre tela, 1536-38 Empose marcia a duque de Urbino surge representa com a sua amadura de apito da iga papal. Est revato deTiiano én em felts naturists, desea expessio do oso a bra da armada, mete revelaram pessoas criticas e interventivas, também os artistas souberam superar os modelas da Antiguidade, Demonstraram uma notavel capaci dade técnica ao conceberem espacos perspetivados e ao pintarem a dleo. Ultrapassaram, decididamente, os classicos com o seu naturalismo na representag3o de seres humanos, animais, paisagens ix. i). Pela Europa fora, alias, produziu-se uma arte rica ¢ inovadora, resultado, tantas vezes, de curiosas sinteses das influéncias classics com as tradiges nacionais. 3.3.1 A pintura Como atrés dissemos, a pintura renascentista comungou da paixdo pelos classicos. Tal fez-se sentir no gosto pela representacéio da figura humana, quer se tratasse de temas profanas - retirados da Antiguidade Classica e do quoti- diano —, quer de assuntos religiosos, inspirados no Antigo € no Novo Testa- mentos. Deste modo, a pintura refletia, também, a redescoberta do Homem € do individuo, 0 que foi uma imagem de marca da cultura renascentista. Porém, o que mais vinca a pintura do Renascimenta é a sua originalidade e ctiatividade. Com propriedade, pademos falar na existéncia de um novo espaco pictérico. Para ele contribuiram diversos progressos e inovacées. 57 [SEH A pintura flamenga A Apintura a éleo Esta invengao flamenga do século XV é atribuida ao pintor Jan van Eyck (0, m), Realizada sobre madeira ou tela, a pintura a dleo conheceu uma grande aceitagio. Nao s6 pela durabilidade e possibilidades de retoque que conferia as obras de arte, mas também pela variedade de matizes ¢ de gra~ dagées de cor, que garantiam representacdes pormenorizadas € efeitos de luz e sombra jamais conseguidos' Aterceira dimensao (esit, .62-40) A descoberta da terceira dimensio ficou a dever-se aos estudos maternati- cos sobre a perspetiva dos arquitetos Brunelleschie L. B. Alberti edo pintor Piero della Francesca, De acordo com tais estudos, o campo de viséo do abservador é estrutu- rado por linhas que tendem a unificar-se no horizonte, confuindo no ponto de fuga. € esse campo de visio, também chamado pirdmide visual, que os artistas do Quattrocento exploram. Servindo-se, entre outros processos, do cruzamento de obliquas e de horizontais com verticals, de efeitos de luzes e cores, de aberturas rasgadas nos fundos arquiteténicos, construiram um “Apr ole de naa ors sere) er antesomerte uaa pra a bho sexu spas tinge. poe deine conssven misurpgnents.claridosno propio dioque pent unas mass dati, panting, ra gena ema mised cama ese de leet dena pent, 58 Roger van der Weyden, Santa Madolena, dleo. sobre madeira, 1452, Jan van Eye, A Virgem com o chancler Rolin, éleo sabre madeira, 1434-36. Ajodado e com as mios em posigo de tragde, o chanceler Rolin surge repesentade como 0 dead, recodando-nos que ele aencomendaro quad. Ria-em por menor descitv, a cena prolongs para o exterior através de amplas arcaas que se abe para um parapeito amend, de onde ava um roe montanhaslonginguas.Avisualiacia da paisagem panorimica a partir de um interior suge na primeira rete do sul XV, peitnda ober efits de porspet, e Conceitos Porspetiva - Processo de representar bjetos com tds dimensBes numa superficie plana, Na persetva linear, as linhas do quadro ou do desenho convergern para fundo, pare © chamada ponto de fuga, de modo a tum espago geomético no qual as figuras ral afastadas tém menores proporgies. Na perspetivaaérea, a perecio de afata rmento é dada por ums atmosfera nebulose, consequda através de um esbatimento das «cores que envolvem os objeos, Eo chamado stumato (do italiano sfumore = esfumar, shat se 1 Dé trés exemplos de pormenor descritvono quado de J.vanEyek (DOC. 17A). 2 Que tém de comum as obras de Van Eyck e de Van der Weyden (DOC. 174 eB)? 8 Oque distingue Bosh (DOC. 170) dos ‘outros pintores flamengos? O que o ; proxi £4 Quetipos socais estaorepresentados nas figuras que tentam osanto {DOC. 16 pormenor}? Que visio tinha AH. Bosh do mundo do seutempo? ieronymus Bash, entgées de Santo Antéo (panel

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